As polêmicas de “The Idol”
Série da HBO criada por Sam Levinson e The Weeknd aposta no sexo, na masturbação e na nudez; ELLE assistiu aos dois primeiros episódios em Cannes.
Em uma hora e 45 minutos de duração, os dois primeiros episódios de The Idol, apresentados fora de competição no 76º Festival de Cannes, têm uma cena de masturbação com as mãos, outra com um copo, algumas cenas de sexo e várias de nudez. Sexo vende, é claro. E Sam Levinson, cujo maior sucesso é Euphoria, sabe que o choque vende também.
The Idol tem como personagem principal Jocelyn (Lily-Rose Depp), uma jovem popstar que tenta voltar ao topo depois de perder sua mãe, um evento apenas citado nos dois primeiros capítulos. Ela está prestes a lançar seu novo single quando conhece Tedros (The Weeknd), o dono de uma boate que é líder de um culto. Depois de uma troca de olhares, e apesar do visual duvidoso dele, ela fica encantada. O elenco, atraído pelo cacife de Levinson, inclui Jennie Kim, do Blackpink, Troye Sivan, e Dan Levy, entre outros.
A série, que estreia na HBO no dia 4 de junho, está mergulhada em controvérsia desde que Sam Levinson, criador de The Idol junto com Abel Tesfaye, ou The Weeknd, e Reza Fahim, substituiu a diretora Amy Seimetz, que já tinha filmado quase todos os seis episódios. Segundo a HBO, o material não estava à altura do padrão do canal. Levinson reescreveu a série e refilmou tudo, com um custo enorme.
“Estamos fazendo uma série provocativa, sabemos disso.” Sam Levinson
Em março, a Rolling Stone estadunidense publicou uma reportagem dizendo que a refilmagem tinha sido caótica. As mudanças teriam sido constantes, com a equipe sem tempo de se preparar. Na coletiva de imprensa desta terça-feira (23.05), Levinson admitiu que adota um estilo mais espontâneo. “Queria que os erros e confusões fizessem parte da série, porque a indústria musical é assim”, disse ele. “Tivemos entre quatro e cinco semanas para escrever, pré-produzir e rodar. Nem tudo estava no roteiro”, completou. Lily defendeu o diretor. “Sempre é triste ver coisas falsas e maldosas ditas sobre alguém de quem gosta. O que foi escrito não foi minha experiência”, disse. A atriz Jane Adams, que faz a agente de Jocelyn, também argumentou em favor de Levinson. “É uma das melhores experiências criativas que já tive. É uma série brilhante. E eu queria perguntar: podemos criar, ter liberdade de pensamento, ter momentos de caos antes de chegarmos a algum lugar?”
Abel Tesfaye em cena da série Divulgação
A reportagem também dizia que Tesfaye não estava satisfeito com a perspectiva feminina da série. Membros da equipe, sob anonimato, demonstraram preocupação com as cenas de sexo e violência, citando uma em que Tedros bateria em Jocelyn, e ela pediria mais, e outra em que ela imploraria para ele estuprá-la. Nenhuma das duas cenas está nos dois episódios vistos pela ELLE em Cannes. Mas é verdade que a série não faz nada para evitar as prováveis críticas. Por exemplo, nessas quase duas horas, a câmera passeia pelo corpo, muitas vezes desnudo, de Depp. Só ela aparece nua, algo muito antiquado para 2023. Considerando que The Weeknd é bem mais famoso do que ela e ainda por cima produtor e criador da série, é um pouco estranho.
Sexo e nudez não são problemas, claro. Qualquer mulher, na realidade ou na ficção, tem o direito de exercer sua sexualidade como quiser. Mas The Idol apoia-se exclusivamente nisso em seus dois primeiros episódios, o que leva a crer que estão lá apenas para chocar. “Estamos fazendo uma série provocativa, sabemos disso”, afirmou Levinson. Tesfaye disse que queria fazer as pessoas rirem e se irritarem. Euphoria também tem esse elemento, mas também personagens sólidos e tramas que fazem sentido, coisas ausentes dos dois primeiros episódios de The Idol.
Tesfaye e Lily-Rose Depp em cena da série Divulgação
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