6 livros imperdíveis escritos por mulheres e outros 6 para 2025

Depois de lançamentos de Mariana Carrara e Sally Rooney, vêm aí novas obras de Han Kang e Chimamanda Ngozi Adichie. 


Livros escritos por mulheres lançados em 2024 e outros que serão lançados em 2025



Mulheres andam querendo ler cada vez mais mulheres, o que, aos poucos, já se reflete no mercado editorial nacional. O time da ELLE selecionou livros escritos por mulheres lançados no ano passado, da brasileira Mariana Salomão Carrara à irlandesa Sally Rooney, e adianta outros títulos aguardados para 2025, da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie  à sul-corena Han Kang, vencedora do prêmio Nobel de literatura em 2024. Siga a leitura:

arvore

A árvore mais sozinha do mundo, Mariana Salomão Carrara (208 páginas, Todavia)

“Se a morte já é tabu, o suicídio consegue ser ainda mais, mas o novo romance de Mariana Carrara (que já havia trabalhado o tema em Não fossem as sílabas do sábado, 2022) narra com uma ternura e poesia únicas a triste história da família de Guerlinda e Carlos. Inspirada por uma notícia de jornal sobre o drama dos fumicultores do sul do Brasil, Mariana usa a prosopopeia como recurso para contar o declínio de Carlos e de toda a sua família. A apatia, a falta de dinheiro e, por fim, de esperança, são contadas pelas personagens, mas também pelo velho espelho da família, pela caminhonete que ganha até sotaque caipira, pela capa de proteção contra inseticida e, claro, pela única árvore, que dá título ao livro e presenciou todos os eventos dramáticos vivenciados pelo casal e os três filhos, que culminam no suicídio de Carlos. Com toques de fábula, A Árvore é o retrato de um pedaço esquecido do país, das relações abusivas de trabalho no meio rural, da falta de entendimento (e tratamento) sobre saúde mental e, principalmente, de como a falta de perspectiva, de sonho, resulta num enorme corroer interno.”
Renata Piza, redatora-chefe da ELLE

LEIA MAIS: Livro traz o lado entrevistadora de Clarice Lispector 

agua turva

Água turva, Morgana Kretzmann (272 páginas, Companhia das Letras)

“Um thriller com três mulheres protagonistas já é um gancho e tanto para se interessar pela obra de Morgana. Mas Água turva vai além da guarda-florestal Chaya (minha favorita), da chefe dos Pies Rubros, Preta, e da jornalista Olga: tem mito (o personagem de Sarampião tem elementos do realismo fantástico), tem escória política, tem contrabando, tem sustentabilidade em risco (mais atual, impossível). É político, em última análise. Com capítulos curtos, acelerados, uma linguagem extremamente visual e passagens de tempo que englobam várias gerações, o livro tem como cenário o Parque Estadual do Turvo, que faz fronteira com a Argentina, no noroeste do Rio Grande do Sul, onde a escritora nasceu. O conflito – a construção de uma hidrelétrica – é a pólvora para a história se desenrolar e fazer emergir os ressentimentos, os amores e os desafetos de personagens em busca de algum tipo de redenção/salvação, assim como a natureza.”
Renata Piza, redatora-chefe da ELLE

frente Clarice Lispector entrevista

Clarice Lispector entrevista – Grandes personalidades entrevistadas por Clarice Lispector (420 páginas, Rocco)

“Quanto mais a gente conhece, mais a gente ama Clarice Lispector. Nessa reedição ampliada da Rocco, o foco é na sua faceta de entrevistadora. Clarice faz perguntas banais, perguntas profundas e perguntas que parecem banais, mas na verdade são profundas, para dezenas de personalidades. Entre elas, Chico Buarque, Nelson Rodrigues, padre Quevedo, Jece Valadão, Lygia Fagundes Telles e muitos outros. Aqui no site, você tem uma palhinha do livro: o encontro de duas lindas, Clarice e Elke Maravilha.”
Patricia Oyama, redatora-chefe da ELLE

intermezzo

Intermezzo, de Sally Rooney (488 páginas, Companhia das Letras)


“No quarto livro da autora de
Pessoas normais (2019), acompanhamos o cotidiano, os romances e os dilemas pessoais de Peter e Ivan Koubek, dois irmãos com quase dez anos de diferença que não têm quase nada em comum. Enquanto um é um advogado popular e bem-sucedido, o outro é um solitário jogador profissional de xadrez. As diferenças entre eles ficam ainda mais acentuadas após a morte do pai, afetando a vida e as relações da dupla. Como nos outros livros da autora irlandesa, a escrita dela é pautada pelo fluxo de consciência de seus protagonistas.”
Gustavo Balducci, editor de arte

