#MovimentoELLE: Como encontrar propósito e gerar legado
Ciclo da Cia. Hering debateu a sustentabilidade como estratégia de negócio de uma empresa com 140 anos de história
O quinto encontro do #Movimento trouxe o time da Cia. Hering para discutir a sustentabilidade como estratégia de negócio. A gestora da Fundação Hermann Hering, Amélia Malheiros, e a diretora de marcas da Cia. Hering, Fabiola Guimarães, falaram com os empreendedores de moda apoiados pela plataforma sobre como uma empresa de 140 anos tem a sustentabilidade em sua essência e isso a conecta com seu futuro e de suas marcas. Confira abaixo o nosso recap:
Amélia Malheiros e a Fundação Hermann Hering
Há 30 anos na companhia, Malheiros começou como atendente de telemarketing e hoje é gestora da fundação, que abriu as portas em 1935 com o objetivo de contribuir com colaboradores e apoiar a manutenção da vida operária. Na época a carteira de trabalho ainda não existia e a fundação foi muito importante na conquista dos direitos trabalhistas que temos hoje.
À frente da fundação há cinco anos, Amélia explicou que hoje sua principal missão é incentivar o empreendedorismo na moda, ampliando as oportunidades de trabalho das comunidades, contribuindo com a autonomia local e criando espaços de debate sobre o papel da moda no mundo que desejamos. Para Malheiros, é sempre importante enxergar quem está vindo junto nessa jornada empreendedora e se preocupar com essas pessoas.
Com uma ampla experiência, a gestora também falou sobre os momentos que viveu dentro da mesma empresa – “Passamos por muitos ciclos na jornada empreendedora e com a Cia. Hering não foi diferente” –, a sustentabilidade sempre esteve no DNA da empresa e da marca Hering. “A moda sempre foi fazer o que era certo e isso veio na bagagem com os fundadores”, comentou ela sobre os irmãos alemães, Bruno e Hermann Hering, que abriram as portas da Cia. Hering em 1880.
Uma das primeiras iniciativas sustentáveis da empresa foi em 1906, quando Bruno Hering idealizou e foi responsável pelo reflorestamento dos arredores da matriz da Cia., em Blumenau, Santa Catarina. Pouco depois, em 1950, foram instalados equipamentos para o tratamento químico da água. Esses são apenas alguns exemplos citados por Amélia de como a empresa é pioneira (e revolucionária) em sustentabilidade.
Segundo Malheiros, a Cia. enxerga a sustentabilidade nos três pilares econômico, ambiental e social – também no pilar cultural, que sempre foi importante como um habilitador para fortalecer os outros anteriores.
Um dos principais insights da conversa foi que um empreendimento não pode nascer para resolver um problema pessoal, uma dor única e exclusiva como, por exemplo, uma questão financeira. “A gente nasce pela vontade de empreender, por uma necessidade ou grande oportunidade que enxergamos, porque o nosso produto/serviço é único. A gente nasce sempre com uma missão e um olhar para o além”, arrematou.
Malheiros acredita que esse tipo de visão é o que possibilitou a Cia. Hering se tornar um agente de transformação social verdadeiro.
Apesar de nunca ter se envolvido com o agronegócio na plantação de algodão, toda a cadeia de produção da empresa, desde a fiação, à compra de matérias primas até o final do ciclo, é conduzida internamente, e tem um olhar prioritário entre seus gestores.
A diversidade é outro ponto importante no desenvolvimento sustentável da Cia. Hering. Para a empresa, abranger pensamentos distintos e disruptivos, é um dos segredos de sucesso. Dos muitos olhares e lugares por onde percorrem as pessoas que colaboram para a empresa surge algo novo e que se renova o tempo todo.
Malheiros também destacou o fato de a Cia. Hering ter deixado de ser uma empresa familiar para uma de capital aberto, o que possibilitou uma maior transparência em toda a maneira de conduzir os negócios.
