Sasha Meneghel antecipa detalhes de sua nova marca, a Mondepars

Sasha Meneghel, 25 anos, apresenta nesta segunda-feira (10.06), o primeiro desfile de sua nova marca, a Mondepars. Pouco antes da estreia, ela recebe a ELLE Brasil em seu ateliê, em São Paulo, onde divide o misto de sentimentos em expor um trabalho tão íntimo para um público que a acompanha desde o nascimento.

Não é exagero. A gestação de Sasha foi anunciada em rede nacional, no Domingão do Faustão, e seu nascimento teve intensa cobertura da Rede Globo, com direito a 10 minutos no Jornal Nacional. Atenta a cada detalhe da divulgação de sua grife, faz sentido que ela queira se desvencilhar da ideia de ser mais uma nepobaby inventando moda.

Sim, Sasha é filha de Xuxa, uma das maiores artistas pop do país, mas não caiu de paraquedas na indústria da moda, nem decidiu, do nada, abrir o seu próprio empreendimento. Formada na Parsons School of Design, faculdade nova-iorquina pela qual também passaram Marc Jacobs e Tom Ford, ela já estagiou com Lenny Niemeyer e, desde que foi capa do Volume 07 desta ELLE Brasil, há dois anos, falava em tirar do papel uma marca responsável ambiental e socialmente e sem muitas barreiras de gênero.

Sasha Meneghel em prova de roupa de sua Mondepars. Foto: Divulgação

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O caminho que ela trilha com a Mondepars é todo seu, mas Xuxa é citada com frequência. Trata-se de uma referência de imagem, como artista e mãe. Ela inspira Sasha, assim como outras grandes figuras dos anos 1980 e 90, como Grace Jones e Princesa Diana. “Me inspiro em arte, arquitetura e literatura. E, claro, nos looks da minha mãe”, afirma. A família faz parte deste momento de um jeito leve e positivo. Não à toa, o marido e músico, João Figueiredo, é o responsável pela trilha sonora do desfile de estreia da Mondepars.

Confira o papo em detalhes a seguir:

Como nasceu a sua relação com a moda?

Entendi que queria trabalhar com moda aos 16 anos, então fiz meu primeiro estágio com a Lenny Niemeyer. Depois, estudei na Parsons, em Nova York. E lá eu realmente me apaixonei pela indústria, pela história, mas também descobri que existiam coisas que eu discordava. Por isso, segui uma especialização, que se chama systems and society, em que você estuda como a moda dita hábitos e está presente em nosso dia a dia até naquilo que não é óbvio. E isso acaba por passar por assuntos como a questão da sustentabilidade.

Sustentabilidade é um assunto importante para você. Como isso se reflete na Mondepars?

A Mondepars nasce como uma marca que tem consciência do seu impacto. Nós temos uma longa jornada pela frente, mas estamos fazendo as escolhas possíveis, dentro da realidade de quem está começando. Claro, temos planos para daqui dois, cinco, dez anos. Mas, agora, a preocupação é a escolha de matéria-prima e parceiros alinhados ao que acreditamos. Também valorizo uma roupa que resiste ao tempo, com bom acabamento. Com bom design, você pode usar uma mesma peça de várias maneiras. A gente tem um casaquinho que é dupla face, uma calça que é ajustável e vira cintura alta, baixa e muda de tamanho. São pequenos detalhes que tornam a peça durável.

E como você definiria a marca em termos de estilo?

Versátil e atemporal. Gosto muito de alfaiataria e adoro ver como ela mudou pouco ao longo dos anos. A ombreira até aumentou, diminuiu, mas o clássico prevaleceu. Outro elemento que define bastante o DNA da Mondepars é a paleta de cores. A gente usa muito marrom, que eu estou obcecada, mas também chumbo e verde.

Jeans Mondepars. Foto: Divulgação

De onde vem a o gosto pela alfaiataria?

A minha mãe sempre gostou de comprar roupa na seção masculina, do jeans à alfaiataria. Acho que cresci vendo isso. É muito difícil a gente não olhar para dentro de casa como inspiração. E a minha mãe é uma grande referência para mim. Isso me influencia bastante como diretora criativa.

Como o negócio funciona. Você participa ativamente da criação?

Eu sou a diretora criativa, mas também desenho, sou designer. E dentro do meu ateliê, a gente tem um time específico para cada área, como marketing, estilo, e-commerce. Somos um time pequeno, mas bem organizado.

Como funciona o seu processo criativo?

Essa é a minha parte preferida. Meu processo criativo não segue uma regra. Às vezes, me inspiro com o toque de um tecido e começo a desenvolver os desenhos. Na maioria das vezes, é uma silhueta que quero alcançar. E aí, eu começo a explorar os shapes possíveis.

Quando se cria uma marca, se cria um negócio. Você está envolvida nessa parte burocrática também?

Sou uma pessoa curiosa. Então, até nas áreas que não tenho domínio, eu estou presente. Mesmo que seja apenas observando o meu time trabalhar. Essa parte burocrática me interessa muito. Mas sim, eu tenho especialistas para cada parte do processo. São pessoas em que confio e escuto sempre. Acho importante ter noção do que você não sabe, do que você tem que aprender.

Você ouviu conselhos de outros empreendedores de moda?

Tenho o privilégio de ter pessoas ao redor que trabalham com moda e me dão boas opiniões. O Airon (Martin), da Misci, é um grande amigo, que esteve perto de mim nesse processo louco de criar uma marca.

Sasha Meneghel em prova de roupa de sua Mondepars. Foto: Divulgação

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A venda é focada no digital? Existe um desejo em abrir ponto de venda físico?

De início, a gente vai focar no e-commerce. Mas tenho o sonho de ter uma loja. E, inclusive, já estamos desenvolvendo isso. Vai acontecer em breve. Algumas peças você pode comprar já no ato, logo após o desfile. A gente tem também uma peça que funciona com pre-order. É um vestido mais complicado, que não fazia sentido ter no estoque, mas o disponibilizamos para pedidos especiais.

Você pretende vender em outros países?

Quero ver a Mondepars chegar em outros países, mas estou com a atenção voltada ao Brasil. Vou viver esse momento, estar presente. Sonhando, claro, mas bem aqui.

O que você pode nos adiantar do desfile?

Não imaginava o quão complexo é fazer um desfile. De verdade, é uma loucura. O escritório está uma bagunça. Mas todo o meu time é dedicado. Estamos correndo para dar conta desses sonhos. Penso no casting, nas pessoas que vão estar lá, e fico emocionada ao lembrar que “caraca, a minha mãe vai poder ver essas peças sendo desfiladas na frente dela”.

Quem você quer ver de Mondepars?

A Taís Araújo é uma mulher que admiro pelos posicionamentos, a forma como se veste e todo o trabalho. A Bruna (Marquezine) é minha “irmã”. E a minha mãe não tem muita escolha (risos). Mas gosto de imaginar pessoas reais que vão usar a marca. Quando eu desenho, penso em uma mulher de um jeito lúdico, o que ela toma no café da manhã, para onde ela vai no final de semana e com o que ela trabalha. Quero vestir essa mulher.