Paris Fashion Week: Alexander McQueen, verão 2026 

Seán McGirr desenvolve melhor sua alfaiataria na Alexander McQueen com referências a criações do fundador de difícil adequação ao agora.


Alexander McQueen, verão 2026.
Alexander McQueen, verão 2026. Foto: Divulgação



A passarela do verão 2026 da Alexander McQueen circula um mastro de madeira enfeitado, construído pelo grupo folclórico irlandês Armagh Rhymers. O cenário do desfile evoca as celebrações ao redor do solstício de verão, resultando em um ambiente como o do filme Midsommar (2019), só que em versão dark. 

Alexander McQueen, verão 2026.

Alexander McQueen, verão 2026. Foto: Divulgação


Alexander McQueen, verão 2026.

Alexander McQueen, verão 2026. Foto: Divulgação


Alexander McQueen, verão 2026.

Alexander McQueen, verão 2026. Foto: Divulgação

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No entanto, segundo Seán McGirr, diretor criativo da grife, a inspiração vem de O homem de palha, longa de terror britânico de 1973, que ganhou status de obra cult com o passar do tempo. Na trama, um policial viaja a uma ilha escocesa atrás de uma jovem desaparecida, onde ele se depara com uma comunidade isolada que pratica rituais pagãos. 

Nas roupas, isso é traduzido em visuais com cores e estampas que lembram os tons e as formas da natureza. As peças também ganham rasgos, torções e outros movimentos que remetem a um personagem em fuga. Os vestidos têm as barras desfeitas e os jeans fendas nas costas, os corsets estão desamarrados e as regatas puxadas para as laterais. 

Alexander McQueen, verão 2026.

Alexander McQueen, verão 2026. Foto: Divulgação


Alexander McQueen, verão 2026.

Alexander McQueen, verão 2026. Foto: Divulgação


Alexander McQueen, verão 2026.

Alexander McQueen, verão 2026. Foto: Divulgação

Leia mais: Alexander McQueen, verão 2025

É inevitável pensar na coleção Highland Rape, do inverno 1995, de Alexander McQueen. Com um nome controverso e a figura feminina usada como alegoria, ela dividiu opiniões na época por explorar uma representação de assédio. O fundador da casa defendeu sua ideia ao dizer que se tratava de uma metáfora sobre como a Inglaterra abusou política, territorial e culturalmente da Escócia.

Nas criações de Seán, a imagem de violação é emprestada e combinada a elementos clubber. Garotas aparecem com os cabelos bagunçados e usando baby tees que deixam a barriga à mostra. Há minissaias e calças de cintura tão baixa que deixam parte das nádegas de fora (essas peças ficaram conhecidas como bumster). Tudo isso, enquanto o produtor musical A.G. Cook toca batidas de música eletrônica.

Alexander McQueen, verão 2026.

Alexander McQueen, verão 2026. Foto: Divulgação


Alexander McQueen, verão 2026.

Alexander McQueen, verão 2026. Foto: Divulgação


Alexander McQueen, verão 2026.

Alexander McQueen, verão 2026. Foto: Divulgação

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Momentos mais românticos aparecem nos looks com babados e efeitos de papel de parede antigo. Alguns tricôs têm aplicações de flores de crochê e de couro e vestidos são feitos de renda ou aparecem no formato paraquedas, volumoso e com estampas aquareladas. 

Nas notas à imprensa, o estilista questiona: “Resistimos à natureza, refreando o instinto em nome da ordem. O que acontece quando cedemos, satisfazendo os nossos desejos enraizados e impulsos inatos?”. Sua intenção parece ser a de projetar mulheres em busca de seus desejos mais profundos. Infelizmente, nessa encenação, elas acabam parecendo as presas, com os braços para dentro das jaquetas e uma feição perdida. 

Alexander McQueen, verão 2026.

Alexander McQueen, verão 2026. Foto: Divulgação


Alexander McQueen, verão 2026.

Alexander McQueen, verão 2026. Foto: Divulgação

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É uma pena que a sensação final seja esta, uma vez que se trata de uma das coleções do designer mais bem resolvidas tecnicamente até agora. A alfaiataria, uma base importante da casa, está mais presente e melhor construída. Blazers, tops e saias assimétricas lembram uma expedição militar com toques góticos, vitorianos e detalhes de passamanarias e dragonas franjadas nos ombros. Entre os acessórios, estão memórias bem-vindas do passado, como os saltos em formato de chifre do verão 2003 e uma versão da bolsa Manta, que tem shape de mariposa. 

Acontece que não se trata mais de uma marca independente como nos tempos áureos de Alexander McQueen. Agora, é o olhar de um estilista dentro de uma dinâmica corporativa, que precisa encontrar equilíbrio ao reinterpretar uma história complexa, bonita e, por vezes, delicada.

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