A pausa da Fenty, NYFW e Gal Costa

Neste episódio, a gente conta os motivos que levaram à pausa da Fenty, de Rihanna, e dá um giro nas principais notícias de moda e beleza da semana.


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Menos de dois anos depois do anúncio do lançamento da Fenty pela LVMH, o conglomerado francês comunicou que encerrará as operações da marca de prêt-à-porter, da estrela Rihanna.

Neste episódio, a gente conta os principais motivos que levaram a essa decisão do grupo e dá aquele giro nas notícias que deram o que falar nesta última semana. Do início da New York Fashion Week ao anúncio de um jovem talento de 24 anos para a direção artística da quase centenária Rochas.

Antes de começarmos o episódio de hoje, nós temos um recado. O ELLE News ganhará um episódio extra nesta semana. E ele contará com a participação da jornalista Chantal Sordi. A gente vai falar sobre o Movimento, que é a plataforma de conteúdo da ELLE Brasil para gerar conversas sobre desenvolvimento sustentável na moda. O primeiro ciclo de conversas rolou com a Fiat, sobre o papel de uma marca hoje em dia e a comunicação com propósito. Esse papo está imperdível e vai ao ar já nesta próxima quinta-feira, dia 18 de fevereiro! Coloque na sua agenda e não perca!

LVMH pausa a Fenty

Na última quarta-feira, dia 10, o mundo da moda acordou com o seguinte comunicado: “Rihanna e LVMH tomaram a decisão conjunta de suspender a atividade de ready-to-wear da Fenty, com sede na Europa, a depender de melhores condições”. Foi assim, curto e grosso, o anúncio do grupo francês de luxo de que pausará a empresa de roupas, focada em pronto para vestir, Fenty.

O e-commerce sairá do ar entre o final de fevereiro e o começo de março, mas a relação entre a LVMH e a estrela da moda e da música não será cortada. Fenty Beauty, Fenty Skin, além de investimentos na linha de lingerie da artista, a Savage Fenty, seguirão normalmente. As injeções de dinheiro na marca de underwear, inclusive, só crescem. E vêm da empresa de investimentos L Catterton, ligada à LVMH. De quanto que nós estamos falando? Cerca de 115 milhões de dólares. Ou seja, nada de espalhar por aí que o império Fenty quebrou. Muito pelo contrário.

Mas, sim, o anúncio de que a marca de roupas foi pausada deixou muita gente triste, ainda que não surpresa. O último post da Fenty no Instagram é do dia primeiro de janeiro. A última edição da coleção feita pela casa é de novembro do ano passado. Esse silêncio estranho já dava sinais de que o barco não navegava muito bem.

O clima é agridoce, porque as outras linhas seguem a todo vapor, mas muita gente começou a se questionar: por quê? O que rolou com a Fenty, uma vez que todas as outras casas continuam bombando?

Uma das respostas é a de que a pandemia não ajudou. A Fenty tem sede em Paris. Rihanna estava em Los Angeles. E ela sempre foi conhecida por acompanhar bem de perto o processo de tudo, como as unidades de produção localizadas na Itália. Essa desconexão não favoreceu em nada.

Outro ponto, que já havia gerado muita discussão, é o valor das roupas. O valor fugiria do padrão da maioria dos fãs da cantora. Uma base de sua marca de cosméticos pode ser encontrada por 35 dólares, enquanto que uma jaqueta jeans da Fenty saía por menos de 590 dólares, algo que passa dos 3 mil reais.

Vale lembrar que esta marcação de preço já é bem abaixo dos valores de marcas do grupo LVMH. Essa busca por um valor relativamente menor dentro do luxo forçava a utilização de materiais e construções mais simples. A bola de neve do tentar baratear um produto que se colocava como de luxo não despertava também muito desejo. Em resumo, a conta não fechou.

Isso significa que ninguém curtia o que Rihanna estava fazendo? Não. Os óculos e sapatos de salto alto, feitos pela designer Amina Muaddi tinham uma procura grande. Em julho passado, por exemplo, a primeira venda de sapatos da Fenty esgotou em cinco dias. Acontece que a vontade do público era grande, mas ele focava em um suvenir ou objeto especial, como um acessório que encaixava no bolso e era facilmente identificável como um produto Fenty. Mas manter oito coleções por ano para vender sapato não valia a pena.

Outra questão é que a Fenty foi também uma aposta do conglomerado em se concentrar no comércio eletrônico de luxo. A Fenty vendia apenas online. O LVMH, inclusive, iniciou uma plataforma própria, um e-commerce deles, a 24S. Mas ela ainda deve se esforçar bastante para alcançar o status de e-commerces como a Farfetch e o Net-a-Porter. Ou seja, a Fenty não só era uma marca que não teve a sua imagem de luxo construída ao longo do tempo, como também não contava com lojas próprias físicas, nem esse tipo de pompa. E experiências novas tem disso. Às vezes não funcionam.

Essa experiência deixou mais uma vez claro que não é realmente fácil levantar uma etiqueta de luxo do zero. O jogo mais certeiro para esses conglomerados segue na aposta de nomes que já estão estabelecidos. A experiência com Rihanna foi bastante rara. A última vez que o grupo havia criado uma empresa do zero foi em 1987, com Christian Lacroix. A decisão de fazer o mesmo com Rihanna, apesar de arriscada, parecia promissora porque se esperava que a Fenty rejuvenesceria o grupo e faria tanto sucesso quanto a sua irmã primogênita, a Fenty Beauty.

Mas é isso. Aparentemente faz mais sentido colocar dinheiro no que tá dando certo. Espera-se, por exemplo, que a Savage Fenty expanda o seu leque de ofertas para mais produtos, como roupas. Ninguém descarta essa possibilidade. A linha de lingeries cresceu mais de 200 por cento no ano passado, segundo a casa, e segue como um case poderoso de diversidade.

A Fenty Skin é outro exemplo de sucesso, registrando 30 milhões de dólares em vendas em menos de quatro meses de existência. E serão essas empresas o foco de tudo agora.

Rihanna, porém, não foi a única que recebeu essa marcha ré do grupo. O LVMH também encerrou a parceria com o sapateiro Nicholas Kirkwood, no final do ano passado, e já anunciou que procura compradores para a marca de camisaria, Thomas Pink.

Mas não há dúvidas de que Riri ainda tem muita coisa pra entregar no setor de roupas. Na moda, Rihanna tem um currículo maior do que muitos designers formados. A sua estreia foi em 2013 com a marca britânica River Island, com uma coleção de roupas e acessórios. Ela passou por três anos como diretora criativa da Puma, por meio de seu projeto Fenty Puma, até lançar a Fenty em maio de 2019.

E, ah! Agora também surge uma esperança entre os fãs de que ela consiga produzir um álbum novo. Já são cinco anos sem uma música nova. Libera esse som pra gente, Riri!

O que esperar da NYFW

E está rolando a semana de moda de Nova York. Ok. Para começo de conversa vale dizer que o nome mudou. O Council of Fashion Designers of America rebatizou o evento para “calendário de coleções americanas”. A explicação da instituição é de que com a pandemia de Covid-19 e a reorganização do calendário para o digital, novos participantes foram incluídos e eles não são exclusivamente nova-iorquinos.

Avisado isso, a gente conta mais sobre o evento. Serão quatro dias, de 14 a 17 deste mês. Ou seja, começou ontem, no domingo, e vai até quarta-feira, com Tom Ford encerrando as apresentações. Tudo poderá ser acompanhado pela plataforma digital do CFDA, o Runway360, e pelo NYFW.com. Claro, os highlights também serão cobertos em nosso site, o ELLE.com.br

A temporada apresenta o inverno de 2021 das marcas. A grande maioria das apresentações será virtual, por meio de lookbooks ou fashion filmes, com apenas duas exceções: Jason Wu e Rebeca Minkoff farão os seus shows ao vivo, respeitando o distanciamento social, segundo a organização.

Mas vários estilistas que já haviam pulado a temporada passada, de verão 2021, decidiram novamente não participar do evento. São eles Michael Kors, Ralph Lauren, Marc Jacobs, Brandon Maxwell, Tommy Hilfiger, Christopher John Rogers, Pyer Moss e Tory Burch.

Houve também quem já apresentou o seu inverno 2021, fora do evento, como a Prabal Gurung. E ainda quem decidiu mostrar essa temporada só depois do evento. Dentre estes nomes estão Gabriela Hearst, Carolina Herrera, Coach, Christian Siriano, Oscar de la Renta, Thom Browne e Altuzarra.

Bem, você deve estar se perguntando. O que sobrou, né? Vale a pena assistir a este “calendário das coleções americanas”? Nós separamos dois bons destaques.

O primeiro deles é a presença da brasileiríssima PatBo, de Patricia Bonaldi. A marca faz parte desse line-up. A marca estreou digitalmente no calendário estadunidense na última temporada, com um desfile virtual, e apresentará mais uma vez as suas criações no evento. Agora, será a coleção de inverno 2021, apresentada amanhã, dia 16 de fevereiro. Vamos ficar atentos para ver o que vem por aí.

Fora isso, o Black in Fashion Council, organização que apoia designers de moda negros, é visto como uma das participações mais importantes do evento. A entidade montou showrooms em Nova York e Los Angeles para apresentar criativos negros ao longo de toda a semana com hora marcada. Serão 16 novos talentos ao todo, entre designers de moda, acessórios e sapatos.

