Por dentro da 49ª Casa de Criadores

Neste episódio do nosso podcast, repassamos os destaques da 49ª edição da Casa de Criadores, que funcionou pela primeira vez de forma híbrida.


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Se preferir, você também pode ler este podcast:

No ano que vem, 2022, a Casa de Criadores espera voltar a ter uma maioria de apresentações físicas. Principalmente, porque 2022 é o ano em que o evento completa 25 anos de história.

Desde 2020, em função da pandemia, o jeito foi trabalhar com filmes fashion, para os estilistas continuarem a divulgar suas coleções e narrativas artísticas da temporada.

A edição atual, porém, experimenta um formato híbrido. Ou seja, apresentação física e digital ao mesmo tempo.

Chamada de Espetáculo C3DC 49, ela foi realizada em dois dias, na quinta e sexta-feira passadas, dia 9 e 10 de dezembro.

Com direção criativa assinada por Eduardo Araújo Silva, também conhecido como DUDX, a ideia da quadragésima nona edição foi unir diferentes tipos de linguagens artísticas, como performance, dança e teatro, para além da moda.

Na quinta-feira, tudo começou com uma apresentação de abertura virtual. Em um vídeo de quase uma hora de duração, 25 das 28 marcas participantes tiveram as suas coleções interpretadas em uma performance do coletivo Teatro Pombagira. Essa interpretação não necessariamente estava vinculada à idealização do designer. Foi mais um manifesto coletivo, em 25 atos, que propunha enxergar essas criações por lentes mais diversas.

A primeira imagem, por exemplo, era a de uma camisa branca pegando fogo. A cena bastante simbólica representou bem o evento que, desde 1997, tenta romper barreiras, queimar paradigmas e propor novas formas de fazer, pensar e enxergar a moda.

Aí na sexta-feira, dia 10, o evento divulgou os vídeos individuais dessas 25 marcas. E aí, sim, a narrativa de cada estilista foi apresentada com a sua coleção. Como são muitas apresentações para a gente falar em um episódio só do podcast, a gente vai focar aqui nos desfiles físicos. Mas lá no site da ELLE Brasil, você confere um texto com os destaques entre as coleções que fizeram apresentações virtuais.

Bom, na mesma sexta-feira, as outras três marcas que faltavam fizeram apresentações presenciais no Teatro Mars, em São Paulo. Participaram dessa parte física as marcas Rober Dognani, Studio Ellias Kaleb e Yebo.

Rober Dognani, em sua apresentação de número 38 para a Casa de Criadores, fez um desfile-performance com o DJ e ícone da noite Johnny Luxo.

Já Ellias Kaleb trabalhou com toda uma orquestra em seu desfile, para mostrar sua coleção com foco no artesanato, como ele explica pra gente:

“Eu nasci em um lugar chamado Rio Formoso, em Pernambuco, mas eu vim para cá (São Paulo) muito pequeno. Por isso, eu sempre fiz esse questionamento de onde eu sou. Isso tem feito parte da minha vida agora, ao trazer resgates. A minha mãe, na adolescência, trabalhou muito com trabalhos manuais. E isso subjetivamente sempre fez parte da minha vida. Isso tem aflorado no meu processo de autoconhecimento.”

E o estilista também falou um pouco pra gente sobre como é essa experiência de retornar a apresentação física:

“Apresentar um desfile presencial é um desafio porque eu ainda estou nesse momento pessoal de me reinserir, encontrar pessoas. E claro com todos os cuidados, todas as medidas preventivas Mas ainda é um processo que vai durar muito tempo. É enxergar o mundo de uma nova forma, é como nascer de novo, encontrar novos significados.”

Já a estreante Yebo é uma marca de streetwear criada por Naiara Albuquerque, além da mãe e filha Eliane Dias e Domenica Dias. Essa última, atriz que também é filha do músico Mano Brown.

