Lena Dunham retorna aos relacionamentos na série Too much
Criada por Lena Dunham, série Too much tem como ponto de partida sua mudança para Londres e o casamento com o músico Luis Felber.
Lena Dunham está de volta com sua produção mais ambiciosa desde Girls (2012-2017). Na série Too much, parcialmente inspirada no relacionamento com seu marido, o músico britânico Luis Felber, e sua mudança de Nova York para Londres, estreia nesta quinta-feira (10.07) na Netflix.
A produção, que ela escreve e dirige, traz Megan Stalter (a assistente maluquinha de Hacks) como a produtora Jessica, que acabou de se separar do namorado de muitos anos, Zev (Michael Zegen, que interpreta Joel, o marido da protagonista em Maravilhosa Sra. Maisel).
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Jessica está morando na casa da avó (Rhea Pearlman) com sua mãe (Rita Wilson), a irmã (Lena Dunham), que acabou de se separar do marido (Andrew Rannells), e o sobrinho. O ex-cunhado arruma um trabalho para ela em Londres e, logo no primeiro dia, ela conhece o músico Felix (Will Sharpe, da segunda temporada de The White Lotus). Ele não se importa com o jeito exagerado, as roupas extravagantes nem o corpo fora do padrão dela.
Mas Jessica ainda está muito presa ao passado e faz vídeos para desabafar para a atual noiva do ex, uma influencer interpretada por Emily Ratajkowski, sem publicá-los. Too much também tem participações especialíssimas de Richard E. Grant, Naomi Watts, Andrew Scott, Adèle Exarchopoulos, Stephen Fry e Kit Harington.
“Criar Jessica foi como criar um anjo com a pessoa de quem sou a maior fã”, disse Megan em entrevista à imprensa com participação da ELLE. “Eu e Lena colocamos diferentes partes de nós mesmas em Jessica, e ela se tornou outra pessoa.” Sharpe concorda. “Os personagens são levemente inspirados em Luis, Lena e sua mudança para Londres, mas sempre conversamos como Jessica e Felix precisam ter características próprias.”

Will Sharpe e Megan Stalter, Felix e Jessica, protagonistas da produção
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Em Girls, Lena teve a capacidade de capturar uma geração de nova-iorquinos de 20 e poucos anos. Too much é um retrato engraçado e emocionante da vida aos 30 e tantos nos dias de hoje, em que as redes sociais dominam nossas horas e facilitam certos comportamentos tóxicos. Jessica, por exemplo, não consegue se libertar do passado e da mágoa porque é capaz de acompanhar a vida de seu ex e da atual namorada dele online. Há algumas cenas que doem de tão verdadeiras, e é impossível não imaginar o quanto Zev é inspirado no músico e produtor Jack Antonoff, com quem Lena namorou de 2012 a 2017. Mas ela negou, afirmando que se baseou em diversos relacionamentos diferentes.
Lena admitiu que escrever é uma maneira de processar o mundo à sua volta. “Meu trabalho é mais romântico, niilista, agressivo ou confortante dependendo do momento em que estou. O que me motiva a continuar é essa sensação de que escrever não apenas explica algo sobre mim, mas me permite conectar com outras pessoas. Nem sempre foi fácil para mim, porque não fui uma criança com muitos amigos. Escrever me permite essa entrada.”

Lena Dunham nas filmagens da série
De Nova York para Londres
É divertido que Lena, tão identificada com Nova York, onde nasceu e cresceu, inclua na sua receita Londres e a Inglaterra, cenário de tantos livros, séries e filmes românticos, de Orgulho e preconceito a Um lugar chamado Notting Hill. Claro que, sendo uma série escrita por ela, não há romantização. Jessica não vai morar em um apartamento charmoso em Kensington, mas em um prédio de tijolos sem atrativos no sul da cidade.
A mudança de cenário também permite mostrar as diferenças culturais e inserir referências da cultura pop britânica na história. “Foi mais fácil me tornar expert em cultura pop inglesa do que em comportamento entre pessoas na Inglaterra. Ainda estou trabalhando nisso.” Lena disse ter sentido pena de Will, um inglês, ao lado de duas mulheres intensas, estadunidenses. “Não foi uma luta justa, mas ele tem poder no silêncio. Nós sentimos que precisamos falar tudo, e Will muitas vezes fica quieto.”
As diferenças entre Jessica e Felix não são apenas culturais. “Nós vivemos em um mundo repleto de ansiedade. Acho importante mostrar isso nas pessoas. Jessica sofre certa pressão vindo de uma família matriarcal, e Felix sofre outras por vir de uma sociedade patriarcal. Todo o mundo se sente sufocado.”
Lena Dunham: a voz de sua geração

Naomi Watts, uma das participações especiais da série Too much
Ela se arrepende de ter feito sua personagem em Girls, Hannah Horvath, dizer que era a voz de sua geração. “Peço desculpas porque as pessoas acharam que era sério, e não uma piada. Mas fico feliz de fazer parte de uma comunidade variada de escritoras e roteiristas mulheres. Sinto responsabilidade de trazer perspectivas. Para mim, por exemplo, era importante falar de aborto.”
Lena pode não ser a voz de sua geração, mas sabe captar o momento e preencher seus universos de personagens verdadeiros e situações que parecem ter saído de experiências reais e pessoais.
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