Resale e 47ª Casa de Criadores
Neste episódio, a gente explica o fenômeno dos resales, dos brechós online e como a pandemia acelerou as vendas de peças de segunda mão.
- De zero glamurosa à uma escolha orgulhosamente sustentável, o resale ajuda a impulsionar uma economia mais circular na moda;
- Tadeu Alemida, fundador do brechó online Repassa explica esse formato de negócio. E Marina Santa Helena, apresentadora dos podcasts Um Milkshake Chamado Wanda e Estilo Possível reflete sobre a busca por um consumo mais consciente;
- E ainda: os melhores momentos da Casa de Criadores e tudo o que já sabemos sobre as novas apresentações de Balenciaga e Chanel!
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No princípio, era o eBay – site onde se negocia de tudo e mais um pouco. Depois, surgiram plataformas online como Vestiaire e The RealReal, que passaram a oferecer curadoria de moda, autenticação de peças e um serviço descomplicado para o resale de roupas e acessórios.
Os millennials aprovaram, a geração Z aplaudiu. Nos últimos anos, esse mercado explodiu – inclusive no Brasil, com o crescimento de empresas focadas no digital, como Enjoei, Repassa e a Troc, que acabou de ser comprada pelo grupo Arezzo. Gigantes da moda como Levi’s e Gucci também deram os primeiros passos neste caminho nos últimos meses.
Neste episódio, a gente explica o fenômeno dos brechós online e conta como a pandemia ajudou a acelerar globalmente as vendas de peças de segunda mão.
“Pre-loved”, “pre-owned”, os termos são muitos para definir as peças de segunda mão que voltam ao mercado e fazem a moda circular. Essa vida prolongada já foi vista como zero glamurosa, mas, felizmente, o cenário mudou.
Primeiro, porque é uma escolha mais sustentável, que desponta em um momento em que estamos todos questionando nossos hábitos de consumo. Segundo, porque a tecnologia deixou o processo de compra e venda mais acessível, prático e até divertido. Em especial para a Geração Z, que, em vez de ser indiferente, tem orgulho de vestir peças de resale.
As plataformas surgidas nos últimos anos atendem aos desejos desse público. Por exemplo, a Depop, um misto de rede social e brechó online com sede na Inglaterra. Com 20 milhões de usuários em 147 países, o aplicativo teve um crescimento de 300% na venda de itens entre janeiro e abril, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Isso porque a propagação da Covid-19 intensificou mudanças que já estavam em curso no consumo global. Com a humanidade em xeque, a desaceleração da economia mundial e uma maior preocupação com as questões ambientais, a busca por práticas mais sustentáveis se tornou prioridade para muita gente.
O momento é difícil, mas as projeções para o segmento de roupas usadas são das mais otimistas. Um estudo da GlobalData para o ThredUp, um dos maiores brechós on-line do mundo, com sede em São Francisco, estimou que o mercado de roupas de segunda mão irá crescer de 28 bilhões de dólares em 2019 para 64 bilhões em 2024.
Há cinco anos, o publicitário Tadeu Almeida fundou em São Paulo o brechó online Repassa, com um conceito prático e inovador: depois de entrar em contato com a plataforma, você recebe em casa a Sacola do Bem, para ser preenchida com os itens que deseja vender. Depois que cada peça é comprada, o antigo dono pode optar por ajudar projetos sociais e ambientais com uma parte ou o valor total da transação.
O Repassa se transformou em uma das mais bem-sucedidas experiências do gênero no País, e este ano recebeu um aporte de R$ 7,5 milhões, numa rodada liderada pela Redpoint eventures, que investe em startups. Sinal da efervescência desse segmento, inclusive no Brasil, que tende a crescer cada vez mais, como conta o Tadeu:
“Desde a fundação do Repassa, em 2015, nosso mercado não parou de crescer. O mercado de second hand e de resale de forma geral em 2019 cresceu 25 vezes mais rápido que o retail, o varejo tradicional de moda. Segundo a ThredUp, um benchmarking global, principal empresa do nosso setor, esse mercado vai ser maior que o mercado de fast fashion até 2029. Dá para ter uma ideia do potencial e do tamanho da tendência que o consumo de segunda mão acaba se tornando. Isso é muito motivado pelos consumidores que estão ficando mais conscientes, tanto com questões ambientais e de impacto quanto em relação à utilidade das peças. A gente cada vez mais valoriza o uso e a utilidade das coisas nessa economia compartilhada do que a posse em si.”
