Paris Fashion Week: Balenciaga, verão 2026
Pierpaolo Piccioli estreia na direção criativa da Balenciaga, emprestando as suas cores ao legado couture da marca.
Uma nova era na Balenciaga se inicia, agora sob a direção criativa de Pierpaolo Piccioli, com o desfile de verão 2026 de prêt-a-porter da maison.

Balenciaga, verão 2026. Foto: Getty Images

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Além de uma das 15 estreias de diretores criativos da temporada, o estilista italiano é uma peça de um tabuleiro de xadrez específico que foi chacoalhado nos últimos anos: ele saiu da Valentino em março de 2024 e entrou na Balenciaga em maio de 2025, de onde saiu Demna dois meses antes, para entrar na Gucci, tomando o posto que um dia foi de Alessandro Michele, que está, por sua vez, na Valentino, desde aquele mesmo março de 2024.
Com o troca-troca de designers, Pierpaolo deixou a Itália para viver em Paris e começar a desenhar a sua Balenciaga. É um projeto nada simples, vale dizer. Além de ser complicado desassociar a imagem radicalmente contemporânea e urbana que Demna moldou para a Balenciaga na última década, a casa também já teve outros criadores no comando com visões distintas: Nicolás Ghesquière, Alexander Wang e Josephus Thimister. Existe também todo o legado do fundador, que não é qualquer um, mas um dos costureiros mais aclamados da história da moda.

Balenciaga, verão 2026. Foto: Getty Images

Balenciaga, verão 2026. Foto: Getty Images

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Em entrevistas recentes, Pierpaolo diz que pretende ser estratégico no começo da gestão. Do ponto de vista do negócio, ele não quer fazer mudanças radicais só para mostrar a sua identidade. Em vez disso, está mais interessado em assimilar o passado em uma transição esperta em relação ao que veio antes. Ele partiu de visitas ao museu Cristóbal Balenciaga, em Getaria, na Espanha, e de estudos dos arquivos da marca. Nessa pesquisa, identificou duas características que vão moldar a sua produção daqui em diante: a engenharia de Cristóbal e a visão de design deste estilista que sempre foi muito contemporânea e vanguardista.
Da capacidade arquitetônica de Cristóbal, Pierpaolo ressalta como o couturier usava poucas bases internas, como espartilhos e outros elementos de estruturação. Ele priorizava a consistência do material e poucas costuras para desenvolver uma silhueta sobre o corpo que fosse complexa, mas que não tivesse nada entre a pele e a roupa, apenas ar.

Balenciaga, verão 2026. Foto: Getty Images

Balenciaga, verão 2026. Foto: Getty Images

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Um dos grandes exemplos disso é o vestido saco, do final da década de 1950, que, como o nome diz, lembra a simplicidade de dois pedaços de pano alinhavados nas laterais. Daí que o desfile do sábado, dia 4 de outubro, na sede da Balenciaga, retoma esta silhueta em vários momentos. É o caso do primeiro, segundo e terceiro visuais de shapes simplificados. Outros modelos ainda saem desse estudo, como os vestidos de comprimento médio, com ou sem aplicação de texturas nas barras, e as regatas que parecem construídas com poucos pontos.
As linhas puras são desdobradas também em minivestidos, calças, bermudas, camisetas e capas. Construções com volumes esculturais e modernos são alcançadas em peças balonê. Para chegar à densidade rígida do tecido com pouco peso, Pierpaolo trocou o gazar de seda de fio duplo, o preferido do fundador, por lã e algodão para peças mais acessíveis e possíveis no dia a dia.

Balenciaga, verão 2026. Foto: Getty Images

Balenciaga, verão 2026. Foto: Getty Images

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Isso se relaciona diretamente com a segunda característica que o designer deseja para a sua Balenciaga: propor como podemos nos vestir no futuro. Conta o estilista que isso lhe dá certa liberdade para desenvolver peças que se conectam com a rua e a realidade do mundo agora. Dá para ver isso na camiseta com cauda, mais parecida com a moda urbana de Demna e que também resgata o vestido de noiva de 1967 de Cristóbal.
Desta preocupação com o hoje e o amanhã, vem toda uma série de produtos fáceis de assimilar, como jeans, jaquetas de couro, casacos de abotoamento duplo, a calça da moda em formato oval e os chinelos de plataforma. Um boné com penas procura atualizar a predileção do fundador por chapéus. O desejo de entregar algo que pareça muito novo acaba muito mais por desintegrar a unidade da coleção com propostas distintas e nem sempre acertadas.

Balenciaga, verão 2026. Foto: Getty Images

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É mais interessante o que Pierpaolo traz da sua essência. No caso, o uso de cores, com o qual ele ganhou notoriedade na Valentino. Há uma bela seleção de amarelo, roxo, laranja e pink. Brilham também os cinco últimos looks, que parecem um teaser do que será a coleção de alta-costura, esperada para julho do ano que vem. Afinal, é no couture que Pierpaolo costuma emocionar e onde o grupo Kering, a holding que detém a Balenciaga, deseja ver o costureiro entregar uma marca de tíquete elevado e de imagem suntuosa para engrandecer os seus negócios.
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