Retrospectiva 2021

Neste episódio do nosso podcast, a gente faz uma retrospectiva de 2021 com as principais notícias de moda do ano!


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Queira você ou não, 2021 tem sido um ano do tipo que não dá para esquecer. Nós começamos a nos vacinar contra a Covid-19 e, enfim, pudemos dar alguns abraços, com maior tranquilidade.

Na moda, as passarelas voltaram a ser o cenário de apresentações físicas e as lojas abriram. O impacto da pandemia fez alguns designers se voltarem para o pequeno, o artesanal e o mais sustentável. Teve também quem viu a oportunidade de deixar os processos mais tecnológicos, fazendo até mesmo roupas que só existem no ambiente virtual.

A moda teve perdas e ganhos. Pessoas que se foram e também muita gente que se juntou para somar forças. Neste episódio, o último do ano, a gente faz uma retrospectiva de 2021. Vem com a gente!

Mais um ano de ELLE News! Em 2021, vocês nos ouviram em 44 novos episódios. Foram 934 minutos de duração, o que significa por volta de 15 horas seguidas de eu e Patrícia falando! Haja fôlego!

Você sabe que no final de todo episódio a gente pede pra você ficar… E, olha! O nosso número de seguidores, pessoas que nos ouvem aqui semanalmente, cresceu muito! Viramos uma comunidade ainda maior em 2021. Tivemos um aumento de 50% no número de ouvintes e 144% no de seguidores!

Ah! Sabe quantos dias estivemos nas paradas de podcast no Brasil? Durante 109 dias! E, sim, a gente sabe que pessoas de fora do país também ouviram a gente. Portugal, Estados Unidos, Angola e Suíça estão entre as nações que mais nos escutaram! Incrível, não? O ELLE News, neste ano, chegou a mais de 30 países diferentes.

A gente só tem a dizer: muito, muito obrigado! Mas, agora, é hora de mergulhar em todos esses episódios e resgatar tudo o que aconteceu neste ano, as principais notícias de moda que marcaram 2021! Sobe o som e vem com a gente!

Com a pandemia de Covid-19, foram quase dois anos de apresentações virtuais. Vocês ouviram muito a gente citar aqui o termo filme fashion, que é aquele curta-metragem que mostra a coleção de uma marca.

2021 ficou marcado por uma abertura lenta e gradual e, por isso, vários designers decidiram seguir experimentando por mais tempo e com maior entrega esse formato audiovisual.

Vamos destacar agora as principais apresentações do ano e, antes, lembrar dois designers que souberam como ninguém trabalhar com clipes.

O primeiro deles foi Dries Van Noten. A coleção de verão 2022 do estilista belga foi um vídeo dirigido por Albert Moya e com trechos de músicas de Grace Jones. O designer filmou e fotografou durante três dias um grupo de modelos em um estúdio na Antuérpia. E não pense você que a ideia era reforçar esses tempos que nós ficamos fechados, não.

Foi exatamente o seu desejo pela vida noturna, as festinhas, que guiou o seu olhar para festivais, pistas de dança e raves ao redor do mundo. Uma alegria em tramas e cores psicodélicas caracterizou essa que foi uma das coleções mais bonitas do ano. Coisa de encher os olhos! Um detalhe especial é que as fotos foram tiradas pelo fotógrafo brasileiro, o paraense Rafael Pavarotti, que tem sido muito celebrado lá fora.

Outra grife que entrou com tudo no formato filme fashion foi a Maison Margiela. Na alta-costura, a apresentação da marca, que recebe o nome de Margiela Artisanal, foi um filme de terror com direito a sequência! Nesse ano, John Galliano lembrou várias vezes como nós ficamos de joelhos quando estamos diante da natureza.

A gente não consegue controlar e a pandemia mostrou isso muito bem. Por isso, ele decidiu se voltar nessa e, depois na coleção de verão 2022, para uma vila de pescadores imaginária. O diretor dos filmes foi Olivier Dahan, o mesmo que fez o longa Piaf, Um Hino Ao Amor, o filme de 2007 nomeado ao Oscar. Nas roupas de John Galliano, enzimas foram usadas para lembrar a degradação do tempo e da maresia. Detalhe que fez uma analogia à vulnerabilidade humana, nessas que foram uma das coleções mais sensíveis do ano.

