Tudo o que você precisa saber sobre o desfile da Gucci em Seul

Coleção de cruise 2024 da marca foi apresentada na Coreia do Sul de olho no potencial do mercado de luxo da região.


Fila final do desfile da Gucci de cruise 2024 em Seul.
Foto: Getty Images



No dia 16 de maio de 2023, a Gucci se tornou a mais nova marca a apresentar uma coleção na Coreia do Sul. A casa italiana foi a primeira a realizar um desfile no salão Geunjeongjeon, no Palácio Gyeongbokgung, construído em 1395, onde hoje é a capital Seul. Antigamente, o espaço era conhecido como o local principal de cerimônias reais e por receber dignitários estrangeiros durante a Dinastia Joseon (1392 a 1910), antes da segunda invasão japonesa no país. Na noite daquela terça-feira, foi a locação da coleção cruise 2024, concebida por uma equipe interna de estilistas, enquanto a estreia do diretor de criação Sabato de Sarno não acontece (está marcada para setembro).

Modelo no desfile da Gucci, em Seul.

Foto: Getty Images

Quem estava lá?

A lista de convidados era extensa. Tinha jornalistas, editores e influenciadores importantes de toda a parte do mundo. Sem contar em clientes que deixam quantias jamais reveladas nas lojas da etiqueta, não importa o DDD nem o DDI. Entre as celebridades, estavam lá a cantora Hanni, da banda NewJeans, a estrela de Round 6 (Squid Game), Lee Jung-jae, os rappers Jay Park e A$AP Rocky (ambos se apresentaram no after party) e a atriz Elizabeth Olsen. Já na passarela, Sora Choi, Xumeen, Karen Elson, Tasha Tilberg, Freja Beha Erichsen e Hanne Gaby Odiele.

 

E o desfile, hein?

Foi uma continuação mais elaborada do que vimos no desfile de inverno 2023, durante a semana de moda de Milão, aquele mexidão-potpourri-liquidificadoido de um tudo. Como nas últimas coleções de Alessandro Michele, que deixou a direção criativa da Gucci no fim de 2002, o cruise 2024 é bem focado em alfaiataria e numa abordagem mais sexy, com muita transparências, recortes, elementos de lingerie, um quê punk, meio grunge, e pitadas de S&M glamourizado.

Já faz um tempo que as contribuições do estilista Tom Ford para a marca florentina têm ganhado sobrevida com o interesse das gerações mais jovens. Dessa vez não é diferente, só um pouco mais sútil. Ou pelo menos moldado pelas lentes espetaculosas das redes sociais. Vide os modelos transparentes repletos de brilhos. 

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

O estilo dos anos 1990 e do começo dos 2000, anos de ouro da era Ford na Gucci, aparece ainda nas releituras de alfaiataria combinada a elementos esportivos, principalmente do surfe e do skate. Exemplos difíceis de não perder são as peças de neoprene cortadas nos moldes de blazers, tailleurs ou de vestidos alongados ou com volumes arredondados. O mesmo vale para a jaqueta bomber que vira saia, para a biker alongada quase como um sobretudo e, claro, para as bolsas-skate.

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

Sim, já vimos versões similares por aí em outros momentos. É bem parecido, porém não custa lembrar que essa é uma coleção sem diretor criativo, ou seja… De todo modo, Virgil Abloh não foi o primeiro a se inspirar em skatistas ou a transformar long johns em roupas para todo dia. A Chanel também não patenteou a prancha de surfe grifada e nem Miuccia Prada garantiu exclusividade nos looks com amarrações tipo obi. 

As referências de vestimentas típicas vistas no cruise 2024 da Gucci, vale lembrar, são completamente diferentes. São releituras do Hanbok, peça tradicional coreana que atravessa gerações e está presente na cultura do país há mais de 2 mil anos. A partir da década de 1990, com a popularização do K-pop e, mais recentemente, dos K-dramas, o traje virou elemento de inspiração e celebração, literalmente ou não, tanto nas ruas de Seul quanto em produções culturais dentro e fora da Coreia do Sul.

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

Modelo no desfile de cruise 2024 da Gucci, em Seul.

Foto: Divulgação

 

Por que na Coreia do Sul?

O K-Pop e o k-drama não reviveram apenas o Hanbok, mas o mercado de luxo sul-coreano como um todo. Nos últimos anos, o interesse pela cultura local cresceu expressivamente. Some aí uma política de testagem em massa para Covid-19 no início da pandemia, que possibilitou com que o país pudesse manter seu funcionamento de forma um pouco menos ininterrupta do que os vizinhos China e Japão.

A equação dos fatores acima mencionados foram essenciais para fazer de Seul uma das cidades mais atraentes para muita marca. Só para dar uma ideia, no ano passado, o mercado de luxo regional foi avaliado em cerca de 16.8 bilhões de dólares, um crescimento de 24% em relação a 2021. Uma pesquisa recente do banco estadunidense Morgan Stanley mostrou que o país tem a maior média de consumo por pessoa da região. 

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Foto: Divulgação

Em paralelo, o governo sul-coreano lançou em 2022 o programa Visit Korea Year 2023-2024, uma iniciativa para reforçar o turismo nas ruas do país e, principalmente, da capital. Desde o ano passado, a Gucci, que celebra 25 anos da sua primeira loja em Seul, é uma das empresas que apoia a conservação e restauração do Palácio que sediou o desfile de terça-feira. 

Luigi Torre viajou a Seul a convite da Gucci.

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