Gucci: passado, presente, futuro

Neste episódio mergulhamos na história da Gucci, casa italiana prestes a completar 100 anos de existência e que segue como uma das mais importantes, inovadoras e lucrativas do mundo hoje.


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  • Ao longo de toda a semana passada a Gucci apresentou a sua mais nova coleção por meio de um festival digital, misturando moda, série e filme: o GucciFest;
  • Próxima de completar 100 anos de história, mergulhamos na linha do tempo da Gucci, a casa italiana que ainda hoje se reinventa e reinventa boa parte do setor ao seu redor;
  • E ainda: Marina Ruy Barbosa na Arezzo&Co; o impacto do lançamento da collab entre Jil Sander e Uniqlo no Japão; spoilers da nova edição da Casa de Criadores; tudo o que você precisa saber da ELLE View de novembro; e muito mais!

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Se preferir, você também pode ler este podcast:

Durante toda a última semana a Gucci apresentou a sua mais nova coleção por meio do festival digital GucciFest, um evento que se dividiu entre moda, cinema e série para explorar novas maneiras de apresentar uma temporada ao público.

Essa é só mais uma das várias invencionices que saem da cabeça de Alessandro Michele, diretor criativo que está há cinco anos na casa e tem colocado esse olhar esperto e fantasioso para fazer com que essa grife (que em 2021 se tornará centenária) continue a ser uma das mais importantes e lucrativas do mundo hoje.

Por isso, nesse episódio, mergulhamos na história da Gucci que, entre hits comerciais, histórias trágicas e case de marketing não para de se reinventar e reinventar boa parte do setor ao seu redor.

Eu sou a Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro. E você está ouvindo o Pivô, podcast que reúne as principais notícias de moda da semana comentadas pela equipe da ELLE Brasil.

Foi em maio deste ano que a marca fez o anúncio oficial: a Gucci não está mais no calendário tradicional de moda e passa a trabalhar com uma sazonalidade própria, a de duas apresentações por ano, em formatos ao sabor da criatividade de Alessandro Michele. De acordo com o diretor criativo da grife: “Nós temos um grande público. Pessoas que nunca estiveram em nossas lojas, mas que nos seguem. Não somos apenas roupas. Nós estamos apoiando também diálogos”.

E é por isso que a semana passada viu muito mais uma tentativa de diálogo, do que a reprodução digital de uma passarela. O GucciFest, como foi chamado, exibiu curtas dirigidos por Gus Van Sant e Alessandro Michele, entre os dias 16 e 22 de novembro. Os filmes formavam uma série, a Overture Of Something That Never Ended, com participações especiais de Billie Eilish, Harry Styles e Florence Welch — reforçando aí a vontade da marca de juntar cada vez mais o universo da cultura com o da moda.

Entre os looks, a nova coleção dividiu o styling com peças recuperadas de temporadas passadas, todas coexistindo e confirmando a vontade da Gucci, de interromper essa noção de sazonalidade tradicional na moda, de que a estação passada deve ser jogada de lado para a nova ocupar o lugar. Além disso, o GucciFest também aproveitou para divulgar o trabalho de quinze novos estilistas independentes, entre eles Stefan Cooke, Mowalola e Bianca Saunders.

De uma maneira geral, o que ficou de toda essa história do GucciFest é a de que cada vez mais a Gucci tem desenhado um universo, uma ideia de juventude e, consequentemente, de sociedade possível. Os meninos, meninas e menines Gucci, claro, vestem as roupas vintage da grife, estranha e descoladamente amontoadas, mas também conversam e se expressam de maneiras que estão conectadas com o mundo atual e o futuro.

No primeiro episódio, logo de início, falas do escritor e filósofo Paul B. descrevem papéis sociais dentro da realidade patriarcal e colonial na qual vivemos, e como isso afeta as noções sobre gênero e sexualidade de uma maneira condicionante. A marca dá uma cutucada dizendo que é possível sim uma “revolução do amor”, se essas caixinhas forem quebradas.

