Pieter Mulier na Alaïa e a TV de Virgil Abloh

Neste episódio, comentamos a contratação de Pieter Mulier na Maison Alaïa, o canal de televisão digital criado por Virgil Abloh para a nova coleção da Off White e damos um giro pelas principais notícias de moda da semana!


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Três anos após a morte de Azzedine Alaïa, a Maison Alaïa enfim anunciou um sucessor para a direção criativa da marca: Pieter Mulier, o designer belga até então conhecido no mundo da moda como o braço direito de Raf Simons, ganha agora a oportunidade de escrever um legado próprio.

Neste episódio, a gente conta um pouco mais sobre essa nomeação e dá um giro nas principais notícias de moda da semana: do canal de televisão digital criado por Virgil Abloh, para apresentar a mais nova coleção de verão da Off White, ao novo lançamento da Nike, um tênis esportivo que não precisa do auxílio das mãos para ser calçado.

Desde 2017, quando Azzedine Alaïa, um dos maiores costureiros do século 20, faleceu, a casa que ele fundou estava sem um diretor criativo. Agora, não mais. Na última sexta-feira, dia 5, o belga Pieter Mulier foi anunciado para ocupar o cargo na Maison Alaïa – um posto que é sem dúvida um dos mais desejados do mercado.

Quem contou a boa nova foi Myrian Serrano, CEO da Maison Alaïa. No anúncio, ela disse que este é um momento bastante emocionante para casa, porque se trata da oportunidade de levar a herança do estilista tunisiano para o futuro. Segundo ela, Pieter Mulier tem talento técnico e devoção ao ofício, além de um um olhar afiado para a execução e um senso de beleza atemporal, características perfeitas para a empreitada.

Mulier, por sua vez, informou em nota que “é um sonho ingressar na Maison Alaïa. Farei isso com um grande senso de admiração e responsabilidade, levando adiante o legado de Azzedine, celebrando a feminilidade e colocando as mulheres no centro da criação”.

Azzedine Alaïa foi uma unanimidade entre os costureiros, que reconheciam e rasgavam elogios às suas criações impecavelmente bem executadas e que esculpiam uma silhueta ultra-feminina. Ele também era conhecido e celebrado por não se curvar a várias imposições da indústria, inclusive a do calendário tradicional de moda, preferindo trabalhar com um ritmo próprio. Desde a sua morte, a casa que leva seu nome vinha mantendo reinterpretações dos arquivos deixados pelo designer.

Agora, entra Mulier. O belga estudou arquitetura em Bruxelas e, de cara, começou a estagiar com Raf Simons, na marca homônima do estilista, na Antuérpia. Desde então, a dupla nunca se separou. Com Simons, Mulier foi parar na Jil Sander, em 2006, onde virou o diretor de acessórios da grife. Tempos depois, em 2012, ele acompanhou o colega na ida para a Dior, onde virou o elo entre Simons e o ateliê, na maison francesa. Ele ajudava ali na comunicação entre as duas pontas.

É daí, inclusive, que muita gente o conhece, porque Mulier tem um papel de destaque no documentário de 2014, Dior e Eu, dirigido por Frédéric Tcheng. No longa, Mulier e Simons são acompanhados de perto, enquanto executam a primeira coleção couture assinada por Raf Simons na casa.

Anos mais tarde, quando Raf Simons virou o chefe do departamento de criação da Calvin Klein, foi Pieter Mulier que ele chamou para ser diretor criativo da empresa estadunidense. Na coleção de estreia, para a temporada de 2017, ambos receberam juntos os aplausos no final do desfile. E, quando Raf Simons deixou a marca, em 2018, Mulier também seguiu os passos do amigo, se retirando do cargo que ocupava.

Agora, Pieter Mulier tem tudo pra mostrar um registro, uma assinatura própria, não mais ao lado de Raf Simons, que segue tocando a sua marca homônima e é co-diretor criativo da Prada. Mulier começa imediatamente na Maison Alaïa, em Paris, e tem a sua estreia nas passarelas prevista para a temporada de verão 2022.

Vale lembrar que a Maison Alaïa faz parte do grupo suíço Richemont, que parece estar se chacoalhando em uma renovação. No final de 2020, a Richemont nomeou Gabriela Hearst para a Chloé e, no mês passado, lançou a AZ Factory, em parceria com Alber Elbaz, como comentamos em nosso último episódio do ELLE News. É um time poderoso o que está sendo formado pelo conglomerado!

