NYFW verão 2024: Proenza Schouler

Será que vai rolar um momentinho nostálgico de Helmut Lang na NYFW verão 2024? Pois parece que a estreia de Peter Do na direção criativa da marca deixou os estilistas Jack McCollough e Lazaro Hernandez, da Proenza Schouler, um tanto saudosos.

Para esta estação, a dupla reforçou o viés minimalista da label. Daí os ternos meio quadrados em preto e branco (às vezes com o Blazer preso por dentro da calça), a silhueta alongada e pauta por linhas retas, o uso pontual de cores e a aparência quase básica da grande maioria das peças.

Quem fez a lição de casa de ontem deve ter percebido que todas as características citadas no parágrafo anterior estão no centro do trabalho de Lang. Os jeans lavados, as transparências drapeadas, as calças com cós duplos, mais ainda.

Proenza Schouler, verão 2024. Foto: Divulgação

LEIA MAIS: Helmut Lang e reinvenção do casual

Nada disso é uma novidade no repertório da Proenza Schouler. A marca é só mais uma que bebe na fonte de inspiração aparentemente inesgotável de Helmut Lang. E como são praticamente veteranos da NYFW, o duo sabe bem como incorporar suas próprias identidades às referências do moodboard 90’s.

É só reparar no corte arredondado nos ombros dos vestidos e blusas, nas mangas de camisas e jaquetas amarradas nas costas, no pescoço ou na cintura, nos cadarços de couro, nos cintos-pochete. Ah, e nos acessórios marcantes, como a bolsa com plumas e as sandálias de dedo usadas com meia-calça finíssima.

Outro ponto interessante diz respeito à locação da apresentação nesta edição da NYFW verão 2024: a casa de leilões Phillips Auction House. A ideia, segundo Jack e Lazaro, era explorar a dualidade entre comércio e criatividade tão discutida e essencial à moda. “Etamos produzindo algo para as pessoas usarem, então estamos constantemente entre essas duas ideias. Essa locação é onde a arte vem para ser julgada. Para ser precificada, literalmente”, disseram a jornalistas após o desfile.

Proenza Schouler, verão 2024. Foto: Divulgação

Assim como a Helmut Lang, a Proenza Schouler estabeleceu uma relação bem próxima com o mundo e profissionais das artes. É uma conexão de troca e influências mútuas. O que faz da pergunta se moda é arte ainda mais sensível.

Tem quem diga que a primeira não pode ser considerada a segunda por ser comercial. Mas não se vendem obras de arte? Pois é. Outros argumentam que arte é diferente de moda, pois esta é essencialmente funcional.

Após se desligar da própria marca, em 2005, Helmut Lang foi morar no interior e se dedicou à criação artística. Algumas de suas obras, aliás, têm como base roupas que ele mesmo criou e, depois, destruiu ou queimou. Em outras palavras, as tornou disfuncionais. Fique aí a provocação.