Tudo o que você precisa saber da SPFW 25 anos

Em uma edição completamente digital, a São Paulo Fashion Week comemorou os seus 25 anos de história e contou com a apresentação de 36 marcas. Neste Pivô, a gente puxa os maiores destaques do evento.


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  • Em uma edição como nenhuma outra de sua história a SPFW apresentou uma temporada única em 2020 inteiramente digital;
  • Dentre os destaques da semana estão a estreia de 6 marcas entre 36 participantes, além do acordo feito entre o evento e o coletivo Pretos na Moda para a maior inclusão de profissionais racializados;
  • Luigi Torre, editor de moda da ELLE Brasil, dá um panorama geral da edição após conversar com os estilistas envolvidos;
  • E ainda: a estreia da Brazil Immersive Fashion Week; o desabafo do designer Alexandre Pavão; além da febre do nap dress, vestido-pijama que em apenas meia hora já conseguiu faturar 1 milhão de dólares em vendas.

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Sem backstage, sem fila A, sem foto para dar close com o look do dia no Insta. A temporada São Paulo Fashion Week 25 anos, que começou na última quarta-feira, dia 4, e terminou ontem, dia 8, aconteceu de forma completamente digital. Neste episódio, a gente fala dos highlights desse evento que foi como nenhum outro de sua história.

Comemorando 25 anos, o evento paulista que é a maior semana de moda da América Latina queria era ter passado todo o ano de 2020 festejando com um jeitinho de festival, frentes múltiplas de apresentação, e intervenções por toda a cidade. Mas, com a pandemia do novo coronavírus, a primeira edição, a de abril, foi cancelada e, não só toda a comemoração mas também todo o evento, precisaram ser repensados.

A solução, como feito em outras semanas de moda pelo mundo, foi sair pelo digital. E, nesses últimos cinco dias, 36 marcas mostraram suas soluções virtuais de apresentação, transmitidas nos canais oficiais do evento, como o Youtube, o Instagram e o próprio site da SPFW.

O formato digital tem os seus prós e contras. A pontualidade, pra quem trabalha cobrindo o evento foi algo que, sem dúvidas, chamou a atenção. Normalmente um desfile na Bienal programado para acontecer em uma hora teria, no mínimo, uns trinta minutos de atraso. Já na versão online nada disso rolou e as apresentações seguiram um cronograma britânico.

Outro ponto interessante foi a maior democratização. Ainda que a transmissão online de desfile não tenha sido inventada agora, absolutamente todo mundo teve o contato com as roupas, as propostas do estilista, meio que juntos e separados, ao mesmo tempo, e de seus lares. Nada de editora vendo antes no backstage, sessão apenas para convidados ou papo exclusivo com o estilista. O papo, inclusive, foi aberto, rolou depois de cada apresentação, com os designers explicando, uma vez só e para todo mundo, as suas inspirações, as suas reflexões e os estudos que os levaram a construir a temporada.

Acesso mais democrático prevê comentários feitos em tempo real. E, quem assistiu, ficou atento, viu emojis de aplausos, elogios em caixa alta, e também comentários do tipo que a coleção é feia, é chata, ou até mesmo algumas falas problemáticas e preconceituosas. Foi mais ou menos assim esta semana de moda digital.

Porém, o que ficou na cabeça foi o esforço de fazer um evento desse tamanho e dessa importância rolar em tempos tão difíceis e ainda seguindo uma boa etiqueta sanitária enquanto o país só quer saber de aberturas. E, conseguiu, sim, celebrar a própria história. A comemoração do aniversário seguiu adaptada, com colaborações de artistas como Alexis Anastasiou e Felipe Morozini, que trabalharam respectivamente nas projeções e luzes em prédios de São Paulo e nas instalações de arte expostas pelas ruas da capital. Imagens e vídeos do acervo da SPFW, além das apresentações desta temporada foram vistas nas empenas de edifícios e monumentos da cidade.

Se esses pontos já tornam essa temporada única, a parceria com o coletivo Pretos na Moda na criação de um tratado especificando reformulações no evento, tornou essa temporada histórica. Medidas como estabelecer que metade do casting dos desfiles precisa ser composta por pessoas negras, indígenas e asiáticas, por exemplo, foram feitas para gerar mais inclusão de profissionais racializados no evento e, consequentemente, na moda brasileira. Além disso, o documento assinado entre a SPFW e o PNM estipulou ainda valores mínimos de cachês para apresentações, prazos de pagamentos e diretrizes comportamentais dentro do trabalho.

