Como conhecer Nova York para além do óbvio
Um guia de alguns dos principais bairros, que combinam atrações turísticas com lugares descolados, para conhecer Nova York pela primeira vez.
Nem quem vive em Nova York consegue desfrutar de cada uma de suas esquinas. Os moradores, no entanto, têm a sabedoria, que só a vivência permite, de reconhecer quais são os destinos que, de fato, valem conhecer. E nem todos eles estão estampados em panfletos turísticos.
Não é de se estranhar, então, que muitos turistas tentem levar para suas viagens um pouco dessa expertise nativa. Mas não podemos ignorar o apelo das grandes atrações, sobretudo quando se trata de uma primeira visita. Pensando em combinar o melhor dos dois mundos, este guia te fará conhecer Nova York como um habitante, mas sem deixar de lado os must see – afinal, o que você ganha esnobando a Estátua da Liberdade para bancar a blasé?
Onde ficar
A primeira vez que fui a Nova York, fiquei hospedada no Moxy, rede descolada de hotéis do grupo Marriott, que chegou à cidade em 2018 com uma unidade próxima à Times Square.
Sua localização (com fácil acesso à famosa região cheia de luminosos, mas também às lojas da Quinta Avenida e a diversas estações de metrô) é quase no centro da ilha de Manhattan – nem muito ao norte, nem muito ao sul, nem extremamente ao leste ou ao oeste. Fator que influenciou diretamente a minha decisão, tomada também pelo preço atrativo e pelo design moderno das acomodações. Afinal, sou uma millennial, e nada funciona tão bem para me conquistar quanto coisas que sejam visualmente atraentes.
Fachada do Moxy East Village, uma das cinco unidades do Moxy desenvolvidos pela Lightstone em Nova York. Foto: Michael Kleinberg
Por coincidência, cinco anos depois dessa minha primeira estadia, recebi um convite da Lightstone, empresa proprietária e responsável pelo desenvolvimento de cinco unidades do Moxy em Nova York, para explorar as outras unidades abertas desde então na Big Apple. Hoje, além do Moxy Times Square, existem mais quatro: uma no Chelsea, uma no East Village, outra no Lower East Side e, por fim, a unidade de Williamsburg, a sua abertura mais recente e a primeira no Brooklyn.
Nessa segunda hospedagem no Moxy, conversei com Mitchell Hochberg, presidente da Lightstone, e entendi que a decoração e a arquitetura dos quartos, e de cada hotel como um todo, não são simplesmente um capricho. Buscando fugir do cenário da hotelaria tradicional, os ambientes são criados para oferecer uma experiência divertida e social, em que você possa conhecer novas pessoas ou simplesmente apreciar as áreas comuns, passando mais tempo nelas que às escondidas no seu quarto.
A ideia é que você explore a cidade e os hotéis. Por isso, todas as unidades do Moxy têm seus próprios restaurantes, boates e bares, empreendimentos que refletem em seu menu e design a cultura e outras influências dos bairros em que estão inseridos.
Lobby do Moxy Williamsburg. Foto: o Michael Kleinberg
Compactos, os quartos são planejados para que você possa descansar antes de curtir um novo dia. Mas não de qualquer jeito: os colchões, travesseiros e fronhas são selecionados a dedo, como me contou Hochberg, para que você realmente tenha uma ótima noite de sono. A pressão de cada chuveiro é revisada com frequência para oferecer o melhor banho, e cada mobília é pensada para que ela execute mais de uma função: a cama é também um porta-malas e por aí vai.
No entanto, quartos consideravelmente maiores fazem parte do portfólio de algumas das inaugurações recentes. É o caso dos quartos City View, que, além dos metros extras, apresentam parede dupla de vidro com vista para a cidade. De arrepiar!
Quartos amplos, e com vista para a cidade, estão no portfólio do Moxy Lower East Side. Foto: Michael Kleinberg (
Depois de se acomodar e recarregar as energias, siga nossas dicas a seguir, divididas por regiões.
Upper East Side
MUST SEE
O Central Park chama a atenção por si só. Quantas séries e filmes não mostram suas árvores e lagos como um respiro em meio à metrópole? Para ir de uma ponta à outra e conhecer suas diferentes praças, pontes e monumentos (atenção para o Bethesda Terrace e o Castelo Belvedere!), é necessário reservar algumas horas do seu dia – e todas elas valerão a pena.
Se você quiser encarnar a moradora nova-iorquina, se jogue no look fitness e explore o parque enquanto faz uma corridinha ou caminhada. Aproveite as pausas longas para um piquenique improvisado, para patinar no gelo, caso seja inverno ou, melhor ainda, para conhecer os diferentes museus que ficam no seu contorno.
Arquitetura do Guggenheim Museum. Foto: Divulgação
O Metropolitan Museum (MET) é perfeito para quem quer explorar diferentes períodos da Arte, da antiga à contemporânea. Já o Guggenheim é a escolha para quem quer focar nesta última. Quem quiser um respiro das artes plásticas e focar na ciência e biologia, a pedida é o Museu de História Natural.