Mas quem decidiu pelas apresentações físicas chegou logo com o pé na porta. E aí uma marca teve um gigantesco destaque em 2021 foi a Balenciaga, sob o comando de Demna Gvasalia.

Mas vamos por partes. A primeira apresentação de impacto da marca nesse ano foi digital. Para a coleção de resort 2022, o estilista quis fazer uma brincadeira com o que é real e o que pode ser criado com o auxílio de ferramentas digitais. Ele soltou o vídeo de um desfile aparentemente comum: várias pessoas sentadas ao longo de uma passarela, vendo modelos cruzarem o tablado de um lado para o outro.

Tudo OK, se a modelo não parecesse se repetir várias vezes. O que a gente via, na verdade, era uma reprodução digital de um desfile. Explicamos: aquela apresentação não havia acontecido de verdade, mas, sim, havia sido criada com o auxílio de computação gráfica. A modelo repetida foi a artista e musa de Gvasalia, Eliza Douglas. O seu rosto foi reproduzido com o auxílio da tecnologia deep fake no rosto de outros modelos. Assim, ela parecia clonada várias vezes na passarela.

Depois, a marca apresentou um dos desfiles mais comentados do ano, a sua coleção de inverno 2021 para a Semana de Alta Costura. E a aposta era altíssima. Acontece que a apresentação marcava a volta da maison a esse, que é considerado o evento mais luxuoso do mundo, depois de 53 anos longe dele. Lele Santhana, nossa repórter, aqui na ELLE Brasil, selecionou a apresentação como o seu desfile preferido do ano e explica para a gente porque também foi o number one de muita gente:

“O retorno da Balenciaga à alta-costura foi para mim o momento de moda mais especial desse ano. Historicamente, a alta-costura sempre foi a base da marca. Cristóbal Balenciaga desenvolveu uma nova linguagem não só estética como em técnica para esse segmento. E, desde que ele fechou as portas de seu ateliê há 53 anos, essa passou uma área intocada na Balenciaga. Em 2021 finalmente foi revivida sob o comando de Demna Gvasalia. E ele basicamente fez uma ode à alta-costura, dos números nas mãos das modelos à escolha do local e a falta de trilha sonora, com o silêncio da sala. Tudo era uma celebração às origens da marca, mas de uma forma bem atual. Até porque Cristóbal e Demna, cada um em seus respectivos termos e tempos, quebraram as regras. Eles têm isso em comum. O desfile apagou a identificação de gênero, não seguiu com a sazonalidade do calendário, incluiu referências de seu repertório de rua. Na mesma medida que ele estava criando um caminho novo nesse segmento tradicional, ele também reverenciou quem veio antes e permitiu que ele fizesse aquilo que ele estava fazendo agora.”

Outro desfile marcante também rolou nessa mesma Semana de Alta Costura. No caso, a estreia da Pyer Moss. A apresentação estava programada para o dia 8 de julho, mas foi reagendada para dois dias depois, em função de uma chuva torrencial que tomou Nova York por quase 36 horas seguidas, uma consequência do Furacão Elsa.

Muita gente foi para esse primeiro dia e ficou encharcada. A ocasião era bastante especial. Kerby Jean-Raymond, o fundador e estilista da Pyer Moss, era o primeiro estilista americano negro convidado pela Federação de Alta Costura (que, vale lembrar, tem mais de 150 anos), para fazer parte desse evento.

E quando aconteceu, claro!, tudo valeu a pena e foi histórico. Chamada de Wat U Iz, a coleção foi uma homenagem a 25 inventores negros. Com um toque exagerado, surrealista, naïf e bem humorado, o designer fez uma apresentação potente sobre como o racismo apagou até mesmo o nome desses profissionais dos livros de história.

Já Suyane Yanaya, nossa editora de moda, escolheu o desfile de inverno 2021 de Virgil Abloh, que foi reverenciado por críticos mundo afora, como um dos maiores da carreira do designer. Conta mais, Suyane!