Lembrando que a São Paulo Fashion Week já foi alvo de ações judiciais no passado devido à ausência de modelos negros em suas passarelas. Em 2009, um acordo entre o Ministério Público e a semana de moda determinou um sistema de cotas nos desfiles: ao menos 20% do total dos profissionais deviam ser negros. Ao longo dos anos seguintes, a porcentagem se manteve acima do limite estabelecido com consideráveis variações entre uma temporada e outra. Nas mais recentes, a contagem proporcional chegou próxima aos 30%.

Agora, de acordo com o coletivo Pretos Na Moda, a fiscalização vai ser posta em prática para que marcas que não aplicarem as medidas de uma maneira respeitosa sejam banidas do evento.

Os destaques da SPFW 25 anos

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Os destaques da SPFW 25 anos

Foto Cortesia | Renata Buzzo

E agora a gente fala do que rolou nas passarelas… ou melhor, nos vídeos que apresentaram essa temporada. E vamos fazer isso puxando alguns destaques.

O primeiro deles é que seis marcas debutaram, o que não significa necessariamente que todos os estilistas que as dirigem são novatos. Esse é o caso, por exemplo, de Alexandre Herchcovitch que, ao lado de Fábio Souza, colocou a ALG, o braço mais acessível e mais jovem da À La Garçonne, pra estrear uma coleção no evento. Outra novata com estilista veterana foi a Irrita, com Rita Comparato na direção. Rita não desfilava desde 2013, quando encerrou a sua parceria com Dudu Bertholini na marca Neon.

Além dessas etiquetas, estrearam também a Freiheit, a Misci, a Martins, e a Renata Buzzo. Os dois últimos são designers que saíram do line-up da Casa de Criadores e passaram para a SPFW. Outros novos designers que integraram a grade oficial com apresentações próprias saíram do Projeto Estufa, a incubadora de talentos da São Paulo Fashion Week. É o caso de Lucas Leão, Led, Victor Hugo Mattos e Cacete, por exemplo. Essa leva mais fresca de marcas e de estilistas fez com que o evento rejuvenescesse e muito.

Outro destaque das apresentações foi o campo temático das coleções. É possível perceber duas grandes vertentes: a dos designers que preferiram olhar pro todo, pro coletivo, e a dos designers que decidiram olhar para dentro, fizeram uma investigação mais íntima, as vezes até filosófica. Isso, em função, é claro, da quarentena. Foram os casos de Fernanda Yamamoto, que abriu a semana com roupas estampando palavras como “nós”, em uma ode ao coletivo, e de Isabela Capeto, carioca que retornou ao evento depois de anos sem desfilar e que fez um videoclipe dentro de casa, mostrando o seu processo de criação, onde recupera memórias e fala de reflorescer.

Alexandre Herchcovitch, por sua vez, antecipou o seu aniversário de 50 anos, que será comemorado em julho do ano que vem, para mostrar um pedaço do documentário sobre a sua carreira. O designer, um dos mais celebrados da trajetória da SPFW, lembrou de coleções passadas, como a inspirada em Boy George, em Marilyn Monroe ou quando procurou subverter a estética ultrafeminina dos anos 1950.

E um dos momentos mais emocionantes foi causado pela apresentação do Ponto Firme, projeto comandado há cinco anos por Gustavo Silvestre, que tem como uma de suas principais frentes o curso de crochê para detentos da Penitenciária Adriano Marrey, em Guarulhos. Já é a terceira apresentação do Ponto Firme na SPFW, mas, neste ano, como a pandemia fechou o sistema carcerário e interrompeu as aulas e oficinas, foram os egressos, que passaram pelo curso e hoje têm o trabalho artesanal como principal via de sustento, que assinaram ao lado de Gustavo a coleção.

O vídeo do Ponto Firme foi uma mistura de imagens poéticas de modelos dançando com roupas suspensas por balões e um mini doc, com depoimentos de Gustavo e dos artesãos Anderson Figueiredo, Anderson Joaquim e Thiago Araújo, além de cenas de bastidores.

