Peu Andrade completa a frase
Conversamos com o designer à frente da Bold Strap, marca que através de uma visão fetichista e inclusiva, se tornou uma das mais desejadas do momento.
Em junho de 2022, quando Camila Queiroz surgiu matadora, na passarela da São Paulo Fashion Week, em um desfile que celebrava o álbum Motomami, da espanhola Rosalía, aqueles que ainda não conheciam a Bold Strap passaram a conhecer. Desde então, a marca, dirigida por Pedro Andrade (ou Peu Andrade, como prefere ser chamado), 35 anos, vive um momento glorioso, vestindo uma lista de estrelas que inclui Anitta, Paolla Oliveira e Letticia Munniz, enquanto expande o apelo fetichista sem remorsos da sua etiqueta.
Em entrevista à ELLE, o estilista esclarece o uso de tendências, reforça a sua origem sergipana e convida Rihanna para jantar.
A sua infância foi…
“Animada! Cresci em Sergipe e tive uma infância bem lúdica. Eu e os meus primos morávamos perto, então aprontamos bastante. Sempre gosto de lembrar.”
Antes da Bold Strap…
“Trabalhava na À La Garçonne.”
A identidade da marca é…
“Sexy e empoderada. Gosto de quando a moda potencializa a pessoa, a deixa forte. Faço roupas e crio universos para possibilitar as pessoas se sentirem confiantes, independente do gênero, da orientação sexual.”
O cenário de moda atual…
“Acho fresco. Há muitas marcas novas e interessantes, a Bold inclusa (risos). O cenário está se renovando, tem surgido estilistas no Brasil e fora, com um olhar jovem, que desconstroem os padrões do que é a alta moda, de como uma grife deve ser e para quem ela é.”
As tendências são…
“Uma resposta sobre o que o povo deseja. A Bold é feita para as pessoas, atendemos aos desejos atuais, sem impor nada. Moda não é sobre ditar. Ela precisa entender o que o público está sentindo, querendo, vivendo. A partir disso, cada marca traz a sua própria proposta, sua interpretação. Tendências são importantes, mas quando falo em tendências são aquelas comportamentais, parte de algo maior, não aquelas inventadas, quase forçadas.”
Bold Strap, coleção Bold Invasion. Foto: Agência Fotosite
A sua marca é para…
“Todo mundo que se sente confiante ou quer se sentir assim. Não há nada mais sexy do que a confiança que uma pessoa possui em si mesma.”
Beleza na moda é…
“Sem querer ser repetitivo, mas já sendo: é o respeito às particularidades de cada um. Quando a moda é engessada, enxergando um único tipo de beleza, as pessoas acreditam nisso. A moda deve ser um instrumento que ajude o público a ver beleza na diversidade.”
O seu conteúdo como marca é…
“Orgânica, desde o começo é assim. Nascemos online, nas próprias redes sociais. Enxergo a Bold Strap quase como uma influencer. Quando ainda éramos supervoltados para o underwear gay, recebíamos conteúdos de pessoas que eram clientes e, agora, se tornaram influenciadores. A gente produz, eles produzem para gente. Existe uma troca. As pessoas possuem um apego emocional à marca, o que torna tudo mais maravilhoso e natural.”
Os seus estilistas favoritos são…
“Amo, amo, amo o meu mentor, Alexandre Herchcovitch. Entre os estilistas de fora, antes tinham alguns bem clássicos que admirava muito. Hoje, tenho olhado mais para marcas pequenas que estão surgindo e tem me interessado. Mas, não consigo escolher uma, gosto de uma coisa de cada.”
No seu TikTok…
“Acompanho pouco, sou millennial, ainda estou chegando lá (risos). Uso mais como uma forma de trabalho para entender os influencers com os quais iremos colaborar. Mas deveria usar mais, está nos planos da Bold.”
Na sua playlist…
“É uma depressão (risos). Ando ouvindo diariamente Billie Eilish e Lana Del Rey. Das brasileiras, gosto de Marina Sena e Duda Beat.”
Na sua estante…
“Tem muitos livros de moda que gosto de revisitar, inclusive estão bem ali (aponta para a estante ao fundo). Eu comprei 100 Años de Ilustración de Moda em um brechó virtual há muitos anos. É um livro espanhol, sempre volto nele para ver as imagens.”
Último filme ou série que assistiu…
“De série, estou quase terminando Succession. Assisto a muitos filmes, mas o último que vi e amei foi Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. Ele possui um apelo estético, de moda e de diversidade, enorme.”
Nas sessões de terapia…
“Não faço, preciso começar.”
Uma collab que sonha fazer…
“Podendo sonhar alto, com a Versace. Se fizeram com a Fendi, porque não podem fazer com a gente? (Risos).”
Uma pessoa que quer vestir…
“Aqui no Brasil, acho que já vesti todo mundo que gostaria. Mas, pensando nos nomes internacionais, adoraria ver a Billie Eilish bem garota Bold. Uma vez, ela apareceu em um ensaio bem sexy usando um corset e eu pensei ‘olha, o que está escondido aí embaixo’ (risos).”
Bold Strap, coleção Bold Invasion. Foto: Agência Fotosite
Uma pessoa que convidaria para jantar…
“Rihanna. Ela é tão competente como cantora e como empresária na Fenty. Adoraria entender a cabeça dela. Para mim, um dos grandes momentos da moda foi o primeiro desfile de sua marca. Era como uma revisitação atual da Victoria’s Secret. Foi chocante ver isso, muita coisa mudou na minha cabeça.”
Algo que atualmente ama…
“Assistir à séries. Às vezes, me chamam para sair e eu penso ‘ah, não, quero ficar em casa vendo as minhas séries’. Tenho que me controlar para não ficar off do mundo.”
Algo que atualmente odeia…
“Para ser bem honesto, odeio muitas poucas coisas. Essa não é uma palavra que cabe no meu vocabulário.”
Um momento decisivo para sua carreira…
“Verdades Secretas 2. Quando Camila Queiroz começou a colaborar com a gente, a Bold deu uma bela guinada e chamou o público feminino. Até então, a maioria de nossos clientes eram homens.”
O seu próximo passo é…
“Expandir a marca comercialmente. Quero abrir loja, estar em multimarcas… Capitalizar mesmo para ter muita gente usando Bold por aí.”
Algo que gostaria de falar, mas ninguém pergunta…
“Eu sempre vejo na mídia uns posts tipo ‘Conheça marcas nordestinas’ e nunca me incluem nessas listas. Sabiam que sou nordestino, gente?! Tenho orgulho de vir do Nordeste e de fazer o que faço, mas, por ter uma linguagem mais universal, as pessoas infelizmente não associam.”
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