Halston, Zara Beauty e Chanel
Um dos maiores estilistas estadunidenses acaba de ganhar uma série da Netflix sobre sua carreira: Halston. Neste episódio, aproveitamos a deixa para mergulha na história do ícone fashion. E ainda: o lançamento da linha de beleza da Zara, a nova vencedora do British Fashion Council e os destaques da coleção resort da Chanel.
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“O grande designer do sonho americano”. Foi assim que Halston, um dos maiores estilistas estadunidenses, ficou conhecido. Dono dos looks festivos do Studio 54, ele ganha agora mais uma produção que se debruça sobre a sua agitadíssima vida. Trata-se de Halston, a nova série da Netflix, que estreia nesta próxima sexta-feira, dia 14.
Neste episódio, a gente aproveita o lançamento dessa série para lembrar a trajetória deste ícone fashion, que criou um império exportando uma imagem de moda americana para o mundo, mas passou por altos e baixos até chegar a perda completa do controle do próprio nome. E ainda: o lançamento da linha de beleza da Zara, a nova vencedora do British Fashion Council e os destaques da coleção resort, da Chanel.
Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro. E você está ouvindo o ELLE NEWS, o podcast com as principais notícias de moda e de beleza da ELLE Brasil.
Estreia nesta sexta-feira, dia 14 de maio, Halston, a nova série da Netflix que conta a trajetória de Roy Halston Frowick, ou apenas Halston. O estilista estadunidense, um dos maiores responsáveis por vestir a noite nova-iorquina dos anos 1970 e 1980, além de ajudar a inscrever a moda americana internacionalmente, ganha esta biografia no streaming, que é baseada no livro Simply Halston, de Steven Gaines.
Luxo, sexo, status e fama foram algumas das principais características da vida do estilista. E, tudo isso ajuda a entender como se desenrolou o sucesso do designer e por que, no final de sua vida, ele chegou a ter que lutar pelo direito de usar o próprio nome.
Quem encarna este ser tão complexo, cheio de altos e baixos, é Ewan McGregor, ator conhecido por longas como Trainspotting, Moulin Rouge e Star Wars. Aqui, ele veste o suéter preto com gola alta e óculos escuros para virar o figurão alto, magro e poderoso, de presença sem igual, que foi Halston.
Além de McGregor, a série conta com Krysta Rodriguez interpretando a cantora Liza Minnelli, Rebecca Dayan como a designer de joias Elsa Peretti, e Gian Franco Rodriguez dando vida ao também estilista Victor Hugo. Sem querer dar spoiler, mas já dando… Esses personagens são, respectivamente, as duas maiores amigas de Halston e o seu grande affair.
A direção da série é de Daniel Minahan e a produção é de Ryan Murphy, o escritor responsável por séries como Glee, Pose e American Crime Story, com a qual ele inclusive já contou a história de outro grande estilista: Gianni Versace, em O Assassinato de Gianni Versace.
Nascido no estado de Iowa, Halston cresceu em Indiana, mas estudou, na década de 50, no Instituto de Arte de Chicago. Depois, se mudou para Nova York, foi de vitrinista a assistente de Lilly Daché, famosa modista da época, até virar o próprio modelista-chefe da loja de departamentos de luxo Bergdorf Goodman, no setor de chapéus femininos.
Porque foi assim que ele começou, fazendo chapéu. E foi graças a uma dessas criações que veio o sucesso. Os holofotes se viraram a Halston quando ele desenhou o icônico chapéu Pillbox Hat, usado por Jacqueline Kennedy na posse presidencial de seu marido. Você muito provavelmente se lembra dele, com aquele formato redondo, que lembra o de uma tampa.
Isto lhe deu a segurança necessária para, na segunda metade da década de 1960, entrar com tudo na criação de vestuário, o que foi puro sucesso. Halston foi chamado de o melhor estilista da América, de acordo com a Newsweek.
A sua boutique na Madison Avenue só não era mais fervida do que os clubes e as festinhas nas quais a sua clientela usava a sua roupa. Essa roupa, inclusive, tinha uma assinatura quase atemporal: design clean, mas glamuroso, que dava forma aos macacões, vestidos-camisa, além de kaftans de jérsei, cashmere e suede.
Por sinal, quem quisesse encontrar Halston, o acharia facilmente em uma boa festa. Mais especificamente no Studio 54, rodeado por amigos como Andy Warhol, Bianca Jagger, Elizabeth Taylor, Anjelica Huston e Liza Minelli. Além de, claro, muitas modelos, um coletivo que ficaria conhecido mais tarde como as Halstonettes, batizadas pelo jornalista André Leon Talley.
A sua própria casa, assinada por Paul Rudolph e localizada no Upper East Side, também era palco de encontros e loucuras. O estilista foi considerado um Jay Gatsby, de Manhattan, com sua vida regada a prazeres, para não dizer excessos. Mas, sempre, muito sucesso.
Halston foi vencedor quatro vezes do prêmio Coty Fashion, além de ter sido o eleito ao Fashion Hall of Fame, de 1974. Ele também foi um dos estilistas estadunidenses a se apresentar no Palácio de Versalhes, episódio chamado pela crítica de moda Robin Givhan como um momentos crucial de exportação da imagem de moda estadunidense para o mundo.