Dentro do contexto difícil da pandemia, essa coleção só foi possível com a parceria da Círculo S/A, empresa de fios que impulsiona o Ponto Firme desde o início, e da NK Store, de Natalie Klein. A marca comprou peças usadas de suas clientes e as doou para o upcycling e a criatividade do Ponto Firme. E quem explica a importância desse tipo de apoio é o próprio Gustavo Silvestre:

“O Projeto Ponto Firme está fazendo cinco anos e eu não poderia estar mais feliz. Quando nós começamos as oficinas dentro da penitenciária eu jamais poderia prever tudo o que estava por vir. Mais de 120 alunos passaram pela oficina. O projeto hoje tem um desdobramento que acontece aqui fora. Um trabalho de acolhimento de ressocialização de egressos. Ja participamos de exposição, já vestimos muita gente legal. E, agora, o nosso desafio é continuar e ampliar a nossa capacidade de ensino. Nos somos um Projeto Social voluntário e é fundamental o apoio de marcas, empresas, para a manutenção do projeto. Todos os eventos vem de apoio de empresas que acreditam no projeto e que querem colaborar com uma sociedade menos desigual, mais justa e são essas ações que contribuem para esse tipo de mudança.”

A nossa cobertura da São Paulo Fashion Week só pôde ir até o dia 6 de novembro, para dar tempo de pôr o episódio no ar. Mas pra não deixar escapar nada, chamamos o nosso editor de moda, o Luigi Torre, que conversou com todos os estilistas, para saber de suas impressões sobre o evento e como os envolvidos lidaram com essa semana de moda pandêmica e virtual:

“Eu passei a semana anterior tendo entrevistas quase que de hora em hora com as marcas que participaram da SPFW para ouvir não só o que eles estavam pensando em termos criativos, em termos de produto, de formas, cores, essa parte mais conceitual, mas também para entender como o contexto em que estamos vivendo impactou eles criativamente e praticamente. Por exemplo, várias das roupas que nós vimos agora estavam prontas desde o começo do ano, porque elas tinham sido feitas para serem desfiladas na SPFW de abril. Como ele foi cancelado, as lojas foram fechadas e as vendas caíram bastante, muitas marcas decidiram aproveitar o que já estava pronto pra fazer essa apresentação de agora. Algumas desfilaram exatamente o0 que já existia, outras fizeram adaptações e umas poucas decidiram que não, porque o mundo mudou, não fazia mais sentido, e fizeram do zero. Um ponto que vale menção é que quase todas as marcas da SPFW nunca tinham feito apresentação em vídeo ou em formato digital. Isso mostra um pouco como a moda nacional era relutante ou até um pouco preguiçosa no seu processo de digitalização. E isso eu não estou nem falando só de vídeo na apresentação, mas também no uso digital na venda, na logística, nos processos internos das empresas. Mas enfim, se foi melhor ou pior acho que não vem muito ao caso, porque não temos outra escapatória no momento. De fato é uma experiência diferente que exige não só uma adaptação das marcas, de quem está produzindo, mas também da gente, como imprensa, de como vai analisar e reportar tudo isso e também do público consumidor. É um formato diferente e, então, a narrativa e a construção de imagem não vai ser igual a de antes na passarela.”

A estreia do Brazil Immersive Fashion Week

Como a gente viu, os desfiles da São Paulo Fashion Week tiveram que ser adaptados pro formato online por conta da pandemia de Covid-19. Mas esta semana está rolando também um outro evento de moda que já nasceu pra ser totalmente digital. Trata-se da Brazil Immersive Fashion Week, ou BRIFW, que começou no dia 7 e vai até o dia 12 de novembro.

Os desfiles online se concentraram no primeiro dia do evento. As marcas brasileiras Aluf, Angela Brito, Lucas Leão e Rider R4 apresentaram suas coleções, assim como marcas de outros países da América Latina, como a Chain, da Argentina, a Anaiss Yucra, do Peru, e a Juan de La Paz, da Bolívia.

Os demais dias do evento são dedicados a painéis de discussão que vão falar sobre tecnologias imersivas na moda, consumo digital, sustentabilidade e outros temas. Pra esses painéis, foram convidados representantes de grandes empresas, como Instagram e Google, e também designers e artistas digitais que estão se destacando no Brasil e no mundo, como Vitoria Cribb, Damara Inglês, Scarlett Yang e Gabriel Massan, que, aliás, fez um editorial de beleza 3D na nossa primeira edição da ELLE View.

Outra novidade são as live shops, uma parceria entre a BRIFW e a Rappi, que vai possibilitar que as peças adquiridas no evento online cheguem à casa dos compradores pelo aplicativo de entrega.

