Zión Moreno fala à ELLE sobre a diversidade de “Gossip Girl”

Atriz transgênero participa do reboot da série, que acaba de ganhar os episódios finais de sua primeira temporada.


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Os fãs de Gossip Girl ficaram em polvorosa quando o reboot da série foi anunciado pela HBO Max. Responsável por impulsionar a carreira de nomes como Blake Lively, Leighton Meester e Penn Badgley, a produção inspirada na série homônima de livros escrita por Cecily von Ziegesar, exibida entre 2007 e 2012, marcou a década passada.

A atriz Zión Moreno, 26 anos, também vibrou com a notícia, mas por um motivo maior. Fã da série, ela foi escalada para integrar o elenco principal da nova versão como Luna La, a aluna fashionista da Constance Billard School, cenário central da história. “Quando fui chamada, fiquei sem acreditar que aquilo realmente estava acontecendo. Se meu eu de 13 anos me visse fazendo isso, iria pirar”, contou à ELLE Brasil.

Na trama original, um grupo de jovens milionários de Manhattan têm as suas vidas expostas em um blog escrito anonimamente. Com o mesmo cenário, a nova versão de Gossip Girl tem o diferencial de revelar ao público a identidade da blogueira misteriosa logo no primeiro episódio. Oito anos depois de o polêmico blog de fofocas ter sido deletado após a descoberta de que o solitário Dan Humphrey (Badgley) era o nome por trás dele, um grupo de professores da Constance Billard School decide reativá-lo em forma de perfil no Instagram em um misto de vingança e tentativa de controle dos seus alunos mimados.


Gossip Girl – Parte Dois | Trailer Oficial | HBO Max

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Outra mudança fundamental está na escolha de um elenco mais diverso. Na primeira versão, os seis personagens principais eram brancos, cisgêneros e heterossexuais – reflexo de um período em que pouco se debatia sobre a importância da diversidade nas produções audiovisuais. Mas os tempos são outros e os personagens de Gossip Girl também. “Acredito que a HBO tem feito um trabalho incrível em escalar pessoas que representam diferentes grupos sem ser sensacionalista. Nós estamos apenas existindo, exatamente como o mundo é”, celebra Zión, que é mulher trans.

A nova versão é protagonizada pelas meia-irmãs Julien Calloway (Jordan Alexander) e Zoya Lott (Whitney Peak), ambas negras. O elenco principal também inclui Monet (Savannah Lee Smith, também negra); Akeno “Aki” Menzies (Evan Mock, de ascendência filipina), além de Luna (Zión, que nasceu na Cidade do México e, assim como a sua personagem, é filha de pais mexicanos).

O mesmo vale para as questões LGBTQIA+. Se na primeira versão o único personagem queer com certo destaque era Eric (Connor Paolo), o irmão de Serena que se identificava como gay, no reboot o quadro é outro. Monet é lésbica, Aki se descobre bissexual ao longo da temporada, e Max Wolfe (Thomas Doherty) é pansexual.

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Zión Moreno (à direita), em cena do reboot de “Gossip Girl”Foto: Divulgação

O showrunner Joshua Safran contou em entrevistas que, mesmo essa não sendo uma questão levantada ao longo da trama, pelo menos até o momento, a personagem de Zion é uma mulher trans. A atriz, que já chegou a negar alguns papéis por serem muito estereotipados, comemora o fato de poder dar visibilidade às pessoas transexuais sem precisar ficar batendo na tecla da identidade de gênero. “Geralmente, na mídia, se você tem um personagem trans, a história vai ser toda sobre o seu processo de transição e com a Luna não tem nada disso. O que vemos é como ela é uma garota poderosa que sabe o que quer e consegue conquistar tudo.”

De fato, esse é um cenário que vem mudando gradualmente nos últimos anos, tanto em relação às narrativas mais plurais quanto ao número de atrizes trans em Hollywood. Até cerca de 10 anos atrás, era comum vermos atores e atrizes cisgêneros interpretando personagens trans. Segundo Alex Schmider, diretor-adjunto do departamento de representatividade trans da GLAAD (ONG estadunidense que monitora a visibilidade de pessoas LGBTQIA+ na mídia), uma melhoria significativa começou a partir de Orange is the new black, da Netflix, que estreou em 2013 com Laverne Cox em papel coadjuvante.

Ainda podemos destacar Jamie Clayton em Sense8 (2015) e o riquíssimo elenco de Pose (2018-2021), que contou com MJ Rodriguez, Indya Moore, Dominique Jackson, Angelica Ross e Hailie Sahar em papéis principais. No universo teen, isso também não é novidade. Hunter Schafer é Jules, uma das protagonistas de Euphoria (2019-), e, mais recentemente, Nava Mau interpretou Ana em Genera+ion (2021-), também da HBO Max.

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A própria Zión já havia tido a oportunidade de abordar o tema na série mexicana Control Z, em 2020. Sua personagem, Isabela de La Fuente, é a menina mais popular da escola até que um hacker expõe a sua identidade de gênero e ela passa a sofrer ataques de outros alunos. Apesar do sucesso da primeira temporada, ela decidiu não continuar na produção, para surpresa dos fãs.

A motivação dessa decisão parece ter sido a entrada em Gossip Girl e a chance de viver um personagem em sintonia com suas crenças sobre a maneira como pessoas trans deveriam ser representadas na TV. “É meio estúpido ficar repetindo isso o tempo todo, mas sou apenas uma pessoa. Com meus amigos e meu namorado, sou apenas Zión. Por que precisamos sempre focar nessa parte da identidade para falar com um público cis? Tenho muito orgulho da Luna e da forma como ela foi desenvolvida pelo showrunner.”

A primeira temporada do reboot de Gossip Girl estreou em junho deste ano com seis episódios lançados semanalmente e, após um intervalo, retornou em 25.11 na HBO Max.

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