O fenômeno Kanye West

O Air Yeezy 1 de Kanye West foi vendido por quase 10 milhões de reais, alcançando assim a marca de tênis mais caro da história. Neste episódio, explicamos esse negócio sem igual no setor de streetwear e aproveitamos para falar do fenômeno Kanye West na moda.


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Na última segunda-feira, dia 26 de abril, a casa de leilão Sotheby’s anunciou que bateu um recorde: ela coordenou a venda dos tênis mais caros do mundo. Trata-se do protótipo do modelo Nike Air Yeezy 1, de Kanye West, usado pelo cantor na cerimônia do Grammy Awards, que aconteceu em fevereiro de 2008.

Neste dia, Kanye West cantou a música Stronger, de seu terceiro álbum, o Graduation, e a faixa Hey Mama, do disco Late Registration, o que foi uma homenagem à sua mãe, Donda West, que havia falecido há pouco tempo, na época. Nesta apresentação, ele também revelou a sua primeira parceria de moda, feita então com a Nike, algo que era muito esperado pelos seus fãs e pelos sneakerheads.

Agora voltando para os tênis… Sabe por qual valor ele foi arrematado? Um milhão e oitocentos mil dólares. Isso mesmo, algo em torno dos 9 milhões setecentos e setenta e seis mil reais. E, exato, este é um recorde. Até então, o tênis mais caro do mundo era um par de Air Jordan, modelo também da Nike, usado por Michael Jordan, em 1985. Ele foi vendido por 560 mil dólares, em maio de 2020.

Mas se engana quem pensa que um fã do rapper ou um sneakerhead aficionado adquiriu a peça milionária de Kanye West. Na verdade, ela foi comprada pela plataforma de investimentos Rares, durante uma venda privada em Hong Kong.

E é aí que tudo fica ainda mais interessante, para dizer o mínimo. A Rares é uma plataforma de investimento e, na verdade, vai fracionar o tênis em ações. Ou seja, quem quiser comprar uma ação do Air Yeezy poderá, porque a empresa listará o item na bolsa de valores. Depois, será possível revender as ações dos tênis, conforme as suas variações na bolsa, a depender da oferta e demanda por ele.

O CEO da Rares, Gerome Sapp, um ex-jogador de futebol americano, jura que a principal motivação para essa transação não é a especulação financeira. Segundo Gerome: “Nosso objetivo com a compra de um tênis tão icônico e parte da história do streetwear é o de promover e empoderar as comunidades que criaram a sneaker culture. Queremos continuar a identificar maneiras de elevar, preservar e defender a cultura dos tênis”.

Pode soar um grande exagero, e em boa parte é, mas a venda realmente significa um fomento para o mercado dos tênis, que agora passa a ser entendido como detentor de peças colecionáveis e tão desejáveis e valiosas quanto um item de arte. De acordo com analistas da empresa financeira Cowen, o mercado de venda de tênis colecionáveis pode representar 30 bilhões de dólares no mundo, em menos de dez anos.

Para se ter uma ideia, a própria casa de leilão de itens de luxo britânica que coordenou a venda do Air Yeezy, a Sotheby’s, já tem uma seção específica para produtos de streetwear e colecionáveis modernos. De acordo com o head deste departamento na Sotheby’s, Brahm Watcher: “Esta venda fala muito sobre o legado de Kanye West como um dos maiores designers de roupa e de acessórios do nosso tempo, além da Yeezy que ele construiu e virou um titã da indústria”.

O modelo de couro preto, cano alto e perfurações na parte superior foi desenhado por Kanye West com o designer Mark Smith em 2007, mas, na verdade, nunca chegou a ser lançado. Só depois, em 2009, que estilos parecidos foram vendidos ao público. Na época, um Air Yeezy podia ser adquirido por 215 dólares, mas eles chegavam a ser revendidos em sites, como o Ebay, por cerca de 8 mil. Estes foram, inclusive, um dos produtos que impulsionaram a cultura do resale de peças de streetwear. No entanto, a parceria de Kanye West com a Nike acabou, por causa de desacordos em relação aos royalties.

Em 2013, o cantor se juntou então com a maior rival da Nike, a Adidas. E foi com a empresa esportiva alemã que ele prosseguiu a parceria de produção da Yeezy, não só com tênis, mas com roupas também. E, vale dizer aqui, uma parceria de muito sucesso. Só a linha de tênis da Yeezy já foi avaliada, em 2019, na faixa de 1 bilhão de dólares.

Segundo a Bloomberg, todo o guarda-chuva Yeezy, porém, pode ser avaliado em até 4,7 bilhões de dólares. Isso porque além da Adidas, Kanye West assinou também um acordo com a Gap no ano passado para produzir vestuário na etiqueta estadunidense. A colaboração Yeezy Gap é esperada para ser lançada ainda no meio deste ano.

Muitos adjetivos podem ser usados para descrever essa figura gigante do showbizz: polêmico, controverso e indiscutivelmente um fenômeno.