Mas a BRIFW não pretende ser apenas um evento sazonal de moda. A ideia é que ela seja uma plataforma online permanente para conectar marcas, consumidores e artistas, como explica a Olivia Merquior, uma das criadoras do projeto:

“O BRIFW, como fashion week, ele acontece nesse primeiro momento inaugurando um projeto maior, onde essa plataforma criada e essa comunidade criada pra esse primeiro evento, ela vai se expandir, vai ser ampliada pra diversas práticas, ações, de aproximação e de educação, poderia dizer, tanto dos consumidores quanto das pequenas e grandes marcas sobre essa moda conectada, sobre as novas tecnologias pensados pro nosso mercado. A gente sabe que ainda existe uma desigualdade de dados tecnológicos muito grande aqui no Brasil, então, nosso intuito é fazer com que as pessoas possam se aproximar, tirar suas dúvidas, encontrar soluções, pra elas sejam integradas nesse novo ambiente e que ele se torne menos desigual. Então, é realmente explicar, tanto pro consumidor o que tá acontecendo, e como ele pode se beneficiar com a tecnologia imersiva e não só ficar à mercê dela, exatamente porque ele não a conhece, e o mercado de nova, sem dúvida, pra entender como essas novas possibilidades podem alavancar os seus negócios e integrá-los, preparar o produto das marcas para o mundo 5G.”

Para as criadoras da BRIFW, o futuro da moda necessariamente passa por essas novas tecnologias. E, se elas forem bem aproveitadas, as vantagens podem ser muitas. Como conta a co-fundadora Lara Azevedo:

“A gente está falando de um futuro mais democrático. A gente consegue chegar a audiências muito maiores. A gente fala também de uma moda mais inclusiva, a gente consegue principalmente prospectar novos corpos e novas subjetividades pra além do corpo físico em si. A gente está falando também de um espaço muito mais divertido, porque tem muito mais conexão, tem muito mais trocas, tem muito mais interação. E acaba trazendo um teor mais de entretenimento pra moda em si e a gente tá falando, claro, de uma moda mais sustentável, à medida que a gente aplica a tecnologia pra práticas que, de certa forma, reduzem a fisicalidade dos processos de produção. Então, é menos material sendo descartado, é um croqui 3D que também dispensa a produção de um protótipo físico. São semanas de moda que dispensam esse deslocamento excessivo, que é um dos grandes responsáveis pela emissão de CO2 das semanas de moda. E, enfim, acho que o futuro da moda com certeza é um futuro conectado e a gente tem que lutar, estar à frente disso, pra que seja usado, principalmente, de uma forma responsável e positiva, pensada nas pessoas, tanto que produzem, quanto que consomem e, principalmente, no planeta, no meio ambiente, nos recursos naturais.”

A programação completa do evento, que termina na quinta-feira, pode ser acessada no site BRIFW.com. Tanto os desfiles quanto os paineis que já foram realizados podem ser vistos no canal do YouTube Brazil Immersive Fashion Week e também no site do evento.

O desabafo do designer Alexandre Pavão sobre a Schutz

Na semana passada, o estilista Alexandre Pavão fez um desabafo no seu perfil no Instagram. O designer postou fotos de bolsas da sua marca, com alça de cordas, e de outras peças bastante similares produzidas pela Schutz. Em seu post, ele escreveu que ser um designer independente no Brasil é difícil, mas não é impossível. E ressaltou: “O que nos deixa triste é a falta de empatia com outros profissionais e o trabalho alheio.”

A marca de Alexandre Pavão foi criada em 2006 e desde 2014 as cordas fazem parte da identidade visual das suas coleções. No caso dos modelos que aparecem no post, são cordas trançadas, em duas cores. A gente conversou com o Alexandre e ele contou como foi o processo de criação dessas alças de corda:

“Na verdade, já trabalho com corda desde 2014, só que há uns dois anos atrás eu senti uma necessidade de deixar a alça, deixar a peça um pouco mais estruturada, com um corpo maior, acho que tava faltando. E aí eu comecei a fazer algumas pesquisas na área de nós náuticos e como deixar essas cordas mais estruturadas. Enfim, encontrei diversos tipos de macramê e diversos tipos de nó. E um dia eu tava com duas cordas na minha mão e eu tinha visto um desenho de um nó na internet, que na verdade era um chaveiro, e fui fazer, fui fazendo uma alça e deu certo e cheguei nessa proposta de alça que eu tenho hoje, que ela se baseia em duas alças de sustentação e uma alça enrolada e com um nó em cima. E ela pode ser bicolor ou de uma cor só e eu comecei a fazer isso no começo de 2019. foi quando eu comecei a fazer essa alça.”