“Para mim, o desfile que mais chamou a minha atenção foi o fall 2021 menswear da Louis Vuitton. Como sempre o Virgil conseguiu trazer a essência de rua, do streetwear, preta dos Estados Unidos. Ele trouxe anos 1980 e 1990, além de coisas atuais para fazer um grande mix. E ao lado dele IB Kamara, que é um homem de Serra Leoa que conseguiu trazer a essência do seu próprio país para dentro do styling do desfile. E o que mais me chamou a atenção de toda a história do filme, além do caminhar, das ruas, da construção do próprio homem preto em si em sociedade, foi ver o Mos Def . Ninguém poderia imaginar porque ele é muito na dele. Ele nunca está nesses lugares. Para mim foi um baque. Todas as construções que o Virgil conseguiu deixar para a gente virou uma grande referência. Eu sou muito fã do trabalho dele e eu acho que ele deixou um grande legado dentro de uma marca que precisava muito de um resgate cultural para se encontrar. Eu espero que o legado continue.”

E houve, sim, destaque no Brasil. A São Paulo Fashion Week voltou a ter desfiles físicos no segundo semestre desse ano. E o Projeto Sankofa, que faz parte da SPFW, mostrou uma mudança significativa na estrutura do evento.

Criado pelos coletivos Vetor Afro-Indígena na Moda, o VAMO, e o Pretos na Moda, o Sankofa visa racializar a mais famosa semana de moda do Brasil. Os destaques do ano da nossa repórter Bárbara Poerner e do nosso editor de reportagem de moda, Luigi Torre, são duas marcas que integram o projeto.

A Bárbara foi de Mile Lab, marca que aproveitou o evento para exercer o seu direito de protesto. Explica para a gente, Bárbara!

“O desfile que eu destaco é o da Mile Lab, que aconteceu em novembro, na última edição da São Paulo Fashion Week. Na verdade, ela trouxe um protesto, uma revolta na passarela. Foi muito forte, muito potente. Além de trazer essa indignação para as passarelas do evento, ela também trouxe tudo o que ela é e que ela fala na Mile Lab que é uma marca periférica, é uma marca que fala de culturas periféricas em suas diferentes manifestações. Ela trouxe um baile funk para a passarela, com pessoas da sua comunidade. Foi um desfile feito por ela e pelos seus, com os seus e para os seus. Foi muito forte, muito potente. É o espírito desse sopro que a moda precisa para que mudanças de fato realmente aconteçam.”

Já o Luigi Torre selecionou a marca Meninos Rei, dos irmãos soteropolitanos Céu e Júnior Rocha.

“O desfile que mais me marcou este ano foi o do Meninos Rei, na última edição da São Paulo Fashion Week. A estreia da marca, na edição anterior e em vídeo, já tinha sido muito impactante e poder ver ao vivo o trabalho do Céu e do Júnior Rocha, os irmão que comandam a marca, foi extremamente emocionante. Muito pela performance em si. O desfile começou com dois ogãs tocando para Exú. E isso já mudou completamente a energia da sala e do próprio evento que estava difícil. E depois vieram as roupas super bem construídas, coloridas, com informação de moda, com as memórias deles e o que eles acreditam. E o casting foi um dos mais diversos do evento. E isso sem parecer algo forçado, uma tokenização, ou algo para cumprir tabela. Era com muita verdade.”

Algumas das apresentações mais icônicas do ano foram frutos de colaborações. E o que não faltou foi dobradinha em 2021.

Uma das maiores, com certeza, foi a da Gucci com a Balenciaga. Para celebrar o centenário da marca italiana, essa parceria histórica foi feita com a grife espanhola. O encontro foi chamado de The Hacker Project. Essa união de labels apareceu primeiro na coleção Aria, da Gucci, e, depois, seguiu em apresentações da Balenciaga. Vale lembrar que as duas grifes pertencem ao mesmo conglomerado, o grupo Kering. A ideia de reunir duas das marcas mais hypadas do momento não só foi bem inteligente conceitualmente como uma baita sacada comercial.

Outra dobradinha de peso foi a Fendace. Isso mesmo, a união da Fendi com a Versace. E esse casamento foi dos grandes, viu, com direito a uma apresentação física e um casting bem estrelado. Desfilaram nomes como Naomi Campbell, Amber Valletta, Kate Moss, Shalom Harlow, Karen Elson, Kristen McMenamy, Gigi Hadid, Adut Akech e por aí vai. Na passarela, um total de 50 looks, 25 para cada etiqueta e que formavam um caldeirão de referências das duas casas. Pense nos logos de ambas as marcas, as rendas e couros da Fendi junto com os alfinetes e a silhueta sexy da Versace, e assim por diante.

