Bottega Veneta e a era Daniel Lee

O designer britânico não está mais na direção criativa da grife italiana. Relembre como ele transformou a marca em uma das mais hypadas da atualidade.


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O anúncio foi feito pelo Grupo Kering, que detém Gucci, Balenciaga e Saint Laurent. Daniel Lee não é mais o diretor criativo da Bottega Veneta.

No comunicado oficial à imprensa, o grupo informou que o fim desta colaboração foi feito em uma decisão conjunta, só que não revelou o motivo.

Para os fashionistas foi, sim, uma baita surpresa, porque a marca italiana ganhava novo fôlego nas mãos deste designer britânico, desde que ele assumiu a casa em julho de 2018.

Abre aspas para a carta. “Daniel Lee trouxe uma energia nova para a marca e teve uma grande contribuição para o momento que a Bottega Veneta desfruta hoje”. Fecha aspas.

O estilista também se pronunciou. Ele agradeceu a equipe com quem trabalhou nos últimos anos, bem como François-Henri Pinault, o CEO do Grupo Kering, afirmando que, abre aspas, “foi uma experiência incrível fazer parte dessa história”, fecha aspas.

Até o fechamento deste episódio do ELLE News, nenhum nome foi anunciado para ocupar o lugar de Daniel Lee na Bottega Veneta. A companhia, dona da marca, disse apenas que esta informação será dada em breve.

E aí já viu, né. Não para a boca miúda. O burburinho nas redes é a de que o estilista Matthieu Blazy é a principal aposta. Ele é o atual diretor de design da marca e já foi discípulo de Raf Simons, com quem trabalhou na Calvin Klein. O designer entrou na Bottega há um ano.

Formado pela Central Saint Martins, Daniel Lee é conhecido como uma das crias de Phoebe Philo dentro da Celine (o estilista entrou na grife francesa em 2012).

Suas criações são constantemente comparadas com as de sua antiga mentora e, em parte, o espírito criativo similar foi um dos motivos para o seu grande sucesso. Enquanto Philo esteve longe das passarelas nos últimos três anos, ele persistiu nesse minimalismo espirituoso e nada monótono que sua chefe e conterrânea o ensinou.

Não à toa, quando Philo anunciou um retorno à moda, em julho deste ano, com uma marca própria, surgiu uma série de memes satirizando qual seria o espaço de Lee daqui para frente.

No entanto, o currículo de Daniel Lee é bem mais vasto e estrelado do que muitos imaginam. Ele também tem na carreira passagens por grifes como Maison Margiela, Balenciaga e Donna Karan.

Além disso, foi mais do que notável o chacoalho que ele deu na Bottega Veneta, desde sua estreia, com a coleção de inverno 2019. A estratégia de Lee foi percorrer um caminho bem próprio enquanto diretor criativo.

No design, o seu primeiro grande sucesso foi a reinterpretação de uma assinatura da casa, a trama intrecciato. Agigantada, a sua versão foi parar numa bolsa tiracolo, a Cassete, que centenas de blogueiras desejaram, usaram e muitas marcas copiaram. O intrecciato também apareceu principalmente na sandália Lido.

Emplacar a cor verde também foi um de seus grandes feitos. Virou uma das tonalidades mais desejadas do ano, sendo apelidada até mesmo de Green Bottega.

Fora isso, ele também foi o responsável pelo revival das mules, pelo encorajamento a uma certa esquisitice no vestir, além da criação de algumas clutches deliciosamente atrevidas, como aquela com formato de almofada, bem molenga, ou a inteira revestida em tecido de toalha — coincidentemente, o item viralizou nesta última semana, após alguns internautas descobrirem que ele chega a custar 24 mil reais. O nome dessa bolsa é pouch bag.

Aliás, essa nem foi a primeira polêmica. No começo do ano, um colar em formato de fio telefônico (sabe, aquele em espiral?) também deu o que falar por custar mais de dois mil dólares no site da marca, o que passa os nossos 10 mil reais.

A estratégia de comunicação de Lee para a Bottega foi igualmente ousada. Uma das principais mudanças encabeçadas pelo designer foi a retirada da marca das redes sociais, no início de 2021. A decisão não impossibilitou, porém, que contas-fã nascessem, como @newbottega, que acumula mais de 870 mil seguidores.

No lugar, a casa ganhou uma revista digital, como parte de uma tentativa de comunicação mais direta com o cliente, além de contar com as postagens de embaixadores.

Já no que diz respeito aos desfiles, Daniel Lee deixou de cumprir com a agenda rígida do calendário oficial de moda. As apresentações passaram a ser ainda mais restritas a poucos convidados (em parte devido à Covid-19) e aconteciam praticamente escondidas, em lugares como o Sadler’s Wells, em Londres, e o Berghain, em Berlim, um dos clubes de música techno mais famosos do mundo, dificílimo de entrar e que proíbe o uso de câmeras em seu interior. As fotos dos eventos, mostrando as coleções, chegavam à imprensa meses depois e não havia transmissão ao vivo.

Com a Bottega Veneta, Daniel Lee ganhou quatro prêmios do British Fashion Awards em 2019 (um recorde!), incluindo o de melhor designer e de melhor marca.

Ele foi indicado em duas categorias no CFDA Awards, que a gente vai comentar logo mais, como designer do ano de roupas masculinas e femininas.

Daniel Lee pode dizer que foi, sim, o responsável por uma alta nas vendas da casa, mesmo que grande parte de seu trabalho tenha ocorrido em plena pandemia de Covid-19.

Há quem diga, porém, que questões pessoais se sobrepuseram à questão financeira. De acordo com o WWD, fontes anônimas afirmaram após a saída de Lee que artesãos estavam insatisfeitos com o ambiente da empresa.

Segundo o veículo que fez essa apuração, Lee era considerado altamente criativo e influente em seus designs, mas, abre aspas, “entrou em conflito com várias pessoas e era definido como pouco comunicativo por colegas de trabalho”. Fecha aspas.

Sobre o futuro de Daniel Lee ninguém sabe ao certo. Isso só o tempo poderá dizer. Por ora, restam apenas as apostas.

Os vencedores do CFDA

E a cerimônia de premiação do Council of Fashion Designers of America, o CFDA voltou a acontecer de forma presencial também na quarta-feira, dia 10. O evento, que vinha sofrendo várias críticas nos últimos anos pela falta de diversidade nas escolhas, mostrou que esses questionamentos não passaram batido nesta edição.

Duas mulheres foram premiadas nas categorias principais este ano, curiosamente, ambas em moda masculina: Emily Bode, da Bode, venceu na categoria de designer estadunidense de moda masculina do ano, e a britânica Grace Wales Bonner, da Wales Bonner, foi eleita a melhor designer internacional de moda masculina.

O prêmio de designer estadunidense de moda feminina do ano foi para Christopher John Rogers, que no ano passado havia vencido a categoria de designer emergente.

Quem voltou a subir ao palco do CFDA este ano foi Telfar Clemens. O fundador da Telfar ganhou pela segunda vez consecutiva o prêmio de designer estadunidense de acessórios.

Já o prêmio Designer internacional de moda feminina do ano foi para Demna Gvasalia, que, de fato, fez da Balenciaga uma das grifes mais comentadas e desejadas deste ano.

Por fim, o designer emergente de 2021 foi o jamaicano Edvin Thompson, da Theophilio. Edvin, que fundou sua marca no Brooklin, em 2016, chama a atenção por coleções vibrantes, inspiradas nas suas memórias da Jamaica.

Como de costume, o CFDA Awards também homenageou várias personalidades da moda. Entre eles, o lendário estilista Dapper Dan, que ajudou a levar a cultura hip-hop à moda e injetou luxo no streetwear. Dapper Dan recebeu o prêmio pelo conjunto da obra.

A atriz Anya Taylor-Joy, estrela da série O Gambito da Rainha, foi a vencedora da recém-criada categoria Face of the Year.

E, como a gente já havia adiantado aqui no ELLE News há algumas semanas, Zendaya levou o prêmio de personalidade fashion do ano, tornando-se a pessoa mais jovem da história do CFDA a receber essa homenagem. E, para quem ficou curioso pra saber qual estilista vestiu Zendaya nessa premiação a gente conta aqui: a atriz foi com um look todo vermelho, de duas peças, assinado por Vera Wang, com um top e uma saia bem volumosa no quadril.

Leilão com acervo de Amy Winehouse arrecada mais de 4 milhões de dólares

Dez anos depois de sua morte, Amy Winehouse continua fascinando uma legião de fãs. Na semana passada, um leilão com centenas de itens que pertenceram à cantora arrecadou mais de 4 milhões de dólares, ou aproximadamente 22 milhões de reais.

Só o vestido que Amy usou em sua última apresentação em Belgrado foi arrematado por 243 mil dólares. A peça, um minivestido com estampa de bambus, foi desenhada pela estilista Naomi Parry e fazia parte de uma coleção de 11 looks criada para a turnê europeia da cantora, que nunca aconteceu.

Naquele show, na Sérvia, Amy subiu ao palco cambaleante, esqueceu parte das letras e acabou vaiada pelo público. A turnê foi cancelada e Amy morreu pouco mais de um mês depois, aos 27 anos, devido a uma intoxicação alcoólica.

Assim como vestido da última apresentação, que foi vendido por um valor 16 vezes maior do que o previsto, várias das peças superaram as expectativas dos leiloeiros.

A bolsinha da Moschino em formato de coração, que Amy usou no Brit Awards de 2007, foi arrematada por 204.800 dólares. Já um vestido da Dolce & Gabbana saiu por 150 mil dólares. Os pares de sapatilhas cor de rosa, uma marca registrada da cantora, foram leiloados por valores que variaram de 12.500 a 19.200 dólares.

No total, foram arrematados cerca de 800 itens, que estavam sendo guardados pelos pais de Amy Winehouse desde a morte da cantora. De acordo com o comunicado da casa de leilões Julien’s Auctions, parte do dinheiro arrecadado vai para a Amy Winehouse Foundation, instituição fundada pelos pais da artista para atender jovens com problemas de dependência química.

Supreme e Tiffany&Co lançam collab

E não é que os boatos eram todos verdadeiros? Na quinta-feira passada, dia 11, Tiffany e Supreme confirmaram a parceria entre as duas marcas. A joalheria e a grife de streetwear lançaram uma linha de joias inspirada em uma coleção dos anos 60 da Tiffany, chamada Return to Tiffany.

Nessa collab, em vez da inscrição original, as peças trazem gravadas as palavras Return to Supreme. E é uma união bem representativa desse momento da Tiffany. Agora sob a gestão do grupo LVMH, a quase bicentenária joalheria da caixinha azul está empenhada em se renovar e conquistar uma parcela mais jovem do público, como a gente contou aqui no episódio 68 do ELLE News.

A coleção traz pingente em forma de coração, brinquinhos e também chaveiros, tudo de prata, além de um colar de pérolas com um pingente oval. Por enquanto, as peças podem ser encontradas apenas em algumas lojas da Tiffany e da Supreme nos Estados Unidos, na Europa, no Japão e na Austrália.

SPFW começa esta semana

Como a gente avisou em nosso episódio retrasado, a São Paulo Fashion Week está de volta. A maior semana de moda brasileira começa oficialmente nesta próxima quarta-feira, dia 17 de novembro, e vai até o próximo domingo, dia 21.

Essa é a primeira temporada com eventos físicos, depois de duas temporadas só com desfiles digitais. Na verdade, essa edição, a N52, vai ser híbrida. Ou seja, as marcas puderam decidir se seguiriam no digital ou partiriam para as passarelas reais. Serão, então, 23 desfiles digitais e 25 físicos.

A cobertura completa da São Paulo Fashion Week você encontrará em nosso site, nas nossas redes sociais e, claro, no episódio do ELLE News da semana que vem. Mas, por ora, a gente já consegue adiantar algumas informações.

Pela primeira vez as skins de um game ganharão versões reais em um desfile de moda. Trata-se de uma ação entre o Free Fire, a São Paulo Fashion Week e o Banco Santander.

20 looks, dentre os mais cobiçados e raros do jogo, e que até então só existiam no mundo virtual, ganharam versões reais. Essas roupas foram produzidas dentro do ateliê da À La Garçonne, a marca de Fabio Souza e Alexandre Herchcovitch, e também terá styling assinado por Daniel Ueda.

O Free Fire, para quem não é tão familiarizado, reúne aí uma comunidade de mais de 150 milhões de jogadores ativos diariamente em todo o mundo. Ele tem como principal característica o fato de ter sido um dos primeiros games do tipo battle royale para dispositivos móveis. Isso mesmo, celulares.

O desfile vai rolar logo no dia de abertura da São Paulo Fashion Week, dia 17 de novembro, às 19h30 da noite. Você pode acompanhar o show pelas redes sociais da São Paulo Fashion Week e, claro, toda a nossa cobertura no site da ELLE Brasil e em nossas redes sociais.

E agora é hora do nosso editor de Beleza Pedro Camargo dar a sua pílula de beauté. Hoje ele conta um pouco mais sobre o lançamento mais falado da semana: a linha de beleza REM de Ariana Grande. Conta mais, Pedro!

E aí, turminha, tudo bem? Novidade boa, novidade gostosa chegando no mercado de beleza, que é a esperadíssima nova marca de beleza da Ariana Grande. Não é? Então, o que acontece é o seguinte. Agora, na sexta-feira, finalmente chegaram às lojas lá nos Estados Unidos essa nova marca dela, que se chama REM Beaty. E ela é toda sci-fi, toda nostálgica. E a Ariana deu uma entrevista pra ELLE norte-americana dizendo que é isso, ela tá nessa onda meio robótica, meio futurista, que ela quer tratar as embalagens dos produtos dela como se fossem da Tesla ou da Apple, entendeu? Então, é sobre isso. Bem Barbarella, ela. Mas a questão é que esse pequeno drop, essa primeira coleção que tá chegando aí, ela se chama Chapter One, capítulo 1, e ela inclui produtos como iluminadores, batons, gloss, paletas de sombra, lápis, marcadores pros olhos, sombras líquidas, máscara para cílios, cílios postiços, enfim, já chega com bastante coisa. E se você tá vendo The Voice, ou se você tem acompanhado a turnê da cantora por aí, ela já vem usando essas maquiagens. Então, já dá pra ter uma noção de como esses produtos se comportam. Mas, de todo modo, aparentemente, ela já deixou escapar que vem aí um Chapter Two, que não sabemos quando chega, mas que pode existir a possibilidade de chegar com bases e corretivos. Então, vamos ver o que vem aí, né? Eu tô bastante empolgado, achei bastante bonitinhos os produtos. Mas fiquemos de olho, hein, meninas! É isso, meus amores, um beijinho!

E, para finalizar o episódio de hoje, a nossa editora de cultura, Bruna Bittencourt, conta quem é o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras. Uma pista? Esse ícone da cultura brasileira já foi capa da ELLE Brasil. Conta mais, Bruna!

Novos ventos sopram na Academia Brasileira de Letras. Depois de Fernanda Montenegro, foi a vez de Gilberto Gil ser eleito um imortal pela ABL na última quinta-feira. O cantor e compositor foi escolhido para a cadeira de número 20, tornando-se o segundo negro na atual formação da instituição.

Em um movimento similar lá fora, vale lembrar que Bob Dylan foi reconhecido com o Nobel da literatura há cinco anos. Autor de clássicos que vão de “Aquele abraço” a “Realce”, Gil dispensa apresentações. Mas por aqui a gente gosta de lembrar da entrevista que ele deu à ELLE, quando foi capa do Volume 01, no ano passado.

Na conversa com a jornalista Silvia Rogar, Gil falou sobre seu legado como ministro da cultura, o papel da música em um período delicado de saúde, sua fé, a amizade com Caetano Veloso e até de um sonho com Zeca Pagodinho. Vale muito a leitura. E você pode comprar essa edição em nosso site e também pelo perfil @ellebrasil no Instagram. Por aqui, a gente fica como “Toda menina baiana”, claro, dele: Gilberto Gil.



Toda Menina Baiana

www.youtube.com

Este episódio usou trechos das músicas Everything’s gone green, de New Order; Good ones, de Charli XCX; The winner takes it all, do ABBA; You know I’m no good, de Amy Winehouse; Your heart belongs to me, The Supremes; Around The World, do Daft Punk; No Tears Left to Cry, de Ariana Grande.

E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro.

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Até semana que vem!

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