Perguntamos pro Alexandre se ele vê um outro caminho para que marcas grandes e marcas independentes possam trocar ideias e conhecimento de forma transparente e vantajosa para os dois lados. Ele acredita que sim, mas enxerga algumas barreiras existentes na própria estrutura das grandes marcas que dificultam o processo. E por isso vê uma troca mais possível entre marcas independentes:

“Acho que quando você entra numa marca grande, você vê que tem todo o processo e esses processos, eles acabam criando barreiras, criando diversas barreiras. Porque aí você faz uma coisa incrível, dentro de uma empresa, e o comercial acha que não é legal, que não vai vender, acha que isso e aquilo e aí você começa a barrar diversas criações. E aí, quando uma marca independente vem e faz e dá certo, todo esse processo que não dá certo dentro da empresa começa a dar, porque começam a copiar o que você fez e o que deu certo. Então, acho que também vai pra esse lado, sim, eu já estive dentro de empresas grandes como designer e eu via muito isso. A gente tinha esse insight de querer produzir coisas novas e a gente não podia e aí, quando outras marcas lançavam a mesma coisa que a gente queria ter feito antes, a gente tinha que fazer tudo de novo, só porque a outra marca lançou. Então, é muito complicado isso. E eu acho que cada vez mais as marcas menores vão ficar mais consolidadas, não que isso seja um passo pra elas ficarem grandes e gigantes, mas mais consolidadas de clientes mais fiéis, de fidelização de clientes, de consumo consciente e eu acho que essa conversa de marca independente com outra marca independente, acho que super rola, já acontece.”

Na semana passada, o Alexandre foi procurado pela Schutz e vai ter uma reunião com a empresa nos próximos dias. Contatada pela redação, a empresa não retornou a tempo do fechamento deste episódio.

A febre do nap dress

Você se lembra do vestido de morango da designer Lirika Matoshi, que foi tema de um episódio do nosso podcast em setembro? Na época, a gente comentou aqui que ele era a roupa-sensação da quarentena. Pois é, mas agora parece que outro vestido veio tomar esse lugar. É o nap dress, ou, traduzindo, o vestido da soneca.

Basicamente, o nap dress é um vestido bem confortável, com um quê de camisola, mas que é apresentável o suficiente para ir pra rua, fazer uma reunião por vídeo chamada e, claro, ser postado nas redes sociais. Ou seja, pra muita gente, virou a roupa ideal para atravessar esse momento mais recluso imposto pela pandemia.

Já há várias etiquetas que investem nesse estilo, mas quem lançou a onda, curiosamente, não foi uma marca de moda. Foi a empresa nova-iorquina Hill House Home, que é especializada em roupas de cama, mesa e banho de alto padrão. Com o sucesso dos vestidos, o nap dress acabou virando o carro chefe da empresa, que oferece agora diversas estampas e modelos, por preços que vão de 75 a 200 dólares.

Os modelos mais populares da marca têm o busto em lastex, aquele elástico franzidinho, e têm mangas também franzidas ou até meio bufantes, com estampas florais, numa pegada bem cottagecore.

Pra você ter uma ideia do sucesso do nap dress, há duas semanas, quando a Hill House colocou um novo modelo na loja virtual, as vendas desses vestidos somaram 1 milhão de dólares em apenas meia hora, de acordo com informações do site The Business of Fashion.

Nas redes sociais, uma das melhores garotas propagandas do nap dress é a própria fundadora da Hill House Home, Nell Diamond. A empresária, que acabou de ter filhos gêmeos, postou diversas fotos grávida, e agora com os bebês, sempre de nap dress.

O 20º Festival Internacional de Mulheres no Cinema

E a nossa dica da semana é o FIM20, o Festival Internacional de Mulheres no Cinema, que começa nesta terça, dia 10, e vai até o dia 17 de novembro. Na sua segunda edição, o festival será no formato online e vai homenagear a escritora Clarice Lispector, nascida há 100 anos.

O filme que abre o festival é A Hora da Estrela, dirigido por Suzana Amaral, e o encerramento terá a exibição do inédito O Livro dos Prazeres, de Marcela Lordy, uma adaptação livre do romance de Clarice Lispector. A atriz e diretora Grace Passô e a diretora francesa Claire Denis também serão homenageadas no evento, que terá mostras dedicadas a elas.

O FIM20 terá também uma mostra nacional competitiva, com sete concorrentes escolhidos entre 57 inscritos e uma mostra internacional. Pra conferir a grade completa do festival, acesse o www.fimcine.com.br. A programação é toda gratuita e pode ser assistida na plataforma online innsaei.tv. Lembrando que se você tiver dúvidas na grafia pra digitar o endereço, é só conferir esse episódio transcrito no nosso site: elle.com.br.

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