Só que a Fendi não parou por aí. Depois do matrimônio com a Versace, a marca ainda anunciou uma colaboração com Kim Kardashian e a sua Skims, em novembro. Com itens mais casuais e esportivos, como leggings e agasalhos, tudo realçava o corpo, bem do jeitinho que Kim Kardashian gosta, mas também vinha com um toque urbano e hypebeast, marca do trabalho de Kim Jones.

Se a união faz a força, a indústria da moda não pensou duas vezes em persistir nas collabs. Outra parceria de sucesso foi a da Havaianas com a Bape, uma das marcas de streetwear mais amadas do mundo e que foi fundada pelo designer japonês NIGO, lá em 1993. Apesar dos preços das Havaianas terem chegado a 600 reais, os itens voaram das prateleiras.

E quer uma prova de que os opostos se atraem? A Tiffany&Co e a Supreme são um exemplo disso. Ok! Com toda a revitalização que a Tiffany passou neste ano, o que tornou a joalheria muito mais jovem, até que não foi inusitada a parceria com a Supreme. A marca da caixinha azul e a grife de streetwear lançaram uma linha de jóias inspirada em uma coleção dos anos 60 da Tiffany, chamada Return to Tiffany, mas, dessa vez, com as palavras Return to Supreme gravadas.

Outras duas colaborações viraram hit, mas não necessariamente aconteceram entre duas grifes de moda. O braço masculino da Louis Vuitton, por exemplo, nomeou os BTS como os novos embaixadores da marca e, basicamente, tudo o que o grupo de k-pop usou da grife francesa virou ouro.

Já o masculino da Dior, por sua vez, foi atrás de outro time. E, no caso, um time literal de jogadores. A maison assinou uma parceria com o Paris Saint Germain, o clube de futebol. E, agora, é Kim Jones, o diretor artístico das coleções masculinas da Dior, quem assina o guarda-roupa oficial dos atletas. Essa foi a primeira vez que a grife deu um movimento desse tipo, na área do esporte.

Second hand, pre-owned, pre-loved ou, em bom português, peças de segunda mão. Seja qual for o termo que você prefira usar pra se referir ao resale, o fato é que o mercado de artigos usados teve um boom este ano. E com uma mudança importante: ele foi definitivamente abraçado pela indústria do luxo.

As iniciativas nesse sentido foram várias, a começar pela poderosa Kering. O conglomerado que detém grifes como Balenciaga e Saint Laurent comprou 5% da Vestiaire Collective, uma das maiores empresas de resale online do mundo. Além de investir na venda, a Kering também resolveu apostar no aluguel de peças usadas. Em junho, ela anunciou um investimento milionário na Cocoon, empresa britânica que oferece um serviço online de aluguel de bolsas.

E várias grifes de luxo começaram a entender o que a Stella McCartney já sabia lá em 2017, quando fechou uma parceria com a plataforma The RealReal: que o second hand também tem o seu glamour. Jean Paul Gaultier criou uma área no site especialmente pra venda e locação de peças vintage. Gabriela Hearst colocou bolsas de segunda mão em seu desfile de inverno 2021 para a Chloé, ao lado de um trabalho que já vem fazendo que é o de recuperar tecidos e materiais que a casa francesa já tem. Gucci lançou a plataforma Gucci Vault, que além de novos designers oferece várias preciosidades de coleções passadas da grife italiana. A Diesel também lançou seu projeto second hand, com calças que passam por todo um recondicionamento e ganham um novo logo.

Aqui no Brasil, o mercado de resale também cresceu, puxado tanto por questões de sustentabilidade quanto também por razões econômicas. Além da já tradicional Enjoei, surgiram outras plataformas durante a pandemia, como a Roupartilhar. E as grandes marcas não quiseram ficar de fora. A Renner comprou a plataforma Repassa, seguindo os passos da Arezzo, que comprou o brechó online Troc no fim de 2020.

E falando em vendas e aquisições no mercado de moda, o ano foi movimentado.

Aqui no Brasil a Arezzo, que a gente acabou de citar, encheu o carrinho. O grupo de Alexandre Birman, que já havia adquirido a Reserva no ano passado, comprou as marcas Carol Bassi, Baw e My Shoes.

No início do ano, a Arezzo tentou comprar também a Companhia Hering, mas a empresa catarinense rejeitou a proposta. No final, a Hering foi comprada pelo Grupo Soma, dono das marcas Animale, Farm e Cris Barros, entre outras.

No sportswear, o casamento que chegou ao fim em 2021 foi o da Adidas com a Reebok. Em agosto, o grupo Authentic Brands anunciou a compra da Reebok por 2,1 bilhões de euros, ou quase 13 bilhões de reais. Apesar de respeitável, o valor ficou 1 bilhão de euros abaixo da quantia paga pela Adidas quando comprou a Reebok lá em 2006.

Outra parceria que também acabou em 2021 foi a do ready-to-wear da Fenty, de Rihanna, e o grupo LVMH. Ou melhor, não foi o fim total. Em fevereiro, o conglomerado de luxo anunciou uma pausa nas atividades da marca, até as condições melhorarem. A gente continua na torcida pra marca voltar e lembra aqui que a Savage X Fenty, a grife de lingerie de Rihanna, continua viva e muito bem, obrigada.

Ainda falando de LVMH, também causou barulho a compra da Off-White pelo grupo, em julho. A aquisição de 60% da marca de streetwear criada por Virgil Abloh pelo conglomerado de luxo foi anunciada simultaneamente à decisão de dar mais poder a Virgil dentro da LVMH. A ideia era a de que o designer levasse a sua visão a todos os outros segmentos operados pelo grupo. Infelizmente, Virgil não teve tempo de mostrar tudo o que poderia realizar no grupo.

Pois é, 2021 também foi um ano de tristes despedidas. No dia 18 de março, aos 80 anos, morreu de causas naturais, na Espanha, a designer de jóias Elsa Peretti, criadora de algumas das peças mais icônicas e desejadas da joalheria contemporânea.

De modelo à musa de Halston, ela iniciou a sua carreira como designer criando algumas peças para coleções do estilista estadunidense. Mas foi para a Tiffany&Co que Peretti lançou seus itens mais conhecidos. O bracelete Bone é um deles, assim como o pingente Open Heart e os brinquinhos em formato de feijão.

No dia 24 de abril, em Paris, se foi um dos nomes mais queridos da moda: Alber Elbaz, aos 59 anos de idade. O estilista marroquino morreu em decorrência da Covid-19 e a notícia foi dada pelo Grupo Richemont, a empresa com a qual ele havia acabado de lançar uma marca nova, que representava a sua grande volta à moda.

Em outubro, 44 designers e marcas foram convidadas para apresentar um desfile em sua homenagem, durante a Semana de Moda de Paris. Dentre os designers e grifes que desenharam para esse estilista tão amado estavam Alexander McQueen, Balenciaga, Dior, Gucci, Givenchy, Comme des Garçons, Valentino, Viktor & Rolf, entre outros.

No dia 14 de outubro, a perda foi sensível para a moda brasileira. A estilista Mara MacDowell faleceu aos 84 anos, vítima de uma embolia pulmonar. Nascida em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, Mara fundou a grife Mara Mac, com presença constante em desfiles de semanas de moda como o Fashion Rio até encerrar as suas atividades em 2019.

E uma das partidas mais recentes e que deixou toda a indústria da moda e do entretenimento em choque foi a do designer estadunidense Virgil Abloh. DJ, fundador da Off-White e diretor artístico da Louis Vuitton, ele tratava privadamente de um angiossarcoma cardíaco, uma forma rara e agressiva de câncer no coração. Virgil Abloh morreu no dia 28 de novembro, aos 41 anos de idade. Em nosso episódio de número #75 lembramos o legado desse designer brilhante.

Entra e sai ano e a dança das cadeiras dos estilistas é implacável.

O ano começou com a notícia de que Pieter Mulier era o mais novo diretor criativo da Alaia. O estilista belga atuou durante anos como braço direito do conterrâneo Raf Simons e assumiu o cargo que estava em aberto, desde a morte do fundador da marca, Azzedine Alaïa, em 2017. A sua estreia nas passarelas aconteceu no mês de julho, com um desfile nas ruas de Paris que prestava homenagem ao criador da casa.

Também no início do ano, a Rochas anunciou Charles de Vilmorin, designer de 24 anos, para assumir essa que é uma das marcas mais antigas de moda, fundada em 1925. A Rochas não tinha um designer-chefe desde que Alessandro Dell’Acqua deixou a empresa, em fevereiro de 2020.

Ainda no primeiro semestre, a Salvatore Ferragamo anunciou a saída de Paul Andrew, e a Berluti, a separação com o estilista Kris Van Assche. Ambas as marcas seguem sem um grande nome nessa posição.

Já a Pucci apresentou ao mundo a sua primeira designer mulher no comando: Camille Miceli. A designer franco-italiana tomou o lugar vago desde 2017, quando o estilista Massimo Giorgetti saiu para se dedicar a sua marca própria, a MSGM. No episódio #62 do ELLE News contamos um pouco sobre a história da Pucci e como Miceli é a grande aposta para garantir novos ares à grife.

Na Kenzo, o estilista português Felipe Oliveira Baptista saiu em abril, depois de dois anos na direção da marca. E, em setembro, Nigo, um dos mais respeitados nomes do streetwear, o designer japonês fundador da Bape, foi anunciado como o mais novo chefão da casa.

Mas provavelmente a reviravolta mais impactante do ano aconteceu na Bottega Veneta. Em um anúncio que pegou geral de calças curtas, o Grupo Kering afirmou em novembro deste ano que o estilista inglês Daniel Lee não mais trabalharia para a grife. Apesar de um trabalho bastante elogiado, que garantiu a Lee quatro prêmios do British Fashion Awards enquanto diretor criativo da marca, a relação chegou ao fim. Quem assumiu a empreitada foi Matthieu Blazy, que já trabalhava como diretor de design da casa há um ano e tem passagens por marcas como Raf Simons, Celine e Maison Margiela.

E em 2021 o fã-clube da estilista Phoebe Philo teve um bom motivo para comemorar. Depois de três anos e meio longe das passarelas, a designer britânica que marcou época na Celine anunciou que estava de volta à moda – e com marca própria, batizada de Phoebe Philo Studio. O anúncio foi feito em julho, em conjunto com o grupo LVMH, que detém uma porcentagem minoritária da nova grife.

Bom, só que a partir daí o povo ficou só na ansiedade, porque o ano tá acabando e nada de sair coleção da Phoebe Philo. Vamos ver se no começo de 2022 a gente vai ter alguma novidade pra contar pra você.

Quem também teve o seu comeback este ano foi Martin Margiela, o estilista mais low profile de todos os tempos. Só que Margiela não voltou à moda e nem aos holofotes.

Em outubro, o belga assumiu de vez o seu lado artista plástico e inaugurou uma exposição solo na Lafayette Anticipations, a fundação cultural da Galeries Lafayette. A exposição, por sinal, está nos seus últimos dias em Paris, então, caso você vá passar o Natal por lá, corre que dá tempo de conferir a mostra até 2 de janeiro.

E a gente disse que Margiela não voltou aos holofotes primeiro porque ele sempre fugiu deles, né? E continua fugindo. Nesses dois meses em que a exposição ficou em cartaz, o rosto do estilista continuou sendo um mistério para o mundo.

Sapatilha, calça skinny, tons pastel, cinto da Gucci, repartir o cabelo de lado e até café da manhã. Tudo isso ganhou carimbo de cringe, em 2021. O termo, que pode ser definido como vergonha alheia, já era amplamente usado pela Geração Z para criticar certas preferências dos millennials, de roupas a música, passando por beleza, filmes e gastronomia.

Mas a palavra cringe caiu de vez na boca do povo em junho, quando a podcaster Carol Rocha, conhecida como Tchulim, resolveu perguntar no twitter pros jovens da Geração Z o que era cringe.

Bom, a lista veio e, basicamente, todo mundo com mais de 19 anos descobriu que era cringe por um motivo ou outro.

O cantor britânico Ritchie, que há décadas mora no Brasil, até tentou explicar no Twitter que cringe, na verdade, é um verbo, então, seria errado usar a palavra como adjetivo. Mas ele foi logo detonado na rede social e, claro, chamado de cringe.