“E como essa grife chegou até aqui?”, você deve estar se perguntando. E é por isso que a gente aproveita a deixa do festival e do fato de que a casa completa 100 anos, no ano que vem, para mergulhar em sua história. E, se quiser pausar esse episódio e fazer uma pipoca, a gente te espera porque aqui vai um novelão…

Bem, tudo começa com o italiano Guccio Gucci, filho de artesãos que, em 1897, foi trabalhar no grande Hotel Savoy, de Londres. Porteiro, ele fica olhando as malas riquíssimas dos hóspedes passarem daqui pra lá, de lá pra cá.

Apaixonado por esses acessórios, ele volta a sua cidade natal, Florença, determinado: em 1902, começa a trabalhar para uma fabricante de couros, a Franzi, e vai amadurecendo o sonho do negócio próprio. E ele acontece. Em 1921, a Gucci nasce, como uma fábrica de malas, que produz sobretudo artigos de luxo em couro para viagens e, depois, também, equipamentos equestres.

Em função de sanções que a Liga das Nações fez à Itália, entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, o couro vira um material escasso no país. E é bastante em função disso que Guccio Gucci começa também a integrar ao catálogo de sua marca outros tecidos, como a malharia e a seda. Ou seja, a casa expande para o vestuário.

É por volta dessa época também que ele inicia a produção de acessórios, como sapatos e bolsas, e introduz alguns detalhes que viram assinaturas da casa, como o monograma com o logo de G duplo e a icônica faixa de duas tiras verdes interrompida por uma vermelha ao meio, em referência às selas dos cavalos. Em 1947 surge também a hoje clássica Bamboo Bag, um twist dentro do mercado de luxo, com a inserção do bambu japonês na alça de uma bolsa, que igualmente recupera um shape de inspiração equestre.

A partir da década de 1930, o negócio começa a ter a participação dos filhos de Guccio: Aldo, Vasco e Rodolfo Gucci. Vale dizer que Guccio Gucci também tinha uma filha, Grimalda Gucci, que foi dispensada dos negócios por ser mulher, e também um enteado, Ugo Gucci, filho de sua esposa Aida Calvelli, que seguiu por outro rumo no trabalho.

A principal função dos herdeiros Aldo, Vasco e Rodolfo era o de expandir a etiqueta, primeiro em Roma, depois Milão e, por fim, ao longo da década de 1950, por todos os Estados Unidos. E, de fato, eles conseguiram. Em 1953, foi inaugurada a primeira boutique da Gucci em Nova York, no então The Savoy Plaza Hotel, numa homenagem a Guccio Gucci, que fazia referência ao local onde tudo começou. O fundador, no entanto, morre poucos dias depois desse lançamento.

A década segue como uma era de ouro para a Gucci, e a marca vira uma das queridinhas de celebridades de Hollywood. Elizabeth Taylor, Peter Sellers e o dramaturgo Samuel Becket vivem caminhando para cima e para baixo com a bolsa hobo que, olha só, já naquela época era vendida como unisex. Mas foi quando Jackie Kennedy apareceu com uma no braço que a grife tratou logo de mudar o nome do seu acessório: a hobo virou a The Jackie, uma das it bags mais desejadas até hoje.

Grace Kelly, a princesa de Mônaco, também foi um dos ícones de moda que influenciou no design da casa. Quando ela decidiu comprar uma Bamboo Bag, Rodolfo Gucci, um dos três filhos que seguiu com o negócio, quis presentear Grace com um lenço floral de cores vivas. A ilustração virou a hoje tradicionalíssima estampa Flora da marca.

Outro item que caiu na graça das estrelas, e que até hoje é um clássico da casa, é o mocassim Horsebit, aquele com dois anéis dourados interligados na parte de cima, como os freios colocados no cavalo.

A marca segue conquistando a América e lançando cada vez mais hits comerciais, como óculos, relógios e joias, na década de 1960. Mas, ao passo que a Gucci se expandia até na Ásia, com novas butiques em Tóquio e em Hong Kong, os conflitos entre a família só aumentavam. Brigas entre os irmãos, entre os sobrinhos, entre pai e filho colocaram a Gucci diversas vezes à beira da falência.

Dentre as tretas que a marca hoje em dia prefere não comentar, mas que é importante o destaque, Maurizio Gucci é protagonista. Maurizio era o filho único de Rodolfo, que começou a trabalhar com o tio Aldo Gucci, nos Estados Unidos. E, no que a gente pode resumir de grande rasteira, ele conseguiu não só tirar os demais primos da jogada como também derrubou o próprio tio da liderança do negócio, a ponto de assumir toda a empresa em 1982.

Em 1983, o pai de Maurizio Gucci, o Rodolfo Gucci, morre. E é aí que Maurizio dá a cartada final, vendendo a maioria das ações do império para a Investcorp, encerrando assim toda a relação dos Gucci com a sua empresa homônima. Mas o drama familiar não para por aí. Em 1995 Maurizio é baleado e morre. O mandante do assassinato? A sua ex-mulher, a socialite Patrizia Reggiani.

E aqui nós fazemos um parêntese: esse conflito está para virar filme, um longa que, ao que tudo indica, contará com Lady Gaga interpretando Patrizia Reggiani, e será dirigido por Ridley Scott, para saciar os curiosos em relação a esse episódio. Ainda não há informações oficiais sobre o longa ou a data de lançamento, mas assim que tivermos mais novidades com certeza avisaremos aqui no Pivô.

Como você pode imaginar, entre disputas familiares, acusações de sonegação, assassinato e a venda da grife a investidores estrangeiros, a Gucci, na época, não andava muito bem das pernas.

Em 1989, a superexecutiva de moda Dawn Mello, então presidente da Bergdorf Goodman, foi nomeada a diretora criativa da Gucci para tentar colocar a grife nos eixos. Mello não teve uma passagem tão impactante como diretora, para dizer a verdade ela acabou por retornar à Bergdorf, mas ajudou a grife deixando uma preciosidade na casa: Tom Ford, que ela havia contratado em 1990 para ser estilista de ready to wear e, com a sua saída, virou o novo diretor criativo da casa.

E é aí que se inicia toda uma nova era da Gucci, sob o comando de Tom Ford, que fez o estilista ainda hoje ser celebrado como o grande salvador da marca. A mágica de Ford? Bem, ele simplificou a identidade da casa, navegando entre o minimalismo da época, restaurando a opulência e o desejo em volta do nome e injetando muita, mas muita mesmo, sexualidade. Ford coloca o vestido colado no corpo, o cós baixíssimo na cintura, o salto agulha vertiginoso nos pés. Isso era algo que não se via em nenhuma outra casa e atiçava os consumidores.

Com o fotógrafo Mario Testino, Tom Ford fez campanhas publicitárias que ficaram na memória, seja por um bom ou por um péssimo motivo. Em uma das imagens mais emblemáticas feitas pelo estilista ele desenhou nos pelos pubianos de um a modelo o logo da casa. E, em outra foto, bastante problemática, colocou um modelo batendo no bumbum de uma garota. Tom Ford fica na Gucci até 2004, quando apresenta a sua última coleção, mas deixa um legado e tanto: ícones como Gwyneth Paltrow, Jennifer Lopez e Madonna amam usar Gucci nos tapetes vermelhos. Naquele momento, a casa já era avaliada em US$ 10 bilhões de dólares.

Durante esse tempo, os anos 1990, o grupo LVMH tentou comprar ações da empresa. Mas antes da companhia assumir esse controle, foi o investidor François Pinault, da então Pinault Printemps Redout, quem abocanhou o negócio. A PPR mais tarde seria renomeada para Kering e é por isso que hoje a Gucci faz parte do grupo Kering. A compra do grupo, inclusive, foi o fator determinante para a saída de Ford da casa.

Depois de Ford, Alessandra Facchinetti passa a assinar a coleção feminina. Mas é Frida Giannini, a ex-designer de bolsas da Fendi, que acaba assumindo a direção criativa da Gucci em 2006. Giannini fica até 2014, durante um período sem grandes abalos, mas também sem tantos auges. Dentre o seu legado, é importante citar, Giannini colocou a Gucci na TV, com campanhas assinadas até mesmo pelo cineasta David Lynch. Ela deu uma injeção de ânimo nos perfumes da casa e estrelou até um documentário, o The Director, de 2013, no qual o seu trabalho é examinado mais de perto.

Mas é a entrada de um outro nome que vai abalar mais uma vez as estruturas da maison. Dessa vez, no entanto, de uma forma positiva. Em 2015 chega Alessandro Michele mudando completamente tudo. A crítica especializada estava tensa, porque Michele não era um grande conhecido da mídia. O estilista havia trabalhado na Fendi, mas tinha feito carreira mesmo dentro da Gucci, passando por vários cargos diferentes ao longo de mais de 12 anos, não necessariamente nos holofotes.

E na primeira coleção já mostrou a que veio: para a temporada masculina de inverno 2015, colocou garotas na passarela com seu olhar de antiquário, mas nada antiquado em uma coleção inteira executada em menos de uma semana, de acordo com o The New York Times. A temporada na sequência, a primeira feminina sob o seu comando, foi considerada também um sucesso estrondoso, com a crítica cada vez mais encantada por seu mix de teatro, acervo, memória, gênero, kitsh, drama, terror, opulência, romance e futurismo. O designer é descrito pelo próprio grupo Kering como alguém que é capaz de unir “dandismo, Renascimento italiano, imagem gótica e atitude punk”.

Pode parecer um exagero tantas descrições, mas é que o maximalismo de Michele não se esgota na manga bufante de sua roupa, ou nos óculos gigantes de cristais incrustados que ele faz: ele está presente também em movimentos dentro da casa. A Gucci não apenas entrou para as rimas de rappers como Cardi B e Kanye West, como um desejo de ostentação bling bling para o hip-hop, como também virou um case de marketing a ser estudado, transformando os seus próprios canais e redes sociais em veículos de comunicação.

Em 2017 a grife também anunciou a iniciativa de cortar a produção de peles e prometeu reduzir o seu impacto ambiental e social até 2025, algo descrito na nova plataforma criada pela marca, a Gucci Equilibrium. Em 2019 a Gucci lançou a sua linha de maquiagem, a Gucci Beauty, além de uma fragrância unissex, a Mémoir dÚne Odeur, continuando algumas ações pioneiras que vem fazendo no desgaste da divisão de gênero na moda.

A saída da Gucci da semana de moda tradicional de Milão, para manter apenas duas apresentações anuais e não mais cinco, como antes, também impulsionou uma discussão sobre a produtividade nessa indústria tão pouco sustentável. E, apesar de ver seu crescimento desacelerar desde o ano passado, a grife segue, ao lado da Balenciaga, no posto de mais lucrativa do grupo Kering, que detém ainda Saint Laurent e Alexander McQueen.

Marina Ruy Barbosa na Arezzo&Co

E o grupo Arezzo & Co fechou a semana passada com duas novidades de peso. A primeira foi o anúncio da atriz Marina Ruy Barbosa como diretora de moda do ZZ Mall, a recém-lançada plataforma de vendas online do grupo.

O ZZ Mall reúne todas as marcas da Arezzo & Co, que detém as etiquetas Schutz, Alexandre Birman, Anacapri, Fiever, Alme, Arezzo e Vans Brasil. Além dessas, o market place também comercializa coleções de outras empresas, como Hope, Lenny Niemeyer e Reserva.

De acordo com o comunicado divulgado pelo grupo, Marina vai ser a responsável pela estratégia de moda do ZZ Mall, o que inclui a curadoria e a direção criativa dos conteúdos da plataforma e das redes sociais.

A outra novidade é a aquisição pela Arezzo & Co de 75% do brechó online Troc. Fundado em Curitiba, em 2017, o Troc é uma startup voltada para a economia circular, que faz uma curadoria, precifica, fotografa e vende peças dos usuários.

Agora, a Troc será conectada à plataforma ZZ Mall e os usuários poderão optar por receber créditos para gastar no marketplace com a venda das suas peças ou receber o pagamento na conta ou, ainda, destinar o valor para alguma instituição cadastrada. De acordo com a companhia, a fundadora do Troc, Luanna Toniolo, continuará à frente das operações do brechó.

Babado, gritaria e confusão no lançamento da collab entre Jil Sander e Uniqlo

E Jil Sander fez de novo. Onze anos depois de lançar uma coleção com a Uniqlo, que foi uma das mais bem sucedidas parcerias da história entre uma designer e uma grande rede de varejo, a estilista alemã volta a se unir à companhia japonesa. E, novamente, provocou filas de dar a volta no quarteirão.

A coleção, batizada de +J, mesmo nome da collab de 2009, foi lançada no Japão no dia 12 de novembro, e as lojas tiveram que distribuir tickets para organizar a entrada. Em Nagoya, onde uma das filiais da Uniqlo não adotou esse sistema de organização, o primeiro dia de vendas foi um caos, com gente se aglomerando, se empurrando, arrancando roupas dos manequins. Até display de vidro quebrado rolou.

Mas por que tanta euforia em torno de uma coleção? Bom, há algumas explicações. Tem, claro, o fator custo-benefício. As peças mais em conta custam em torno de 50 dólares e, as mais caras, como os casacos, não chegam a 250 dólares.

Mas não é só isso. Como fez em 2009, quando o mundo começava a se recuperar de uma recessão, Jil Sander conseguiu mais uma vez decifrar o desejo dos consumidores de moda para este momento peculiar que estamos atravessando.

A coleção, bem enxuta, traz 25 peças masculinas e 32 peças femininas numa paleta básica, com preto, branco, marinho e bordô. São camisas, terninhos, calças e sobretudos bem minimalistas, do jeito que os amantes de Jil Sander gostam. Embora haja essa distinção formal entre gêneros, a ideia é que as pessoas misturem peças das duas linhas.

Em entrevista à jornalista do New York Times Vanessa Friedman, a designer disse que quis criar peças indispensáveis, num contraponto à cultura de descarte rápido. Criticou ainda a nostalgia que continua a permear a moda e falou da importância de fazer um esforço pra se vestir bem. Segundo Jil Sander: “Fico estupefata com o rumo nostálgico que a moda continua a tomar. Vestir-se com estilos de ontem diminui nossa capacidade de lidar com os problemas atuais. Não fazer nenhum esforço pela manhã vai atrasar o seu dia e te desorientar. Se queremos mudar o mundo, temos que continuar nos renovando “.

Começa hoje a 47ª edição da Casa de Criadores

Começa nesta segunda-feira, dia 23, a quadragésima sétima Casa de Criadores, o evento focado em moda autoral brasileira que já revelou dezenas de talentos e ajudou a projetar nomes como Isaac Silva, Marcelo Sommer, Karla Girotto, Rita Wainer e muitos outros.

O line-up tem 32 marcas, sete delas participando pela primeira vez do evento. Os estreantes são Alexandre dos Anjos, Dendezeiro, Kel Ferey, Nalimo, REIF.LIFE, Shitsurei e Trash. Outra novidade é a atuação do Célula Preta, coletivo criado em junho por estilistas negros com o objetivo de ampliar as conversas sobre racismo dentro e fora da Casa de Criadores.

Nesta edição, assim como aconteceu com várias outras semanas de moda pelo mundo, a Casa de Criadores teve de se adaptar ao formato digital. Mas o que era uma situação forçada pelas circunstâncias, acabou se mostrando um desafio muito legal, que trouxe novas possibilidades, como conta o diretor artístico do evento, André Hidalgo:

“A gente foi e voltou com várias ideias, com vários formatos, e a gente chegou num formato que é muito interessante, que eu espero que vocês curtam, que vocês gostem, que vocês entrem lá no nosso site. Eu não sei se vocês sabem, mas a Casa de Criadores, normalmente numa edição presencial, ela acontece também de segunda a sexta à noite, então, normalmente começa às 8, 8 e meia da noite e as pessoas chegam lá, sentam na sala de desfiles, assistem de cinco a seis desfiles por noite, todos um em seguida do outro. Então, nosso desafio era tentar trazer um pouco desse universo, manter um pouco esse universo na edição virtual, na edição digital, mas trazer outras inovações. Porque, na verdade, o que a gente acabou percebendo ao longo do tempo foi que esse ambiente virtual traz muitas possibilidades. A gente pode enriquecer muito mais o conteúdo dos estilistas do que um desfile presencial. E é exatamente isso que a gente tá fazendo. Então, todos os dias a gente vai reproduzir esse esquema da Casa de Criadores, das pessoas entrarem no nosso site e assistirem aos desfiles virtuais, como acontece na Casa de Criadores presencial, então, vai acontecer a partir das 8 da noite, você assiste a todas as apresentações, sempre encerra com show. De tarde tem uma programação de mesas redondas e tudo mais, mas a grande vantagem e a coisa bacana que a gente entendeu e está explorando bastante é que a gente vai ter páginas para cada estilista, e são páginas que vão ter muito mais conteúdo e são páginas responsivas, que você vai descendo e ela vai carregando os conteúdos e aí você pode ter, além da apresentação virtual, que seria o vídeo do estilista, você pode ter também outros elementos, que eu ainda não vou falar, que é justamente pra causar curiosidade pra vocês acessarem lá o nosso site. Depois que o evento termina continua lá esse conteúdo. E a gente também reuniu um time muito bacana de pessoas, a gente convidou o artista plástico Dudx, que é um cara maravilhoso, que fez toda essa reconceituação do nosso site, quer dizer, trouxe a gente pra esse ambiente virtual e digital de uma forma muito intensa. Mas, assim, a gente ganhou muita experiência com isso, a gente tá muito satisfeito com o resultado. Claro que muitas coisas a gente vai ter que melhorar ainda pras próximas edições. E o que a gente acha é que no futuro a gente vai manter muitas dessas coisas que gente tá propondo agora, quando a edição presencial voltar. E na verdade, vai acontecer exatamente isso: vai ser um híbrido entre essas duas coisas, porque o mundo digital veio pra ficar.”

A Casa de Criadores vai até sexta-feira, dia 27. Como explicou o André, à tarde tem uma programação de mesas redondas e os desfiles acontecem à noite, a partir das 20h. E todos os dias tem um show no final, com nomes como Veronica Valentino, Alice Guel e Afro Bapho. Para saber a programação completa do evento e acompanhar os desfiles, acesse o site casadecriadores.com.br.

Um gostinho da ELLE View de novembro!

E a estrela da capa da nossa revista digital mensal é a cantora Malía, que você acabou de ouvir agora. Criada na Cidade de Deus, a Malía é um dos nomes mais interessantes da cena musical atualmente. E ela está na ELLE View em uma matéria multimídia: além da reportagem com texto e fotos incríveis, você vai poder ver e ouvir a Malía falando e cantando. Pra já dar um gostinho do que você vai encontrar por lá, a própria Malía conta aqui como foi participar dessa edição:

“Nossa, eu amei participar da ELLE View! Foi um ensaio incrível, feito por uma equipe maravilhosa, que me deixou súper à vontade. Eu gosto também de trazer uma outra perspectiva da minha imagem, sempre que eu posso eu tô mudando de cabelo, eu tô mudando de visual. E aí, com esse ensaio, eu tive a possibilidade que eu nunca tinha ido antes, imageticamente falando. Isso é muito interessante pra mim, porque fazer as fotos foi como atuar e foi muito, muito gostoso de fazer. Eu gosto muito de moda, eu gosto muito de poder me expressar de todas as maneiras possíveis e moda é algo que me encanta muito, nesse sentido de poder externar quem eu também sou. E ter a ELLE junto disso foi muito maravilhoso.”

O tema da ELLE View deste mês é Mulheres na música e, além da Malía, a edição tem muitas outras artistas talentosas – tanto novos nomes quanto cantoras consagradas. Tem uma reportagem pra ler e ouvir sobre os destaques do pop da Geração Z, tem entrevista exclusiva com a Kylie Minogue, tem a presença feminina no K-pop e tem ainda uma outra reportagem bapho sobre mulheres no funk. Quem escreveu o texto foi a nossa repórter Ísis Vergílio, que conta mais sobre a matéria:

“Eu tive a oportunidade de escrever a matéria chamada Boladonas do funk, que é uma matéria que teve a intenção de enaltecer essas mulheres, tanto as pioneiras quanto as mulheres mais jovens, da nova geração, sobre a importância delas dentro da cultura e dentro da música. Afinal de contas, a gente está falando do segundo estilo mais tocado no Brasil. Então, ter conversado com a MC Carol, com a Deize Tigrona, com a Valesca Popozuda, com a Pepita e também com a Taísa, que é do Afrofunk, é pesquisadora e, além de pesquisadora, acabou de lançar um livro chamado Afrofunk, a ciência do rebolado, fez com que eu fizesse uma imersão pra falar desse movimento que é tão importante, tanto economicamente quanto pra cultura brasileira mesmo. Eu espero que vocês gostem, que vocês leiam. Eu acho que não falei, mas a Ludmila também contribuiu com uma aspa superincrível. Inclusive, estávamos em sinergia, viu Lud? Você produziu aí um clipe maravilhoso, enaltecendo essas mulheres maravilhosas, que tanto fizeram e abriram muitos caminhos pras mais jovens chegarem e eu aqui, através da escrita, dentro da ELLE, enaltecendo essas mulheres que muito fizeram e contribuíram não só pra sociedade, mas pra mudança de mentalidade e mais uma série de outras coisas ver se você assinar ELLE View e ler a matéria na íntegra.”

Está no ar a 19ª edição da Feira Preta!

E a dica desta semana é de mais uma programação virtual: a Feira Preta, o maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina, que começou no dia 20 e vai até o dia 10 de dezembro.

Nesta décima nona edição, a Feira Preta, que no ano passado foi realizada no Memorial da América Latina, também teve que se adaptar ao formato digital. Dessa vez, o conteúdo vai estar disponível em diversas plataformas e redes sociais.

Para comercializar produtos de empreendedores negros, por exemplo, a Feira Preta está com um marketplace no Mercado Livre. Já os shows, painéis, workshops e talks vão ser realizados na Casa Natura Musical e na CasaPretaHub e transmitidos online. A programação é bastante focada em afrofuturismo e afropresentismo, ou seja, vão rolar muitas conversas sobre os lugares que as pessoas pretas ocupam hoje e ocuparão no futuro. Para ficar por dentro da programação acesse: festivalfeirapreta.com.br.

Este episódio usou trechos das músicas Therefore I am, de Billie Eilish; Un anno d’amore, de Mina; Bang Bang, de Nancy Sinatra; Oops, I did it again, de Britney Spears; e Mexe, de Malía.

    E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro. Siga Pivô Podcast em sua plataforma de preferência para que seja notificado toda vez que um episódio novo estiver no ar. Até semana que vem!

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