A história do pixie cut

Saiba tudo sobre o corte de cabelo curto que inspirou gerações de mulheres a questionarem o padrão estético de sua época e está cada vez mais popular.


Halle Berry de cabelo curto pixie cut
Foto: Getty Images



O corte de cabelo curto pixie, apesar de não ser uma novidade nos salões de beleza, ganhou uma nova onda de adeptas durante a pandemia. As cantoras Rihanna e Demi Lovato são algumas delas. Por aqui, a atriz, influencer e empresária Manu Gavassi é quem está apostando nesse corte curto feminino que, para além de superprático, representa todo um estilo de vida mais livre e cheio de atitude. Por isso, decidimos mergulhar a fundo na história do penteado ultracurtinho e puxamos as melhores dicas para adotar o estilo.

Mas o que caracteriza o tal do pixie cut?

O cabeleireiro com mais de 30 anos de experiência Raul Carvalho, diretor do salão Novo Arte, em São Paulo, explica que o pixie cut é um corte de cabelo curto que se caracteriza por deixar a nuca à mostra.

Para Vinicius Kevin, do salão paulistano Retrô Hair, o pixie é uma opção “fresquinha, moderna e charmosa” que, por causa do machismo, antigamente, era conhecido como “joãozinho”. “Era um jeito estereotipado de se referir a um cabelo curto. Ele não é exclusivo dos meninos para ter esse nome“, reforça Rodrigo Lima, diretor criativo do Circus Hair e cabeleireiro há mais de 25 anos.

Rihanna de cabelo curto, usando um pixie cut

Rihanna debutou seu novo pixie cut ao divulgar as peças da coleção #Pride da sua marca de lingerie, a SavageXFenty Reprodução: Instagram / @badgalriri

“O pixie é muito versátil. Não precisa acordar duas horas mais cedo para fazer escova, babyliss ou prancha, para ficar ‘capa de revista’. Você pode usar o cabelo curto de várias formas e texturas. O uso de pomadas e spray, ajudam a manter o estilo no lugar. A dica é cortar de 30 a 45 dias para manter o seu visual sempre em dia”, continua Vinicius.

“Se você tem o cabelo muito fininho, a gente vai indicar alguns produtos para cabelo finos que causam volume. Para cabelos mais grossos, a gente vai querer mais definição. Então, temos como recurso milhares de tipos de finalizadores para cada fio adequando cada finalizador para cada tipo de cabelo. Os finalizadores são muito necessários para que o cabelo pixie ganhe um desenho e uma sofisticaçao”, completa Rodrigo.

Cabelo curto feminino do começo…

As mulheres europeias, principalmente na França do século 18, adotaram o cabelo curto sob circunstâncias bastante complexas. Durante a Revolução Francesa, as mulheres adotaram um corte de cabelo curto, na época, conhecido como “titus”. Com intenções políticas, tratava-se de um curtinho penteado para cima que deixava o pescoço à mostra que, por sua vez, estava sempre adornado por uma fita vermelha em homenagem aos revolucionários mortos na guilhotina pelo Absolutismo.

Pouco depois da Revolução Francesa, o cabelo curto feminino foi deixado de lado para aparecer de novo somente nos anos 1920, com as melindrosas: mulheres que, inspiradas pelo estilo de Gabrielle Chanel, cortaram os fios, se livraram dos espartilhos, encurtaram as saias e amavam o jazz e o charleston. Ou seja, as bases do que se tornou o pixie no novo milênio tem o seu quê de subversão e coragem.

“Uma dica que eu dou para as mulheres que querem cortar seus cabelos mas têm medo ou inseguranças é: busquem, pesquisem… Hoje tem muitas referências com diferentes corpos e tons de pele usando o pixie”, Eliziane Berberian.

Nas décadas seguintes, o longo imperou. É somente a partir de 1950 que o cabelo curto entra em voga novamente depois de aparições ilustres no cinema. No filme Roman Holiday (1953), a icônica Audrey Hepburn corta o cabelo em frente às câmeras para representar um novo começo para sua personagem.

As referências do pixie cut

A norte-americana Jean Seberg foi outra hollywoodiana a investir no pixie e a popularizar de uma vez por todas o corte que, nos anos 1960, ganha contornos ainda mais ousados. Com a emancipação da juventude, o penteado tornou-se símbolo de insubordinação feminina. Não à toa, mulheres como a atriz e ativista Mia Farrow, a fashionista Edie Sedgwick e a modelo que foi representação máxima da época, Twiggy, eram adeptas do estilo.

Twiggy, a rainha do cabelo curto pixie

A modelo Twiggy foi uma das mulheres que ajudaram o pixie cut a virar febre nos anos 1960. Getty Images

Apesar do pixie ganhar um descanso nos anos 1970, ele já era um clássico. Nas décadas seguintes, o corte retoma seu posto no pódio dos mais desejados com a ajuda de Cindy Lauper, Madonna, Lady Di e Linda Evangelista. Sobre a supermodel, o cabeleireiro Elton Nunes (da Pivot Point, no Rio de Janeiro) diz que “seu cabelo tinha algo de futurista e ajudou a alavancar certa androginia na beleza”.

Depois vieram Toni Braxton, Halle Berry, T-Boz, do TLC, Chloë Sevigny, Jenny Shimizu, Winona Ryder e tantas outras. “Foi-se o tempo em que o comprimento ou cor de cabelo podia ser um jeito das pessoas julgarem umas às outras. Quanto mais as mulheres estiverem à vontade com suas escolhas, mais livres estarão”, diz Rodrigo Lima.

Fechamos com as palavras da Eliziane Berberian, criadora de conteúdo digital adepta do pixie cacheado: “Uma dica que eu dou para as mulheres que querem um corte de cabelo curto mas têm medo ou inseguranças é: busquem, pesquisem… Hoje, tem muitas referências com diferentes corpos e tons de pele usando o pixie. De repente, não comece cortando muito curto, vá pra casa, se curta, se reveja, se reconecte com sua nova imagem e depois vá se arriscando em cortes mais radicais. Cortar o cabelo vai além de uma estética, faz parte de um processo de cada mulher. É válido lembrar que sempre vão criticar. Sigamos com as nossas escolhas e eles que lutem!”

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