Ele tem 21 prêmios Grammy e é igualmente gigante na moda. De um estágio na Fendi, em 2008, feito com o colega Virgil Abloh, hoje o diretor criativo do masculino da Louis Vuitton, Kanye West fez uma sucessão de parcerias com marcas como Nike, Adidas, Balmain, Martin Margiela e Louis Vuitton até lançar a sua própria Yeezy, com a qual chegou a fazer parte até mesmo do calendário da Semana de Moda de Paris.

A questão é que tudo que o músico coloca a mão parece vender como água. Até mesmo a homenagem que ele fez ao amigo e rapper DMX, que faleceu no dia 9 do último mês, foi um boom de vendas. Kanye West pediu a Balenciaga que produzisse uma tiragem limitada de camisetas em homenagem ao colega. Elas foram lançadas no site dmx-tribute.com, no fim de semana retrasado, e esgotaram no mesmo dia. Todo o dinheiro foi repassado para a família de DMX.

Outra prova de que este nome rende e muito é o fato de que a Netflix fez uma compra milionária de filmes que acompanham cerca de duas décadas da vida do superstar, incluindo momentos como o seu relacionamento com Kim Kardashian e a sua fracassada investida numa candidatura presidencial, nos Estados Unidos, no ano de 2020. Segundo a Billboard, a série está prevista para ser lançada ainda em 2021.

Alber Elbaz morre de Covid-19

No dia 24 de abril, faleceu em Paris um dos nomes mais queridos da moda: Alber Elbaz, aos 59 anos de idade. O estilista morreu de Covid-19 e a notícia foi confirmada pelo Grupo Richemont, empresa com a qual ele havia lançado no começo do ano uma marca nova, que representava a sua grande volta à moda.

Em uma nota oficial, Johann Rupert, fundador e presidente da Richemont disse: “Foi um privilégio assistir Alber em sua última investida na moda realizando o sonho de criar uma marca inteligente que se importa com as pessoas. Ele foi um homem de talento e calor singulares. Sua visão, seu senso de beleza e sua empatia deixarão uma marca indelével na história da moda”.

Alber Elbaz nasceu no Marrocos e foi criado em Israel, país onde foi sepultado na última quarta-feira, dia 28. Nos anos 1980, ele se mudou para Nova York, onde deu início a uma carreira que ficaria escrita na história da moda contemporânea. Elbaz começou a trabalhar como assistente do designer estadunidense Geoffrey Beene e, depois, capitaneou a francesa Guy Larroche, a partir de 1996.

Ele passou ainda por três temporadas à frente da Rive Gauche, a linha de prêt-à-porter da Saint Laurent, mas o grande momento de sua carreira viria a acontecer em 2001, quando foi chamado para ser o diretor criativo da Lanvin. O estilista ficou na casa até 2015, revitalizou a grife centenária, com humor, uma visão apaixonada pela moda, além de uma dedicação sem igual às mulheres que vestia.

Em 2020, como falamos há pouco, ele decidiu fazer seu comeback à moda por meio da etiqueta AZ Factory. No primeiro episódio do ELLE News deste ano nós falamos deste retorno de Alber Elbaz e explicamos a trajetória do estilista que certamente ficará para sempre lembrado nessa indústria. Convidamos todos a ouvir mais uma vez esse episódio. É o #31 do ELLE News.

Felipe Oliveira Baptista sai da Kenzo

Foi breve a passagem do estilista português Felipe Oliveira Baptista pela Kenzo. Na semana passada, a empresa anunciou que ele vai deixar a marca em junho, quando termina seu contrato.

Baptista havia assumido a direção criativa da Kenzo em julho de 2019, substituindo os estadunidenses Humberto Leon e Carol Lim, que saíram da Kenzo para tocar a marca própria da dupla, a Opening Ceremony.

Durante o período em que esteve na casa, o designer português levou a Kenzo de volta ao calendário da Semana de Moda de Paris. A imprensa francesa, por sinal, era uma entusiasta do trabalho de Baptista, que em suas coleções manteve a veia streetwear fashionista dos antecessores, além de introduzir referências das suas origens açorianas e celebrar o legado do fundador da marca, Kenzo Takada, que morreu no ano passsado, em decorrência da Covid-19.

A Kenzo faz parte do grupo LVMH, que também detém as marcas Dior, Louis Vuitton, Celine e Loewe, entre outras. Nos últimos meses, o conglomerado de luxo fez alguns ajustes em seu portfólio: encerrou as operações da marca Thomaz Pink e o do ready-to-wear da Fenty, desfez a sociedade com o sapateiro Nicholas Kirkwood, e finalizou o contrato do diretor criativo Kris Van Assche na Berluti.

Assim como no caso de Van Assche, não se sabe ainda quem vai entrar no lugar de Baptista na Kenzo. O designer também ainda não divulgou seus próximos passos. Baptista já passou por grifes como Max Mara e Cerruti, abriu uma marca própria e fez um trabalho muito elogiado como diretor criativo da Lacoste.