Agora, se você quiser usar um adjetivo em inglês para falar que o gosto alheio é ultrapassado, você pode usar cheugy, que foi uma das 10 palavras de destaque do ano, segundo o dicionário Collins.

Falando em Collins, a grande palavra de 2021, segundo esse dicionário, foi NFT. E quem ouve o ELLE News já está bem familiarizado com o termo, que é a sigla para Token não fungível. Relembrando resumidamente aqui: NFT são arquivos digitais com um certificado de autenticidade que os torna únicos. É mais ou menos como se fossem uma obra de arte numerada. Basicamente qualquer tipo de arquivo digital pode ser criado nesses moldes: uma foto, um filme, até um gif pode ser um NFT.

E a moda entrou de cabeça nessa nova onda tecnológica. A Gucci, por exemplo, lançou um NFT em formato de filme em maio, que foi leiloado pela Christie’s.

Mas para além dos NFTs, as marcas investiram pesado no mundo virtual em 2021. A Balenciaga lançou uma série de skins no jogo Fortnite, a Nike fez parceria com a Roblox e os designers especializados em roupas que só existem virtualmente estão tendo cada vez mais destaque. A tal ponto que o British Fashion Council criou, este ano, a categoria Design no metaverso na sua premiação anual. A primeira vencedora foi a estilista CSapphire, que cria looks para o game Roblox.

Pois é, como profetizou no Twitter a especialista em metaverso Cathy Hackl, “a próxima Coco Chanel provavelmente é uma garota de 10 anos que atualmente está desenhando skins pra avatares no Roblox”.

E a última edição do ano da ELLE impressa já está nas bancas! E nunca é de leve, né, gente? O volume 06 chega com Milton Nascimento retratado de um jeito surpreendente. A capa traz o cantor pintado a óleo pelo artista Gustavo Nazareno, que também assina as pinturas e desenhos com carvão que acompanham a entrevista com Milton, feita por ninguém menos do que a filósofa Djamila Ribeiro.

Quem também está na capa da nova edição da ELLE é o ator Wagner Moura, fotografado por Bob Wolfenson; a rainha da ciranda, Lia de Itamaracá, clicada por Edgar Azevedo; e a top Samile, que posou para um ensaio com o fotógrafo Gleeson Paulino às margens do Rio São Francisco.

A escolha desse cenário não foi à toa: o tema do Volume 06 é a água, que percorre todas as páginas como fonte de inspiração para editoriais de moda e de beleza e também como assunto de reportagens que abordam as ameaças ambientais que o país está enfrentando.

E tem congestionamento de novidades boas por aqui, porque hoje entra no ar a ELLE View de dezembro, a nossa revista digital mensal para assinantes, que traz na capa a cantora Marina Sena, revelação musical de 2021. Marina posou para um ensaio fotografado por Thais Vandanezi e deu uma superentrevista pro meu partner Gabriel Monteiro.

Nesta edição, a ELLE View faz um balanço do ano e lança as apostas para 2022 na moda, na beleza, na cultura e no lifestyle. Ou melhor, pra 2022 e além, porque a ELLE View, vocês sabem, tá sempre à frente do tempo.

Bom, mas pra não fugir do tema deste episódio, que é retrospectiva, a gente aproveita os lançamentos do Volume 06 e da ELLE View pra relembrar algumas das personalidades que passaram pelas nossas edições impressas e digitais este ano. É uma senhora lista!

No papel, a gente teve: Anitta, Taís Araújo, Maria Bethânia e Mano Brown; Bruna Marquezine – numa capa lenticular, em que ela ia trocando de look conforme o ângulo de visão –; Caetano Veloso, MJ Rodriguez e Pabllo Vittar, e ainda as tops Caroline Trentini e Shirley Mallmann.

E pela ELLE View passaram: MC Carol, Paola Antonini, Camilla de Lucas, Luisa Sonza, a Pequena Lo, Gloria Groove, Duda Beat, Ludmila e a rainha Alcione, só pra citar alguns nomes.

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E na seara da beleza? Quais foram os grandes destaques do ano? Nosso editor Pedro Camargo conta tudo! Fala aí, Pedro!

Antes de ouvirmos os destaques da Bruna de 2021, o Pedro Camargo vem a com a última pílula de beauté do ano que é uma dica bastante especial. Explica para a gente, Pedroca!

