“Becoming Karl Lagerfeld” tenta decifrar o designer por meio de seus relacionamentos
A série que estreia no Disney+ foca no período entre 1972 e 1982.
No início de cada episódio de Becoming Karl Lagerfeld, minissérie em seis episódios sobre o estilista, há um aviso de que se trata de uma obra ficcional e que certos personagens e fatos foram modificados.
A produção, que estreia nesta quarta-feira (7.8) no Disney+, é baseada na biografia Kaiser Karl, escrita por Raphäelle Bacqué, uma das criadoras da série. Os roteiristas e os atores também leram diversas entrevistas e conversaram com pessoas que conheceram Lagerfeld (1933-2019) para se prepararem para a série. Mas, no fim, tiveram uma série de relatos contraditórios.
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O alemão Daniel Brühl (Bastardos inglórios) interpreta o designer em um período crucial de sua carreira: de 1972 a 1982, quando ele passou de estilista desconhecido do grande público, que trabalhava sob contrato para grifes como Fendi e Chloé, para um dos nomes mais respeitados da moda.
Becoming Karl Lagerfeld foca na personalidade indecifrável do alemão, famoso por não demonstrar seus sentimentos e esconder-se atrás da figura que inventou para si mesmo, com seu rabo de cavalo, botas com salto e óculos escuros. E destaca seus relacionamentos profissionais e pessoais, bem como as rivalidades.
A seguir, alguns momentos de realidade e ficção da série (inclui spoilers!):
Daniel Brühl como Karl Lagerfeld Foto: Divulgação
A rivalidade com Yves Saint Laurent
Na série, Karl Lagerfeld e Yves Saint Laurent (interpretado por Arnaud Valois, do filme 120 batimentos por minuto) são rivais entre 1972 e 1982, mas foram amigos no passado – a produção não mostra as razões do início da inimizade, só faz alusões ao histórico dos dois. Na realidade, os dois foram premiados no Woolmark Prize de 1954, com o alemão reconhecido na categoria casacos, e o francês nascido na Argélia, por vestido de noite. Logo após a premiação, Saint Laurent foi contratado pela Dior. Mas, convocado para servir na Guerra da Argélia (1954-1962), foi dispensado pela casa depois de ter um colapso nervoso. Ele ganhou um processo contra a Dior e abriu a grife com seu nome em 1961. Enquanto isso, Lagerfeld trabalhou como freelancer para diversas marcas, se mantendo desconhecido pelo grande público. A série mostra como Saint Laurent era considerado um gênio e um artista, enquanto o alemão era visto como uma espécie de operário da moda.
Daniel Brühl como Karl Lagerfeld e Théodore Pellerin como Jacques de Bascher Foto: Divulgação
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A relação com Jacques de Bascher
Logo no início do primeiro episódio, Karl Lagerfeld conhece Jacques de Bascher (Théodore Pellerin, da série Como se tornar uma divindade na Flórida), um aspirante a escritor vindo de uma família aristocrática. Segundo o próprio Lagerfeld, ele amava Jacques, mas foi um amor platônico, sem sexo. O designer sustentava Bascher e o via como uma inspiração, o glitter que faltava em sua personalidade e em sua vida. Lagerfeld ficou ao seu lado até sua morte, em 1989, em decorrência da Aids, o que a série não mostra. Na série, a relação do estilista e Bascher é o fio condutor da narrativa. Os dois claramente se amam, mas a falta de sexo e a dificuldade de Lagerfeld de expressar seus sentimentos tornam o relacionamento complicado.
Daniel Brühl como Karl Lagerfeld em cena da série Foto: Divulgação
O caso de Jacques de Bascher e Yves Saint Laurent
Jacques de Bascher teve um caso com Yves Saint Laurent, que pode ser descrito como o oposto do designer alemão: gostava de festas e de diversão. Lagerfeld nem bebia. Saint Laurent acabou apaixonando-se pelo parceiro de seu principal rival. O relacionamento dos dois foi conturbado. Lagerfeld deu entrevistas dizendo que não se importava com isso, mas na série há muito mais emoções envolvidas. O alemão sempre culpou Pierre Bergé, que foi amante de Saint Laurent e cofundador da grife homônima, como o fomentador da animosidade dele com o ex-amigo.
Pierre Bergé, o arqui-inimigo
Conhecido como o pitbull da moda francesa, Pierre Bergé (Alex Lutz, da série Guy), parceiro de negócios e de vida de Saint Laurent, não tinha uma boa relação com Lagerfeld. Em uma entrevista, o alemão disse que ficaram 40 anos sem se falar. Se for verdade, não é assim que aparece na série, em que os dois não perdem a chance de se alfinetar. Bergé nunca escondeu seu desdém pelo designer, que considerava menor e a quem desprezava por ser alemão. O triângulo amoroso entre Lagerfeld, Bascher e Saint Laurent contribuiu para azedar ainda mais a relação.
Théodore Pellerin como Jacques de Bascher e Daniel Brühl como Karl Lagerfeld Foto: Divulgação
O vídeo de Jacques de Bascher para a Fendi
Em 1977, Bascher fez um curta-metragem para a Fendi. Histoire d’eau é considerado um dos primeiros fashion films da história. Na realidade, a produção foi usada para lançar a primeira coleção prêt-à-porter da grife. Na série, Bascher, que se vê sem propósito na vida, sempre sob o controle de Lagerfeld, sugere fazer o filme. O designer aceita, acreditando que não vai ficar bom – Bascher nunca conseguiu realizar nenhum de seus projetos. Mas, depois de ver o resultado, sente-se inseguro com o sucesso do parceiro e telefona para as irmãs Fendi sugerindo que o filme não seja exibido.
Karl Lagerfeld com Paloma Picasso e Rafael Lopez-Sanchez Foto: Guy Marineau/WWD/Penske Media via Getty Images
O vestido de Paloma Picasso
Paloma Picasso (interpretada pela designer e influenciadora Jeanne Damas) é amiga de Karl Lagerfeld e Yves Saint Laurent, uma raridade dada a rivalidade entre os dois. Para seu casamento com Rafael Lopez-Sanchez, ela pediu um vestido de dia para Saint Laurent e o da festa para Lagerfeld, o que representa uma vitória do designer alemão sobre seu rival. O alemão criou um vestido representando um coração na cor vermelha (acima).
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