Balenciaga, inverno 2024 alta-costura  

Demna Gvasalia funde a sua assinatura urbana com códigos fundamentais de Cristóbal em coleção de alta-costura de inverno 2024 da Balenciaga.  


Modelo veste roupa que reproduz uma camiseta e calça jeans com jaqueta amarrada na cintura em desfile de alta-costura de inverno 2024 da Balenciaga.
Balenciaga, inverno 2024 alta-costura. Divulgação



A Balenciaga apresentou a sua coleção de alta-costura de inverno 2024 nessa quarta-feira (26.06). Trata-se da 53ª coleção couture da casa e a quarta sob direção de Demna Gvasalia.

O desfile aconteceu, como de costume, nos salões do histórico edifício da George V, em Paris, tendo como trilha uma narração de meditação. Uma locutora, com voz calma, pedia para os convidados se relaxarem, alinharem a postura e respirarem fundo. 

Modelo veste roupa que reproduz uma camisa de flanela xadrez vermelha e preta em desfile de alta-costura de inverno 2024 da Balenciaga.

Balenciaga, inverno 2024 alta-costura. Divulgação

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Então entram na sala modelos com luvas de ópera, segurando uma bolsa carteira na mão e usando um chapelão de penas que esconde o rosto. A roupa, por sua vez, lembra uma camiseta com calça jeans larga e jaqueta amarrada na cintura. 

Depois, aparecem outros conjuntos de peças igualmente reconhecíveis, urbanas e esportivas, que a gente não costuma associar diretamente a uma construção couture, como dudunes, bombers, parkas, blusões e camisetas de time e de banda. 

Acontece que Demna decidiu reunir aqui o léxico que compõe o seu vocabulário. No caso, isso significa rua. São visuais de subculturas urbanas que formam o seu repertório, desde que ele deu as caras com a Vetements, dez anos atrás. 

Modelo veste camiseta com pintura à óleo feita à mão em desfile de alta-costura de inverno 2024 da Balenciaga.

Balenciaga, inverno 2024 alta-costura. Divulgação

Modelo veste casaco de peruca azul modelada, em desfile de alta-costura de inverno 2024 da Balenciaga.

Balenciaga, inverno 2024 alta-costura. Divulgação

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Mas, onde fica a alta-costura? Basta olhar um pouco mais de perto, ou checar o avesso, por exemplo. Todos os forros são de cetim de seda pura. A jaqueta e a calça, na verdade, formam uma peça única, costurada para dar essa impressão de sobreposição. 

As estampas das camisetas são pinturas à óleo feitas à mão. O trabalho é do artista argelino Abdelhak Benallou, conhecido pela produção hiperrealista. Demorou 70 horas para ele fazer a imagem de modelos da Balenciaga, como se fossem membros de uma banda. 

A camisa de flanela é um tecido flocado de seda bordado. E não há pele. O casaco peludo é feito de peruca tingida e modelada à mão – o que levou mais ou menos dois meses e meio para ficar pronto. 

Modelo com vestido de upcycling em desfile de alta-costura de inverno 2024 da Balenciaga.

Balenciaga, inverno 2024 alta-costura. Divulgação

Modelo com vestido feito de saco de lixo branco fundido, em desfile de alta-costura de inverno 2024 da Balenciaga.

Balenciaga, inverno 2024 alta-costura. Divulgação

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Na segunda metade da apresentação, algumas roupas têm uma silhueta de vestido de tapete vermelho, o que não significa que são menos ousadas. Muito pelo contrário. No modelo 35, de couro, não há ponto de costura ou corte no material, porque a peça inteira é presa com alfinete. 

O que parece ultra luxuoso não é, mas passa a ser por outros motivos. O luxo nem sempre está no material ou artesanato, pode existir porque impressiona, carrega uma ideia. Por isso, há bastante upcycling. O vestido 33 é feito de sete roupas diferentes, incluindo uma calça jeans e um shorts de futebol.

Modelo usa colar de alta-joalheria dos anos 1960 em desfile de alta-costura de inverno 2024 da Balenciaga.

Balenciaga, inverno 2024 alta-costura. Divulgação

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O longo branco à la Audrey Hepburn é construído com saco de lixo, enquanto o de tricô é bordado com contas de vidro recicladas. E, de repente, essas construções dividem espaço com um colar de alta joalheria original do arquivo de Cristóbal Balenciaga, da década de 1960. 

É que, pode não parecer, mas Demna olha muito para o fundador da Maison. Segundo o diretor, estão presentes ao menos quatro códigos fundamentais de Cristóbal nessa coleção: as mangas três-quartos, a silhueta em forma de casulo, a inovação constante em tecnologia e tecidos e um bom chapéu, meio excêntrico, meio extravagante. E essa lista Demna gabaritou. 

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