Daniel Virgnio, do cafofo para o mundo

Ele tem fortalecido cada vez mais a comunidade que construiu na internet, que soma diversas plataformas digitais e seguidores que o acompanham há anos. Muitos deles vêm desde o tempo em que compartilhava sua rotina e as transformações feitas na kitnet onde vivia, em Florianópolis, sua cidade natal. E foi justamente o apelido carinhoso desse cantinho que batizou as redes de Daniel Virgnio, o Dani, do Cafofo do Dani. 

A trajetória desse catarinense, que sempre teve um olhar apurado para o universo da casa, não se desenrolou em um caminho óbvio. É verdade que desde muito cedo ele acompanhava a mãe no garimpo de móveis – que eram lixados, pintados e ressignificados por eles para decorar os ambientes da casa onde moravam. Mas, ao final da adolescência, ele enveredou para outros meios. “Minhas formações são outras: eu sou naturólogo, chef de cozinha e educador físico. E a minha especialidade é gerontologia hospitalar, com enfoque nos cuidados relacionados ao Parkinson e Alzheimer”, revela. Contudo, mesmo em um nicho que não se relacionava diretamente com o que faz hoje, ele percebia que sua linha de trabalho envolvia temas lúdicos e o lar. “Eu apresentava a questão do autocuidado e incluía nos tratamentos a relação com as cores, as plantas, montava hortas junto dos pacientes”, conta.

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Foi só a partir de 2016, no entanto, que Daniel começou a criar uma espécie de diário na internet para compartilhar dicas de casa e decoração. “Eu acabei me tornando uma referência para muitas pessoas que tinham outros cafofos e se conectaram com a minha linguagem, meu gosto e ideias”, entende o criador de conteúdo. E, em 2022, após uma repaginação de suas redes, ele passou a se firmar no universo do design. “Eu precisava mostrar mais quem era o Daniel Virgnio e o meu olhar sobre a casa”, conta. 

E eis aqui um dos frutos mais recentes da nova fase: a primeira transformação do quadro “Reforma aí, Dani”, feita na sala da empresária e influenciadora Yasmim Estevam, fundadora do Brechó no Fundinho, focado em moda circular e sustentável, localizado no icônico Edifício Esther, no centro de São Paulo.

Ar parisiense, brasilidade e resgate ancestral

Para montar a composição da sala do prédio dos anos 1950, com uma charmosa lareira com moldura de pedra, Daniel teve que unir o desejo da empresária e moradora, que pediu o clima e a elegância da capital francesa, com suas próprias sugestões para o projeto, que incluíam itens que trouxessem significado e brasilidade. 

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“A sala teria que refletir muito o que ela é, uma mulher de bom gosto, que adora moda e peças com personalidade”, expĺica. Por isso, Daniel escolheu tons claros e texturas suaves para a base do projeto. O grande sofá modular de linhas retas e as duas poltronas, todos revestidos com tecido boucle branco, ficam apoiados em um tapete de algodão orgânico. Neste conjunto, a mesa de centro da Loja Theo faz o elo entre as madeiras do piso e demais móveis e a claridade das texturas que compoẽm o ambiente. 

Tons claros e suaves deram o tom ao projeto feito para Yasmim Estevam. Foto: Derek Fernandes

Já ao lado da lareira, uma poltrona Wassily faz companhia para a chaise longue Le Corbusier, ambas garimpadas. Ali, a luminária de piso Swing oferece iluminação difusa para o espaço. A peça, assim como o pendente central e o abajur com pé torneado, são da loja Quarto Crescente. 

Luminárias garantem a iluminação difusa ao ambiente. Foto: Derek Fernandes

“A sala tem essa mistura de desenhos, retilíneos e orgânicos, e também de tempos, com peças contemporâneas e vintage”, define Daniel, que destaca como um dos pontos altos do projeto o quadro Mulheres Pretas, criado pelo artista Aguinaldo Santos. “É uma peça muito significativa, feita especialmente para ela, com suas referências e histórias de família”, conta. Assim como o quadro Davi, do mesmo artista, em homenagem ao sobrinho falecido da moradora.

Yasmim e Daniel ao lado do quadro de Aguinaldo Santos. Foto: Derek Fernandes

Por fim, o ambiente se completa com a vitrola da década de 1960, muito usada nos dias em que a empresária recebe os amigos e familiares, o bufê acompanhado das peças de cerâmica da artista Rosalva Siqueira, os vasos de barro com mais de 100 anos usados para carregar água e os belíssimos castiçais de latão antigos, que parecem uma instalação de arte e criam um ambiente muito relaxante. “Ela precisava dessa atmosfera acolhedora, para poder curtir a casa depois de um dia de trabalho”, finaliza Daniel.

Castiçais de latão e vaso centenário compõem a decoração com clássicos do design. Foto: Derek Fernandes

Projetos futuros

Hoje, o Cafofo tem três pilares: decoração, moda e design – sempre com enfoque em tendências, propósito e responsabilidade. O quadro “Reforma aí, Dani” irá continuar a transformar as casas de muitas pessoas. “Já estamos fechados até setembro com os próximos ambientes”, revela Daniel, que retornou recentemente a São Paulo ao lado do fotógrafo e companheiro Derek Fernandes, que faz a direção criativa do Cafofo, desde o processo de montagem e produção até as fotos dos projetos finalizados.

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