Quente ou frio: qual a temperatura ideal do seu skincare?

Conversamos com dermatologistas para entender qual a diferença entre usar produtos em temperatura ambiente, aquecidos ou resfriados.


Skincare quente ou frio



Neste ano, finalmente chegou ao Brasil o hype das geladeiras de beleza. A tendência que já estava bombando ao redor do globo desembarcou por aqui com ajuda da Océane. A Skincare Fridge da marca serve tanto para resfriar (mínimo de 8ºC) quanto para aquecer (máximo de 50ºC) os produtos de sua própria linha de cuidados com a pele 100% produzida na Coreia do Sul.

“Víamos muitos consumidores guardando cosméticos e ferramentas de beleza como pedras e rollers na geladeira tradicional. Como ela opera com temperaturas muito baixas, essa prática não é tão adequada para cosméticos”, justifica Luciana Oliveira, gerente de produto da Océane.

Skincare na geladeira faz sentido?

“O frio, de fato, pode constringir os vasos no rosto. Dessa maneira, o uso de ferramentas geladas ajudam a diminuir a congestão da face principalmente quando acordamos e estamos mais inchados devido a retenção líquida”, explica o dermatologista Daniel Cassiano. Segundo ele, de modo geral, não há contraindicação para a refrigeração de produtos para pele devido ao fato de que eles são testados em laboratório para manterem suas funções dentro de um espectro bastante amplo de temperatura.

Felipe Ribeiro, também dermatologista, no entanto, alerta: “Algumas substâncias não se comportam como foram desenhadas quando estão radicalmente fora do que se entende por temperatura ambiente. Principalmente quando falamos de óleos. A cosmética dos produtos a base de óleo muda porque eles tendem a se solidificar e isso os torna mais espessos e difíceis de espalhar.” Além disso, peles mais sensíveis também podem sentir desconforto ao entrar em contato com texturas muito geladas. “Só não vale congelar os produtos”, continua Daniel.

Mini geladeira de skincare: Skincare Fridge Oceane

A Skincare Fridge da Océane tem mínimo de 8ºC e máxima de 42ºC. Divulgação: Océane

A questão sensorial, quando se fala de temperatura no skincare, é chave. Em dias muito quentes, borrifar água termal gelada no rosto não só ajuda na hidratação, mas também no bem-estar. Felipe sugere fazer um teste com essa técnica na região abaixo dos olhos, no combate às olheiras: “Elas aparecem devido a uma série de fatores e um deles é a visualização dos vasos por transparência. Quando frios, os produtos estimulam o fechamento dos vasos, diminuindo a profundidade e mancha escura da região.”

Para peles sensíveis ou sensibilizadas (que acabaram de passar por qualquer tipo de tratamento mais intenso como o peeling, por exemplo) a sensação de frescor também vem muito a calhar e pode ajudar a acalmar a vermelhidão.

Riscos e benefícios de aquecer produtos de skincare

Já no caso dos produtos aquecidos, a história muda um pouco de figura. “Temperaturas acima de 42ºC já podem causar queimaduras na pele“, conta Daniel. “Para pacientes com rosácea, por exemplo, é contraindicado esse tipo de aplicação.”

Quem vai se aventurar com produtos mornos no rosto precisa entender que está na categoria avançada de skincare e precisa tomar o dobro de cuidado com esse processo. “O aquecimento moderado e eventual da pele faz com que os poros se abram, facilitando a penetração dos produtos. Entretanto, há de se destacar que maior penetração ou profundidade não significam maior eficácia. Cada produto precisa estar em um determinado local da pele. Hidratantes cuja função seja impedir a perda de água, por exemplo, devem permanecer nas camadas mais superficiais da pele e, quando em camadas profundas, podem se predispor à acne”, detalha Felipe.

De acordo com ele, vale a pena aquecer máscaras faciais e hidratantes leves. Basta submergir esses produtos em água morna por alguns minutos. De resto, talvez não. “Vale lembrar que ácidos, de maneira geral, tendem a se desestabilizar com mais facilidade quando aquecidos. Então, nesse caso, realmente não vale a pena”, contrapõe Daniel que reforça a importância de checar no rótulo de cada produto a expansão da faixa de sua variação de temperatura possível.

“Não há uma regra geral. Quando são criados, os produtos passam por testes de estresse, nos quais se mudam as condições de armazenamento, umidade, iluminação e temperatura. Em cada rótulo deve constar a faixa de temperatura na qual o produto pode ser submetido sem perder a sua função.”

Ou seja, fica a cargo do consumidor consultar essas informações e verificar se o produto pode ser aquecido e, ainda, até qual temperatura. Bateu insegurança? Então, não hesite: faça uma visita ao seu ou sua dermatologista. Essa é a melhor e mais eficaz maneira de saber se a sua pele aguenta o tranco de um skincare fora da temperatura ambiente.

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