Retrospectiva 2020

Neste episódio, a equipe da ELLE Brasil reúne os maiores acontecimentos de moda e de beleza deste ano.


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2020 ficará marcado na história. O ano sem abraços, onde a demonstração de afeto foi permanecer distante de quem a gente gosta. Na moda, a pandemia de Covid 19 fechou lojas, quebrou empresas, impulsionou vendas online, obrigou criativos a darem o nome.

A crise colocou o dedo na ferida de problemas que há muito tempo já existiam na indústria. E, na marra, o setor precisou resolver ou reavaliar várias questões. Alguns acreditaram em um novo normal, mas muitos entenderam que já não havia normalidade antes. Mas existe um jeito positivo de encarar essa situação: entender que a história tá aí pra ser escrita. Quem sabe, agora, de uma forma mais sustentável, responsável, transparente, e por aí vai.

Neste episódio a gente dá replay em alguns fatos desse ano tão único. Fica por aqui, que a nossa equipe caprichou na retrospectiva de 2020.

E, agora, nós relembramos os acontecimentos de moda e de beleza em 2020.

Peças destaques do ano

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É difícil dizer que este ano teve alguma tendência. Mas isso não significa que algumas peças não tenham virado hit. Com as mudanças no cotidiano em função da quarentena, as roupas confortáveis reinaram e a gente viu um boom nos itens mais esportivos e até mesmo nas peças com carinha de pijama, como o nap dress, o vestido da soneca que virou hit.

Mas a peça do ano, sem dúvida, foi a máscara de proteção. Em nosso primeiro episódio, lá em junho, a gente já tinha comentado o impacto desse acessório em nossas vidas. Naquele momento havia sido comprovado que ela é uma importante barreira física no controle da pandemia, um mecanismo de proteção e de cuidado principalmente com o outro.

As marcas de moda foram aos poucos inserindo esse objeto na sua cartela de produtos, até o momento em que ele entrou de vez na lista de itens essenciais. As máscaras ajudaram a fazer os negócios das pequenas etiquetas rodarem, mas também foram alvo de embates políticos e polarizações ideológicas. Donald Trump e o seu vice-presidente Mike Pence recusaram-se a usar máscaras em eventos públicos. Por aqui, no Brasil, Jair Bolsonaro se reuniu em manifestações anti-constitucionais sem qualquer proteção no rosto.

Na época, nós puxamos um artigo da Robin Givhan, crítica sênior do Washington Post, no qual ela lembrou como o papel de um presidente pode ser o de alertar a nação da sua capacidade de se unir em tempos difíceis. E que a falta da máscara ali dá um recado importante: o de que muito provavelmente a batalha contra a pandemia não foi uma prioridade para esses governos. E realmente os números não mentem. Os Estados Unidos já ultrapassaram as 290 mil vítimas fatais de Covid-19, enquanto que o Brasil já perdeu mais de 180 mil vidas.

Mas outras peças também deram o que falar. Quem não se lembra, por exemplo, do vestido de morango? Produzido pela estilista Lirika Matoshi, uma designer de Kosovo que trabalha em Nova York, o modelo é inteiro de tule, completamente rosa e com repetições de motivos de morango. Ele virou um best seller, caiu no gosto das influenciadoras, com uma série de mulheres postando a peça em seus looks do dia. Mas o morango azedou quando a modelo plus size Tess Holiday fez um pronunciamento em seu perfil do Instagram: “Este vestido me colocou na lista das mais mal vestidas quando o usei em janeiro, durante o Grammy, mas agora que várias pessoas magras vestem ele no Tik Tok o mundo inteiro liga. Resumo da história: a nossa sociedade odeia pessoas gordas, principalmente quando elas estão no topo”.

E foi assim que um aparentemente inofensivo vestido de morango levantou um intenso debate sobre gordofobia na moda: por que a mesma roupa é vista de um jeito diferente quando usada em um corpo magro e quando usada em um corpo gordo? Por que ainda é tão difícil para a sociedade entender que pessoas gordas podem sim ser trendsetters e influenciadoras de moda?

Pois é. Mas o que é difícil mesmo de entender é o sucesso absoluto de um par de tênis, em um ano em que a gente mal pode pôr o pé para fora de casa.

Em plena pandemia, o que faziam centenas de pessoas aglomeradas desde a madrugada na porta da Selfridges e da loja da Dior na Bond Street, em Londres? Todas elas queriam tentar a oportunidade de comprar um modelo limitadíssimo, o Air Dior, a versão do Air Jordan, da Nike, em colaboração com a maison francesa. Foram fabricados apenas 13 mil pares, 5 mil deles reservados para clientes VIP, e mesmo assim uma multidão de fashionistas quis garantir esse que foi o tênis mais desejado do ano. O detalhe? Ele custa mais ou menos 1 800 euros, algo em torno dos 11 mil reais.

Antirracismo na moda

Mas esse ano na moda não foi só sobre roupas. Aliás, se 2020 mostrou uma coisa é que o setor da moda, sem dúvida alguma, não é e nem deve ser só sobre produtos. Discussões que já vinham sendo levantadas por muitos grupos ganharam projeção neste ano, que pode ser considerado um divisor de águas na luta anti-racista.

As marcas tiveram que se posicionar e quem demonstrou somente um ativismo de fachada, sem apresentar um compromisso real e efetivo com a diversidade e a justiça racial, não foi poupado nas redes.

O estopim para a causa anti-racista deixar de ser pauta de ativistas e passar a ser assunto de destaque mundial foi o assassinato de George Floyd por um policial branco em maio, nos Estados Unidos. A partir desse episódio, levantes contra o racismo foram puxados por movimentos como o Black Lives Matter nos Estados Unidos e em vários outros países. No Brasil, dentro da moda, este foi o gatilho para denúncias de práticas preconceituosas na indústria e para a criação de coletivos organizados para combater o racismo estrutural no setor. E quem explica isso é Luigi Torre, o nosso editor de moda:

“A partir da revelação dos problemas de racismo estrutural, que na verdade já são bem antigos e bem conhecidos nessa indústria, a gente viu uma série de articulações e uniões realmente efetivas que surtiram efeitos reais no nosso mercado e nossas práticas de trabalho. E um dos melhores exemplos disso, pelo menos em solo nacional, é o coletivo Pretos na Moda, que surgiu bem nessa época do assassinato do George Floyd, do movimento Black Lives Matter, todas essas reivindicações e exposições de práticas bem problemáticas dentro da indústria nacional. Recentemente, junto com o São Paulo Fashion Week e outros profissionais da área, o coletivo redigiu um tratado moral, com o objetivo de viabilizar a inclusão de profissionais racializados na indústria brasileira. Entre as estipulações e sugestões contidas nesse tratado tem a exigência de um mínimo de 50% de pessoas negras, indígenas e asiáticas da semana de moda paulista, no caso, da São Paulo Fashion Week. Também tem uma sugestão de valores mínimos pra cachês pra essas apresentações, prazos de pagamento e diretrizes de comportamento e de respeito no ambiente de trabalho. Esse é só um exemplo de um movimento transformador na indústria. Na matéria Moda do Sim, publicada no nosso site, a gente fala de outras ramificações do mercado, tanto nacional quanto internacional. Acho que vale conferir.”

As apresentações mais marcantes


Prada Spring/Summer 2021 Womenswear Show

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E as semanas de moda, como elas ficaram em plena pandemia? Algumas marcas viram a oportunidade de sair do calendário oficial, como Gucci e Saint Laurent. Outras, encabeçadas por nomes influentes como Dries Van Noten, passaram a questionar a periodicidade das temporadas, o alto número de coleções e o fluxo intenso de apresentações nada sustentáveis. Mas, definitivamente, todas elas tiveram que repensar a maneira de se fazer um desfile, a apresentação de uma coleção.

A principal saída foi a criação de eventos online, algo que afetou até o evento considerado o mais luxuoso do mundo: a semana de alta-costura. Teve maison que patinou na tentativa? Com certeza. Mas também foi uma pressão para invencionices que ficarão por um bom tempo na memória.

Pierpaolo Piccioli, por exemplo, diretor criativo da Valentino enfrentou a frustração de não poder apresentar a coleção mais aguardada do ano de sua casa para mergulhar em um mundo de sonhos. O estilista criou vestidos com metros e metros de tecidos, que foram usados por modelos penduradas no teto da Cinecittá, em Roma.

E um velho conhecido da moda apelou para o coração. Também em colaboração com Nick Knight, John Galliano produziu um documentário sobre o desenvolvimento de sua coleção de alta-costura na Maison Margiela como uma carta de amor ao ateliê. O resultado é um filme emocionante de ver.

Mas se teve uma parceria que foi realmente aguardada, foi a de Miuccia Prada com Raf Simons, na primeira coleção produzida por essas quatro mãos para a Prada. Para os fashionistas, foi como a final de uma copa do mundo, comentada ao longo de toda a semana. Mais do que as peças em si, ficou marcado a conversa que ambos tiveram após a apresentação, respondendo a perguntas dos internautas. A lição desses dois ícones da moda? Um diálogo real entre criativos não é algo fácil de se fazer, mas uma aventura que pode ser muito bela.

2020 Teve ainda coleção em formato de videogame da Balenciaga, curta-metragens dirigidos por Gus Van Sant para a Gucci, desfile da Dior na China e muita moda no TikTok.

O boom do TikTok


CELINE HOMME “THE DANCING KID”

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Em 2020 o Instagram completou uma década de vida, tema este que a gente aproveitou para destrinchar na edição de outubro da ELLE View. Mas não foi a rede social das fotos que reinou neste ano, não. Quem dominou a cena foi um primo distante e chinês, o TikTok. Hedi Slimane, diretor criativo da Celine, inclusive, fez uma coleção todinha pensando nos adolescentes e jovens que estão entregues ao aplicativo. Mas o TikTok também causou, de tal maneira que até mesmo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu proibir o seu uso em território norte-americano. E quem conta um pouco mais do boom dessa rede de vídeos é Lelê Santhana:

“Bom, o TikTok já vinha numa expansão bem impressionante, mas eu acho que foi durante a quarentena que aconteceu de fato a virada, o turning point. Porque antes a plataforma era algo mais íntimo da Geracão Z e aí no isolamento essa bolha foi furada e o aplicativo passou a ser ocupado por pessoas de diferentes idades. O que incomodou até Donald Trump, que tentou entrar em uma batalha pra tirar o TikTok dos Estados Unidos. Mas, enfim, diante desse fenômeno, é claro que a moda não poderia ficar de olhos fechados. Então, a gente viu muitas aproximações entre as marcas e a plataforma. Lá em fevereiro, antes mesmo da pandemia, a Prada já estava bem atenta e fez uma séria de ações com a Charli D’Amelio, que aos 16 anos é a mulher mais seguida do mundo no TikTok. Alguns meses depois foi a vez da Gucci, que fez uma campanha pensada para o aplicativo, com modelos de diferentes idades e corpos, fazendo danças bem inusitadas. Mas o maior ato do ano entre a moda e o TikTok foi a polêmica coleção de verão 2021 masculina da Céline. Alguns amaram, outros odiaram, mas, realmente, dá pra ver muito do aplicativo tanto na concepção do fashion film apresentado quando nas peças de roupa.”

Dança das cadeiras na moda

Quem acompanha moda, sabe. Não podia faltar uma boa dança das cadeiras no mercado. E foi intensa a movimentação de estilistas assumindo ou deixando de assumir as maiores grifes do mundo.

O primeiro anúncio foi o da contratação de Matthew M. Williams pela Givenchy, em junho. Dono da Alyx, o designer norte-americano é um dos nomes mais cultuados pelos aficionados por streetwear. É bastante conhecido por suas colaborações com artistas, como a cantora Lady Gaga e Kanye West, e entrou no lugar ocupado até então por Clare Waight Keller.

Depois, em setembro, Kim Jones foi anunciado o mais novo diretor criativo das coleções femininas da italiana Fendi. Desde que Karl Lagerfeld morreu, em 2019, a grife passou para Silvia Fendi, parte do clã que criou a marca. Kim assumiu a Fendi sem deixar de ser o diretor criativo da Dior Homme, a divisão masculina da Dior, posto que ele ocupa desde 2018.

Já a última mudança dos tronos foi na Chloé. Saiu Natacha Ramsay-Levi e entrou em seu lugar a uruguaia Gabriela Hearst, dona de uma marca homônima, bastante conhecida por seu trabalho com couro e a mais nova vencedora do CFDA na categoria de estilista de moda feminina.

