Entre biografia, romance e um estudo antropológico, confira os melhores livros de 2025, segundo o time da ELLE:
Quem é essa mulher? Uma biografia de Zuzu Angel, de Virginia Siqueira Starling (Todavia)
“Em um trabalho primoroso de jornalismo, Virginia revira arquivos para contar a trajetória da estilista mineira que levou a moda brasileira para o exterior e, ao mesmo tempo, desafiou a ditadura militar. Um livro de mais de 500 páginas, que vai da infância ao acidente fatal de Zuzu e revela os bastidores de um dos piores períodos do Brasil, o desespero de uma mãe para resgatar o corpo do filho morto e a coragem de uma mulher que encontrou na moda a forma de ganhar a vida e narrar sua própria história.”
Renata Piza, redatora-chefe da ELLE
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Triste tigre, de Neige Sinno (Amarcord)
“O livro reúne lembranças e reflexões da autora francesa sobre os estupros que sofreu do padrasto entre seus 7 e 14 anos. Na obra, ela discorre sobre os impactos desses abusos em sua vida e na de sua família, sobre o julgamento após a denúncia do crime e também sobre a sociedade e a forma como esse tipo de violência é abordada na literatura. Não à toa, o nome do livro evoca outras obras: Tigre, tigre, de Margaux Fragoso, e o poema O tigre, de William Blake. Com texto em primeira pessoa, Neige apresenta mais títulos – além de pesquisas e casos reais – como forma de refletir sobre o próprio passado, as vítimas e os estupradores.”
Ana Luiza Cardoso, editora assistente da ELLE Decoration

Zuzu Angel apresentando sua coleção em Nova York, em 1971 Foto: Moe Becker/WWD/Penske Media via Getty Images
A insubmissa, de Cristina Peri Rossi (Bazar do tempo)
“Eu não conhecia o trabalho da premiada autora uruguaia, mas me encantei completamente por ela depois de descobrir A insubmissa – livro que entrou para os meus favoritos da vida. Nele, Cristina narra os primeiros anos da sua vida, o amor pela mãe (seu primeiro amor), pela natureza, a descoberta da sexualidade e, principalmente, a perplexidade diante do mundo, dos impedimentos. O tom é superpoético – aliás, a coletânea dela de poesias, Nossa vingança é o amor, lançada neste ano pela editora 34, também vale muito um lugar na estante e na cabeça.”
Renata Piza, redatora-chefe da ELLE
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Tarde no planeta, de Leonardo Piana (Autêntica contemporânea)
“Sismógrafo (2022), romance de estreia do escritor mineiro, finalista do Prêmio Jabuti, era uma das minhas leituras de cabeceira favoritas. Agora são duas. Neste segundo livro, vencedor do Prêmio Cidade de Belo Horizonte, o autor se debruça sobre a finitude e as relações familiares a partir do olhar de um adolescente gay que acorda certo de que o fim do mundo pode acontecer a qualquer momento. Enquanto todos aguardam essa suposta catástrofe natural (os sinais parecem claros, com animais e plantas se comportando de maneira diferente), o narrador reflete sobre a vida, as fragilidades e os segredos de sua família, ao mesmo tempo em que estabelece um diálogo direto com o leitor. Músicas de Belchior, poemas de Drummond e a vista da Serra da Mantiqueira completam o tom de fábula que a trama constrói ao longo das páginas.”
Gustavo Balducci, editor de arte da ELLE
O livro do meu pai, Dijamilia Pereira de Almeida (Todavia)
“Uma menina que cresceu ouvindo seu pai falar de um livro em eterno processo de escrita. Um pai jornalista, cheio de experiências fascinantes, de um Portugal que ainda mantinha colônias e travava guerras. Uma filha que tenta resgatar esse pai, depois de sua morte, durante a pandemia de Covid-19. Dijamilia parte de uma história pessoal para criar uma autoficção belíssima, que fala sobre o luto e as maneiras imaginadas de poder manter aqui aqueles que mais amamos.”
Renata Piza, redatora-chefe da ELLE
Coisa de rico, de Michel Alcoforado (Todavia)
“O que mais me interessou no livro foram os dados, as revelações da pesquisa feita pelo autor – o que a gente costuma aprender apenas a partir de histórias contadas. É muito interessante entender quais são as chaves de pertencimento do high society, saber falar a língua desse mundo, mesmo sem pertencer a ele. Esse não é um livro apenas crítico, é uma carta de navegação nesse universo. Comecei a entender algumas conversas e alguns eventos desse ambiente depois dessa leitura.”
Pedro Camargo, editor de beleza da ELLE
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