Para Tadeu, o aumento da procura pelo resale durante a pandemia se deu por dois motivos. O primeiro foi econômico porque o mercado de roupas de segunda mão surfa bem nos momentos de bonança, mas também durante as crises, quando as pessoas tendem a buscar novas formas de ganhar dinheiro ou gastar menos em suas compras. De acordo com ele:
“Outro fator é que a gente teve tempo para pensar. A gente viu a poluição do mundo diminuindo, a vida selvagem voltando, a gente teve um ganho de consciência de consumo durante esse período, e isso é mais um fator que impulsiona muito nosso mercado. O posicionamento do Repassa é totalmente vinculado a isso, é um dos nossos grandes pilares. A gente teve esse ganho acelerado de consciência de consumo também e que, de novo, é uma tendência que veio para ficar. A gente acredita que marcas e empresas que não se posicionarem dessa forma vão ficar para trás e as que se posicionarem de forma pioneira vão acabar tendo uma fidelidade, um engajamento do seu público sem igual.”
As marcas de luxo, inicialmente receosas de que a venda de peças usadas na internet afetasse seus negócios, começaram a mudar de lado desde o ano passado. Tudo indica que o resale pode ser um novo aliado das grandes grifes para aumentar a base de consumidores.
Um estudo do Boston Consulting Group, publicado no ano passado, destrinchou as engrenagens desse sistema. O mercado de segunda mão funciona como uma porta de entrada para o luxo, atraindo consumidores que ainda não podem comprar os lançamentos das marcas.
Por outro lado, as peças costumam ser vendidas por pessoas que usam o dinheiro da transação para reinvestir em artigos novos em folha – entre os participantes da pesquisa, 32% disseram que esse foi o principal motivo da venda. Em resumo: o mercado secundário serve como uma espécie de apoio para o primário. Cria-se, assim, uma economia circular do luxo, que estende o ciclo de vida útil das peças.
Sempre pioneira no assunto, Stella McCartney é parceira desde 2017 da plataforma The RealReal, que tem mais de 17 milhões de usuários. Em 2018, a estilista inglesa passou a dar um voucher de 100 dólares para ser usado em suas lojas aos que vendessem peças antigas de sua marca no e-commerce – ou melhor, no recommerce, para usar o termo da vez.
Hoje, Stella não está sozinha. A Burberry passou a apoiar no fim do ano passado a moda circular promovida pelo The RealReal, que lançou a hashtag #ReBurberry. A última potência da moda a anunciar ação semelhante com a plataforma foi a Gucci, que criou no mês passado uma loja online, abastecida com uma seleção de produtos de consignadores e peças fornecidas pela própria marca. A cada item vendido, uma árvore é plantada por meio da ONG One Tree Planted.
Outras empresas investiram em ferramentas próprias de resale nos últimos meses. Foi o caso da Levi’s, marca disputada pelos jovens em brechós mundo afora, que decidiu acelerar durante a pandemia uma plataforma digital que já estava em andamento, a Levi’s Secondhand. A COS, grife do grupo H&M, também lançou o projeto Resell, um site para revenda e compra de suas peças.
E, na prática, como essas transformações têm impactado a vida de pessoas que veem a moda como uma ferramenta de expressão pessoal? Convidamos Marina Santa Helena, apresentadora dos podcasts Um Milkshake Chamado Wanda e Estilo Possível, para contar suas experiências e falar sobre sua busca por um consumo mais consciente.
Apresentadora de TV, ela tinha um estilo minimalista até começar a se dedicar à moda. Fez cursos de styling e consultoria de estilo, e começou a testar modelagens, cores, novas propostas. O guarda-roupa cresceu, mas Marina descobriu que gostava mesmo era do minimalismo. Se desfez de peças na plataforma Enjoei e ficou próxima de um serviço de guarda-roupa compartilhado, o Roupateca. Mas, trabalhando agora também como stylist, o acervo de peças cresceu novamente e ela teve que exercitar de novo o desapego, como ela contou pra gente:
“Oi, pessoal do Pivô; oi, pessoal da Elle Brasil! Eu estou muito feliz por estar aqui participando porque sou muito fã desse podcast. Obrigada pelo convite! E ainda mais para falar de um tema como esse, que está muito presente na minha vida, o consumo consciente e a economia circular. Foi pensando nisso que este ano eu comecei a tomar algumas atitudes para tentar diminuir, vi que esse tanto de peças, esse tanto de acervo não fazia muito sentido. Eu estava fazendo uma migração de profissão de novo e comecei a entender o que eu poderia fazer com isso. Aí eu resolvi fazer uma grande venda no Enjoei, este ano estou fazendo uma venda de Natal lá. Ganho muitas roupas de marcas que faço publicidade e eu acabo não usando tanto. Tem peças que usei uma vez ou que eu nunca usei. Eu comecei a vender, e a verba vai ser revertida para um projeto que eu gosto muito aqui de São Paulo, para quem eu torço muito, que é do Padre Julio Lancelotti, que cuida das populações de rua. Acho superimportante pensar também como essa verba da venda de roupas pode ser revertida para um projeto social ou alguma coisa que ajude as pessoas de alguma forma.”
