Destaque da cena indie britânica, Nilüfer Yanya fala sobre primeiro show no Brasil
Cantora se apresenta em São Paulo antes de abrir a nova turnê de Lorde.
Nilüfer Yanya concorda quando a crítica descreve sua música como uma mistura de ritmos diferentes e com um apelo nostálgico, mas que soa moderno ao mesmo tempo.
Com três álbuns lançados, a cantora inglesa de 30 anos, filha de pai turco e mãe com ascendência irlandesa e barbadiana, é intitulada como uma voz sensível e autêntica de sua geração.
Neste ano, ela soltou o EP Dancing shoes, que sucede My method actor, listado entre os melhores discos de 2024 pela NME. Este mesmo projeto, assim como os seus outros dois trabalhos de estúdio, PAINLESS (2022) e Miss Universe (2019), receberam o selo de Best new music da Pitchfork.
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Com o EP, chega também uma turnê, que inclui sua primeira passagem pelo Brasil, com uma única apresentação nesta quarta-feira (12.11), no Cine Joia, em São Paulo.
“Nunca estive no Brasil antes, vai ser incrível. Faz tempo que não fico tão empolgada para um show. Ainda não conheço nenhum artista brasileiro contemporâneo e estou animada para descobrir. Vou passar alguns dias por aí e espero conseguir assistir a alguns shows”, diz.
Depois, a artista segue viagem para abrir a turnê mundial da Lorde, Ultrasound, baseada no álbum Virgin (2025), e fica até dezembro rodando pela América do Norte e Europa, com a cantora neozelandesa.
Na conversa com a ELLE, Nilüfer fala sobre sua trajetória, sua parceria com a irmã e como a moda e a beleza atravessam sua vida dentro e fora dos palcos.
Processo criativo
“Tudo começa com uma ideia em algum instrumento, que, na maioria das vezes, é o violão. Tenho trabalhado bastante com o (produtor musical) Will Archer, e ele costuma me mostrar uma ideia na guitarra com uma batida, e então eu penso em uma melodia. A partir dela, vêm as primeiras palavras. É o esqueleto da música. Daí, começamos a construir. Às vezes, a faixa precisa de uma segunda camada harmônica, algo que leve a um refrão ou a uma ponte. Outras vezes, não. O processo sempre começa com algo instrumental, depois vem a melodia e, por fim, as letras.”
Irmãs
“É muito natural. Desde pequenas, minha irmã e eu fazíamos coisas juntas. A gente sempre estava com uma câmera na mão. Quando comecei a lançar música, ela foi a primeira pessoa em quem pensei para dirigir os clipes. No começo, não tinha um orçamento, e ela topava fazer mesmo assim, o que foi essencial naquela fase. Precisava de um olhar visual e não tinha as ferramentas sozinha. Hoje, é legal ver como a gente cresceu lado a lado, desenvolveu nossas ideias e conquistou mais liberdade para criar, viajar e experimentar. É uma parceria que se manteve muito orgânica, e isso é o mais bonito.”
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Turnê com Lorde
“O convite veio da própria Lorde. Ela demonstrou interesse nas músicas que tenho feito. Pelo que sei, ela costuma chamar para a turnê artistas de quem é fã ou com quem já trabalhou antes, como Empress Of e Blood Orange. Parece algo natural. Ainda não a conheci pessoalmente, mas me disseram que ela é muito simpática e gentil.”
Reconhecimento do público
“Fico muito feliz que as pessoas tenham se conectado com a minha música. Sei que isso não é algo fácil. Uma coisa é fazer música, trabalhar em um álbum e finalizá-lo – o que já é um processo enorme. Mas conseguir criar uma conexão real entre o que você faz e as pessoas que estão ouvindo é algo muito especial. Então, fico realmente contente por saber que isso tem acontecido.”
Evolução artística
“É engraçado, porque sinto que o mais importante é tentar permanecer fiel a mim mesma, o que soa clichê, eu sei, mas acho que essa é a única forma de continuar crescendo como artista e compositora. É sobre encontrar novas maneiras de se reinventar, de manter as coisas interessantes, de continuar aprendendo sobre si mesmo, sobre a vida e o mundo.”
Dancing shoes
“Foi um processo rápido. Começamos a escrever logo depois que terminamos a turnê no ano passado, no fim de dezembro. Passamos uns cinco dias trabalhando em algumas ideias e em janeiro já começamos a finalizá-las. Algumas ideias vieram da época de My method actor (2024), mas duas músicas eram totalmente novas. Então, apesar de o EP estar conectado ao álbum, não era para ser uma extensão dele, e sim algo que se sustentasse por conta própria.”
EP x disco
“De certa forma, o processo é o mesmo, porque você segue os mesmos princípios. Mas, por ter menos faixas, é possível deixar as músicas mais diferentes entre si, ou até mais parecidas, sem precisar se preocupar em formar uma grande narrativa. Elas podem simplesmente existir como são. A expectativa em torno de um EP é menor, o que o torna mais livre e até mais divertido. Você pode levá-lo tão a sério quanto quiser, mas sem o mesmo peso de um álbum.”
Moda e beleza
“Acho que, como artista, vou estar sempre explorando isso. Existe o meu estilo pessoal e o de palco. Embora eles sejam parecidos, o palco me dá coragem de ser mais ousada. Diria que meu estilo é bastante influenciado pelo punk e pelo grunge, mas não gosto de me limitar a isso. Tento trazer esses elementos para uma versão moderna e usável, que ainda seja autêntica – que represente quem sou tanto no palco quanto fora dele.”
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