O estilista ainda criou uma das fragrâncias mais vendidas de todos os tempos, cujo frasco, em forma de gota, foi desenhado pela amiga Elsa Peretti, designer de jóias que faleceu em março deste ano. A sua marca homônima ainda chegou a ser expandida para linhas masculinas, itens de viagem e até mesmo roupas de cama.
No final da década de 1970, no entanto, Halston vende a própria marca para a Norton Simon, por 16 milhões de dólares, mas segue como o principal designer da casa. Na década de 80, porém, quando assina um licenciamento com a J.C Penney, para a venda de produtos mais acessíveis, o sucesso começa a degringolar.
O negócio não foi visto com bons olhos pela parcela que consumia a sua linha de luxo, porque ela via um barateamento da marca com essa expansão. A Bergdorf Goodman chegou a retirar suas roupas das araras. Uma série de decisões empresariais equivocadas se sucederam até que, em 1984, o estilista chegou a ser proibido de criar peças para a marca que leva o seu nome e que ele mesmo fundou. Veio aí a outra fama cruel, a de o “homem que vendeu o próprio nome”.
A queda de um lugar tão alto foi dura. Ele tentou ainda comprar a própria marca nos anos que se seguiram, mas nunca conseguiu reassumir o controle dela. De toda maneira, ele vivia com um salário dado pela Revlon, empresa que detinha a Halston no final dos anos 1980. Em 1988, Halston descobre ser portador do vírus HIV e, em 1990, morre aos 57 anos por complicações da Aids.
A marca, com o seu nome, existe até hoje, apesar de estar bem longe da aclamação que teve no passado. E já passou por tantas mãos que aqui vai uma curiosidade: até Sarah Jessica Parker foi presidente e diretora de criação da grife. Hoje, a marca é parte da Hilco Consumer Capital.
Vale lembrar que o MET Gala de 2021 será uma ode à moda americana, celebrando principalmente os estilistas estadunidenses, e muitas referências a Halston são esperadas no tapete vermelho. Aguardemos quais serão as homenagens a este grande estilista. E já providencia a pipoca pra acompanhar a estreia da série nessa sexta.
Zara lança a Zara Beauty
Uma novidade anunciada no mercado já deixou a turma louca por make ansiosa. Nessa quarta-feira, dia 12, a Zara vai lançar a sua linha própria de beleza, a Zara Beauty. E os produtos chegam com um aval de peso: a linha foi criada em parceria com a maquiadora britânica Diane Kendal.
Diane é conhecida por assinar a beleza da campanha e dos desfiles de várias marcas, como Marc Jacobs, Calvin Klein, Saint Laurent e Tom Ford, só pra citar alguns nomes.
Em comunicado à imprensa, a maquiadora declarou que o objetivo é criar algo que todos vão querer usar, independentemente da cor da pele, sexo, idade ou estilo. E pra atender todo mundo a paleta promete ser vasta: no total, a linha vai trazer 130 tonalidades diferentes de cores.
Além da preocupação com a diversidade, a Zara também quer mostrar compromisso com a sustentabilidade. Garante que nenhum produto é testado em animais e tratou de oferecer a opção de refil, para diminuir um pouco o impacto de mais embalagens no meio ambiente.
E a Zara Beauty tem ainda, claro, o atrativo dos preços mais acessíveis da varejista. Pelo menos pra quem não tem que lidar com o dólar a mais de 5 reais. Os preços vão variar de 8 a 26 dólares, com opções em refil a partir de 5 dólares.
A princípio, a linha de beleza vai estar disponível a partir do dia 12 na Europa, nos Estados Unidos, Canadá, China, Coreia do Sul, Japão, México, Austrália e Nova Zelândia. Posteriormente, os produtos chegarão a outros mercados, mas, por enquanto, ainda não há data definida para o lançamento no Brasil, de acordo com a assessoria de imprensa da Zara.
Bethany Williams vence o British Fashion Council
Bethany Williams tem mais uma premiação para colocar na biografia. A estilista irlandesa, que ganhou o prêmio Rainha Elizabeth II para design britânico em 2019 e, no ano seguinte, esteve entre os finalistas do prêmio Louis Vuitton, foi a vencedora da última premiação do British Fashion Council.
No ano passado, em função da epidemia de Covid-19, a organização dividiu o prêmio entre os seis finalistas. Este ano, no entanto, o evento voltou a ter um único vencedor. Bethany vai receber 200 mil libras e uma mentoria para ajudar a alavancar seu negócio.
Formada em 2016 pela London College of Fashion, Bethany Williams tem se destacado por um trabalho que une consciência social e ambiental. Além de usar materiais sustentáveis, o que inclui tecidos resgatados de estoques descartados e até papelão reciclado, Bethany procura empregar pessoas marginalizadas na produção de suas coleções. Na coleção de 2018, por exemplo, a estilista teve como colaboradores detentas e dependentes químicos em fase de reabilitação.
Já na coleção de verão 2021, batizada de All our children, ou “todas nossas crianças”, o foco foi o projeto beneficente Magpie, que dá suporte a mães e crianças em situação de risco em Londres. Bethany atua desde 2019 nesse projeto e destinou 20% dos lucros da coleção a essa iniciativa.
Os destaques do resort 2021/2022 da Chanel
Foi apresentada na última terça-feira, dia 4 de maio, a Cruise Collection da Chanel, que também pode ser chamada de temporada resort, aquela que fica na entressafra da temporada de inverno e de verão.
O resort da Chanel costuma ser um enorme acontecimento para a grife, seja pelo tema escolhido ou pela locação — já rolou Cruise Collection em Dubai, Seul, Havana, só para citar alguns lugares.
Desta vez, no entanto, em função da Covid-19, não houve convidados para acompanhar as modelos, que desfilaram em ruínas localizadas na Provence, mais especificamente no Carrière de Lumières, que fica no sul da França.
A região, com câmaras de paredes de pedras enormes, foi o ambiente para o curta que mostra a nova coleção, porque justamente ali, o escritor e cineasta Jean Cocteau, rodou no final da década de 1950 um dos filmes preferidos de Virginie Viard, a diretora criativa da maison: O Testamento de Orfeu.
O grafismo de Cocteau está presente nas roupas fortes, pretas e brancas. As estrelas, que serviam para assinar seus trabalhos, aparecem como um motivo recorrente.
Cocteau e Coco Chanel eram bastante íntimos. Enquanto ele produziu retratos dela, ela assinou produções de peças deles, como Antigone, Orfeu e Édipo Rei. Um dos trajes usados nesta última obra, inclusive, foi reinterpretado nesta coleção como um body drapeado que cobre o corpo, em desenhos geométricos.
Há um efeito punk, nesta coleção, porém, o que puxa tudo para o agora. Isso fica bastante evidente nas joias usadas nos lábios, como piercing e também na beleza, de olhos pretos, esfumados. E é sobre este olho preto que o nosso editor de beleza, Pedro Camargo, comenta hoje. Aparentemente ele não está só no desfile da Chanel. Na verdade, é uma grande tendência para prestarmos atenção. Conta mais, Pedro.
“É isso aí, gente! Que loucura. A Cruise da Chanel. A Galera falou um pouco da moda, mas eu vim aqui falar da beleza, como sempre. Eu vou continuar neste assunto, porque, eu não sei se vocês repararam, mas teve o olho preto de novo. E daí se você for olhar para as últimas três temporadas da marca, também acaba tendo olho preto. Só não tem nas temporadas de alta-costura. E na Dior a mesma coisa. O olho preto virou o grande clássico. E o olho preto tem aparecido em outras marcas como tendência. É claro, se trata de um clássico, mas, em geral, esse olho preto, escurecido, esfumaçado, sempre foi acompanhado de um marronzinho, smoke eye. Agora, não. Ele vem pesado, meio dark, meio rock. Então, eu acho realmente interessante que seja este o clássico do momento. Ao contrário daquela positividade, daquele otimismo, que o batom vermelho tem, o olho preto vem de um lugar de mistério, de sedução, e assustador, de bruxa. Eu acho bem interessante esse mix, de algo que assusta e seduz ao mesmo tempo. Ando meio obsessed, para ser sincero. Até fiz em casa esses dias. Sou péssimo para passar lápis preto na linha d’água, mas estou me esforçando para aderir a tendência. Ok, meus amores? É isso! Olho preto nelas.”
Para encerrar o episódio de hoje, a nossa editora de cultura Bruna Bittencourt, indica duas biografias fresquinhas sobre a arquiteta Lina Bo Bardi. Conta pra gente, Bruna!
“O assunto da semana é Lina Bo Bardi. A arquiteta ítalo-brasileira é tema de duas biografias, lançadas na última sexta-feira, Lina Bo Bardi — O que eu queria era ter história, de Zeuler Lima (Companhia das Letras), e Lina: Uma biografia, de Francesco Perrotta-Bosch (Todavia). São mais de mil páginas biográficas sobre a arquiteta, que neste ano foi escolhida para receber um Leão de Ouro póstumo pelo conjunto de sua obra. E tem matéria no site da Elle sobre os livros de Lina, que, além de arquiteta, foi cenógrafa, curadora de exposições, professora, pintora e designer de móveis. Entre as obras mais emblemáticas de Lina estão o Masp, o Sesc Pompeia e o Teatro Oficina, que o jornal inglês The Guardian apontou como o melhor projeto arquitetônico do mundo para um teatro — os três prédios estão na capital paulista. A matéria fala sobre esses e outros projetos, além da relação especial que ela teve com a Bahia. Pra terminar, a gente fica com Erlend Oye, metade do Kings of Convenience, cantando em italiano.”
Este episódio usou trechos das músicas Everybody Dance, de Chic; Daddy Cool, de Boney M.; Last Dance, de Donna Summer; Mandinka, de Sinéad O’Connor, e um trecho do desfile Cruise 2021/2022 da Chanel.
E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro.
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