Em seu perfil no instagram, ele postou novamente a imagem de seu bloco de notas com a frase: O fim de um capítulo, não de um livro. E escreveu: “Eu postei este desenho pela primeira vez em 2013, quando paramos a nossa marca. Então, de novo, em 2018, quando deixei a Lacoste, e de novo hoje, no fechamento do capítulo Kenzo. Para novos capítulos lindos, selvagens e livres.”

Grupo Soma compra a Hering

No varejo, as vendas do mercado de moda ainda não conseguiram retomar o ritmo de antes da pandemia. Por outro lado, na bolsa de valores, as negociações estão a todo vapor.

Na segunda passada, dia 26, o Grupo Soma anunciou um acordo para incorporar a Companhia Hering, numa transação de 5,3 bilhões de reais.

O anúncio foi uma reviravolta em uma história que começou em meados de abril, quando a Hering divulgou que havia recusado uma proposta de fusão feita pela Arezzo, que havia oferecido cerca de 3,3 bilhões de reais para a companhia catarinense.

Muita gente apostava que a Arezzo faria uma nova proposta e o casamento entre as duas companhias ainda ia sair, como a gente comentou aqui no ELLE News na época.

Mas quem acabou levando a Hering foi mesmo a Soma, grupo que já agrega as marcas Animale, Farm, Cris Barros e Maria Filó, entre outras.

Com a chegada da Hering, o Grupo Soma deve se tornar o quinto maior player do mercado de vestuário no Brasil, de acordo com analistas do BTG Pactual.

A negociação ainda precisa ser aprovada pelos órgãos reguladores e deve ser concluída até o final de junho.

 

A Valentino enfim anunciou que vai, sim, ter uma linha própria de beleza. E quem conta tudinho sobre essa novidade bastante aguardada é Pedro Camargo, nosso editor de beleza!

“Gente! Notícia boa para as make-up lovers. A Valentino está chegando aí finalmente com a sua linha de beleza. Há um tempão eu comecei a seguir aquele perfil que apareceu nas redes sociais, o Valentino Beauty. Eles fizeram aquele lançamento com a Lady Gaga, do perfume Voce Viva. Mas eu fiquei curiosíssimo: será que eles fizeram tudo isso só para um perfuminho? E eis que não! Aparentemente até o dia primeiro de junho já dá para fazer pre-order, ao menos nos Estados Unidos, e vem aí uma linha completa de maquiagem. Serão 40 tons de base, 50 batons e uma série de produtos para o olho que são chamados como produtos experimentais para o olhar. Estou curiosíssimo para saber mais sobre isso, porque a Valentino tem feito belezas extraordinárias na passarela. Quem assina a beleza da Valentino, em geral, é a Pat McGrath. E ela faz as coisas mais lindas do mundo lá. E o Pierpaolo está diretamente envolvido, porque geralmente o diretor criativo dá um oversee, mas não é quem de fato dirige. Eu acho que tem tudo para bombar, principalmente por esses produtos misteriosos de olho. Babado, confusão e gritaria. Vamos ver qual é que é.”

Para encerrar o episódio de hoje, a nossa editora de cultura Bruna Bittencourt, traz a dica da semana. Conta pra gente, Bruna!

“Estreou há poucos dias nos EUA e ontem no Brasil a quarta temporada de O Conto da Aia, ou Handmaid’s Tale no título original. A premiada série retorna depois de um hiato de dois anos. E se você nunca assistiu a O Conto da aia, se prepara porque a trama distópica não é bolinho e exige fôlego. A série se passa em Gilead, uma sociedade totalitária, que um dia já foi os Estados Unidos. Ali, as poucas mulheres férteis, as aias, são estupradas em cerimônias de reprodução, e as inférteis são enviadas para colônias de trabalho escravo. E é neste cenário que June, interpretada por Elisabeth Moss (de Mad Men), se rebela. O Conto da Aia é baseado no livro homônimo de Margaret Atwood, publicado em 1985. A escritora canadense lançou no ano retrasado Os testamentos, que se passa 15 anos depois dos acontecimentos do primeiro livro, mas ainda não foi incorporada à trama. Os testamentos foi vencedor do Booker Prize e Atwood, que tem uma longa carreira, é sempre apontada como uma das possíveis vencedoras ao Nobel de literatura, mas ainda não levou o prêmio para casa. A nova temporada está disponível no serviço de streaming Paramount+, que também oferece as três anteriores, assim como o Globoplay. Para terminar, a gente pinça da ótima trilha da série Kate Bush, com “This Woman’s Work”, que toca em um dos melhores episódios da série.”

Este episódio usou trechos das músicas Stronger e Hey Mama, ambas de Kanye West; Smile, cantada por Nat King Cole; This Woman’s Work, de Kate Bush; e um trecho do comercial do perfume Voce Viva, da Valentino, cantado por Lady Gaga.

E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro.

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