Outro “pulo do gato”, como diz Amélia, é saber formar uma rede para além da companhia. Sua dica é sempre buscar, escutar, participar e se voluntariar em muitos movimentos que nem sempre tem uma ligação direta com a sua área de atuação. São nesses espaços que podem ser tirados os maiores aprendizados. Através do voluntariado, por exemplo, é possível descobrir oportunidades de práticas sustentáveis e isso vai de uma reunião de condomínio ao dia a dia na empresa.
A gestora também apresentou algumas iniciativas da Fundação Hermann Hering, como o projeto Trama Afetiva, com direção criativa de Jackson Araújo, a parceria com o Instituto Reciclar, a plataforma Lab Moda Sustentável e o Museu Hering. Para saber mais detalhes sobre cada ação é só clicar aqui.
Fabiola Guimarães e o resgate do DNA Hering
Com mais de 18 anos de carreira focada em marcas de moda renomadas no mercado nacional, Fabiola Guimarães encarou a aventura de entrar para o time da Hering em plena pandemia, há pouco mais de 10 meses, para liderar a marca que nos últimos anos passou por um processo de resgate de sua essência: o básico. “É um prazer enorme estar a frente de uma marca que possui um reconhecimento tão grande como a Hering”, disse ela.
Um dos grandes desafios que a marca enfrentou foi a de conseguir se reconectar com seu público, que sempre teve uma memória afetiva da Hering, mas havia deixado de consumi-la. Para isso foi necessário retrabalhar os atributos que já existiam na marca, mas também contar as histórias por trás desses produtos, algo cada vez mais importante atualmente.
E como a sustentabilidade é uma das principais estratégias da companhia hoje, eles também lançaram o selo Hering Eco, onde todo produto que tiver algum atributo sustentável terá o selo, que busca não só a conscientização ambiental, mas também trazer os aspectos de responsabilidade social, inovação e de tecnologia que existem por trás desses itens. Segundo Fabiola, esse tipo de estratégia não pode ser focado apenas em vendas. É preciso ter um propósito real e genuíno.
A diretora também apresentou o Case Body Size, uma tecnologia de produção que teve início nos anos 1990 e foi aplicada à camiseta Word, que é um ícone da marca, visando a redução de sobras e desperdícios. Hoje ela é aplicada para outras camisetas, como a Super Cotton, que tem uma malha um pouco mais pesada.
Além disso, a marca investiu em lançamentos com a mesma tecnologia, mas com diferentes atributos sustentáveis, como a camiseta reuse (feita com fibras recicladas e menos água na produção para gerar menos resíduos) e a H+ (com tratamento antiodor e antimicrobiano, secagem rápida, não amassa e tem longa durabilidade) que também celebram o aniversário de 140 anos da marca, completados em setembro de 2020.
Outro objetivo é ir além dos lançamentos de produtos e abordar a responsabilidade social, especialmente a inclusão e a diversidade. Para isso eles criaram a linha Básico para Todos, em novembro de 2020, que possui uma grade estendida que vai até o número 56, contemplando diversos tipos de silhueta. Dentro da empresa eles também buscam formar um time de colaboradores diversificado em raças, gêneros e corpos, e sempre escutar os desejos das pessoas que gostam da marca.
Fabiola também contou sobre outras importantes iniciativas de responsabilidade social que a Hering vem apoiando ao longo dos anos, como a longa parceria com o IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer), a mais recente com o IDBR (Instituto Identidades do Brasil) e a campanha Vestir o Brasil – cujo mote é a colaboração, ativando a educação empreendedora e dando voz e visibilidade a jovens de diferentes regiões do País.
Vale lembrar que a Cia. Hering possui a marca Dzarm, que também vem fazendo um trabalho de sustentabilidade para produzir jeans com menor pegada de carbono do mercado brasileiro. O projeto, que ainda está em desenvolvimento para ser lançado esse ano, visa reduzir o uso de combustíveis fósseis em 90%, a utilização de amaciante à base de cupuaçu, o reaproveitamento de energia e água, e trabalhar com algodão 100% certificado pela ABR/BCI.
Após as palestras também rolou aquele momento de dúvidas dos empreendedores apoiados pelo #movimento sobre produtos, possíveis parcerias e dicas. No vídeo de abertura da nossa coluna você confere um pouco da conversa e outros destaques do encontro. Vem de play.
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