Para evitar o acúmulo de roupas, Marina recomenda que a gente questione sempre as novas compras e se elas combinam com nosso estilo pessoal. Porque, ainda que seja uma forma de reaproveitamento, o consumo de roupas usadas ainda é consumo. E essa possibilidade de revenda e troca fácil pode também ter um efeito contrário e fazer com que as pessoas consumam ainda mais. Quem abordou essa questão foi a nossa colunista Marina Colerato no texto “E se… só comprássemos roupas usadas. Vale entrar no nosso site e ver esse contraponto que a Marina Colerato faz. A Marina Santa Helena, por sua vez, conta aqui como faz para não cair no exagero das compras para o guarda-roupa:
“Hoje eu paro para pensar muito se eu realmente preciso daquela peça. Por exemplo, está tendo Black Friday, um monte de promoção. Será que eu preciso mesmo dessa peça, será que ela condiz com meu estilo pessoal? Acho que aí a consultoria de estilo, que foi a carreira que eu desempenhei nos últimos anos, ajuda muito. O que eu quero com as minhas roupas, que informação de moda que eu quero passar? Aí a gente acaba não comprando mais qualquer coisa, acaba não sucumbindo a promoção, a pegar mais uma blusinha, mais uma peça. Isso ajuda bastante. No meu caso, ter muita roupa no guarda-roupa prejudica minhas escolhas muito mais do que ajuda. Eu acabo ficando confusa, sem saber direito o que usar. Acabo usando só aquele cantinho que tem dez cabides do guarda-roupa, usando aquilo em looping.”
Os highlights da 47ª Casa de Criadores
E, como a gente havia adiantado em nosso último episódio do Pivô, a Casa de Criadores, o maior evento de moda do país com objetivo de impulsionar o trabalho de jovens designers, começou na última segunda-feira, no dia 23, a sua quadragésima sétima edição em formato completamente digital. As apresentações ficaram disponíveis no site oficial da CDC, para que todo mundo pudesse acompanhar.
Nós separamos aqui alguns dos highlights dessa semana, que contou com 32 marcas, sendo 7 delas estreantes. Com essas marcas novas, o objetivo do evento foi o de diversificar ainda mais o seu casting de novos designers, incluindo mais estilistas negros, transexuais, indígenas ou asiáticos.
O evento também lançou a campanha Sou Potência, na qual cinco marcas participantes lançaram camisetas em celebração à criatividade negra. A iniciativa teve a participação do Movimento Sou de Algodão e o Célula Preta, coletivo criado em junho por estilistas negros com o objetivo de ampliar as conversas sobre racismo dentro e fora da Casa de Criadores.
André Hidalgo, diretor artístico, curador e idealizador do evento fez um discurso logo na abertura, comentando da necessidade de mudanças estruturais na indústria de moda, que tenham o intuito de explicar melhor os seus processos internos, saber dialogar e ser transparente. De acordo com André “é necessário um projeto antiviolência, antirracista, antimachista, antitransfóbico e antigenocida na moda.”
No primeiro dia, Hisan Silva e Pedro Batalha, estrearam a sua marca soteropolitana Dendezeiro. Com nome de Transatlântico, o vídeo que apresenta a coleção enxuta, com pesquisa em alfaiataria e streetwear da casa, faz referência à ancestralidades, mais especificamente à diáspora negra nas Américas. É olhando para o passado, que a dupla procura desvendar o futuro, onde o embranquecimento social e cultural do país possa ser combatido. Como? Por meio da valorização de profissionais diversos, e a celebração das modas nordestinas, de acordo com os dois.
Dario Mittmann foi de um único look. E, detalhe, um look que não existe no mundo físico. Trata-se de um vestido de barra assimétrica, mangas volumosas e tecido metalizado todo franzido que foi modelado digitalmente sobre o corpo da modelo Gabriela Van de Beld. Chamando a própria produção de skin, que é um termo comum no mundo dos games e dos avatares virtuais, o designer contou a ELLE que a sua intenção era a de romper limitações da criação física, explorar conceitos de biodesign e futurismo tecnológico.
Isso me lembrou bastante de uma edição nossa da ELLE View, né Pat! A de agosto desse ano, na qual mergulhamos sobre o universo das roupas digitais. Isso mesmo, as roupas que existem apenas virtualmente e estão fazendo uma revolução dentro da indústria. Vale muito ler essa edição completa, que está disponível pra assinantes no site da ELLE.
Outro grande destaque dessa edição foi um amadurecimento de imagem na produção de Diego Gama, apresentando uma de suas coleções mais bonitas e interessantes de sua carreira. Dado a criação artesanal e as experimentações têxteis, ele não deixou esse seu tipo de pesquisa de lado. De fato, algumas das peças chegam a pesar mais de 15kg e demoraram semanas para ficarem prontas. O acerto? A maioria das peças podem atender um público mais facilmente porque o estilista encontrou um viés possível de comunicação apesar da sua base bastante conceitual.