E quem conta um pouco mais dessa grife além da apresentação é a nossa repórter Bárbara Poerner, que conversou com Domenica:

“A Yebo é uma marca de streetwear paulista que surgiu em 2020 e que fez a sua estreia nessa última edição da Casa de Criadores. É uma marca dirigida pela empresária Eliane Dias e a sua filha, que é a Domênica Dias, filha também do Mano Brown. Elas trazem todo o conceito do streetwear. E especificamente essa última coleção, que foi apresentada, havia poucos looks, mas tinha como objetivo reunir movimentos de arte, moda, como transitar entre espaços. Ela inclusive é atriz, estudante de artes cênicas, mas encontrou na moda esse outro jeito de estar no fluxo. Na coleção, existe a ideia de brilhar, inclusive como um direito humano.”

Nessa edição também foram divulgados os trabalhos do 2º Desafio Sou de Algodão, uma parceria da Casa de Criadores com o Movimento S ou de Algodão, que é um braço de incentivo a novos designers da ABRAPA, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão.

O concurso voltado para estudantes de moda e de design de todo o Brasil, procura revelar novos nomes com um prêmio no valor de 30 mil reais para o finalista, além da oportunidade de ingressar no line-up oficial da Casa de Criadores.

462 trabalhos foram inscritos de 4 regiões: nordeste, centro oeste, sudeste e sul. Infelizmente, não houve inscrição da região norte. O finalista será anunciado da quinquagésima edição, no primeiro semestre do ano que vem.

O evento acontece ainda na esteira do lançamento do Instituto Casa de Criadores, como a gente contou aqui no ELLE News em nosso episódio de número #74. A plataforma de ensino de moda tem como objetivo descentralizar e democratizar o acesso à informação nessa área.

O Instituto tem um conselho composto pelo escritor e pesquisador André Carvalhal, pela ativista e artista Neon Cunha, pelo estilista e stylist Dudu Bertholini e pelo artista e diretor criativo Dudx.

O primeiro projeto é a formação de um módulo de pesquisa e criação que será oferecido gratuitamente a um grupo de 300 pessoas. O intuito é alcançar justamente profissionais da área, como costureiras, modelistas e pilotistas, além de uma série de trabalhadores que integram a indústria da moda, mas raramente são reconhecidos como criadores.

O recorte socioeconômico é bem importante nesse processo de seleção para conseguir uma avaliação menos elitista e mais pautada pela vivência e desenvoltura de cada um.

E para quem queria saber quando poderia se inscrever, fica o recado. As inscrições ficam abertas hoje, a partir das 20h. Basta acessar o site institutocasadecriadores.com.br! Corra lá, não perca!

Chanel apresenta Métier d’Art em novo prédio, o Le19M

E antes do ano acabar ainda tem mais desfile pra gente comentar. No dia 7 de dezembro, a Chanel apresentou a sua Métier d’Art, a coleção que celebra o trabalho artesanal dos ateliês administrados e financiados pela marca.

Essa apresentação, que foi uma ideia de Karl Lagerfeld, acontece anualmente desde 2002, cada vez numa cidade diferente. Xangai, Roma e Dallas, por exemplo, já sediaram o evento. Dessa vez, no entanto, a grife resolveu ficar em Paris mesmo. E a gente explica o porquê.

O desfile deste ano foi realizado no novo edifício da Chanel, o Le19M, no norte da capital francesa. O 19 é uma referência ao número do distrito em que ele está localizado, o dezenove. Já o M representa as palavras mãos, moda, métier, maison e manufaturas.

Projetado pelo arquiteto Rudy Ricciotti, o prédio tem 25.500 m2 e abriga oito ateliês que trabalham com técnicas centenárias. O Lesage e o Montex, por exemplo, são especializados em bordados. Já o Lognon trabalha com plissados e o Lemarié é dedicado a plumas e ornamentos.

Mas quem viu tudo isso de pertinho e acabou de voltar de Paris foi a nossa diretora editorial Susana Barbosa, que vai contar pra gente como é esse novo QG da Chanel e falar um pouco do desfile. Conta, Su!

“Esse desfile da Chanel foi superespecial para mim, porque foi o primeiro desfile que eu pude assistir presencialmente, desde o começo da pandemia, e fora do Brasil. Ele aconteceu em Paris, no Arrondissement 19, uma área que vem sendo bastante modernizada. E dentro de um prédio novo que a Chanel escolheu para colocar todos os ateliês que fazem parte do Métier Dar’t. E é para lá que aos poucos a Chanel tem transferido os ateliês. Há ainda uma coincidência que é o fato de que 19 também é o dia de aniversário de Gabrielle Chanel. O desfile também aconteceu nesse momento em que a Chanel celebra os cem anos do Chanel N°5. Ou seja, tem aí uma conjunção de momentos simbólicos para a marca. Eu tive o privilégio de poder visitar um dos ateliês poucas horas antes do desfile começar. Lá pudemos ver de perto os artesãos trabalhando nas peças e um pouco dessa tradição do saber artesanal. E ainda tive a surpresa de ser ciceroneada, junto com um grupo de jornalistas, pelo Pharrell Williams. Ele nos acompanhou por toda a visita guiada pelo ateliê. Passamos por vários setores, vimos como é feita a incrustação das pedras, como é feito o trabalho com o metal. Faz a gente refletir muito sobre a importância que a moda tem, como isso envolve toda uma cadeia. Isso dá todo sentido para a coisa toda. Foi uma experiência realmente memorável e um privilégio enorme viver tudo isso.”

Pantone divulga cor de 2022: Very Peri

E aí, qual vai ser a cor do ano em 2022? Segundo a Pantone, ela é da família dos azuis, tem um toque violeta-avermelhado e atende pelo nome de Very Peri. Como faz anualmente, a empresa especializada em cores, que é referência para as indústrias gráficas e têxtil, divulgou na quarta passada a sua aposta para a tonalidade que vai estar com tudo no próximo ano.

Para fazer essa escolha, os especialistas da Pantone levam em consideração os mais diferentes aspectos, de referências nas artes e na indústria do entretenimento até novas tecnologias e condições sócio-econômicas. De acordo com a empresa, a cor Very Peri é o símbolo do zeitgeist global e do momento de transição que estamos vivendo. O tom ilustra ainda como as tendências de cores no mundo digital se manifestam no mundo físico e vice-versa.

Normalmente, a cor do ano é selecionada entre as já existentes no catálogo da Pantone, como os tons de amarelo e cinza eleitos para 2021. Dessa vez, no entanto, a empresa criou uma nova tonalidade especialmente pra ocasião. Ela puxa pro violeta e está aí na família do vestido que Lady Gaga usou na pré-estreia da House of Gucci e no look da Zendaya no Bet Awards. Mas quem antecipou mesmo a tendência, e as redes sociais logo correram para apontar, foi Olivia Rodrigo. O Very Peri é bem parecido com a cor de fundo usada na capa do último álbum da cantora, Sour, lançado em maio.

Dua Lipa assina colaboração com a Puma

E tem collab nova no mercado. Dessa vez, a parceria é entre a cantora Dua Lipa e a Puma. Com uma uma pegada meio anos 90, a coleção cápsula é composta por duas t-shirts, um moletom e um tênis. Todas as peças trazem o desenho de uma borboleta iridescente, que tem aquele reflexo que dá um efeito de arco-íris.

Não por acaso, a coleção foi batizada de Flutur, que é a palavra em albanês para borboleta. A escolha do nome, explicou Dua Lipa, foi uma homenagem às suas raízes. A cantora nasceu em Londres, mas é filha de kosovares-albaneses e, inclusive, passou parte da adolescência no Kosovo.

Abre aspas para o comunicado oficial feito por Dua Lipa: “Para mim, as borboletas são mais do que apenas belas criaturas, elas representam muito, como transformação, esperança e metamorfose. E, no ano passado, a borboleta se tornou especialmente simbólica e significativa para mim”. A cantora disse ainda que, além de fazer referência à sua origem, o nome da coleção celebra esse novo começo dela com a Puma.