ONDE COMER
Hambúrguer e cachorro quente: estas são as primeiras comidas que vêm à mente quando pensamos em Nova York. Mas agora você terá que adicionar à lista os sorvetes, milkshakes e sobremesas da Glace By Noglu. Com cardápios que mudam sazonalmente, a sorveteria da padaria glúten-free Noglu, criada na França, viralizou neste verão por suas bebidas geladas, como o frozen chocolate e frozen s’mores que realmente são tão boas quanto parecem em fotos e vídeos. Quem vê nem imagina que todos os ingredientes utilizados são orgânicos e livres de glúten, seguindo o DNA da casa.
As bebidas do Glace by Noglu acompanham topping de marshmellow flambado. Foto: Chames Oliveira
Soho e Chelsea
MUST SEE
Os bairros de Chelsea, West Village e Soho são passagens obrigatórias para as fashionistas e as amantes de arte. Bairros vizinhos, eles reúnem diferentes galerias, museus, livrarias e outros pontos específicos (como a casa de Carrie Bradshaw, de Sex & The City), que serão muito apreciados por essa turminha.
Para que o trajeto faça sentido, comece pelo Chelsea, especificamente no High Line Park. Localizado no que antes era uma linha férrea, o parque suspenso oferece uma caminhada agradável em meio aos prédios de Manhattan e traz visão privilegiada para diferentes artes de rua ao longo de seu caminho. Seu ponto final é exatamente onde está o Whitney Museum, espaço focado na arte estadunidense, com destaque para Andy Warhol e Edward Hopper.
Whitney Museum. Foto: Chames Oliveira
Depois de uma visita pelo Whitney, siga caminho pelo West Village, onde está o famoso apartamento de Carrie. Mas atenção: a escadaria é bloqueada e não é possível tirar ou sentar foto sobre a escada, ok?
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ONDE COMPRAR
Aproveite o passeio pelo West Village para visitar a livraria de Marc Jacobs, a Bookmarc. Por lá, você encontrará lembrancinhas exclusivas, como chaveiros e lápis da etiqueta, títulos focados na moda e também livros raros.
Bookmarc, a livraria da Mac Jacobs, em West Village. Foto: Instagram/@bookmarc
Termine o dia fazendo compras pelo Soho, onde estão grandes redes, como Apple, Nike, Zara e muito mais. Se estiver atrás de nomes menos óbvios e roupas sofisticadas e descoladas, visite a Reformation, que coloca a sustentabilidade em foco, e a Aritzia, ótima para básicos incrementados.
Quem curte beleza vai adorar dar uma volta na esquina de encontro da Prince Street com a Elizabeth Street, onde estão perfumarias como a Diptyque, Le Labo, Malin + Goetz e Aesop. Na primeira rua, é possível encontrar também a Credo Beauty, multimarcas focada em clean beauty.
ONDE COMER
Durante as compras pelo Soho, passe pelo La Cabra, spot do momento entre os jovens, para pegar um café ou matchá. Nascido na Dinamarca, o empreendimento é famoso por seus blends sazonais e pelo método de produção rastreável e responsável.
Iced latte do La Cabra.
Foto: Chames Oliveira
Sake No Hana. Foto: Michael Kleinberg (
Com as sacolas na mão, siga em direção ao Sake No Hana. O restaurante, que está dentro do complexo do Moxy Lower East Side, traz uma abordagem contemporânea da culinária japonesa, sendo assim, o cardápio está repleto de criações inusitadas, como sushis de steak tartare ou temakis no formato de tacos. Os pratos quentes, como o arroz frito, também valem ser degustados.
Williamsburg
MUST SEE
O Domino Park é pequeno, mas muito agradável. Os moradores amam usá-lo para tomar um sol durante os meses de verão, então, não estranhe se encontrar pessoas de biquíni ou sunga. À beira do East River, ele dá de frente para os prédios de Manhattan, mas acredite: também é possível dar uma espiada na Estátua da Liberdade de lá. Você não achou que faríamos um guia para conhecer Nova York sem citá-la, né?
Se você quiser vê-la de perto, pegue um ferryboat nas estações de South ou North Williamsburg e vá em direção à parada de Wall Street. Desça nela e ande até o Whitehall Terminal, onde você pode pegar gratuitamente o Staten Island Ferry, que passa na frente do monumento.
ONDE COMER
Brunch no Jack's Wife Freda. Foto: Chames Oliveira
Comece o dia com o famoso brunch do Jack’s Wife Freda, rede nova-iorquina com cardápio inspirado na cozinha mediterrânea. O waffle de água de rosas é famoso, mas, se possível, deixe-o para a sobremesa. Antes, peça os ovos pochê com tomate assado e pão sourdough – uma delícia! Ele não é muito grande, então dá para aguentar os dois pratos (palavra de taurina, aceite com discrição).
Para um refresco durante a tarde, peça o strawberry rose matchá no Two Hands – garanto que até quem não curte chá-verde vai gostar do quitute. Para o jantar, conheça a interpretação contemporânea da culinária judaica ao garantir uma mesa no Mesiba, do chef Eli Buli, anexado ao Moxy Williamsburg. O pescoço de carneiro é imperdível para quem gosta do prato.
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Chames Oliveira viajou a Nova York a convite da Lightstone.
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