SPFW N51 e Balenciaga

A São Paulo Fashion Week já tem data e participantes confirmados. Neste episódio, contamos todas as informações sobre o maior evento de moda da América Latina para você. E ainda: A Balenciaga fez uso da tecnologia conhecida como deep fake, para clonar uma modelo várias vezes na passarela.


mLlgqdmX origin 26




Ouça o ELLE News em: Spotify | Apple Podcasts | Google Podcasts | Overcast | RSS | Deezer | Youtube


Se preferir, você também pode ler este podcast:

A São Paulo Fashion Week já tem data e line-up confirmados! O anúncio foi feito na última segunda-feira, dia 07. A principal Semana de Moda do Brasil e da América Latina, vai acontecer agora, no mês de junho, entre os dias 23 e 27.

Ao contrário das demais semanas de moda do mundo, que pretendem voltar, aos poucos, para desfiles físicos ainda neste ano, a edição brasileira se manterá inteiramente digital como aconteceu em 2020. E não poderia ser diferente, tendo em vista que a epidemia não está nem um pouco controlada em nosso país.

Claro, muitas dessas apresentações que vão ser transmitidas, durante o evento, foram produzidas presencialmente. Mas, de acordo com a organização, todos os cuidados sanitários impostos pela pandemia foram atendidos.

Nesta temporada há um aumento significativo no número de marcas. Serão 41 etiquetas, ao todo, participando do evento. E, para a gente não ficar aqui ditando essa lista grande de envolvidos, nós separamos alguns destaques para ficar de olho.

Várias dessas marcas são veteranas. Estarão presentes nomes como os de Gloria Coelho, Isabela Capeto, João Pimenta, Juliana Jabour, Lilly Sarti e Ronaldo Fraga.

E também farão parte aquelas grifes que não estão há tanto tempo assim no line-up da São Paulo Fashion Week mas abrilhantam muito a semana, são sempre bastante esperadas. Dentre elas, destaque para a ALG, o braço de streetwear de Alexandre Herchcovitch e Fabio Souza; Isaac Silva, LED, Flavia Aranha, Misci, Modem, Neriage, Renata Buzzo; além da performance sempre emocionante do Projeto Ponto Firme, o trabalho de detentos e egressos que fazem crochê sob o comando de Gustavo Silvestre.

Mas, como é de costume, os olhos vão ficar bem atentos aos estreantes, aqueles nomes que chegam para rejuvenescer ou trazer uma nova visão para o evento. Dessa vez serão nove marcas: Anacê, Igor Dadona, Ronaldo Silvestre, Soul Básico, Victor da Justa, Rocio Canvas, Esfer, Weider Silveiro e Walério Araújo. Walério Araújo? Isso mesmo, apesar de ser um nome super conhecido da moda brasileira, é a primeira vez que o estilista pernambucano, o preferido das celebridades quando o assunto é roupa de palco e carnaval, vai desfilar na São Paulo Fashion Week.

E dois nomes bastante conhecidos do evento retornam para o calendário da São Paulo Fashion Week: Samuel Cirnansck, famoso por seus bordados e vestidos de festa, e Wilson Ranieri, um dos maiores talentos no país quando o assunto é moulage, aquela técnica de produzir uma roupa em cima do corpo ou no busto de costura.

Fora isso, a partir desta edição, a São Paulo Fashion Week acolhe também o projeto Sankofa. O Sankofa é um coletivo de estilistas negros composto por oito marcas independentes. São elas a Ateliê Mão de Mãe, Az Marias, Meninos Rei, Mile Lab, Naya Violeta, Santa Resistência, Silvério e Ta Estúdios.

Todas essas oito marcas que formam o Sankofa se apresentarão no evento depois de passarem por um “amadrinhamento” de uma marca já participante da SPFW, além de ter recebido suporte profissional em diversas frentes.

O Sankofa é uma iniciativa da plataforma Pretos na Moda e da Startup de inovação social, VAMO, que é o acrônimo para Vetor Afro-Indígena na Moda. Ambas essas organizações têm como principal objetivo unificar profissionais racializados no mercado de moda e criar um processo reparatório, também com indivíduos racializados, na moda nacional.

Vale lembrar que desde o ano passado a SPFW já mantém uma parceria bastante positiva com o coletivo Pretos na Moda, como, por exemplo, a criação de um tratado que especificou reformulações no evento. Nesse tratado foram feitas medidas como a de estabelecer que metade do casting dos desfiles precisa ser composta por pessoas negras, indígenas e asiáticas. Além disso, o documento assinado entre a SPFW e o PNM em 2020 já passou a estipular desde então valores mínimos de cachês para apresentações, prazos de pagamentos e diretrizes comportamentais dentro do trabalho.

Balenciaga clona modelo na passarela com tecnologia deep fake

Na semana passada, dia 6 de junho, a Balenciaga apresentou a sua mais nova coleção, a de verão 2022, por meio de um filme de quase sete minutos.

Quem assiste ao vídeo vê uma passarela branca, com uma plateia recheada de pessoas usando roupas pretas, empunhando os seus celulares, enquanto esperam o show.

De repente, entra a artista plástica estadunidense, Eliza Douglas, que é uma das principais musas de Demna Gvasalia na Balenciaga, e abre ou encerra os desfiles da grife desde que o estilista entrou na casa, em 2016. Só que aí ela entra de novo, e de novo, e de novo… Ela entra na passarela repetidas vezes, usando todas as peças da coleção, tanto as roupas femininas quanto as masculinas.

É! Se nos primeiros segundos parecia um desfile comum, em pouco tempo o vídeo se revela mais uma loucurinha virtual realizada por Demna Gvasalia. Para a imprensa, o diretor artístico da casa chamou a apresentação de um “deep fake de um desfile de moda”. E provocou com uma indagação: “Se o que a gente vê virtualmente não é real. O que é real, então?”.

Acontece que a aparente apresentação tradicional nunca aconteceu. E a gente explica: Foi um produtor de vídeo, Quentin Deronzier, o responsável pela série de tecnologias necessárias para a realização desse filme. O rosto de Eliza Douglas, no caso, foi digitalizado e replicado em vários dublês que treinaram para desfilar igualzinho à Eliza.

Esse tipo de tecnologia, na qual se reproduz o rosto de uma pessoa em outra, é bastante usada na chamada deep fake. E essa tecnologia já causou bastante problema virtualmente por esse seu potencial de desinformação, porque você vê algo que parece bastante real, mas, na verdade, é uma montagem. Ele já foi aplicado na produção de pornografia à propagação de conteúdo enganoso sobre políticos, mas, no geral, é bastante recorrente em memes, para o humor.

Segundo o estilista, esta foi uma maneira de refletir sobre a obsessão da moda por tendências, o que diminui o potencial da individualidade das pessoas. Fora isso, ele também aproveitou para indagar o quanto as novas tecnologias são capazes de mediar a nossa realidade. E aí o que é real e o que não é?

Em maior ou menor grau, a maioria das coleções de Demna Gvasalia falam sobre a diferença entre o real e o falso, o material e o imaterial, o físico e virtual. Por isso, a brincadeira aqui faz todo o sentido. E ela seguiu também nas roupas. Rolou nessa coleção o que aconteceu também na coleção Aria, da Gucci, aquele troca-troca das grifes, chamado de Hacker Project. As peças da Gucci foram apropriadas pela Balenciaga (no caso, algumas bolsas), e receberam no lugar do logo Gucci, o logo da Balenciaga. Quem lembra da coleção Aria da Gucci, sabe que ali rolou justamente o oposto.

E, fora os clássicos da casa, como a alfaiataria com modelagem revista, os vestidos assimétricos, estampados e soltos, os moletons e o jeitão clubber… Não podia faltar, claro, um acessório que causasse polêmica. Depois da colaboração que a Balenciaga fez com a marca de calçados Crocs, ao desenvolver o Crocs de plataforma, veio agora a versão salto alto do Crocs. Isso mesmo, um Crocs de salto alto. Bem, o que não dá para negar é que Demna Gvasalia é realmente um dos estilistas mais criativos e ousados de sua geração.

Semana de Moda de Paris medirá o seu impacto ambiental

A partir de agora, as marcas participantes da Semana de Moda de Paris vão poder calcular o impacto ambiental de suas apresentações e coleções na ponta do lápis. Ou, melhor, na ponta da tecnologia.

Na semana passada, a Federação da Alta-Costura e da Moda anunciou o lançamento de duas ferramentas de ecodesign desenvolvidas pela PricewaterhouseCooper. A primeira vai medir os impactos ambiental, social e econômico dos eventos de moda, mais especificamente, desfiles e apresentações. A segunda vai medir os impactos ambiental e social na produção das coleções e na cadeia industrial de valor.

De acordo com a federação, as ferramentas serão disponibilizadas para as marcas nas próximas semanas e já estarão em plena atividade em setembro de 2021. Ou seja, a tempo dos desfiles femininos da temporada de verão 2022 em Paris, marcada para 26 de setembro a 4 de outubro.

O projeto de criação dessas ferramentas de ecodesign começou há cerca de dois anos e foi conduzido pelas equipes de sustentabilidade e de análise de dados da PricewaterhouseCooper, em parceria com a Federação de Alta-Costura e da Moda. Mas o trabalho acabou envolvendo também todos os setores que atuam nos eventos de moda, como as próprias marcas, agências de produção, agência de modelos, imprensa e as locações usuais dos eventos.

Um detalhe importante: o objetivo não é fazer a medição do impacto só depois que o estrago estiver feito. A ideia é que as marcas possam calcular as emissões de carbono de uma apresentação durante a fase de organização e, assim, possam fazer as escolhas mais sustentáveis.

Lembrando que não é de hoje que as semanas de moda estão na mira dos ambientalistas. Além de todo o material gasto e do lixo produzido durante os eventos presenciais, há ainda todas as viagens envolvendo convidados, imprensa e participantes. Quem escreveu um texto muito instigante sobre o assunto foi a nossa colunista Marina Colerato, logo na sua estreia na Elle. O texto se chama E se não existissem semanas de moda? e está no nosso site. Vale muito a leitura.

Ação da marca Farm depois da morte de Kathlen Romeu revolta internautas

A revolta pela morte de Kathlen Romeu, jovem grávida, de 24 anos, que morreu alvejada por um tiro de fuzil durante uma operação policial no Rio de Janeiro, teve outros desdobramentos nas redes sociais.

Na quarta passada, um dia depois do assassinato, a marca carioca Farm despertou a ira dos internautas ao publicar em seu perfil no Instagram que a comissão das vendas feitas no código de vendedora de Kathlen seria revertida para a família da vítima. Kathlen trabalhava na loja da grife em Ipanema desde os 18 anos.

A ação foi considerada marqueteira e recebeu uma enxurrada de críticas acusando a marca de querer lucrar com a morte de uma pessoa. Diante da repercussão extremamente negativa, a Farm publicou um pedido de desculpas em seu instagram por realizar essa ação num momento difícil. Segundo o comunicado: “Com vocês, entendemos a gravidade do que representou esse ato, por isso, retiramos o código E957 do ar”. A empresa disse ainda que, desde que recebeu a notícia, está dando apoio e suporte à família de Kathlen.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Farm declarou que no momento não faria mais declarações, porque a empresa está em um momento de escuta, realizando rodas de conversas com os funcionários.

Questionamentos como esse nas redes são importantes para as empresas repensarem suas ações com mais profundidade, para não caírem no discurso vazio. Na sua coluna, a nossa editora especial Vivian Whiteman aborda exatamente esse ponto no texto Moda no limite, que você pode acessar no nosso site elle.com.br.

E também é igualmente importante que revoltas como essa nas redes não tirem o foco da raiz dos problemas. Desde 2017, 17 mulheres grávidas foram baleadas no Rio de Janeiro, quatro delas em ações policiais.

A Comissão de Direitos Humanos da OAB vê indícios de que o tiro de fuzil que matou Kathlen partiu de policiais militares e de que tudo indica que a operação realizada na Comunidade do Lins naquele dia era ilegal. Na sexta-feira passada, 12 PMs envolvidos no caso foram afastados.

Veio aí! Primeira peça da parceria entre Gap e Yeezy

Depois de um ano de espera, vem a público a primeira peça da parceria Yeezy Gap.

Trata-se de uma jaqueta puffer de náilon reciclado em um tom de azul celeste. O modelo é unissex e, como tudo que vem com a assinatura de Kanye West, já chegou causando polêmica. Enquanto alguns amaram a peça, outros acharam que ela tem certa semelhança com aqueles sacos de lixo azuis.

Alguns internautas também questionaram o preço da peça, já que desde o anúncio da parceria a promessa era de que a Yeezy Gap teria preços acessíveis. O modelo custa 200 dólares, ou cerca de 1020 reais, e nem todo mundo achou o valor acessível.

A jaqueta está em pré-venda no site da GAP para os Estados Unidos e as entregas só vão começar em setembro. Apesar das críticas, é claro que o lançamento provocou uma avalanche de pedidos no site da Gap, que está apostando alto que essa parceria vai ajudar a empresa a tirar o pé da lama.

Para você ter uma ideia, até o fechamento desta edição, a GAP tinha tirado todos os posts do Instagram oficial e deixado uma única foto no feed: a da jaqueta da Yeezy GAP.

Arezzo&Co compra a marca de streetwear Baw Clothing

E o santo casamenteiro dos negócios da moda continua trabalhando a todo vapor. A mais nova união do mercado é da Arezzo com a BAW Clothing, marca de streetwear que é um sucesso, principalmente, entre a geração Z. A Arezzo&Co pagou 105 milhões de reais pela aquisição total da BAW.

Fundada em 2014 pelos irmãos Bruno e Lucas Karra, a BAW já nasceu digital, ou seja, não tem lojas físicas. A marca faz lançamentos online a cada 15 dias e o seu faturamento tem dobrado a cada ano. Para 2021, a expectativa é de que ele chegue a pelo menos 80 milhões de reais.

Uma das estratégias da Baw tem sido a de apostar num time diverso de celebridades e influenciadores digitais para divulgar suas coleções. A atriz Bruna Marquezine, a ex-BBB Rafa Kalimann, o performer Loïc Koutana e a apresentadora Maisa são alguns dos famosos que já exibiram looks da BAW em suas redes sociais.

Os ex-donos da BAW, que além dos irmãos Karra tinha ainda mais dois sócios, vão permanecer contratualmente vinculados à empresa até 2025.

Para o casório ser consumado, só falta agora a aprovação do CADE, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica.

E quem está reinando absoluta nos comentários de beleza enquanto Pedro Camargo segue de férias é a nossa repórter e musa, Isis Vergílio. E, nesta semana, ela fala de um assunto que mexeu com muitos de nós: a sua relação com o espelho mudou, um ano após a pandemia? A Isis fez toda uma investigação com profissionais da beleza e conta um pouco mais dessa história agora.

“Olá a todas, todes e todos. Eu estou aqui mais uma vez para comentar a matéria De Frente com o Espelho, Um Ano Após o Isolamento. E eu tive a honra de conversar com a Daniele da Mata, Vale Saig, Carol Romero, Camila Anac e Julia Petit. Essas maravilhosas refletiram com a gente sobre estratégias de autocuidado, maquiagem, consumo, saúde mental, trabalho… Tudo, nestes tempos complexos que estamos vivendo, o da pandemia. Nesse papo foi muito interessante porque a gente teve acesso a um lado muito íntimo desses profissionais de beleza. Eu convido vocês a lerem essa matéria porque é uma matéria muito bonita e nos ajuda a refletir sobre o agora. Obrigada e até a próxima.”

E, para finalizar o episódio de hoje, a nossa dica cultural da semana, apresentada por C6 Bank & Mastercard. Dessa vez, nossa editora de cultura, Bruna Bittencourt, fala de um festival de documentários de música online que começa esta semana. Que festival é esse, Bruna!?

“Começa nesta quarta, 16, e segue até 27 de junho o 13º In-Edit Brasil, festival de documentários de música, que, pelo segundo ano consecutivo e por causa da Covid-19, acontece de forma online. A programação conta com mais de 50 filmes nacionais e estrangeiros. Um documentário sobre o produtor norte americano-Moby, inédito no Brasil, Moby.Doc, abre o festival, que homenageia o diretor norte-americano, D.A. Pennebaker, de quem será exibido “Dont Look Back”, de 1967, que registra uma turnê inglesa de Bob Dylan. Entre os destaques nacionais estão documentários sobre o grupo Secos & Molhados e sobre a Swingueira, competição de equipes de dança em Fortaleza. Já entre os internacionais, vale conferir os filmes sobre Suzi Quatro e Rockfield, uma fazenda no interior da Inglaterra onde o Queen gravou Bohemian Rhapsody e o Oasis, Wonderwall. Todos os filmes do Panorama Brasileiro terão acesso on-line gratuito e os filmes do Panorama Mundial terão custo simbólico de R$ 3, com renda revertida para projetos de amparo a pessoas afetadas pela pandemia. A gente fala mais sobre o festival esta semana no site da ELLE. Para terminar, a gente fica com Under Pressure, música do Queen em parceria com o Bowie.”

Este episódio usou trechos das músicas Supermodel, de RuPaul; Smells Like Teen Spirit, de Nirvana; Walking in your footsteps, The Police; Wouldn’t it be nice, The Beach Boys; Spaceship, de Kanye West; Pretty Hurts, de Beyoncé; e Under Pressure, do Queen; além de um trecho do verão 2022 da Balenciaga.

E nós ficamos por aqui. Eu sou Patricia Oyama. E eu sou o Gabriel Monteiro.

E a gente sempre te lembra: Curte o ELLE News? Então assine o nosso podcast na sua plataforma de preferência, para que seja notificado toda vez que um episódio novo estiver no ar. É muito simples! Basta entrar em nosso perfil e apertar o botão “seguir”!

Até semana que vem!

Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes