Cortes de cabelo que prometem bombar em 2021
Como reflexo de um retorno cada vez mais forte ao cabelo natural, o volume dos fios volta a ser celebrado. Cortes de cabelo em camadas, mullets, shaggy hair e franjas prometem brilhar nos próximos meses.
Mais do que nunca, em 2020 muita gente conseguiu se conhecer melhor. Com mais tempo em casa e sem poder circular por espaços públicos devido ao isolamento social, a nossa relação com a própria aparência acabou se modificando.
Os cabeleireiros Claudia Fernandes, do Fil Hair & Experience, no Rio de Janeiro, e Jonathas Diniz, do Cubo, com unidades em São Paulo e Porto Alegre, já notaram entre clientes que retornaram aos salões após a reabertura que isso se refletirá bastante nas tendências de cortes de cabelo que mais veremos por aí em 2021– seja nas ruas ou no Instagram.
“A tendência para 2021 é descobrir a sua própria tendência. Como você se enxerga nesse momento”, diz Claudia. “As mulheres estão se vendo de outra forma, não querendo seguir uma moda, porque, dentro de casa, começaram a se conhecer. Quem usava cabelo curto, deixou crescer e curtiu, quem usava longo, cresceu ainda mais e vieram para cortar curtinho“, exemplifica.
Para Jonathas, esse autoconhecimento em relação aos fios tem bastante a ver com o fato de uma galera ter se aventurado a cortar por conta própria. “As pessoas estão entendendo o que funciona ou não para elas. Algumas puderam raspar e acompanhar o crescimento. Muitos homens de cabelo curto não lembravam como eles eram grandes, deixaram crescer e gostaram”, comenta.
Porém, mesmo nessa jornada de entender o que funciona melhor para você, é possível observar alguns caminhos para seguir como referência. A seguir, os profissionais apontam os estilos que têm feito mais sucesso entre seus clientes e que têm grandes chances de seguir bombando em 2021.
Corte de cabelo em camadas e volume valorizado
Foto: @claudiafernandesf_
“A naturalização da beleza já vinha acontecendo e a quarentena a acelerou. Notei mais pessoas aceitando seu crespo e aprendendo a lidar com ele. Muita gente já estava no processo de transição e esse tempo em casa ajudou”, analisa Jonathas. Claudia conta que foi a primeira vez em muito tempo que algumas clientes deixaram de secar e fazer escova progressiva “e começaram a enxergar seu cabelo real”.
Com isso, o volume dos fios têm sido cada vez mais celebrado – e cortes de cabelo que valorizem isso se destacam, inclusive entre quem tem as mechas onduladas ou até mesmo lisas. “Voltam características dos anos 1970, essa franja bem volumosa dividida no meio, tipo Farrah Fawcett”, comenta o fundador do Cubo.
Criar camadas é o caminho unânime para conquistar um efeito volumoso com leveza. Porém, é preciso levar em consideração as características de cada fio e fazer pequenas adaptações. No caso das crespas e cacheadas, as camadas dão mais movimento ajudando a deixar o look mais “despojado e sexy”, explica Claudia.
Ela conta que quem tem cabelo cacheado e crespo, normalmente gosta de mantê-lo longo. “O maior medo ao entrar na transição é de precisar cortar curto, então muitas mulheres ainda ficam naquela mescla de liso e cacheado por um tempo”. Só quando as mechas estão mais compridas é que a maioria topa fazer o big chop para cortar toda a parte alisada – aí, na sequência, vêm as camadas para deixar tudo mais leve e fluido.
Já nos cabelos mais finos, primeiro é preciso formar uma base reta e sólida para depois criar um pouco de movimento por cima. Se repicar tudo, o efeito pode ser o contrário e deixar um efeito ainda mais ralo. “Nesses casos, o ideal é manter os fios na altura dos ombros“, ressalta a profissional. Outro segredo para criar mais volume é passar pomada ou spray modelador e ficar de coque ou trança até secar. “Ao soltar, você cria uma efeito babyliss bem natural”, sugere.
Franjas super em alta
Foto: @claudiafernandesf_
“As franjas vêm forte porque muita gente cortou em casa”, indica Jonathas. “Quem não tinha fez, quem já tinha retocou sozinho. Acho um baita ato de coragem”. Ele conta que muitos clientes ainda não estão indo ao salão e, empiricamente, estão aprendendo a fazer. “Está dando tempo de crescer e cortar de novo. Vejo que está sendo um processo legal”, diz.
“Não vejo mais aquela coisa de ‘é verão, não vou usar franja’. Minhas clientes falam ‘quero ter franja, nunca tive, esse é meu momento’ não importa a estação“, compartilha Claudia. A especialidade dela são as franjas bardot ou cortininha, que vêm na altura dos olhos ou, no máximo, do nariz, marca da musa francesa Brigitte Bardot nos anos 1960. O estilo é queridinho entre as mulheres que querem criar um charme a mais no visual que não demore muito a crescer caso mudem de ideia. “Tem gente que vem só para cortar a franja”, conta.
Foto: @claudiafernandesf_
Expert em crespos e cacheados, Claudia faz questão de frisar que franja é para todo mundo. “Existia esse mito antes de que crespas e cacheadas não podem usar franja. Podem sim e fica lindo!”, defende. Nesses casos, vale tanto a cortininha quanto aquela mais volumosa complementando o corte de cabelo em camadas.
O retorno dos mullets
Foto: @celladiggshair
Um marco dos anos 1970 e 1980, os mullets estão ressurgindo com força. Agora, eles chegam repaginados com mais camadas resultando em mais leveza e um shape menos rígido. As cantoras Miley Cyrus e Billie Eilish e as atrizes Maisie Williams e Barbie Ferreira são algumas das estrelas que já aderiram ao look. Rihanna também casou um alvoroço ao surgir com o estilo no desfile da Savage X Fenty.
A pegada andrógina que ess corte de cabelo caracterizado pelas laterais curtinhas em contraste com a parte de trás longa é um dos pontos seus fortes. “Funciona muito bem justamente por essa versatilidade entre feminino e masculino”, comenta Jonathas. Para ele, outro ponto que dá força ao mullet nesse momento são as tesouradas feitas em casa. “Como a pessoa não consegue cortar o cabelo na parte de trás, ele acaba sendo um caminho.”
A força do shaggy hair
Foto: @celladiggshair
Totalmente nesse contexto de valorização do volume em uma pegada anos 1970, o shaggy hair (“cabelo desgrenhado”, em inglês) também faz seu retorno. “Ele se adapta bem a quem tem o fio bem fininho para emoldurar o rosto. A gente repica mais na frente para não deixar muito ralinho atrás e inclui a franja”, indica Claudia. O truque de finalização que ela deu ali em cima, com modeladores e coque, aqui é mais que bem vindo para criar o efeito meio bagunçado.
“É quase um mullet para quem não tem coragem de ousar demais”, comenta Jonathas. “A frente é bem parecida, porém o shaggy é mais longo.” Seu truque de finalização para um amassado natural é usar um babyliss mais grosso. Quem já tem os fios cacheados e busca um visual retrô, também se adapta bem ao estilo e sai na vantagem por não precisar se preocupar demais com a questão do volume, característica de corte de cabelo.
Mulheres se jogando no cabelo raspado
Foto: @prettamesmo
Na onda do “corte em casa você mesmo”, algumas mulheres se aventuraram em passar a máquina e raspar tudo, fortalecendo uma onda que já vinha crescendo de cortes de cabelo femininos mais baixos que o pixie. “Percebi que muitas rasparam o cabelo todo, depois fizeram só do lado, e viram como, em um curto período, dá para ter uma grande mudança com o curto, coisa que o longo, muitas vezes, não permite”, conta Jonathas.
Para ele, o uso de máquina, comum aos homens há tanto tempo, agora ganha espaço também entre as mulheres. “Vejo isso principalmente em São Paulo e regiões mais urbanas. Até no longo elas entram ajudando a criar um mullet mais arrojado, por exemplo”, analisa.
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