Ao que tudo indica, vem mais lançamentos dessa parceria pela frente. De acordo com a diretora global de sportstyle da Puma, Maria José Valdes, a coleção cápsula é só uma prévia do que está por vir no próximo ano.

As peças da Flutur começam a ser vendidas no dia 18 de dezembro e, sim, vão estar disponíveis também no Brasil. Os preços por aqui começam em 200 reais.

Osklen cria coleção exclusiva para Farfetch

Começa a ser vendida hoje a coleção cápsula de final de ano da Osklen para a Farfetch. E ela vem toda sustentável.

Além dos tecidos de algodão orgânico, cânhamo e de PET reciclado, as peças utilizam matérias-primas alternativas como poliamida biodegradável, pele de pirarucu devidamente certificada, couro de salmão e o EVA verde, que é uma resina produzida a partir da cana-de açúcar.

A coleção traz itens como bermuda, calça, macacão e kaftã, além de um tênis e uma sandália. A venda é exclusivamente pelo site da Farfetch.

Quem é o mais novo artista a estrear no departamento de beleza? Quem reconheceu a música já sabe, mas o nosso editor, Pedro Camargo, conta para a gente na nossa pílula de beauté da semana.

“Oi, pessoal! Tudo bem? A novidade da vez é que está chegando de volta, na verdade, a Golf Le Fleur, marca do Tyler, The Creator, rapper estadunidense que eu amo, amo, amo, sou fã enlouquecido. A marca foi lançada lá em 2016 e era cheia de colaborações e agora ela volta ao mercado com autoria 100% própria. O relançamento tem data prevista para o dia 13 de dezembro e vem com uma novidade extra que é de beleza! Vão chegar uns esmaltes em três cores diferentes, uma belezinha. E ainda vai ter uma fragrância, a French Waltz, que segundo o próprio Tyler vai ser como uma viagem a um verão vivida por uma criança, o calor de sair da piscina, andar de bicicleta, ai que delícia. Então é isso. Fiquem ligadinhas porque vem aí também uma marquinha de beleza que é farra total, do Tyler, que é o maior fashionista do mundo! Beijinhos!”

E, para finalizar o episódio de hoje, a nossa editora de cultura, Bruna Bittencourt, vem com as paradas de sucesso de 2021. Você sabe quais foram as melhores faixas do ano? A Bruna conta pra gente!

“Chegou aquela época em que rolam listas e mais listas dos melhores do ano. Vamos falar por aqui de três listas importantes de discos, começando pela Rádio 6, da BBC, que deu à rapper Little Simz o primeiro lugar por Sometimes I might be introvert, seguida pela cantora Arlo Parks e pela banda de rock Field Music, todos britânicos. Já a Rolling Stone americana deu o topo de sua lista ao fenômeno Olivia Rodrigo com seu álbum de estreia, Souer, seguida por Adele, com 30, e pelo porto-riquenho Raul Alejandro. O Pitchfork, bíblia da música indie, elegeu Heaux Tales, da cantora americana de R&B Jazmine Sullivan, como a melhor do ano, seguida pela compositora experimental L’Rain e pelo rapper Tyler, the Creator. Por aqui, a gente fica com “Oxytocin”, faixa de Happier than ever, segundo álbum de Billie Eilish, que também deu o que falar neste ano.”

Este episódio usou trechos das músicas Casa de Bamba, de Martinho da Vila; Gosto de Quero Mais, de Hiran com Tom Veloso; Love Again, de Dua Lipa; Purple Rain, de Prince; A ordem das árvores, de Tulipa Ruiz; See You Again, de Tyler, The Creator.

E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro. E a gente sempre te lembra: curte o ELLE News? Assine o nosso podcast na sua plataforma de preferência, para que seja notificado toda vez que um episódio novo estiver no ar. É muito simples! Basta entrar em nosso perfil e apertar o botão “seguir”!

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