Oscar 2022: onde assistir aos indicados

A maioria dos filmes pode ser vista em casa, pelos serviços de streaming. Confira a lista e prepare para a pipoca.


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Arte: Mariana Baptista



Ainda há tempo para assistir aos filmes que concorrem ao Oscar, cuja cerimônia acontece no domingo (27.03), em Los Angeles. Alguns chegam nesta semana aos cinemas brasileiros, como A pior pessoa do mundo, de Joachim Trier, concorrente nas categorias filme internacional e roteiro original. Outros estrearam há pouco, como Drive my car, de Ryûsuke Hamaguchi, que disputa as estatuetas de filme, filme internacional, direção e roteiro adaptado, Belfast, de Kenneth Branagh, indicado a sete prêmios, Licorice Pizza, de Paul Thomas Anderson, e Spencer, de Pablo Larraín. Mas a grande maioria pode ser vista em casa, em serviços de streaming. Confira a seguir os indicados nas principais categorias e onde assistir a esses filmes:

Ataque dos Cães, de Jane Campion (Netflix)

O favorito aos Oscars de filme e direção e recordista em indicações (12) é um thriller vestido de faroeste, ambientado em Montana, nos anos 1920. Benedict Cumberbatch interpreta o bruto caubói Phil, que cuida da fazenda com o irmão (Jesse Plemons). Quando este se casa, Phil começa a maltratar sua nova cunhada e sobrinho (Kirsten Dunst e Kodi Smit-McPhee).

As maiores ameaças à sua vitória na categoria melhor produção do ano são os filmes de conforto Belfast, de Kenneth Branagh, sobre as memórias de infância do diretor quando estourou a guerra civil entre protestantes e católicos na Irlanda do Norte, e No ritmo do coração (Amazon Prime Video), de Siân Heder, sobre uma adolescente dividida entre cuidar da família surda ou perseguir o sonho de cantar.

Duna, de Denis Villeneuve (HBO Max)

A ambiciosa adaptação do livro de Frank Herbert, que teve uma versão malsucedida de David Lynch em 1984, é uma ficção científica sobre uma família nobre, encabeçada pelo Duque Leto Atreides (Oscar Isaac), encarregada de liderar um planeta que contém reservas de um elemento vital para a galáxia. Seu filho, o príncipe Paul (Timothée Chalamet), é considerado uma espécie de messias. No elenco ainda estão Zendaya e Jason Momoa. O filme concorre a dez prêmios, incluindo o Oscar de melhor produção do ano, mas tem mais chances em categorias técnicas, como som e efeitos visuais.

Amor, Sublime Amor, de Steven Spielberg (Disney+)

Em 1961, o filme original baseado no musical da Broadway ganhou dez Oscars. Esta nova versão não tem as mesmas chances, mas é uma bela repaginação da versão de Romeu e Julieta passada em uma Nova York em processo de gentrificação que opunha descendentes de imigrantes europeus pobres e porto-riquenhos. Espere números musicais belíssimos e um elenco carismático. Ariana DeBose, que fazia parte do musical Hamilton, é favoritíssima na categoria atriz coadjuvante.

Atores

Uma dica sobre o Oscar: nem sempre a melhor atuação daquele ano ganha. Muitas vezes, o ator ou atriz é premiado pelo conjunto da obra, ou porque “chegou a hora”. Esse parece ser o caso de Will Smith, que já foi melhor do que em King Richard: Criando Campeãs (HBO Max), no qual interpreta o pai obstinado das tenistas Venus e Serena Williams. Não atrapalha ele ser um dos sujeitos mais queridos de Hollywood. Smith concorre com Javier Bardem (Apresentando os Ricardos, no Amazon Prime Video), Benedict Cumberbatch (Ataque dos cães), Andrew Garfield (Tick, Tick… Boom!, na Netflix), e Denzel Washington (A tragédia de Macbeth, no Apple TV+).

A disputa está bem mais competitiva entre as atrizes, mas nas últimas semanas parece que Jessica Chastain, que concorre pela terceira vez, deu um passo à frente por Os olhos de Tammy Faye (inédito no Brasil), que também concorre por cabelo e maquiagem. Suas concorrentes são Olivia Colman (A filha perdida, Netflix), Penélope Cruz (Mães paralelas, Netflix), Nicole Kidman (Apresentando os Ricardos) e Kristen Stewart (Spencer).

Entre os coadjuvantes, Troy Kotsur (No ritmo do coração) e Ariana DeBose (Amor, sublime amor) só não levam em caso de zebra. Os dois fariam história: ele como o primeiro ator surdo a ganhar o Oscar, ela como a primeira atriz abertamente queer e primeira afro-latina a vencer. Os concorrentes de Kotsur são Plemons e Smit-McPhee (ambos de Ataque dos cães), J.K. Simmons (Apresentando os Ricardos) e Ciarán Hinds (Belfast). DeBose disputa com Jessie Buckley (A filha perdida), Judi Dench (Belfast), Dunst (Ataque dos cães) e Aunjanue Ellis (King Richard).

Animação

É um ano bem forte para a animação, com A família Mitchell e a revolta das máquinas (Netflix), de Michael Rianda, e Encanto (Disney+), de Byron Howard e Jared Bush, entre os favoritos. No primeiro, uma família faz sua última viagem juntos, levando a filha para a faculdade, quando estoura uma rebelião de robôs. No segundo, uma adolescente colombiana lida com a frustração de ser a única sem poderes mágicos em sua família. Os outros concorrentes são Luca (Disney+), Raya e o último dragão (Disney+) e Flee (ainda sem data no Brasil), sobre a história real de um refugiado afegão.

