Victoria’s Secret Fashion Show 2025 prova que a marca ainda aposta na mesma fórmula do passado

O Victoria’s Secret Fashion Show 2025, segundo desfile da marca após um hiato de cinco anos, aconteceu na noite de quarta-feira (15.10). Neste ano, as cantoras Madison Beer, Karol G, Missy Elliot e o grupo Twice comandaram o som. Entre as estreantes na passarela, estão a baiana Daiane Sodré, a influenciadora carioca Gabriela Moura, a atriz Barbie Ferreira, a jogadora de basquete profissional Angel Reese, a comediante Quenlin Blackwell e a modelo Iris Law. As veteranas Candice Swanepoel, Joan Smalls, Barbara Palvin, Adriana Lima, Alessandra Ambrósio, Gigi e Bella Hadid também voltaram, retomando o icônico pivô com asas de anjo.

Adriana Lima na passarela do Victoria's Secret Fashion Show. Foto: Getty Images

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Calcinhas, sutiãs, bodies e robes dominaram a cena, como era de se esperar. Segundo o veículo WWD, a Victoria’s Secret ainda detém cerca de 20% do mercado de roupas íntimas da América do Norte – e a coleção reflete exatamente esse foco comercial. Já a linha Pink, dedicada ao loungewear, que havia ficado de fora no ano passado, ganhou um bloco próprio. Ela colocou em evidência calças de moletom, casacos de pelúcia, camisetas cropped e jaquetas jeans. 

O show marcou a estreia de Adam Selman como diretor executivo e criativo e foi o segundo sob a liderança da CEO Hillary Super, que assumiu o cargo em setembro de 2024. Ambos vieram da Savage x Fenty, label de Rihanna que revolucionou o setor de lingeries com desfiles inclusivos a partir de 2018. Inspirada no formato que consagrou a veterana, as apresentações da marca da cantora celebravam corpos realmente diversos. Em 2019, em meio ao movimento MeToo e à queda nas vendas, a Victoria’s Secret decidiu apertar o botão de pausa para “evoluir a mensagem da marca”, afirmou Stuart Burgdoerfer, então diretor financeiro da empresa-mãe, L Brands, ao jornal Fortune.

A modelo Anok Yai na passarela do Victoria's Secret Fashion Show. Foto: Getty Images

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Desde seu retorno às passarelas no ano passado, a Victoria’s Secret tenta reproduzir o sucesso da concorrente. “Não estamos aqui para dizer: ‘se você não se parece com isso, você não é sexy’. Acho que essa é uma grande mudança”, declarou Hillary Super ao WWD. A marca falha, no entanto, em se desvencilhar das características que tornaram seu evento tão problemático. Se a promessa era de mais representatividade, a realidade segue distante disso.

No ano passado, o casting trouxe nomes como Paloma Elsesser e Ashley Graham, presenças inimagináveis uma década atrás. O mesmo esforço se repetiu em 2025, com a estreia das modelos Precious Lee, Yumi Nu e Emeline Hoareau. Ainda assim, o contraste é evidente: em quase uma hora de desfile, a maioria das modelos continua sendo jovem e extremamente magra. Ah, e vale notar: mulheres com silhuetas maiores ou curvilíneas aparecem sempre mais cobertas.

Precious Lee, uma das estreias do ano. Foto: Getty Images

Nas redes sociais, o conteúdo do show engaja, mas também causa reações preocupantes. Entre os comentários pós-desfile, muitos flertam com discursos ligados a distúrbios alimentares – desde quem diz considerar a anorexia após assistir ao evento até quem, em tom de piada, afirma que vai jantar apenas uma tigela de gelo. E é exatamente o mesmo resultado que se via dez, quinze e vinte anos atrás.

Alex Consani, modelo trans que estreou em 2024 na passarela da marca. Foto: Getty Images

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