As melhores séries e filmes de moda na Netflix
O guia da ELLE para as produções com ótimos figurinos disponíveis na plataforma.
Em algumas produções, o figurino chega a ser quase um protagonista da história, tamanha sua importância na trama. Sex and the city (1998-2004) é um ótimo exemplo entre as séries e filmes de moda na Netflix em que a roupa fez tanto sucesso quanto a história. Na Nova York do início dos anos 2000, Carrie (Sarah Jessica Parker), Miranda (Cynthia Nixon), Charlotte (Kristin Davis) e Samantha (Kim Cattrall) desfilam estilos diferentes, que refletem suas personalidades, com figurino assinado por Patricia Field.
Outra série da Netflix que leva a moda a sério – e provocou acalorados debates – é Emily em Paris (2020-), não por acaso com figurino também assinado por Field em suas duas primeiras temporadas.
Além dessas produções incontornáveis, ELLE lista as melhores séries e filmes de moda na Netflix, na ordem cronológica em que se passam suas histórias:
Bridgerton (2020-)
Criada por Chris Van Dusen e baseada nos livros de Julia Quinn, a série da Netflix leva a moda a sério, embora não siga os fatos históricos à risca. Bridgerton se passa na Inglaterra do início do século 19, no período da Regência, e foi indicada três vezes ao Emmy de figurino de época. Mas na terceira temporada, por exemplo, o figurinista John Glaser não ficou preso apenas aos vestidos acinturados logo abaixo do busto acompanhados por uma saia em linha A. Ele usou referências até dos anos 1960, como Grace Kelly e Audrey Hepburn, e 1980. Buscou ainda inspiração em pintores como Matisse para criar as estampas em degradê, sem muita definição, como nos quadros impressionistas. Para os homens, a base foram os New Romantics, como os músicos Adam Ant e David Bowie. A quarta temporada estreia em 2026.
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Downton Abbey (2010-2015)
A série conta a história da propriedade na Inglaterra em questão, por meio de uma família aristocrata em decadência, os Crawley, e seus funcionários, entre os anos 1912 e 1926. Downton Abbey ganhou o Emmy de melhor figurino de época em 2011 e concorreu outras cinco vezes. Durante as seis temporadas da série, personagens como Lady Mary (Michelle Dockery), Violet (Maggie Smith) e Isobel (Penelope Wilton) encantaram usando a moda da época, especialmente vestidos com cintura deslocada, muitas vezes sem mangas e que foram progressivamente ficando mais curtos, além de acessórios como luvas e chapéus. A série também rendeu três longas-metragens. O derradeiro, Downton Abbey – O grande final, tem estreia prevista para setembro.
A voz suprema do blues (2020)
Estrelado por Viola Davis, A voz suprema do blues é um dos melhores filmes de moda na Netflix. O longa-metragem dirigido por George C. Wolfe ganhou os Oscars de melhor figurino (para Ann Roth), cabelo e maquiagem (Sergio López-Rivera, Mia Neal e Jamika Wilson) e concorreu a outros três (atriz, ator para Chadwick Boseman, em seu último papel, e design de produção). Baseada na peça de August Wilson, a produção conta a história real da cantora de blues Ma Rainey e dramatiza uma gravação turbulenta em Chicago, em 1927. Os figurinos têm vestidos de cores de joias com cintura deslocada, bordados e uma mistura de tecidos leves com outros encorpados, como veludo. Além de A voz suprema do blues, a Netflix tem outros indicados ao Oscar de melhor figurino, como Frida (2002), de Julie Taymor, O irlandês (2019), de Martin Scorsese, e Mank (2020), de David Fincher.
Chicago (2002)
O musical ganhou seis Oscars, incluindo melhor filme, atriz coadjuvante (Catherine Zeta-Jones), design de produção, montagem, som e, claro, figurino (Colleen Atwood). A adaptação do musical da Broadway, por sua vez uma versão de uma peça de 1926, trata com humor sombrio temas como corrupção, escândalo e fama na Chicago da Era do Jazz, na década de 1920. Na história, Roxie (Renée Zellweger) e Velma (Catherine Zeta-Jones), que estão presas, disputam a atenção do seu advogado e da mídia. Chicago adapta os vestidos dos anos 1920 para figurinos de palco, com collants elaborados e bordados, em geral nas cores preto, branco e prata.
The crown (2016-2023)
Em suas seis temporadas, The crown dá aulas de evolução da moda entre 1947 e 2005 e do uso das roupas pela realeza para passar mensagens e estabelecer estilo, seja a bolsinha de mão da Rainha Elizabeth 2ª ou o vestido da vingança da Princesa Diana. A série criada por Peter Morgan acompanha o longo reinado de Elizabeth 2ª, que assumiu o trono em 1952 e permaneceu até sua morte em 2022, por meio de três atrizes: Claire Foy, Olivia Colman e Imelda Staunton. The crown reproduziu alguns dos looks mais famosos da realeza britânica e ganhou três Emmys pelo figurino de época e um na categoria figurino contemporâneo.
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A vida invisível (2019)
Dirigido por Karim Aïnouz, o longa-metragem baseado no livro de Martha Batalha ganhou o prêmio principal da mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes e teve 16 indicações ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, levando cinco, inclusive de melhor figurino (Marina Franco). A trama se passa no Rio de Janeiro da década de 1950, quando as irmãs Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Julia Stockler) têm o sonho de ser pianista e viver um grande amor, respectivamente. Mas vindas de uma família conservadora e pressionadas por uma sociedade patriarcal, elas vão ter dificuldades em realizá-los. As roupas refletem a moda da época, com saias em linha A e lápis e calças capri, mas com toque tropical.
O gambito da rainha (2020)
Outra série da Netflix que seduz pela moda é O gambito da rainha, que catapultou a carreira de Anya Taylor-Joy. A atriz interpreta a enxadrista fictícia Beth Harmon, uma garota-prodígio que domina os campeonatos enquanto lida com problemas pessoais nos anos 1950 e 1960. Os figurinos de Gabriele Binder, Gina Krauss, Katrin Hoffmann, Nanrose Buchmann e Sparka Lee Hall, premiados com o Emmy, refletem o período, com muitas golas com detalhes e saias em linha A, que vão se tornando mais sofisticados conforme ela ascende socialmente.
Asteroid City (2023)
Na lista, não poderia faltar Wes Anderson. O cineasta estadunidense é conhecido por seu estilo particular que atravessa períodos históricos. Neste longa-metragem, que se passa em 1955, mas tem uma visão retrofuturista da época, ele retoma a parceria com Milena Canonero, figurinista vencedora de quatro Oscars, por Barry Lyndon (1975), Carruagens de fogo (1981), Maria Antonieta (2006) e O Grande Hotel Budapeste (2014), também dirigido por Anderson. Os looks, assim como a direção de arte, apostam nos tons pastel, para contar a história de um grupo eclético (interpretado por Scarlett Johansson, Jason Schwartzman, Jeffrey Wright), que se reúne para uma convenção em comemoração ao Dia do Asteroide em uma cidadezinha dos Estados Unidos. A Netflix também tem quatro curtas-metragens de Wes Anderson, todos com visual apurado: A incrível história de Henry Sugar, O cisne, O caçador de ratos e Veneno, lançados em 2023.
Halston (2021)
Não poderiam faltar bons figurinos em uma minissérie biográfica sobre o designer estadunidense, interpretado por Ewan McGregor. Baseada no livro Simply Halston (1991), de Steven Gaines, e criada por Sharr White, a produção mostra a trajetória de Halston, desde seu sucesso com um chapéu usado por Jackie Kennedy na cerimônia de posse de seu marido, o presidente John F. Kennedy, em 1961, até os looks criados para Liza Minelli em seu filme-concerto Liza with a “z” (1972). A história avança pelos anos 1970 e 1980, com um figurino de época de Jeriana San Juan, Catherine Crabtree, Cailey Breneman e Anne Newton-Harding que concorreu ao Emmy. A minissérie é uma produção do núcleo de Ryan Murphy, que costuma apostar em um visual estiloso. Basta dar uma olhada em The politician (2019-2020) e Hollywood (2020), também disponíveis na Netflix.
Se a rua Beale falasse (2018)
O romance trágico, dirigido por Barry Jenkins (ganhador do Oscar com Moonlight – Sob a luz do luar), é baseado no livro homônimo de James Baldwin. Na trama, Tish Rivers (KiKi Layne) tenta provar a inocência de seu noivo, Fonny (Stephan James), falsamente acusado de estupro, na Nova York da década de 70. A figurinista Caroline Eselin, que trabalhou com o cineasta no filme Moonlight (2017) e na minissérie The underground railroad (2021), pesquisou a moda do período em fotos do Harlem do final da década de 1960 e início de 1970. O figurino traz os tons terrosos com alguns toques de cor e estampas xadrez da época. Eselin procurou reproduzir roupas mencionadas pelo escritor, como uma jaqueta de lenhador xadrez vermelha e preta dos anos 1950. Os figurinos refletem a condição social dos personagens, mas não são menos ricos por isso. O verde representa vida nova e por isso foi escolhido para o vestido marcante usada pela mãe de Tish – interpretada por Regina King, vencedora do Oscar de atriz coadjuvante pelo papel – quando vai para Porto Rico atrás de provas da inocência do genro. Já os looks de Tish representam sua inocência e otimismo, com capas e tricôs delicados, que são trocados por peças de cores mais sóbrias e pesadas conforme o drama se desenrola.
O quarto ao lado (2024)
Pedro Almodóvar merece um lugar nessa lista. O cineasta espanhol gosta de visual forte, inclusive nos figurinos. Não poderia ser diferente em sua estreia em longas-metragens em inglês. O quarto ao lado é baseado no livro de Sigrid Nunez e traz Julianne Moore como Ingrid, uma escritora que se reaproxima da velha amiga Martha (Tilda Swinton) ao saber que ela está lutando contra um câncer. Martha faz um pedido difícil para Ingrid e a convida para acompanhá-la a uma casa de campo. O figurino de Bina Daigeler aposta em tons vibrantes de vermelho, verde, azul, amarelo e peças luxuosas da Bottega Veneta, Céline e The Row, já que neste filme Almodóvar muda seu foco da classe média para a classe alta. O suéter que mistura vermelho, amarelo, azul claro e marinho é de JW Anderson e vem do guarda-roupa de Tilda. O diretor viu a atriz usando e incorporou ao figurino da personagem.
Bônus: Abstrato – A arte do design (2017-2019)
Na série documental sobre design, há um episódio sobre Ruth E. Carter, a primeira figurinista negra a ganhar o Oscar, por Pantera Negra (2018), e por Pantera Negra: Wakanda para sempre (2022), ambos dirigidos por Ryan Coogler. Nos filmes, Ruth mistura diversas referências africanas e afrofuturismo para compor os figurinos. Ela já havia sido indicada antes por Malcolm X (1992), de Spike Lee, com quem teve uma longa parceria, desde Faça a coisa certa (1989) até Chi-raq (2015), e Amistad (1997), de Steven Spielberg.
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