Gucci feat. Balenciaga
Para celebrar o seu centenário, a Gucci desfilou uma parceria histórica com a Balenciaga. Neste episódio, falamos um pouco mais dessa coleção e damos um giro nas principais notícias da semana: do desfile secreto da Bottega Veneta, que irritou as redes sociais, à valorização da Hering no mercado após recusar uma fusão com a Arezzo.
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Na última quinta-feira, dia 15, a Gucci apresentou a sua primeira coleção no ano de 2021, que é o ano no qual a casa italiana comemora o seu centenário. Chamada de Aria, ela foi apresentada em um curta-metragem de 15 minutos e 30 segundos, dirigido por Floria Sigismondi, que já trabalhou com nomes como David Bowie e Tilda Swinton.
Como Alessandro Michele, o diretor criativo da casa explicou, os 94 looks apresentados são uma seleção das roupas mais brilhantes possíveis para se festejar. E, de fato, teve muito brilho, que apareceu não só nas roupas, mas também no cenário. Em uma sala toda branca, os modelos desfilam, enquanto câmeras de todos os tipos forram as paredes e disparam flashes. Dá para lembrar um pouco a época dos paparazzi.
Os modelos então partem para uma outra sala, agora toda escura, que lembra uma festinha, uma balada E, no final, uma porta se abre para revelar o éden, um jardim fantástico, com pavões brancos, muito desejo, gente beijando e pouca gravidade, porque os modelos começam até a flutuar.
É óbvia a vibração. O clima de festa se relaciona não só com o fato de que a marca está comemorando cem anos, mas porque também muita gente sente falta desses momentos de celebração hoje em dia, está com saudade dos agitos, que foram interrompidos pela pandemia de Covid-19.
Não à toa, Alessandro Michele, em seu texto de explicação à imprensa, descreveu a coleção como “um banquete de ar, um jubileu de respiração”. No comunicado, ele explica essa ode à natureza, principalmente às plantas, que segundo ele são “frágeis, vulneráveis, mas têm uma capacidade de se renovar e voltar à vida depois do inverno”.
E, como era de se esperar, muitas referências ao passado da marca apareceram. Mas acontece que, na Gucci, essas referências são muitas. Muitas, mesmo. A marca já teve vários narradores, ou estilistas diferentes, que contaram a sua história, ao longo desse tempo, e com estilos bem distintos.
Para Alessandro Michele, o fato da casa não ter uma cara única não é um problema. Ao contrário, é exatamente a melhor parte da grife, a sua multiplicidade. Fez, então, referência ao começo de tudo, como os escritos Savoy em algumas peças, para lembrar o hotel londrino no qual Guccio Gucci trabalhou como porteiro, e onde decidiu voltar à Itália para construir do zero a própria marca de malas de couro.
Há na coleção também a referência ao hipismo, que a Gucci sempre puxou para si, e que agora aparece nos chapéus e nas botas de montaria, ou nas selas de cavalo que viraram harness… E aí já tem um spoiler de outro momentinho da história Gucci que foi bastante celebrado nesta coleção nova de Alessandro Michele: a era fetichista de Tom Ford, que foi diretor criativo da casa, nos anos 1990, colocando sempre muita sexualidade nas roupas que produzia. O primeiro look dessa coleção, inclusive, é uma homenagem direta a Tom Ford, mais especificamente o smoking de veludo vermelho, que o estilista desenhou para Gwyneth Paltrow usar no MTV Music Awards de 1996.
Já a estampa Flora, uma homenagem bastante conhecida da casa à princesa Grace Kelly, na década de 1960, apareceu dessa vez em um look de alfaiataria, com cara de escritório dos anos 80. E quem tem memória boa identificou essa silhueta na hora. A modelagem é idêntica ao primeiro look que Demna Gvasalia fez para a Balenciaga, em sua coleção de estreia na grife, em 2016.
Acontece que para atiçar ainda mais os fãs da Gucci nesse aniversário, Alessandro Michele decidiu fazer um casamento com outra grife extremamente desejada hoje em dia, a Balenciaga.
Sim, duas das marcas mais hypadas no mundo em uma mesma peça. Esta foi a notícia que mais emocionou os amantes de moda semana passada. Não se trata exatamente de uma colaboração, no sentido tradicional da palavra, embora Demna tenha acompanhado tudo de longe. Na verdade, as peças são mais uma homenagem que Alessandro Michele fez ao trabalho do colega na Balenciaga.
Estão ali as botas-calça, os vestidos assimétricos, as parkas caídas nos ombros, todos esses hits que Demna Gvasalia produziu para a Balenciaga, só que Guccificados.
Nas palavras de Alessandro Michele: “Peguei a tensão sexual de Tom Ford, celebrei o mundo equestre da Gucci, sublimei o glamour da velha Hollywood e saqueei o rigor inconformista de Demna Gvasalia. A Gucci é uma fábrica alquímica de contaminações, onde tudo se conecta a qualquer coisa. Um lugar onde acontecem furtos e reações explosivas: um gerador permanente de fagulhos e desejos imprevisíveis”.
Vale lembrar aqui que as duas grifes fazem parte do mesmo conglomerado, o grupo Kering. E esta é uma ideia que não só se amarra bem ao conceito, mas é bastante esperta. A coleção que já nasce histórica deverá ser atacada por colecionadores quando estiver disponível, um boom comercial.
Nova campanha da Valentino enfurece conservadores
A princípio, era só uma bela foto. Para a nova campanha da Valentino, o fotógrafo e artista Michael Bailey-Gates fez um autorretrato em que aparece nu, com uma bolsa da grife presa ao pé. Uma das pernas de Bailey-Gates está cruzada à frente do corpo, em um movimento sinuoso, e a outra está escondida atrás de uma placa ondulada. Quer dizer, a imagem não é um nu frontal e está longe de ser chocante.
Mas chocante mesmo foi a reação que a foto despertou nas redes sociais. Assim que o post entrou no ar, no dia 11 de abril, o Instagram da Valentino passou a receber uma enxurrada de emojis com carinhas vomitando e comentários ofensivos.
Aparentemente, esses usuários se sentiram ultrajados não só pela nudez — que era sutil, diga-se de passagem —, mas pelo fato de Bailey-Gates não se encaixar nos estereótipos de masculinidade que eles esperavam.
Aos 27 anos, Michael Bailey-Gates é considerado um dos fotógrafos mais promissores da sua geração. Em 2015, no ano em que se formou na School of Visual Arts de Nova York, ele foi o vencedor do prêmio concedido pela Robert Mapplethorpe Foundation. O autorretrato é uma constante em seu trabalho, assim como o questionamento das barreiras de gênero.
E ele já está acostumado a enfrentar a ira dos conservadores na internet. Em 2019, o fotógrafo chegou a receber ameaças de morte, depois de se autorretratar nu, maquiado e com uma peruca, segurando um bebê, na capa da revista Matte.
Em relação à campanha da Valentino, a gritaria foi tanta que o diretor criativo da grife, Pierpaolo Piccioli, resolveu se posicionar. Repostou a imagem no Instagram e escreveu que seu trabalho é entregar a sua visão de beleza de acordo com a época em que vivemos. E que a beleza e quem consideramos belos são reflexos de nossos valores. De acordo com Piccioli: “Esta foto é um autorretrato de um jovem lindo e a maldade está nos olhos de quem vê, não em seu corpo nu”.
Michael Bailey-Gates, por sua vez, também repostou a foto, agradeceu o apoio que tem recebido e aproveitou para chamar a atenção para a criação de leis nos Estados Unidos que ameaçam os direitos dos transexuais.
O desfile secreto e presencial da Bottega Veneta irritou as redes sociais
A Bottega Veneta pode não estar mais nas redes sociais, mas isso não significou que a grife tenha passado imune do julgamento virtual.
No dia 9 de abril a casa sediou um desfile presencial para convidados, o Salon 02, apresentando a sua temporada de inverno 2021. A locação escolhida? Um dos clubes de música techno mais famosos do mundo, o Berghain, em Berlim, casa famosa por ser dificílima de entrar e que proíbe o uso de câmeras em seu interior.
Este seria o segundo desfile na surdina e para pouquíssimos convidados, feito pela Bottega. O primeiro aconteceu no Sadler’s Wells, em Londres, no final de 2020, com distanciamento entre os presentes.
Mas quando as imagens dos convidados deste segundo desfile começaram a pipocar nas redes, con gente como o estilista Virgil Abloh e a DJ Honey Dijon, chegando ao local, a imagem revoltou os internautas, que consideraram a ideia inadequada, uma vez que a cidade alemã está em pleno lockdown para frear a contaminação do novo coronavírus.
E não parou por aí. Tudo piorou quando um vídeo foi divulgado nas redes sociais por um perfil anônimo, revelando imagens de uma festa na Soho House, em Berlim, que a marca supostamente teria promovido após o desfile.
Muitos usuários também questionaram se as medidas de segurança foram realmente tomadas, uma vez que viajantes recém-chegados na Alemanha precisam mostrar um teste negativo de Covid-19 e se manter isolados por pelo menos cinco dias.
Até o momento, a grife não se pronunciou sobre o ocorrido.
Hering recusa proposta de fusão com a Arezzo
Nada como se sentir desejado para dar aquela levantada na autoestima, né? Bom, no caso da Hering, não foi só a autoestima que subiu, não. Na semana passada, a companhia viu o seu valor de mercado subir cerca de 800 milhões de reais de um dia para o outro.