Quedas e caos nos impérios fashionistas

Este foi o ano que os analistas apelidaram de o “apocalipse do varejo”. Diane von Furstenberg fechou 18 de suas 19 lojas. Aproximadamente 75% do staff da empresa foi demitido. A Inditex, grupo que comanda a Zara, registrou uma queda de 44% nas vendas no primeiro trimestre do ano, em relação ao ano anterior, e anunciou o fechamento de até 1.200 lojas pelo mundo ao longo de dois anos.

Só no mês de maio, quatro megarredes entraram com pedido de recuperação judicial. A J.Crew, o grupo Neiman Marcus, proprietário da loja de departamento nova-iorquina Bergdorf Goodman, a Stage Stores, e a JC Penney.

O caso mais recente de queda foi de um império varejista de moda, o grupo Arcadia, do bilionário britânico Philip Green, que entrou com pedido de concordata em Londres no fim de novembro. O grupo, que emprega cerca de 13 mil funcionários e controla 400 lojas, detém as marcas Topshop e Topman, Miss Selfridge, Burton, Dorothy Perkins, Evans e Wallis.

No caminho oposto, as vendas online só crescem e o comércio de roupas de segunda mão sobe, de acordo com os indicadores.

Os consumidores chineses, por sua vez, se mostraram essenciais para as marcas de luxo. Como estavam impedidos de viajar por causa da pandemia, os chineses passaram a consumir mais grifes importadas dentro do próprio país, e gigantes como os grupos Kering e LVMH, mais do que depressa, trataram de dobrar a aposta no mercado chinês.

Beleza pop

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E o que impactou o mercado de beleza? Bem, com certeza você já sabe que a gente vai falar de Rihanna, né. A Fenty Beauty, a linha de makes da empresária e cantora, enfim chegou ao Brasil em julho, três anos depois de ser lançada. E quem fala um pouco mais dessa chegada é alguém que esperou muito por esse momento:

“Olá, eu sou a Ísis Vergílio, repórter de Beleza e Sociedade da Elle Brasil e eu vim aqui falar sobre a Rihanna, a Fenty Beauty, que esse ano finalmente chega em terras brasileiras e a gente fica o que? Enlouquecida. Porque sim, eu enlouqueci e eu vi, pelo menos, o povo da minha rede social completamente maluco com a ideia de poder adquirir a sua Fenty. E, nesse processo, a comunidade negra, sobretudo, de pessoas que gostam e que consomem maquiagem e que gostam da Rihanna ficaram muito ansiosos com essa chegada, como ia ser. E quando chega no Brasil, hummm, todo mundo meio que toma um balde de água fria. Não sei se vocês acompanharam, mas rolou uma polêmica em relação à comunicação da chegada da Fenty, mas posteriormente o pessoal consertou as coisas ali, convidaram de fato influenciadoras negras, trans, pra fazer parte dessa comunicação. Porque realmente não faz o menor sentido a Fenty Beauty chegar no Brasil, que é uma marca que tem como política a inclusão,e só ter um único grupo que tá ali representando essa marca. Então, a Fenty Beauty mais uma vez mostra que está totalmente alinhada com os princípios e as políticas da empresa, que é a valorização da pluralidade e da diversidade de todos esses corpos e a valorização da beleza. E assim a gente fecha esse ano, que tá babado, né, gente?”

E os destaques de beleza não param por aí não. Mas, claro, ainda tem um dedinho de Rihanna na história. Depois que a superestrela montou este império de beleza, uma série de outras celebridades viram a deixa para criarem os seus produtos. E eles não estão limitados apenas à maquiagem, não, viu. A nova onda é a de famosos lançando suas próprias linhas de skincare. Pedro Camargo, editor de beleza, fala deste movimento:

“É claro que a gente continua tendo lançamentos de marcas de maquiagem capitaneadas por celebridades. Talvez a Rare Beauty, da Selena Gomez, seja o melhor exemplo que tivemos esse ano. No entanto, é muito interessante perceber que o foco das celebridades na beleza agora é o skincare. E, como sempre, tudo começa e acaba, obviamente, com ela, a Rihanna, que lançou, nesse ano, em 2020, a Fenty skin, que é simples, eficaz e tem uma comunicação democrática a respeito de autocuidado que é muito legal. A Jennifer Lopez também abriu uma aba de cuidados com a pele, na sua J.Lo Beauty, e o Pharrell Williams, que inclusive é fã de exfoliação química, soltou uma coleção linda, da Human Race, que é a sua nova marca, que inclusive eu tô louco pra conseguir comprar. Isso sem falar na Alicia Keys, que fechou uma parceria com a Elf Cosmetics, uma marca norte-americana vegana de beleza, pra lançar sua própria marca, Keys SoulCare, que promete não só produtos para a pele, mas também para casa. Quer dizer, é uma marca de lifestyle, não só de beleza. E, pra fechar, a gente tem ainda as investidas da modelo Emily Ratajkowski, com a Loops Beauty, e da atriz Carmen Electra, na também vegana Gogo Beauty. E dica: na Elle View de janeiro, não sei se a gente já pode adiantar isso ou não, de qualquer forma já estou falando, a gente vai a fundo nesse assunto e eu conto numa reportagem como foi que as celebridades deixaram de ser o rosto de grandes grupos de beleza para virarem elas mesmas as donas do pedaço.”

As despedidas na moda em 2020

Mas este também foi um ano de várias despedidas. Para a moda especificamente, a perda de dois estilistas japoneses revolucionários no jeito de fazer roupa: Kansai Yamamoto e Kenzo Takada. O que tinham em comum para além da nacionalidade? Ambos recorreram à fantasia, à cor e à diversão ao escreverem os seus nomes na história.

No dia 27 de agosto foi anunciada a morte de Kansai Yamamoto, aos 76 anos, em decorrência de uma leucemia. Ele foi o primeiro designer japonês, no começo dos anos 1970, a ganhar notoriedade internacional, se apresentando em semanas de moda como as de Londres, Paris, Nova York, e abrindo as portas para nomes como Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo.

Mas foi o encontro que transcendeu a inspiração terrestre, que ele teve com David Bowie, que o tornou memorável. Como bem definiu nossa editora especial de moda, Vivian Whiteman, no episódio do Pivô especial à Kansai “os dois foram pro espaço e voltaram para a terra para falar das pessoas, das emoções, das tretas humanas de um jeito muito lindo”.

No dia 4 de outubro, morreu aos 81 anos, na cidade de Paris, em decorrência de complicações da Covid-19, o estilista Kenzo Takada. O seu legado é marcado pelo uso das cores em cima de cores, print sobre print, desfiles que pareciam shows. Deixou para a história frases como “a moda não é para poucos, é para todos”, ou que “se vestir é como comer, você não deve ficar preso a um só menu”.

Estilistas destaques do ano

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2020, no entanto, não foi só de baixas ou lamentações. Para alguns estilistas esta época decisiva no mundo se revelou uma grande oportunidade de fazer a sua voz mais ouvida e potente. Destacamos dois nomes:

O norte americano Kerby-Jean Raymond, fundador da Pyer Moss, virou o vice-presidente de direção criativa da Reebok. Ele ganhou ainda o prêmio de melhor estilista de moda masculina do ano pelo CFDA, além de ter assinado uma parceria com a gigante do luxo, a Kering, em um projeto dedicado a capacitar novos criadores e engloba uma plataforma online, que vai misturar moda, música e arte, além de eventos e atividades filantrópicas.

No Brasil, um grande destaque foi o amadurecimento da imagem de moda da estilista Ângela Brito. Nascida em Cabo Verde, ela já viveu em Portugal e, hoje, mora e trabalha no Rio de Janeiro. Identidade é um tema comum no seu trabalho, porque, segundo ela, esses deslocamentos são a razão de não se sentir pertencente a um só lugar, mas a todos.

Em sua nova apresentação para a última edição do São Paulo Fashion Week ela foi ainda mais fundo nessa investigação. Usou o Panu di Terá, tecido original de Cabo Verde, que é um símbolo de resistência no processo de luta pela independência do país. Na busca por si mesma, mergulhou em signos e símbolos do passado, mas que não ficaram reduzidos a uma ode à ancestralidade. O seu olhar para dentro e para o passado tem o intuito de investigar o presente e o futuro.

A volta da ELLE Brasil!