E a Kengá Beachwear mais uma vez se destacou pelo bom-humor. Mas não só. Com uma coleção inspirada no Brás, região de comércio de roupa popular em São Paulo, a dupla Janaína Azevedo e Livia Barros, nomes à frente da marca, foi bem esperta ao celebrar não só um dos pontos mais importantes de comércio de moda no país como também uma verdadeira cultura popular brasileira, muitas vezes rechaçada, tachada de brega. Com o descarte de fornecedores do próprio Brás como material para suas produções, elas conseguiram desenhar os códigos essenciais da Kengá: maiô, body, vestido micro e look colado no corpo.
E, como costuma fazer, Rober Dognani, mais uma vez emocionou. Não é à toa que ele é um dos nomes mais esperados em toda edição que participa da Casa de Criadores. Nessa temporada, o estilista não tava muito a fim de tirar uma coleção do papel, já que não poderia se apresentar em uma passarela, que é o seu show principal.
Mas o stylist Davi Ramos chegou e fez uma proposta: e se Rober fizesse uma coleção de roupas para a sua modelo preferida, o ícone dos anos 1990 Cláudia Liz? Aí não teve jeito. Rober concordou sem nem piscar e produziu seis looks ultravolumosos, uma celebração à moda, de vinil, lona, tule e organza. Em um desses looks, mais de 200 metros de tecidos foram usados nesta que foi uma grande homenagem a ex-modelo. Aliás, a gente conversou com o Rober e a Claudia e essa entrevista está lá na íntegra no site da ELLE, assim como toda a cobertura da 47 Casa de Criadores.
Coloque na agenda as próximas apresentações de Balenciaga e Chanel
Pois é, o ano não está sendo nada fácil para as marcas acostumadas a fazer desfiles grandiosos com plateias estreladas nas principais fashion weeks internacionais. Inovar e levar emoção para o meio digital é um desafio e tanto – mas a Balenciaga promete tudo isso em seu inverno 2021, que será apresentado ao público no próximo dia 6 de dezembro.
A coleção será revelada no videogame “Afterworld: The Age of Tomorrow”, que avança até o ano de 2031. Nesse futuro próximo, o jogo terá ambientes e personagens criados digitalmente, vestidos com os novos looks da Balenciaga. O destino humano surge em uma jornada interativa e “gamificada” – a ideia é proporcionar uma experiência digital pioneira, mais do que vender as roupas da grife.
A proposta é a cara da marca comandada por Demna Gvsalia, que sempre imprime irreverência, das roupas aos desfiles com atmosfera dramática, passando pela comunicação. Na última semana de moda de Paris, em outubro passado, virou hit o filme com modelos andando pelas ruas da capital francesa ao som de “I Wear My Sunglasses at Night”, que a gente acabou de ouvir.
E é também em dezembro que tradicionalmente acontece o desfile Métiers d’Art da Chanel, que vai por outro caminho, bem longe do clima hi-tech da Balenciaga. A apresentação da Chanel acontecerá sem plateia, de portas fechadas, no histórico Château de Chenonceau, no vale do Loire. Gravado nesta terça, dia 1º, o desfile será revelado ao público no dia 3 no site e nas mídias sociais da marca.
E quem vai dar a dica da semana é uma pessoa nova na equipe. A Bruna Bittencourt, que já escreveu várias reportagens pro site, pra ELLE View e pra edição impressa da ELLE, é agora a nossa editora de cultura. E a gente, mais do que depressa, já catou a coleguinha pra dar uma dica pro podcast. Fala, Bruna!
“Oi, gente, minha dica é o livro Pessoas Normais, da Sally Rooney, uma autora irlandesa premiada, que ainda nem completou 30 anos. O livro foi adaptado como série pela BBC e fez muito barulho quando estreou em abril por conta do realismo das cenas de sexo dos protagonistas. A série também foi indicada a quatro Emmys, incluindo o de melhor ator, para o Paul Mescal. Na história, a gente acompanha as idas e vindas de um casal, do fim da adolescência à faculdade. E esse o romance entre um garoto popular e uma garota outsider na escola, sob diferenças de classe social, tinha tudo pra ser um clichê, mas a Rooney transforma isso numa história muito sensível. O livro foi lançado no Brasil pela Companhia das Letras e a série está disponível no pelo Starz Play.”
Este episódio usou trechos das músicas Brechó, de Luísa e os Alquimistas, I wear my Sunglasses at night, de Corey Hart e um trecho da apresentação da Dendezeiro e da Kengá Beachwear, para a quadragésima sétima edição da Casa de Criadores.
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