Na quinta-feira, dia 15, as ações da Hering dispararam e atingiram uma valorização de 28%. A alta aconteceu depois que a empresa divulgou que havia recebido — e recusado — uma proposta de fusão feita pela Arezzo.
A proposta, de 3,3 bilhões de reais, enviada à Hering no dia 7 de abril, foi recusada por unanimidade pelo conselho da empresa, que considerou que ela não atendia ao melhor interesse dos acionistas e da própria companhia.
Mas, mesmo tendo recebido esse belo “não”, a Arezzo não ficou na fossa. Com esse bafafá todo, as ações da empresa também se valorizaram e fecharam a semana com uma alta de cerca 7% em relação ao período antes do cortejo mal-sucedido.
De qualquer forma, o mercado entendeu que, apesar da recusa, a Hering está sinalizando que não está fechada a outras propostas. E alguns analistas até apostam que ainda pode sair casório com a Arezzo.
O que esperar de setembro de 2021 na moda
Setembro, a gente sabe, é tradicionalmente um mês estratégico para a moda. Mas este ano a agenda promete ser ainda mais agitada que de costume, com o mercado apostando em uma melhora no cenário da pandemia até lá.
Na semana passada, o CFDA, o Conselho de designers de moda da América, anunciou as datas para a próxima semana de moda de Nova York. O evento vai dos dias 8 a 12 de setembro e, embora as marcas ainda tenham a opção de realizar desfiles digitais, o CFDA está contando com a volta das apresentações físicas.
No anúncio oficial, o CEO do conselho, Steven Kolb, declarou que: “Com os sinais atuais do progresso no ritmo da vacinação, a abertura estratégica e gradual e o redespertar tangível da cidade de Nova York, nós esperamos ansiosamente por uma temporada de moda forte, que celebre o melhor da moda americana, tanto nos formatos físicos quanto digitais”.
E, assim que terminar essa semana de moda, já tem outro evento de peso na sequência: o Met Gala, o baile anual que arrecada fundos pro museu Metropolitan, e costuma ter um dos tapetes vermelhos mais comentados do mundo.
A festa, que normalmente é realizada na primeira segunda-feira de maio, está agendada para o dia 13 de setembro e já tem tema definido: vai ser uma celebração da moda americana.
No ano passado, o evento acabou sendo cancelado por causa da pandemia de Covid-19. Agora, ele vai acontecer presencialmente, mas em um formato mais intimista, segundo as informações iniciais divulgadas pelos organizadores.
O Met Gala marca também a abertura da exposição do Costume Institute, o braço da moda do Museu Metropolitan. E, desta vez, ela vai ser dividida em duas partes. A primeira, que começa em setembro, vai fazer uma homenagem aos 75 anos do instituto e explorar a moda americana moderna. Já a segunda parte está agendada para maio de 2022, e vai abordar o desenvolvimento da moda no país.
E, para animar ainda mais a temporada de moda em Nova York, o designer Kerby-Jean Raymond anunciou que vai voltar às passarelas com sua Pyer Moss, depois de um hiato de dois anos. A Collection 4 da Pyer Moss deve ser apresentada na segunda semana de setembro, em data ainda a confirmar.
Bruna, qual a boa para esta segunda-feira?
“Nesta segunda-feira, Roberto Carlos faz 80 anos. E o aniversário, claro, não passa em branco. A Todavia lança Roberto Carlos, por isso essa voz tamanha, biografia do rei escrita por Jotabê Medeiros. Autor de livros sobre Belchior e Raul Seixas, Medeiros passa em mais de 500 páginas a trajetória do cantor e compositor. Você deve lembrar que em 2006 foi lançada a famosa biografia escrita por Paulo César de Araújo, Roberto Carlos em detalhes, que depois foi retirada das livrarias, após um acordo judicial entre o cantor e a editora Planeta, responsável pela publicação. Mas Paulo prepara um novo livro sobre o cantor, desta vez a partir de suas canções, depois que o Supremo Tribunal Federal liberou a publicação de biografias não autorizadas. Também foi lançado Querem acabar comigo: da jovem guarda ao trono, a trajetória de Roberto Carlos na visão da crítica musical, de Tito Guedes. O pesquisador reuniu centenas de resenhas do rei dos anos 60 até hoje e mostra como a crítica foi rígida com o rei, apesar de seu sucesso estrondoso. Pra terminar, a gente fica, claro, com o rei com ‘Todos estão surdos'”.
Este episódio usou trechos da coleção Aria, da Gucci; e das músicas Not About You, de Honey Dijon, Perigosa, de Rita Lee e Roberto de Carvalho, cantada por As Frenéticas; September, de Earth, Wind & Fire; Hair, de Lady Gaga; Eu, de Djonga; e Detalhes e Todos estão Surdos, de Roberto Carlos.
E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro.
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