Loewe, verão 2025 masculino

Jonathan Anderson apresentou neste sábado (22.06), a coleção de verão 2025 masculina da Loewe, intitulada por ele de “Ato radical de restrição”. Isso não significa um esforço minimalista. Na verdade, mais uma edição do universo que ele tem elaborado na marca, a ponto de encontrar uma essência em termos de imagem e conceito. Trata-se ainda de um movimento contínuo e recorrente no processo criativo do estilista há algumas temporadas.

A apresentação começa com uma série de ternos mais próximos ao corpo, usados com blusas-lenço, com o nome da grife estampado. Com uma paleta de tons sóbrios e escuros, o ar de atemporalidade ganha uma pitada de dramaticidade com penas que caem sobre os rostos dos modelos.

Loewe, verão 2025 masculino. Foto: Getty Images

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As peças são bem reconhecíveis, os básicos do guarda-roupa, porém com a modelagem alterada. É o caso da camisa, que se expande como um vestido em A, da jaqueta de couro, transformando em uma blusa com ondas na barra, e do blazer de botão único, que tem um baita volume na parte inferior da manga, virando praticamente uma bata.

A coleção navega junto ao espírito da temporada, aquele de que nem tudo é o que parece, de que precisa chegar perto para entender os detalhes ou até mesmo a coisa toda. Na parte final, peças únicas, como uma espécie de macacão, representam uma camisa ou um tricô vestido com uma calça de alfaiataria.

É verdade que nesse jogo de dar cara nova ao que é habitual Jonathan Anderson é um artilheiro. Ele tem feito esse trabalho há tempos e, por isso, sua irreverência vai além, misturando, por exemplo, o que a nossa cabeça espera sobre gênero. O tecido xadrez, preso na parte da frente e de cima do cós da calça, se solta na de trás. A imagem lembra a maneira como os garotos do grunge amarram suas camisas ao redor da cintura. Essa ideia evolui aqui para uma peça que já nasce como calça e saia.

Loewe, verão 2025 masculino. Foto: Getty Images

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Outras assinaturas de Anderson também batem ponto: os shorts curtos e mais abertinhos na barra e o balonê que, nesta coleção, avoluma a parte de baixo. Sua pitada de humor está no cinto que fecha a camisa e não a calça, além dos casacos que já são construídos com dobras que simulam o vento levantando o tecido.

Existe ainda uma liberdade nas texturas, como a criação de um pied-de-poule tridimensional, o uso de tecidos com acabamento envernizado e de materiais inusitados, como a madrepérola e o metal em alguns coletes.

Por fim, vale apontar que a temporada de verão 2025 da Loewe tem uma importância especial para Jonathan Anderson. O designer foi contratado em 2013, mas só mostrou sua primeira coleção em junho de 2014 – a de verão 2015 masculina. Ou seja, o desfile marca 10 anos do irlandês na grife espanhola.

Loewe, verão 2025 masculino. Foto: Getty Images

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Ao longo desta década, o salto foi grande: a Loewe foi de uma das mais antigas fornecedoras de artigos de couro do mundo (fundada em Madri, em 1846) à marca que a Rihanna usa no Super Bowl. É respeitada pela blogueira que quer likes e pela cliente exigente e cerebral com o próprio visual. Flerta com a arte, com o design e, sobretudo, pensa e propõe discussões relevantes sobre a moda de agora – na prática e na teoria.

Por isso, o designer se permitiu trazer para essa apresentação objetos pessoais. “Queria reunir coisas importantes para mim: vários artistas e arquitetos que são vozes singulares em suas respectivas áreas”.

Loewe, verão 2025 masculino. Foto: Getty Images

Eis que na passarela tem uma escultura em formato de pião do artista plástico Paul Thek; uma cadeira em estilo art nouveau de madeira do designer Charles Rennie Mackintosh; o livro “Contra a interpretação e outros ensaios” (1966), da escritora Susan Sontag; uma foto de Peter Hujar, e por aí vai.

Consciente ou inconscientemente, Jonathan Anderson expressa um desejo de entrar nesse panteão de pessoas que marcaram a história e a forma daquilo que fazem. E, a tirar por sua trajetória até aqui, isso parece um feito bastante possível para o estilista.