 

impostora

Impostora: Yellowface, de R.F Kuang
(352 páginas, Intrínseca)

“Apropriação cultural, racismo e plágio. A autora sino-americana se inspirou nas próprias experiências no mercado editorial para escrever este suspense, vencedor do Goodreads Choice Award e do British Book Awards. A história gira em torno de uma escritora branca que, por impulso, rouba o manuscrito de sua melhor amiga, uma mulher amarela que acabou de morrer. O livro, que destaca a importância dos trabalhadores chineses durante a Primeira Guerra Mundial, é publicado e se torna um grande sucesso de vendas. Mas alguém parece saber que ela não é a verdadeira autora.”
Gustavo Balducci, editor de arte da ELLE

LEIA MAIS: As séries de 2025 para ficar de olho

krakatoa

Krakatoa, Verônica Stigger (176 páginas, Todavia)

“É difícil definir Krakatoa, um livro que fala sobre amizades, saudade, destruição, fabulação, mito. Um pouco diário, um pouco ficção, um tanto de fábula, a obra de Stigger é uma experiência literária repleta de personagens telúricos e cósmicos: há o monólogo do carvão, da água, do petróleo, do fogo (‘Não posso pingar como o gelo. Só me resta o desejo. E a chama’). Há solidão e incapacidade de mudança, tão humanos. ‘E estarei enfim gestando um planeta cadáver’, resigna-se a água. Dividido em duas partes, a primeira, mais poética, cheia de mitopoese, e a segunda, um misto de diário e notícias de jornais sobre vulcões. Krakatoa encanta, intriga. “O Etna não é um vulcão, mas uma vulcão. Tem 700 bocas e é mãe. Com tantas bocas, surpreenderia se não cantasse”. E traz visões de fins – do mundo, das amizades, do que poderia ser ou ter sido.”
Renata Piza, redatora-chefe da ELLE   

Confira alguns dos livros escritos por mulheres aguardados para 2025:

a contagem dos sonhos

A contagem dos sonhos, de Chimamanda Ngozi Adiche  (Companhia das Letras)
O novo livro da autora de Americanah (2014) e do famoso Ted Talk/ensaio Sejamos todos feministas (2015) – frase que foi estampada até em camiseta –, une a história de quatro mulheres, entre a Nigéria e os Estados Unidos, com a autora, e reflete sobre as escolhas que fazemos.
Previsão de lançamento: março

A astrologia, de Liv Stromquist (Companhia das Letras)
A quadrinista sueca, também socióloga e cientista política, já dissertou sobre a vagina em A origem do mundo (2018), sobre o amor em A rosa mais vermelha desabrocha (2021) e sobre a autoimagem em Na sala dos espelhos (2023). Agora, a astrologia é seu tema. Leia nossa entrevista com ela.
Previsão de lançamento: março

Meu nome é Emilia del Valle, de Isabel Allende (Betrand Brasil)
A chileno-americana, autora do best-seller A casa dos espíritos (1982), mais uma vez se volta à história do Chile nesta ficção sobre uma repórter que vive um romance em meio a uma guerra civil no país, enquanto também conhece seu pai ausente.
Previsão de lançamento: maio

O livro do meu pai, de Djaimilia Pereira de Almeida (Todavia)
Autora do premiado Esse cabelo (2015), a angolana discute raça e identidade em sua obra. Não à toa, o seu A visão das plantas (2019) será leitura obrigatória para o vestibular da USP a partir de 2026. Leia nossa entrevista com Djaimilia, que já participou duas vezes da Flip.
Previsão de lançamento: maio

Sem despedidas, de Han Kang (Todavia)
A sul-coreana foi vencedora do Prêmio Nobel “por sua intensa prosa poética que confonta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”. A Todavia, que já publicou A vegetariana (2018), Atos humanos (2021) e O livro branco (2023), lança a mais recente obra da autora. 
Previsão de lançamento: maio

_A fraude, Zadie Smith (Companhia das Letras)
A inglesa de ascendência jamaicana é autora do premiado Dentes brancos (2000) e Sobre a beleza (2007), eleito um dos melhores livros do século 21 pelo The New York Times. Zadie foi apontada mais de uma vez pela Granta como uma das melhores jovens novelistas britânicos. A fraude é sua primeira ficção histórica. 
Previsão de lançamento: setembro

LEIA MAIS: Em breve nos cinemas – os mais aguardados filmes de 2025

Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes