5 fatos sobre Kendrick Lamar, o virtuoso da palavra

Rapper é a principal atração do festival GP Week e volta ao Brasil para mostrar seu mais recente disco, "Mr. Morale & The Big Steppers".


Kendrick Lamar reclina em uma poltrona com os olhos fechados
Foto: Renell Medrano/Divulgação



Rappers que ganharam Grammys existem muitos, mas só Kendrick Lamar foi agraciado com um Pulitzer, concedido a pessoas que se destacam no jornalismo, na literatura e na composição musical. O estadunidense se apresenta no festival GP Week, em São Paulo, no próximo domingo (5/11). É a segunda vez que o artista se apresenta no Brasil, onde já encabeçou o festival Lollapalooza, em 2019.

Criado em 1943, o Pulitzer só tinha sido concedido a músicos eruditos ou de jazz. Assim, quando Kendrick ganhou a honraria por seu álbum Damn, em 2018, ele também estava sendo o primeiro artista de música pop a conseguir tal feito. “Uma coleção virtuosa de canções unificada pela sua autenticidade vernacular que oferece retratos emocionantes da complexidade da vida afro-americana moderna”, foi a descrição do prêmio sobre o trabalho do artista.

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O rapper em apresentação no Festival Glastonbury, em 2022 Foto: Samir Hussein/WireImage

O rapper de 36 anos é um grande poeta do seu tempo, uma antena capaz de verter sentimentos e situações de um EUA urbano e negro em rimas precisas e eloquentes. Ele parte da experiência própria de garoto que cresceu na quebrada e enxergou como a música pode ser uma porta de saída. “O rap ajudou de verdade na expansão do meu eu, para além da percepção de quem eu acreditava ser. Música é ar para um jovem preto naquele ponto da vida”, afirmou no Instagram em 2022.

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Kendrick lançou cinco álbuns de estúdio entre 2011 e 2022. É uma discografia aclamada pela crítica desde o primeiro, Section 80. O rapper entrou na mira do Grammy a partir do segundo disco, o conceitual Good Kid, M.A.A.D. City (2012). O trabalho foi indicado a quatro prêmios, incluindo álbum do ano (perdeu para 1989, de Taylor Swift). Depois, todos os seus álbuns faturaram melhor disco de rap: To pimp a butterfly (2015), Damn (2017) e Mr. Morale and the Big Steppers (2022). Todos também foram indicados a álbum do ano.

Aproveitando sua vinda ao Brasil, ELLE selecionou cinco pontos de atenção em um dos artistas mais importantes da década de 2010:

Turnê recordista
A Big Steppers Tour, realizada por Kendrick na esteira do álbum Mr. Morale and the Big Steppers, se tornou a turnê de rap mais bem-sucedida da história. Seus 73 shows realizados até agora nos EUA e em países da Europa, Ásia e Oceania faturaram 110,9 milhões de dólares, de acordo com o site Touring Data. Foram mais de 929 mil ingressos vendidos. A turnê se encerra em dezembro deste ano com um show em Pretória (África do Sul). O show em São Paulo será o penúltimo.

Black Lives Matter
A música “Alright”, do álbum To pimp a butterfly (2015), se tornou um hino do Black Lives Matter, movimento de protestos contra a violência policial dirigida a pessoas negras que tomou conta dos Estados Unidos em meados da década passada. Manifestantes frequentemente entoavam o refrão “We gon’ be alright” (a gente vai ficar bem) em eventos do movimento. A inspiração de Kendrick para a música surgiu durante uma viagem para a África do Sul, quando o rapper conheceu a cela onde o líder Nelson Mandela foi mantido preso.

Pantera Negra
Em uma carreira cravejada de êxitos, outro destaque é a trilha sonora do filme Pantera Negra (2018), que Kendrick curou e coproduziu. Novamente evocando sua viagem ao continente africano como influência, Black Panther: The Album traz diversidade multicultural à música que acompanha a história do super-herói negro da Marvel. No elenco, estão rappers e cantores sul-africanos como Babes Wodumo, Saudi, Sjava e Yugen Blakrok, rappers estadunidenses como Mozzy, Futre, 2 Chainz e Travis Scott, os cantores britânicos Jorja Smith e James Blake e o astro pop canadense The Weeknd. A trilha passeia pelo trap, pop, R&B e gqom (estilo eletrônico sul-africano).

Mr Morale

Família em primeiro lugar
Na capa de Mr. Morale and the Big Steppers, Kendrick aparece com a companheira Whitney Alford, com quem tem um relacionamento desde a adolescência, e os dois filhos pequenos do casal. A família está em um quarto, onde o rapper segura a filha no colo, e Whtiney amamenta o bebê. Kendrick afirmou que os filhos foram inspiração importante para o álbum e que eles o ajudaram a “remover seu ego”. Uma das faixas do disco, “We cry together”, se transformou em um curta-metragem com direção assinada pelo rapper ao lado de Jake Schreier e Dave Free.

Kendrick Lamar e a moda
Uma faceta mais fashionista de Kendrick vem se mostrando. Depois de anos seguindo a tradicional dieta de moletom de capuz e tênis, o artista vem aparecendo em eventos de moda e usando peças de grifes consagradas. Em sua apresentação no Super Bowl em 2022, ao lado de rappers como 50 Cent e Snoop Dogg, vestiu um look da Louis Vuitton. No mesmo ano, ele se apresentou no desfile da grife, em uma homenagem a Virgil Abloh (1980-2021), ex-estilista da casa francesa. No Met Gala deste ano, usou Chanel; em julho, assistiu ao desfile da grife em Paris. Essa aproximação com a moda é celebrada no single “The Hillbillies”, colaboração com Baby Keem, em que Kendrick cita Grace Wales Bonner e Martine Rose, estilistas inglesas de moda masculina.

 

 

 

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