“E aí turminha, tudo bem? Vocês tão bôuas? Eu tô, né? Emplaquei um publi, aí é glória! Hoje a gente vai falar de coisa boa, viu? A senhora tem um tempinho para ouvir a abençoada palavra da Biossance e do seu Esqualano vegano, cruelty-free e derivado da cana-de-açúcar? Éééééé, gatinha… Não é brincadeira, não! Mas, vamos do começo: A Biossance é a marca de cuidados com a pele californiana que faz parte de uma empresa de biotecnologia, a Amyris. Em 2003, eles desenvolveram uma versão acessível e sustentável para a vacina da malária, tipo assim, histórico, sabe? E, depois, para continuar inovando, criaram de forma ética e segura para o planeta, o Esqualano, ingrediente estrela da marca de skincare, Biossance. E o grande babado da Biossance de hoje em dia é esse tal desse esqualano, gente, que é um ativo incrível para a pele, principalmente quando se fala de hidratação e nutrição. No entanto, por anos e anos a fio só, a indústria cosmética só usava esqualano derivado do fígado do tubarão: uó! Aí é que surgiram os supercientistas da Biossance pra fazer acontecer um esqualano derivado da cana-de-açúcar e também 100% limpo, compatível com a nossa pele (maior absorção) e estável, bafo quente. E não é que rolou, boneca? Não tem nem o que dizer, né: óbvio que a Biossance virou hit no mundo todo e se você ainda não experimentou, para de ser boba. Esse momento é seu, você merece esse poder hidratante, meu bem, se jogaaa! É isso, lindas, esqualano neles e beijinho biossânsico!”

Agora, sim! Para finalizar o episódio de hoje, nossa editora de cultura, Bruna Bittencourt, relembra os principais momentos de 2021 nas artes. Conta mais, Bru!

“Neste 2021, tivemos a volta de Adele com 30; Marisa Monte com Portas, e Caetano Veloso, capa da ELLE volume 05, com Meu coco, enquanto vimos a ascensão meteórica de Olivia Rodrigo e Lil Nas X. Já Mano Brown, capa da ELLE volume 03, se revelou uma grande entrevistador no podcast Mano a mano. Muita gente acompanhou a batalha de Britney Spears por fim à tutela de seu pai. E, entre tantas tristes despedidas, o Brasil se comoveu com a partida precoce de Marília Mendonça e Paulo Gustavo. O ano nas plataformas de streaming ficou marcado pelo retorno retorno de Sex and the city e o sucesso de Round 6, The White Lotus, Scenes from a marriage, Ted Lasso e Only murders in the building. No cinema, assistimos a Lady Gaga roubar a cena em Casa Gucci e às esperadas estreias de Duna, de Denis Viilleneuve, Crônica francesa, de Wes Anderson, e Marighella, de Wagner Moura, capa da ELLE volume 06. A arte indígena contemporânea foi destaque na Bienal, mas a notícia da partida de um dos seus representantes, Jaider Esbell, impactou o mundo das artes. Na literatura, tivemos a volta de Chico Buarque, com Anos de Chumbo e outros contos. Carolina de Jesus foi reconhecida com o título póstumo de doutora honoris causa pela UFRJ.”

Este episódio usou trechos das músicas Assim Caminha a Humanidade, de Lulu Santos; La vie en rose, por Louis Armstrong; Yasiin Bey, também conhecido como Mos Def, em apresentação para o inverno 2021 da Louis Vuitton; Gucci Gang, de Lil Pump; Golden, de Elmiene; The Times They are A-Changing, de Bob Dylan; Vintage Clothes, de Paul McCartney; Money changes everything, com Cindy Lauper; I’m coming back, do The Human League; Ragatanga, do Rouge; música do lobby da temporada 3 do Fortnite; Nada será como antes, de Milton Nascimento; e Golden, de Harry Styles

E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro. E a gente sempre te lembra: curte o ELLE News? Assine o nosso podcast na sua plataforma de preferência, para que seja notificado toda vez que um episódio novo estiver no ar. É muito simples! Basta entrar em nosso perfil e apertar o botão “seguir”!

Tenha um ótimo final de ano, descanse e se cuide! E até 2022!

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