Documentário

Vai ser difícil tirar a estatueta das mãos de Questlove e seu Summer of Soul (…Or, when the revolution could not be televised), disponível no Telecine. O filme recupera imagens de arquivo de um festival de música no Harlem que rivalizou em talentos com Woodstock, mas ficou esquecido pela história por apresentar artistas negros e ter uma plateia majoritariamente negra. Disputam com ele Flee, de Jonas Poher Rasmussen, Ascension (Paramount+), de Jessica Kingdon, que observa as transformações econômicas e sociais da China, Escrevendo com fogo (nas principais plataformas de aluguel e compra), dirigido por Sushmit Ghosh e Rintu Thomas, sobre a transição um jornal independente comandado por mulheres na Índia para o digital, e Attica (inédito no Brasil), de Traci Curry e Stanley Nelson, sobre a rebelião no presídio de mesmo nome em 1971, expondo a violência e o racismo no sistema.

Filme internacional

Drive my car (disponível no Mubi, a partir de 01.04), do japonês Ryûsuke Hamaguchi, conseguiu o feito de extrapolar a categoria e conquistar indicações de melhor filme do ano, direção e roteiro adaptado. É o favorito para ganhar aqui. Seu principal concorrente é A pior pessoa do mundo, do norueguês Joachim Trier. Os outros concorrentes são o dinamarquês Flee, o primeiro na história a concorrer nesta categoria, em animação e documentário, A mão de Deus (Netflix), do italiano Paolo Sorrentino, e A felicidade das pequenas coisas, do Butão, dirigido por Pawo Choyning Dorji, em cartaz nos cinemas e disponível no Now (a partir de 25.03) e no Belas Artes a La Carte (a partir de 30.03).

Trilha sonora original

Jonny Greenwood, guitarrista do Radiohead, tornou-se um dos maiores compositores de trilhas sonoras da atualidade. Ele é um dos favoritos a ganhar por Ataque dos cães, na segunda vez que disputa a categoria. A concorrência é braba: Hans Zimmer, em sua 12ª indicação, por Duna, Alberto Iglesias, concorrendo pela quarta vez, por Mães paralelas, Nicholas Britell, disputando seu terceiro Oscar, por Não olhe para cima (Netflix), e Germaine Franco, a primeira mulher latina na categoria, por Encanto.

Canção original

Queremos pop? Temos, sim. Billie Eilish compôs “No time to die”, a canção original de 007 – Sem tempo para morrer (Now e outras plataformas de aluguel). E tem também “Be alive”, de Beyoncé, para King Richard, “Down to joy”, de Van Morrison, para Belfast, “Dos oruguitas”, de Lin-Manuel Miranda, para Encanto, e “Somehow you do”, para Quatro dias a seu Lado (Now e outras plataformas de aluguel), composta por Diane Warren, que concorre pela 13ª vez.

Categorias técnicas

Fundamentais na feitura de um filme, algumas delas não vão ser televisionadas. É o caso de design de produção, que tem como indicados Duna, Ataque dos cães, A tragédia de Macbeth, Amor, sublime amor e O beco do pesadelo (Disney+), de Guillermo Del Toro. Duna e Ataque dos cães também concorrem em edição, assim como King Richard, Não olhe para cima e Tick, tick… boom!. Maquiagem e cabelo tem Cruella, Duna, Os olhos de Tammy Faye, Casa Gucci (Now) e Um príncipe em Nova York 2 (Amazon Prime Video) na disputa.

A categoria figurino vai ser premiada durante a cerimônia principal. Os indicados são Duna, Cruella, O beco do pesadelo, Amor, sublime amor e Cyrano, que estreia nos cinemas dia 31. É o mesmo com efeitos visuais, em que os super-heróis conseguiram suas únicas indicações, para Shang-Chi e a lenda dos dez aneis (Disney+) e Homem-Aranha: Sem volta para casa (Now e outras plataformas de aluguel). Completam a lista Duna, Free Guy (Star+) e Sem tempo para morrer. Em fotografia, há a chance histórica de premiar a primeira mulher, Ari Wegner, por Ataque dos cães. Seus concorrentes são Greig Fraser (Duna), Dan Laustsen (O beco do pesadelo), Bruno Delbonnel (A tragédia de Macbeth) e Janusz Kaminski (Amor, sublime amor).

Curtas

Os curtas-metragens são divididos em três categorias – e todas vão ser premiadas fora da cerimônia oficial. E tem brasileiro na parada: Pedro Kos, que codirige com Jon Shenk Onde eu moro (Netflix), concorrente a melhor curta documentário. Audible (Netflix), de Matthew Ogens, Três canções para Benazir (Netflix), de Elizabeth e Gulistan Mirzaei, The queen of basketball (YouTube), de Ben Proudfoot, e When we were bullies (YouTube), de Jay Rosenblatt, completam a lista.

Entre os curtas de animação, estão Affairs of the art, de Joanna Quinn e Les Mills, Bestia, de Hugo Covarrubias e Tevo Díaz, A sabiá sabiazinha (com voz de Gillian Anderson, na Netflix), de Daniel Ojari e Michael Please, Boxballet, de Anton Dyakov, e The windshield wiper (YouTube), de Alberto Mielgo e Leo Sanchez Barbosa.

Os curtas de ficção na disputa são Ala Kachuu – Take and run, de Maria Brendle e Nadine Lüchinger, On my mind, de Martin Strange-Hansen e Kim Magnusson, Please hold, de KD Davila e Omer Levin Menekse, The dress, de Tadeusz Lysiak e Maciej Slesicki, e The long goodbye (YouTube), de Aneil Karia e Riz Ahmed.

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