A TV imaginária de Virgil Abloh

Ao que tudo indica Virgil Abloh está se divertindo, ou ao menos tem usado o desafio imposto pela pandemia de apresentar coleções de um jeito digital, como uma forma de se superar. O vídeo para divulgar o seu inverno 2021 masculino da Louis Vuitton, no final de janeiro, por exemplo, já acumula mais de 1 milhão de visualizações no Youtube. Realmente, foi um show.

E na última terça-feira, dia 2, ele decidiu lançar nada menos do que uma emissora de televisão, para apresentar a coleção de verão 2021 da Off-White, a marca que é dono. Pelo menos, uma emissora imaginária. Trata-se da Imaginary TV, uma estação digital permanente no site da Off-White.

A Imaginary TV conta com programas on-demand capturados em cidades espalhadas por todo o globo. Dentre as atrações estão um documentário, apresentações e performances de 20 artistas escolhidos a dedo por Abloh.

O designer que cresceu assistindo à MTV, quis celebrar a televisão nesta temporada. Para ele, essa plataforma consegue massificar informações importantes com o auxílio da moda, da música e da juventude, por mais tempo. Segundo Abloh, a internet vem moldando a nossa atenção de um jeito muito rápido, diferente da televisão, que ficava imersa em um assunto mais do que poucos segundos. Fora a explicação conceitual, Virgil Abloh também defendeu a Imaginary TV como mais uma maneira de conectar uma rede global de criativos.

E foi nessa TV imaginária que ele apresentou a mais nova coleção da Off White. Intitulada Adam is Eve, algo como Adão é Eva, o desfile foi ambientado em salas que ora pareciam uma galeria de arte, ora ecoavam um Éden, com grama e tudo. Nas roupas, o foco foi por uma maior liberdade identitária de gênero. Com styling assinado por Ibrahim Kamara, o mais novo editor-chefe da revista inglesa Dazed, homens e mulheres usavam saias longas e plissadas, vestidos de tricô, tops e decotes. Esse remix nos papéis de gênero foi feito também com o uso de várias camadas, como quando um top de alcinha fica em cima de uma camisa de escritório, ou no jogo de texturas, com a alfaiataria usada junto com vestidos fluidos.

Além disso, a apresentação se destacou por ser uma das raras com coberturas faciais. No desfile, elas aparecem como lenços feitos com o mesmo tecido ou na mesma cor do look, cobrindo o rosto de alguns modelos. Vale lembrar que, de acordo com as recomendações sanitárias, usar um lenço não anula o uso da máscara, mas a imagem dá um recado importante: é necessário praticar esse dever cívico, coletivo, de combate a pandemia de Covid-19.

A coleção segue o modelo, see now, buy now, o veja agora, compre agora, e já tem as peças disponíveis no site oficial da Off-White e no e-commerce Farfetch. Talvez um pouco irônico aí para quem estava questionando como a web moldou a nossa relação com o tempo… Deixou tudo muito ligeiro, mas vale bastante ver essa apresentação.

Sem as mãos!

E se você simplesmente pisasse no seu calçado e ele abraçasse o seu pé sem a necessidade de usar as mãos? Bem, o mais novo lançamento da Nike vem com essa proposta.

O Nike GO FlyEase é o primeiro modelo da história da casa que não precisa do auxílio das mãos para ser calçado. O jeito de usar é bastante simples, bem intuitivo, porque recupera um pouco aquela movimentação dos preguiçosos, de tirar o tênis de um pé com o outro pé, pisando no calcanhar. Sabe?

Mas, se o conceito é simples, tem muita engenharia por trás desse design mais acessível e capacitador. Segundo a Nike, duas ferramentas foram fundamentais para a elaboração do modelo. A primeira é uma dobradiça biestável, que permite que o sapato fique completamente estável quando aberto e quando fechado. Ou seja, ele fica lá aberto, pronto para ser calçado. Assim que o pé se encaixa dentro dele, essa dobradiça se fecha com segurança. Não abre mais. A não ser que você faça aquela movimentação de soltar um tênis com o outro pé, pisando no calcanhar. Para isso, existe uma sobra da sola na parte de trás. Por fim, a segunda ferramenta é um tensionador, uma faixa resistente que envolve as laterais do tênis, feita do mesmo material da sola, que dá firmeza ao calçado.