L Catterton pretende comprar a Birkenstock

E quem diria! A Birkenstock parece que está trilhando um caminho para fazer parte de um conglomerado de luxo.

A gente explica. A empresa de sandálias alemã, que é aquele hit “effortless chic” das blogueiras, está em negociações com a L Catterton. Isso mesmo, a empresa que a gente comentou agora há pouco, e que tem participações do grupo LVMH.

Fora isso, estima-se que o próprio grupo LVMH participe do co-investimento na marca de calçados. O preço de toda transação é de cerca de 4 bilhões de euros, de acordo com o site de notícias norte-americano Women ‘s Wear Daily. Até o fechamento dessa edição, no entanto, nenhum porta-voz da L Catterton ou do grupo LVMH comentou a compra.

No entanto, se a Birkenstock até agora não parecia um ovo de ouro, a pandemia de Covid-19 ( por incrível que pareça) ajudou nesse giro de 180 graus. Acontece que, diferente das marcas de outros estilos de calçados, que viram o seus faturamentos despencar no último ano, a Birkenstock só cresceu, com os seus modelos focados em conforto despertando cada vez mais o interesse do mundo.

A Icy Park, de Beyoncé, chega às lojas

A terceira coleção da Ivy Park, linha de Beyoncé com a adidas, estará disponível para compra nesta próxima sexta-feira, dia 19 de fevereiro. A partir do dia 20, sábado, as peças passam a chegar também a lojas da adidas selecionadas em todo o mundo.

Chamando desta vez Icy Park, a coleção é inspirada nas encostas de montanhas, no alpinismo e tem toda uma vibe glacial para o look de streetwear, que a linha propõe. Dessa vez o foco são os cinco novos modelos de tênis. Fique ligadinho.

Os itens, entre roupas, calçados e acessórios, são descritos pela Adidas como refrescantemente relaxantes, funcionais, descomplicados, e inclusivos. De fato, os tamanhos das peças variam do XXXS ao 4X e os preços vão de 30 dólares, algo em torno dos 160 reais, até 850 dólares, mais de 4 mil e quinhentos reais. A ideia é alcançar o público mais vasto possível.

Mas, assim, isso se você tiver sorte ou for bastante rápido. A primeira coleção da Ivy Park com a adidas estreou em janeiro do ano passado. E, como você pode imaginar, assim que ficou disponível para compra evaporou das lojas online em pouquíssimo tempo.

Esta linha da Beyoncé havia sido lançada com a Topshop, em 2016. Mas, depois que alegações de violência sexual surgiram em torno de Philip Green, o então dono da TopShop, a cantora decidiu comprar de volta as suas ações e assumir a propriedade total. Agora, que ela faz parte da adidas é no site da marca esportiva que você encontra tudo.

Charles de Vilmorin assume a Rochas

Aos 24 anos de idade, Charles de Vilmorin foi nomeado o mais novo diretor artístico da grife francesa Rochas, uma das mais antigas casas de moda, fundada em 1925. A Rochas não tinha um designer-chefe desde que Alessandro Dell’Acqua deixou a empresa, em fevereiro de 2020.

Segundo Philippe Benacin, CEO da Interparfums, empresa que controla a Rochas: “ousadia, elegância e temporalidade são os alicerces da Rochas, bem como os valores que definem a obra de Charles de Vilmorin.”

Em resposta a nomeação o jovem talento afirmou que a Rochas ocupa um lugar especial em seu coração devido aos laços familiares pessoais e à herança da marca, que considera rica e inspiradora. De Vilmorin é sobrinho neto da romancista francesa Louise de Vilmorin, que era amiga de Hélene Rochas, a viúva do fundador da casa, Marcel Rochas.

A ascensão do estilista tem sido considerada meteórica, de fato, mas não necessariamente gratuita. Formado pela Escola da Câmara Sindical de Alta-Costura Parisiense, ele teve a sua primeira coleção comprada inteira por um patrocinador anônimo. O dinheiro foi direto para a construção da marca própria, que ele lançou em abril do ano passado.

Em meio a uma pandemia, a sua estreia foi nada menos do que na semana de alta-costura. As suas pinturas coloridas nas roupas e suas proporções exageradas despertaram um interesse grande do público. A sua estreia na Rochas está prevista pra acontecer durante a temporada de verão de 2022. Agora é esperar pra ver.

Este episódio usou trechos do volume dois da Savage Fenty; da música Find Your Way Back, de Beyoncé; Pills, de St Vincent; e Baby, cantada por Gal e Tim Bernardes

E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro.

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