Com Wagner Moura e Kirsten Dunst, “Guerra civil” denuncia a polarização política

Filme escrito e dirigido por Alex Garland exalta os jornalistas como fundamentais no combate aos extremos


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Wagner Moura como o repórter Joel de "Guerra civil" Fotos: Divulgação



Dirigido por Alex Garland e protagonizado por Wagner Moura, Kirsten Dunst e Cailee Spaney, Guerra civil é um thriller de ação explosivo e provocativo sobre os perigos da polarização política nos Estados Unidos e no mundo e o papel fundamental do jornalismo. 

Com estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (18.04), o longa é a maior produção da história do estúdio A24, com orçamento de US$ 50 milhões, e a maior bilheteria de primeiro fim de semana da história da produtora, com arrecadação de US$ 25,7 milhões. Conhecida pelos filmes com marca autoral e certo apelo cool, a A24 tem no seu catálogo longas vencedores do Oscar Moonlight – Sob a luz do luar (2016), Tudo em todo lugar ao mesmo tempo (2022) e Zona de interesse (2023), além de Aftersun (2022) e Vidas passadas (2023), estreias das cineastas Charlotte Wells e Celine Song, respectivamente.

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Estados desunidos em Guerra Civil

Em Guerra civil, os Estados não estão mais Unidos. O país está dividido em quatro regiões diferentes. Parte deles apoia o presidente sem nome, interpretado por Nick Offerman ( The last of us), que está no seu terceiro mandato – a lei permite apenas dois. Ele deu fim ao FBI e bombardeou a própria população. Mas o diretor, que também escreveu o roteiro original, não perde tempo explicando o contexto. O ponto não é esse. Só sabemos que o país está fraturado e mergulhado no caos, e o presidente tem tendências fascistas.

Conhecemos o repórter Joel (Wagner Moura), um viciado em adrenalina, e a famosa fotógrafa de guerra Lee (Kirsten Dunst) quando os dois estão cobrindo o desespero da população por água. Eles escapam por pouco de um atentado terrorista e conhecem a jovem Jessie (Cailee Spaeny), aspirante a fotojornalista perdida no meio da confusão. Joel e Lee estão determinados a sair de Nova York para Washington, a capital, para tentar uma entrevista com o presidente, que está perdendo a guerra. Joel acaba aceitando dar carona a Sammy (Stephen McKinley Henderson, de Duna), um repórter das antigas, e a Jessie. Para Lee, os dois representam riscos, pela idade de um e inexperiência da outra. Mas ela acaba cedendo, e os quatro partem em uma jornada normalmente de cinco horas que, nesse contexto, vai durar dias de barreiras, obstáculos, tiroteios e fogo cruzado, até uma batalha real no lado da Casa Branca.

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Kirsten Dunst em cena do longa de Alex Garland

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Jesse Plemons, marido de Kirsten e ator de longas como Ataque dos cães (2021) e Assassinos da lua das flores (2023), aparece em uma ponta arrepiante. Ele é um soldado sem nome com quem Lee, Joel, Jessie e Sammy deparam. De óculos de lentes vermelhas, uma escolha do próprio ator, ele pergunta a cada um: “Que tipo de estadunidense você é?”.

Uma homenagem ao jornalismo

Diretor de Ex-machina (2014) e roteirista de Extermínio (2002), Garland é filho de cartunista político de jornais ingleses como The Daily Telegraph e cresceu cercado de jornalistas. Na trama, Lee, a fotógrafa experiente, diz a Jessie, a novata, quando a jovem hesita em agir: “Nós fotografamos para que outros possam fazer as perguntas”. A mente de Lee está povoada por cenas chocantes que fotografou em conflitos na África, na América Latina e na Ásia. “Pensei que estava mandando uma mensagem para casa: ‘Não façam isso’. Mas aqui estamos”, diz ela sobre a situação que se instalou nos EUA no filme.

Garland acredita que uma possível guerra civil virá da polarização, como disse ao The New York Times. Em sua opinião, uma dessas forças limitantes é o jornalismo. Mas por causa da pressão da internet e das redes sociais, o jornalismo também tem contribuído para essa radicalização, apenas reforçando as ideias que cada lado já tem, em vez de apresentar fatos e provocar o pensamento.

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Cailee Spaeny como a fotográfa novata de Guerra civil Foto: Divulgação


Um empurrão de Kirsten Dunst

Nos bastidores de Guerra civil, Cailee impressionou Kirsten. Quando Sofia Coppola estava procurando uma atriz para viver Priscilla Presley em Priscilla (2023), Kirsten indicou uma garota com quem estava trabalhando no filme de Garland – a diretora e a atriz são amigas desde que fizeram As virgens suicidas (1999). Foi assim que Cailee estreou como protagonista no papel da mulher do rei do rock.   

Wagner segue emendando trabalhos em Hollywood. Além do protagonista de Guerra civil, ele fez uma ótima participação na série Sr. e Sra. Smith (2024), criada por Donald Glover e Francesca Sloane. Na produção, ele integra a mesma agência de agentes secretos dos personagens de Glover (Atlanta) e Maya Erskine (PEN15), fingindo formar um casal com a parceira, interpretada por Parker Posey, e cumprindo missões ao redor do mundo.

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Wagner Moura como Joel


Foi um sucesso também sua dublagem do Lobo na animação Gato de Botas: O último pedido (2022). Na série Iluminadas (2022), o ator interpretou um jornalista como o Joel de Guerra civil, ajudando Kirby (Elisabeth Moss, de The handmaid’s tale) a investigar um assassinato ligado a um ataque sofrido por ela anos atrás. Em breve Wagner volta a falar português nas telas, protagonizando o novo filme de Kleber Mendonça Filho, O agente secreto.

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