WTNB, 2024

Estilista Ana Clara Watanabe estreia nas passarelas com uma moda de roupas agigantadas e focada em maquetes têxteis


WTNB, de Ana Clara Watanabe
WTNB, 2024. Foto: Fernando Schlaepfer / Divulgação



A WTNB nasceu em 2023 a partir dos desejos de moda da estilista Ana Clara Watanabe, que havia acabado de desfazer a sua parceria com Cecília Gromann, da Anacê. Desacreditada do lado comercial do negócio, começou a brincar com upcycling até criar o conceito de sua própria etiqueta. “Queria lançar algo diferente do que todo mundo esperava que eu fizesse”, diz ela sobre a marca, que combina moda e mobiliário.

WTNB, de Ana Clara Watanabe

WTNB, 2024. Foto: Fernando Schlaepfer / Divulgação

WTNB, de Ana Clara Watanabe

WTNB, 2024. Foto: Tauana Sofia / Divulgação

Desde que se formou em moda na FAAP em 2019, a designer cultiva uma relação próxima com as artes plásticas. No fim de 2023, ela recebeu um convite do Grupo Tarsila, que representa o legado da artista Tarsila do Amaral, para uma colaboração. “Perguntei se havia alguma restrição sobre o tipo de desfile que poderia fazer. Quando disseram que não, aceitei na hora”, conta ela, minutos antes da apresentação. “O processo criativo é o que mais me mobiliza”, completa.

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Inspirada em três obras da artista, “São Paulo”, “São Paulo (GAZO)” e “E.F.C.B (Estrada de Ferro Central do Brasil)”, a estilista faz um paralelo entre sua história e a de Tarsila, nascida em Capivari, São Paulo. Natural de Pindamonhangaba, Ana Clara também saiu do interior do Estado para lidar com a cidade grande. Ambas mulheres feministas, elas encontraram nas críticas as suas forças. “Através dos corpos disformes e da geometria presente em seu trabalho, conecto minha moda com a arte de Tarsila.” As obras da pintora completam 100 anos neste mês.

WTNB, de Ana Clara Watanabe

WTNB, 2024. Foto: Fernando Schlaepfer / Divulgação

WTNB, de Ana Clara Watanabe

WTNB, 2024. Foto: Tauana Sofia / Divulgação

No Edifício Martinelli, com o cair do sol como pano de fundo, os modelos caminham calmamente, subindo em pequenos palcos espalhados pelo terraço. A estilista mostra um gosto por experimentar com formas quase não-humanas, agigantadas, às vezes lembrando um desenho bidimensional. Com roupas feitas em moulage inspiradas em armaduras japonesas, ela aperfeiçoa suas técnicas de manipulação de tecidos e com o patchwork. A estrutura rígida das peças, que constrói um corpo além daquele a que estamos habituados e lembra crinolinas, é feita de madeira, arame ou papelão.

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As peças desta coleção foram feitas em parceria com 40 costureiras do SENAC Pindamonhangaba, onde a estilista viveu até os 17 anos, antes de vir para a São Paulo. Hoje, com 26, Ana Clara entende a importância da sua cidade natal em todo o seu trabalho e seu olhar de moda: menos comercial, além de ambiental e socialmente mais sustentável. 

WTNB, de Ana Clara Watanabe

WTNB, 2024. Foto: Tauana Sofia / Divulgação

WTNB, de Ana Clara Watanabe

WTNB, 2024. Foto: Tauana Sofia / Divulgação

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