Sarah Reinertsen, uma triatleta paraolímpica, foi a designer-chefe responsável pelo modelo. A tecnologia FlyEase já vem sendo empregada pela Nike em seus calçados há alguns anos. Ela foi inspirada em Matthew Walzer, que nasceu com paralisia cerebral e escreveu para a Nike em 2012 pedindo por modelos que lhe dessem maior autonomia na hora de vestir, porque até então ele precisava da ajuda dos pais para se calçar. Os primeiros modelos FlyEase tornaram os tênis mais acessíveis usando zíperes e cordas, mas o Go FlyEase é o primeiro que deixa as mãos completamente livres.

A ideia segundo a casa é atender uma gama grande de clientes: um aluno que está atrasado para a aula, por exemplo, um pai que está segurando o filho no colo e até mesmo um atleta, paralímpico ou não, que não pode ou não consegue usar as mãos na hora de se calçar. E a gente não precisa nem dizer o quanto esse modelo se encaixa perfeitamente nesse tempo de pandemia, álcool gel e tudo mais.

Por enquanto, o modelo está disponível em três cores apenas para alguns membros cadastrados na Nike e selecionados pela marca, mas há previsão de que ele chegue com mais facilidade ao mercado, ainda no final deste ano, custando em torno de 120 dólares.

Asos compra a Topshop

E, para alívio dos fãs da marca, a Topshop não vai fechar as portas. Pelo menos, não as portas virtuais. No dia primeiro de fevereiro, a empresa de varejo online Asos anunciou a compra da Topshop e de três outras marcas do grupo Arcadia: Miss Selfridge, Topman e HIIT. Em novembro passado, o Arcadia havia entrado com pedido de concordata depois de anos de maus resultados, que atingiram o fundo do poço com o lockdown imposto pela pandemia de Covid-19.

O negócio foi fechado por 295 milhões de libras, mais o compromisso de comprar 35 milhões em itens do estoque, num total de 330 milhões de libras, ou pouco mais de 450 milhões de dólares.

A transação não envolveu, no entanto, a aquisição das cerca de 70 lojas físicas e os galpões logísticos das marcas, que empregam aproximadamente 2.500 pessoas. Existe a possibilidade da icônica loja londrina da Topshop, na Oxford Street, ser mantida de forma terceirizada, mas não há nada confirmado. O foco agora vai ser mesmo o comércio online, que, por sinal, tem disputas cada vez mais acirradas, principalmente por causa dos gigantes de fast-fashion chineses.

O grupo Arcadia, do bilionário britânico Philip Green, tem agora só três marcas remanescentes: Wallis, Dorothy Perkins e Burton. Mas já tem gente de olho nelas. A rede varejista online Boohoo, que recentemente comprou as lojas de departamentos Debenhams, está em negociações para incorporar esse trio.

Alton Mason interpretará Little Richard em Elvis

Nem nas telas nem na música: o diretor Baz Luhrmann foi buscar nas passarelas o nome pra interpretar o músico Little Richard no filme Elvis. E escolheu ninguém menos do que o modelo estadunidense Alton Mason.

Com 23 anos, Mason já tem um senhor currículo. Desfilou pra marcas como Gucci, Louis Vuitton e Off-White e, em 2018, se tornou o primeiro modelo negro masculino a desfilar pra Chanel em 109 anos de história da marca.

Mas apesar de ter ficado conhecido por sua atuação na moda, o modelo já mostrou que seus talentos vão muito além das colaborações com as grifes. Mason também é dançarino e, no ano passado, estrelou o curta-metragem Rise in Light, que tem roteiro co-escrito por ele. O artista ainda compôs e cantou a música que embala o curta, que foi rodado em Lagos, na Nigéria, e teve a renda revertida pro combate à Covid-19 nesse país africano.

Previsto pra estrear em 2022, o longa Elvis vai contar a história de Elvis Presley. No elenco, além de Mason, como Little Richard, já foram confirmados os nomes de Austin Butler, que vai interpretar o personagem-título; Tom Hanks, como o empresário de Elvis, e Olivia DeJonge, como Priscilla Presley.

Tracee Eliss Ross e Alicia Keys são as estrelas da vez na beleza

Na seara da beleza, nosso editor Pedro Camargo conta o que rolou de mais interessante essa semana. Desta vez, ele destaca o trabalho de duas mulheres poderosíssimas que estão movimentando de uma forma positiva a indústria de make e de skincare. Conta mais, Pe!

“Vamos falar de coisa boa, meninas! A Ulta Beauty, que é uma rede de varejo de cosméticos nos Estados Unidos, acabou de prometer que até o fim de 2021 eles terão duplicado o número de marcas capitaneadas por pessoas negras em seu catálogo. Um bafo! Graças a Deus. E mais, quem vai fazer esse babado acontecer é a Tracee Ellis Ross que eu amo. Ela é atriz, comediante, dona da Pattern Beauty, que é uma marca de xampu para cabelos cacheados e vai atuar como a nova consultora de diversidade da marca. E juro! Eu gritei quando soube. Alegria, coisa boa de saber. Depois, e continuando na tour mulheres maravilhosas e perfeitas, eu estou obcecado pela linha de skincare da Alicia Keys. À primeira vista eu sei que parece bobagem essa história de soul care, mas eu acho que ela conseguiu criar uma marca que atende aquilo que eu vejo como um skincare legal. Eu estou mais interessado em autocuidado, me fazer bem, me dar um carinho, do que ficar jovem pra sempre, mil ativos na cara, ficar dura… e as embalagens são muito lindas! O preço é relativamente ok para o tipo de produto que ela está vendendo. Claro, que com o dólar na situação que tá fica pela base de um milhão de reais, mas quem sabe em um outro Brasil. Eu já quero tudo porque eles acabaram de expandir a linha. Quero tudo. É isso princesas. Um beijo!”

E para encerrar, a nossa editora expert de cultura, Bruna Bittencourt, comenta outro assunto que deu o que falar na última semana: as indicações ao Globo de Ouro 2021! Fala aí Bruna, o que você recomenda pra gente assistir dentre esses indicados?

“Oi, gente! O assunto dos últimos dias foi cinema porque saíram os indicados para o Globo de Ouro. A premiação rola sempre no início de janeiro, mas, por causa da pandemia, vai acontecer em 28 de fevereiro. E se o Globo de Ouro seguir o exemplo do Emmy, deve misturar premiados e apresentadores em casa e no evento. As duas apresentadoras, aliás, Tina Fey e Amy Poehler estarão separadas: uma em Los Angeles e a outra em Nova York. E com os cinemas fechados em muitos lugares ou operando com sua capacidade reduzida, caso de São Paulo, por exemplo, tanto o Globo de Ouro quanto o Oscar permitiram que filmes não exibidos nos cinemas pudessem ser indicados à premiação. E aí a Netflix abocanhou nada menos que 42 indicações. Mank, protagonizado por Gary Oldman e dirigido por David Fincher, e The Crown, do Peter Morgan, são o filme e a série com mais indicações – não por acaso, os dois são da Netflix. E, pela primeira vez, três mulheres concorrem na categoria de melhor direção. As indicações, que podem ser um termômetro para o Oscar, deram o que falar: a surpresa foi a série Emily in Paris, tão criticada por seus estereótipos, com duas indicações, e a ausência de I may destroy you, a elogiadíssima série de Michaela Coel. Aliás, umas das roteiristas de Emily in Paris escreveu um texto ótimo para o jornal inglês The Guardian dizendo que I may destroy you deveria ter sido indicada. Fato é que tem muito filme para assistir em casa e embalar essa quarentena. Eu queria chamar atenção para um longa que pode passar despercebido, mas vale assistir: The sound of metal, disponível no Prime Video. O longa conta a história de uma baterista de heavy metal que percebe que está ficando surdo. O papel deu ao inglês Riz Ahmed uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator de filme drama. No Elle.com.br, a gente conta quais filmes estão disponíveis no Brasil, resgatamos matérias e entrevistas de várias séries indicadas que já falamos no site e destacamos os nossos preferidos. Também listamos lá todas as premiações de cinema, que seguem até 25 de abril com o Oscar, também postergado por conta da pandemia – as indicações para a estatueta saem no dia 15 de março. Cinema vai continuar na pauta. É isso, beijo e até semana que vem!”

Este episódio usou trechos das músicas Money For Nothing, de Dire Straits, Tutti-Frutti, de Little Richard, If I Ain’t Got You, de Alicia Keys e a música-tema do filme De volta para o Futuro.

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Até semana que vem!

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