Por aqui o ano foi bastante agridoce: em meio à pandemia, a ELLE voltou! Em maio, veio o site, que além de notícias de moda, beleza e cultura atualizadas todos os dias, levanta também discussões atuais superrelevantes. Em julho, chegou a ELLE View, a nossa revista digital para assinantes, com uma proposta diferente de tudo o que havia no mercado. E, no fimzinho de setembro, finalmente, a ELLE voltou a ter edição impressa. São quatro edições por ano e o número dois chega às bancas a partir de hoje, dia 14 de dezembro. E como a gente não aguenta fazer uma capa só, fizemos logo quatro: uma com Patti Smith, que deu uma entrevista exclusiva para nossa editora Vivian Whiteman, uma capa em homenagem a John Lennon e Yoko Ono e mais duas capas com editoriais belíssimos de moda.

Para falar um pouco mais desse ano tão desafiador, mas também especial para a gente, convidamos nossa diretora de redação, Susana Barbosa. Fala, Su!

Nossa, parece que foi ontem que eu estava aqui gravando o primeiro episódio para apresentar a vocês o Pivô. A gente nunca tinha feito um podcast na vida, mas desde o primeiro episódio, o Pivô tem sido nosso xodó. Como o Gabriel e a Pati contaram, foram tantos temas maravilhosos abordados aqui. Uma verdadeira aula para quem quer entender um pouco da moda colocada no contexto de mundo que a gente está vivendo. Eu e toda a equipe da ELLE temos um orgulho imenso do que a gente conseguiu fazer desde que voltou. Assim como todo mundo, ficamos cansados, tivemos que nos adaptar, mudar planos, lidar com incertezas, mas a gente sai muito feliz com o resultado do que construiu até aqui. Eu aproveito para agradecer a todo o time, que faz a ELLE ser tão especial e a vocês que nos ouvem, nos lêem e interagem com nossos conteúdos. A Elle só é como é por causa dessa constelação de pessoas incríveis e muito humanas.

Pra encerrar esse ano maluco, eu indico a leitura da nossa edição impressa que está chegando essa semana. Além dos editoriais de moda que são super poéticos, com imagens belíssimas e, claro, a entrevista da musa Patti Smith, que a Pati mencionou, eu recomendo muito a leitura de uma outra entrevista, que a Ísis Vergílio fez com o Ailton Krenak. Aliás, ler essa edição ao som de Imagine, do John Lennon, é a minha dica para finalizar 2020 com um pouco mais de esperança de que a vida vai melhorar em 2021. Tem que melhorar, né?

Pois é, a Su já contou um pouco sobre o Pivô, mas a gente quer falar um pouquinho mais. Por que foi mais um jeito de fazer contato com os nossos leitores. Agora, também ouvintes. Foram 30 episódios, contando com este aqui que você está ouvindo. Mais de 31 mil vezes vocês deram play para ouvir as nossas vozes. Sabe quantos minutos nos escutaram? 616! Isso, mesmo! Mais de 10 horas ininterruptas de papo!

E não foi só a gente falando, não. Passaram por aqui outros 62 convidados. Além de vários integrantes e colaboradores da ELLE Brasil, tivemos desde especialistas de estudos culturais a médicos infectologistas, e até mesmo algumas boas estrelas. Paulo Borges, Erika Palomino, Camila Coutinho, Pai Rodney, Marina Santa Helena, Arnaldo Antunes, Iza e vários outros. Teve gente lá de Pernambuco ou quem conversou com a gente direto de Madri e de Paris. Tudo isso, para levar a notícia mais completa pra você.

E, com este episódio, o Pivô encerra a temporada de 2020. Mas no ano que vem tem mais! A partir de janeiro, estamos de volta com muitas novidades e com nome novo, que você vai saber em 2021.

Este episódio usou trechos de Pra começar, de Marina Lima; I Can’t Breathe, de H.E.R; They Call Me Tiago, de Tiagz; Givenchy, de Young Thug e Birdman; Nem luxo, nem lixo, de Rita Lee; Cheers, de Rihanna; Ashes to Ashes, de David Bowie; Starting Over, de John Lennon; além de trecho do desfile de verão 2021 da Prada e da apresentação 2020 de Ângela Brito

E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro. E a gente deseja pra você um feliz Natal e um ótimo ano-novo. Até 2021!

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