Petra Costa lança “Apocalipse nos trópicos”
Filme, que trata da influência de líderes evangélicos na política brasileira, estreia nos cinemas e, na sequência, na Netflix.

O primeiro longa-metragem de Petra Costa, Elena (2012), trata de memória e luto após a perda da sua irmã mais velha. “Eu não achava que ia fazer documentários políticos até a gente entrar em uma situação de crise constante nos últimos dez anos. Tive o desejo de tentar entender como a gente chegou a isso não só no Brasil, mas no mundo”, lembra a diretora.
Foi assim que nasceu Democracia em vertigem (2019), sobre os eventos que culminaram no impeachment de Dilma Rousseff e na prisão de Lula, abrindo caminho para a eleição de Jair Bolsonaro. O filme concorreu ao Oscar de documentário e deu origem a Apocalipse nos trópicos (2024), exibido nos festivais de Veneza, Telluride, San Sebastián e Nova York. Nesta quinta-feira (03.07), estreia nos cinema brasileiras e, no próximo dia 14 de julho, na Netflix.
A diretora e sua equipe estavam no Congresso Nacional, no dia da votação do impeachment de Dilma, quando se depararam com uma cena insólita. “Em vez de parlamentares discutindo política, encontrei um grupo, liderado pelo (então deputado federal) cabo Daciolo, abençoando os assentos dos legisladores. O pastor iniciou um culto improvisado, me entregou uma Bíblia e pediu para aceitar Jesus em meu coração.”
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Foto: Netflix © 2025
Apocalipse nos trópicos trata da influência de líderes evangélicos na política brasileira, ameaçando
a separação entre Igreja e Estado, tendo o pastor Silas Malafaia como uma espécie de fio condutor.
O documentário, que tem entre suas produtoras a Plan B, de Brad Pitt, segue o mesmo formato dos
anteriores de Petra, que narra e se coloca no filme. “Com a antropologia (uma das formações da diretora), entendi o quanto somos incapazes de qualquer objetividade ao retratar o outro. Em vez de
tentar omitir a minha subjetividade, assumi-la é o gesto mais honesto que posso ter com as pessoas
que estou retratando.”
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