Jeremy Allen White fala à ELLE sobre posar para nova campanha da Calvin Klein e atuar em “O urso”
White, que protagoniza seu segundo ensaio para a marca, conta como foi se ver pela primeira vez em um outdoor como modelo e como Carmy, o protagonista da premiada série, o desafia como ator.
No início de janeiro, você provavelmente parou para ver Jeremy Allen White na campanha de underwear da Calvin Klein. As imagens tomaram a internet e consolidaram o premiado ator, protagonista da elogiada série O urso, como uma das referências de masculinidade destes anos 2020.
O sucesso das fotos, algo que não se via desde os anos 1990 com Mark Wahlberg pelas lentes de Herb Ritts para a marca, fez com que a Calvin Klein repetisse a dose sete meses depois em uma segunda campanha, em que Jeremy é mais uma vez clicado por Mert Alas.
O novo ensaio, divulgado nesta terça-feira (27.08), chega pouco após a estreia no Brasil da terceira temporada de O Urso, uma história ambientada no universo gastronômico, mas que discute nas entrelinhas temas como traumas familiares e saúde mental. Jeremy levou dois Globos de Ouro e o Emmy de melhor ator em série por sua atuação como o complexo chef Carmy, um personagem de poucas palavras, mas muitas emoções suprimidas. Depois de atuar em Garra de ferro (2023), drama da A24 sobre uma família de lutadores, ele se prepara para viver Bruce Springsteen no cinema.
Jeremy falou à ELLE sobre como encarou o trabalho como modelo e como Carmy o desafia como ator:
LEIA MAIS: ASSISTIMOS À TERCEIRA TEMPORADA DE “O URSO”
Jeremy Allen White por Mert Alas Foto: Divulgação
Quais são as principais diferenças em atuar na TV, no cinema e posar em uma campanha como modelo? Foi algo natural ou você precisou evocar um personagem?
Acho que a maior diferença entre atuar e fazer uma sessão de fotos, não importa se uma campanha tão grande quanto a da Calvin Klein, é que quando você está interpretando, tenta se dissociar completamente da equipe, se perder e esquecer que a câmera está lá. E quando está fazendo uma sessão de fotos, você faz da câmera e do fotógrafo seus parceiros de atuação de alguma forma. Você está tentando se comunicar com a lente ao invés de tentar evitá-la. Houve um pouco de aprendizado nisso. Acho que é sempre melhor inventar alguma história ou um personagem em uma sessão de fotos para que haja alguma profundidade na fotografia. Tem que haver algo acontecendo entre você e a lente ou entre você e o fotógrafo. É importante criar, pelo mínimo que seja, uma história para você mesmo ter certeza de que há algo acontecendo.
“A escala de produção dessas campanhas e filmagens são maiores do que a maioria dos sets de cinema ou televisão em que estive.”
Que tipo de história você tentou criar para si mesmo? E como foi trabalhar com Mert Alas e a equipe da Calvin Klein?
Sinto que havia algo mais voyeurístico naquela filmagem (além das fotos, há um vídeo), estou sendo meio que uma testemunha nessa rota, mas é minha rotina, estou no meu próprio lugar. Acho que na segunda campanha foi importante me envolver um pouco mais com a câmera e convidar o público de uma forma diferente. Tentamos fazer algo um pouco mais pessoal e íntimo. Mert, assim como Emmanuelle (Alt, stylist da campanha), fazem você se sentir muito confiante. É interessante, a escala de produção dessas campanhas e filmagens são maiores do que a maioria dos sets de cinema ou televisão em que estive. Mas quando você chega ao set e está fazendo seu trabalho, há essa sensação real de segurança, intimidade e confiança estabelecida rapidamente. Acho que isso se deve ao Mert e seus dons como fotógrafo.
“Há uma foto minha olhando para o outdoor antes do público. Parecia muito, muito privado, que aquilo ainda era só meu de uma forma muito bonita.”
Como foi se ver em um outdoor vestindo apenas Calvin Klein pela primeira vez? Você se lembra onde estava e quais foram seus primeiros pensamentos?
Eu me lembro. Estava em Nova York na época, para as férias, no início deste ano. Sabia que o outdoor estava sendo colocado na Houston (street). Acordei bem cedo, encontrei um grande amigo meu, Gabriel Gomez, e ele levou sua câmera analógica. Há uma foto minha olhando para o outdoor antes do público. Parecia muito, muito privado, que aquilo ainda era só meu de uma forma muito bonita. Parecia uma realização. Cresci em Nova York e vi aquele outdoor (da Calvin Klein) na Houston desde que eu tinha 11, 12 anos, quando comecei a passar um tempo naquela parte da cidade (Lower Manhattan). Parecia grande e emocionante. Foi muito bonito sentir como se fosse só meu por um momento. Nas semanas seguintes, obviamente começou a parecer menos privado. Mas foi bom ter esse momento tranquilo com isso, comigo mesmo, antes.
leia mais: “BECOMING KARL LAGERFELD”, “EMILY EM PARIS” E OUTRAS ESTREIAS DE AGOSTO NO STREAMING
Jeremy Allen White como Carmy Foto: FX
Vamos falar sobre O urso: como você se prepara para interpretar Carmy a cada nova temporada da série? Ele é um personagem complexo. O que o protagonista exige de você como ator?
Como em qualquer outro trabalho de atuação, penso como posso me enganar, acreditar que sou mais parecido com essa pessoa do que eu talvez seja. Quais partes de mim tenho que ampliar por esse período de tempo? E quais tenho que silenciar? Penso na alegria de interpretar Carmy por tantos anos e acho que por causa da grande habilidade que nossos roteiristas, especificamente Joanna (Calo) e Chris (Storer), também tenho permissão para fazer muitas descobertas. Acho que me deram alguns aprendizados maravilhosos, como o tipo de relacionamento de um ator com a câmera. Quando fizemos episódios como o da estreia da terceira temporada, que é muito mais uma narrativa sem diálogos (neste capítulo, há diversos flashbacks dos restaurantes onde o protagonista trabalhou), conseguimos focar na vida interior de Carmy e tentamos torná-la acessível ao público sem diálogos. Isso é um exercício muito bonito para um ator: transmitir sem palavras sentimentos, propósitos, desejos, com seus olhos, com a tensão de suas costas. Carmy tem um foco e especificidade na maneira como ele aborda sua arte e isso é algo que eu realmente admiro nele. Não é algo tão natural para mim, às vezes, no trabalho que faço. Talvez eu confie até demais em meus instintos. Espero que no processo de interpretar Carmy talvez ele tenha me influenciado de alguma forma, e eu tenha sido capaz de abordar meu trabalho como ator um pouco diferentemente ou pelo menos tentar algumas coisas novas.
“Isso é um exercício muito bonito para um ator: transmitir sem palavras sentimentos, propósitos, desejos, com seus olhos, com a tensão de suas costas.”
Você mergulhou no mundo da gastronomia – conheceu chefs renomados, visitou muitos restaurantes, teve que se familiarizar com os gestual da cozinha. Qual foi a parte mais interessante desse processo?
Acho que percebi no começo da preparação (para a série), antes da primeira temporada, quantas semelhanças existem entre a maneira como uma cozinha em alto nível e um set (de filmagem) são administrados. Percebi que grandes restaurantes são responsáveis pela construção de mundo da mesma forma que um filme. Acho que o sentimento que os clientes querem ao entrar em um restaurante é semelhante ao do público ao entrar em um cinema. O público quer sair deste espaço, talvez mesmo que apenas por um momento, olhando para o mundo de uma forma um pouco diferente de quando entrou. Nas melhores experiências gastronômicas que tive, sempre me peguei saindo do restaurante animado, não quero dizer “mudado”, mas talvez por um momento, tenha mudado um pouco ou tenha sentido que visitei algo diferente e entrei em um mundo desconhecido. Pode parecer uma fuga ou uma inspiração. Acho que é isso o que tanto os restaurantes quanto o cinema e a televisão podem fazer: transportar você, como um escape e uma aventura.
Você lê as críticas de filmes ou programas de TV em que atua ou prefere apenas observar a reação do público?
Passei por períodos em que provavelmente li mais resenhas ou críticas do que deveria. E acho que aprendi a minha lição. Tento evitar essas coisas agora, se puder. Acho que o que tento fazer é realmente focar em fazer, seja o que for, e na minha experiência – eu gostei? não gostei? Seja lá o que for. Acho que isso é o que é importante, no final das contas. Mas é claro, às vezes você fica curioso, sente uma coceira e precisa saná-la. É fácil procurar uma resenha de vez em quando, mas é definitivamente algo que tento evitar neste momento.
LEIA MAIS: 15 NOVOS FILMES, LIVROS E SÉRIES PARA CELEBRAR O ORGULHO LGBTQIAP+ O ANO TODO
Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes