6 tendências de agora que Madonna adiantou décadas atrás
Ícone emblemático da música, Madonna, que completa 66 anos hoje, encontrou na moda ferramentas e a plataforma ideal para sua expressão artística e pessoal. E ainda impulsionou roupas, acessórios e estilos relevantes até hoje.
Camiseta preta, brinco de crucifixo numa só orelha e muitas pulseiras, de couro e de corrente. Foi assim que Madonna se apresentou ao mundo, em 1983, na capa do seu álbum de estreia, com o mesmo nome da cantora. Na época, aquele estilo ainda não havia dominado o mainstream, porém, após o lançamento do disco, tal percurso passou por um potente catalisador.
Desde então, Madonna fez – ou melhor, faz – da moda sua grande aliada. Foi com ela que se transformou tantas vezes para melhor representar sua expressão artística e pessoal. E olha que não foram poucas as metamorfoses.
Da noiva rendada de “Like a virgin” (1984) à sua própria versão de Marilyn Monroe em “Material girl” (1984), passando pela italiana católica de “Like a prayer” (1989) e pela sedutora glamourosa e platinada de “Justify my love” (1990) até a gótica de “Frozen”(1998), a cowgirl de “Music” (2000) e a disco queen de “Hung up” (2005).
Em cada uma delas, a cantora forçou – e, por vezes, superou – os limites e as expectativas coletivas de como uma mulher deveria se vestir e se portar em público. Escancarou suas sensualidade e sexualidade, flertou com o guarda-roupa masculino, se apropriou de símbolos religiosos e de trajes típicos de cerimônias católicas – o casamento, o batismo, o luto. Obviamente, não sem acumular polêmicas, que só fortaleceram seu reinado como uma referência máxima de estilo e provocadora cultural.
Madonna usa Gucci por Tom Ford no VMA 1995. Foto: Getty Images
A gente poderia ficar horas listando tudo que Madge usou e hitou – lembra da febre das pulseiras de cabala, das tatuagens de henna? – ou dos estilistas que ajudou – Tom Ford, Jean Paul Gaultier, Dolce & Gabbana, Olivier Theyskens (sua carreira catapultou depois do clipe de “Frozen”) e Riccardo Tisci, só para citar alguns.
Para facilitar (para vocês e para gente), selecionamos seis tendências que estão em alta hoje, mas já ganharam o aval e incentivo de Madonna décadas atrás.
Lingerie à mostra
Corsets, calcinhas, sutiãs e cintas-liga são alguns dos primeiros elementos que vêm à mente quando pensamos em looks de impacto usado por Madonna. Como não lembrar do bustiê cônico de cetim rosa criado por Jean Paul Gaultier para a turnê Blond Ambition em 1991? O item é tão marcante que, 20 anos depois, a cantora e o designer fizeram uma homenagem àquele figurino com uma versão de couro para turnê de MDNA, em 2012.
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Mas seu apreço pela lingerie é mais antigo. Antes de usarmos bodies e sutiãs à mostra ou no lugar da blusa, ela já andava pelas ruas de Veneza ou subia ao palco do VMA com um corset de renda branca para defender o livre prazer feminino. Na premiação da MTV de 1984, Madonna jogou luz ao tema do desejo e poder sexual da mulher ao simular uma masturbação durante sua apresentação. O ato ganhou ainda mais ousadia nos shows da tour de Blond Ambition e quase levou a artista à prisão.
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Alfaiataria e o estilo boyish
Desde a década de 1980, Madonna também colocava para jogo elementos tradicionais do vestuário masculino. O blazer oversized com ombros exagerados era uma constante em suas produções. Para quem quer tirar a prova ou se inspirar, tem boas referências de alfaiataria tem os clipes de “Who’s that girl” (1987), “Express yourself” (1989) e “Me against the music” (2003), uma colaboração com Britney Spears.
Isso sem contar nos palcos e tapetes vermelhos. Destaque aqui para o Grammy de 2014, no qual a cantora usou um conjunto preto para entrada do evento e outro branco para celebrar o casamento de 34 casais LGBTIAPN+ durante apresentação de “Same Love”.
Jeans fever
Impossível dizer que em algum momento o jeans esteve fora de moda. Mas dá, sim, para afirmar que ele ganhou ainda mais foco com o boom da estética dos anos 2000 recentemente. E adivinha? Lá estava Madonna com seu look total denim no clipe de “Ray of light” (1998), com calça de cintura baixa e jaqueta de proporções reduzidas, e outro de patchwork no vídeo de “American pie” (2000).
Na década anterior, Madge estava numa fase de peças com silhuetas amplas ou versões oversized de jaquetas e bermudas jeans. O amor voltou em 2002, quando ela apareceu com uma calça larga cheia de rasgos durante um passeio por Nova York. Óculos futurísticos, jaqueta esportiva e um corset (sempre ele!) finalizavam o visual.
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Camisetas com slogan
Se hoje camisetas e regatas com frases de efeito estão em todos os lugares – das prateleiras de lojas de fast fashion às bancas de souvenir turístico – para serem usadas sem apego ao que está escrito, tempos atrás a peça era vestida em menor intensidade. Por conta disso, quando Madonna, que tem ascendência italiana, apareceu com a frase “italians do it better” estampada em seu busto durante o clipe de “Papa don’t preach” (1986), todo mundo prestou atenção. O bordão, que pode ser traduzido para “italianos fazem isso melhor”, tem lá o seu duplo sentido.
A cantora, que já havia usado o slogan “boy toy” em cintos e jaquetas, virou precursora da tendência da camiseta com dizeres irônicos, dúbios e bem-humorados, que atingiu seu ápice nos anos 2000. E ela continua firme e forte em sua devoção. “Estou obcecada em usar blusas da Britney Spears”, declarou em 2001 em entrevista à ELLE USA. “Durmo com elas porque sinto que me trazem sorte. E trazem mesmo.”
Óculos wayfarer
Sim, é Debbie Harry e Michael Jackson também adoravam o modelo. Mas não podemos tirar o mérito de Madonna como uma das grandes impulsionadoras do modelo Wayfarer, da Ray-ban. O óculos de sol quadrado e levemente pontiagudo marcou presença no seu single “Lucky Star” (1983) e no filme estrelado pela aniversariante do dia, Procura-se Susan Desesperadamente (1985), e até hoje é um dos seus queridinhos. Aliás, sua armação de grau atual é neste estilo.
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Top cropped
“Reage, mulher, bota um cropped”, diz o meme popular. Mas demorou para que a peça virasse democrática: usada nos anos 1980 principalmente pela galera fitness e da aeróbica, o comprimento quase sempre era usado como uma sobreposição (com bodies ou macacões por baixo) ou com roupas de cintura alta, sem dar tanta em ênfase ao corpo. Membro dessa geração, Madonna também usava o top curto dessa forma, mas não exitava em deixar a pele à mostra. Escandalizar era mesmo com ela, lembra?
Em um ensaio fotográfico de Ken Regan, em 1985, no qual usava uma regata preta e curta, com a palavra “healthy” estampada, e uma saia acetinada de cintura baixa, virou capa de diferentes revistas ao redor do mundo. Nas fotos, a cantora também exibia sem culpa seus pelos na axila. Chocante para a época, trendsetter para a atualidade. Viva a Madonna!
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