5 filmes imperdíveis da Mostra de Cinema de São Paulo
"Anatomia de uma queda", vencedor da Palma de Ouro de Cannes; "Maestro", o segundo longa de Bradley Cooper como diretor, e um documentário sobre Adriana Varejão estão entre os destaques do festival.
Para que serve o cinema? Para divertir, emocionar, inquietar, fazer pensar. Para transportar para outras paisagens e realidades, colocar a gente no lugar do outro e, assim, nos aproximar. Essa sempre foi e continua sendo a proposta da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, ainda mais agora, quando o ruído e a discórdia parecem ser lei nas nossas interações.
A 47ª edição, que acontece a partir desta quinta-feira (19.10) e segue até 1º de novembro, novamente sob a direção de Renata de Almeida, tem entre seus homenageados o diretor italiano Michelangelo Antonioni (1912-2007), autor de diversas obras-primas e conhecido como o cineasta da incomunicabilidade. Uma ilustração de sua autoria estampa o cartaz do evento, e uma retrospectiva traz seus filmes mais importantes, como A noite (1961), Deserto vermelho (1964) e Blow-up – Depois daquele beijo (1966), um thriller sobre um fotógrafo de moda (David Hemmings) que pode ou não ter registrado um crime com sua câmera. O longa ganhou a Palma de Ouro em Cannes e tem participações da modelo Veruschka e de Jane Birkin.
Sandra Hüller em cena de Anatomia de uma queda, que abre a Mostra de Cinema de SP Foto: Divulgação
Como sempre, há também muitas novidades na programação da Mostra de Cinema de São Paulo, que conta com 362 títulos de 96 países, exibidos em diversas salas da capital paulista. Algumas obras também poderão ser vistas gratuitamente nas plataformas Itaú Cultural Play, Sesc Digital e Spcine Play.
Entre os destaques, estão a Palma de Ouro (Anatomia de uma queda, de Justine Triet), o Grande Prêmio do Júri (Zona de interesse, de Jonathan Glazer) e o Prêmio do Júri (Folhas de outono, de Aki Kaurismäki) em Cannes. Também podem ser vistos o Urso de Ouro (No Adamant, de Nicolas Philibert) e o Grande Prêmio do Júri em Berlim (Afire, de Christian Petzold). De Veneza, vêm O mal não existe, de Ryusuke Hamaguchi, ganhador do Grande Prêmio do Júri, e Maestro, de Bradley Cooper, sobre o relacionamento de Leonard Bernstein com Felicia Montealegre (Carey Mulligan).
Há também muitos filmes brasileiros, incluindo eventos especiais na Cinemateca Brasileira de Saudosa maloca, de Pedro Serrano, sobre Adoniran Barbosa, Meu sangue ferve por você, de Paulo Machline, sobre Sidney Magal, e Mussum, O filmis, de Silvio Guindane, todos seguidos por shows. Premiados no recém-encerrado Festival do Rio, como A batalha da rua Maria Antônia, de Vera Egito, e Pedágio, de Carolina Markowicz, também estão na seleção. Não faltam documentários como Lenita, de Dácio Pinheiro, sobre a fotógrafa de moda Lenita Perroy, e Adriana Varejão – Entre carnes e mares, de Pedro Buarque de Hollanda e Andrucha Waddington.
Aqui, nossa seleção de cinco produções imperdíveis:
Anatomia de uma queda, de Justine Triet
No longa da diretora francesa (Sybil, 2019), Sandra (Sandra Hüller, de Toni Erdmann, de 2016) é uma escritora bem-sucedida que vive com o marido – também escritor – e o filho com problemas de visão em uma casa remota nas montanhas. Quando o marido morre, ela torna-se a principal suspeita e precisa provar sua inocência. Mas o filme está longe de ser um “true crime”. Hüller, que está bem cotada para uma indicação ao Oscar de melhor atriz, participa de outro dos destaques da mostra, Zona de interesse, de Jonathan Glazer (Sob a pele, de 2013), Grande Prêmio do Júri em Cannes. Ela interpreta Hedwig Höss, aparentemente uma simples dona de casa, que na verdade é a mulher do comandante do campo de extermínio de Auschwitz, Rudolf Höss (Christian Friedel). Os dois curtem a confortável vida na casa grudada ao muro do campo, interrompida apenas por gritos, tiros e fumaça constante dos fornos que queimam os corpos dos judeus assassinados.
Maestro, de Bradley Cooper
Em seu segundo longa como diretor, depois de Nasce uma estrela (2018), Cooper volta à música. No lugar do rock do primeiro filme, a música clássica. Leonard Bernstein foi um dos maiores maestros da história e compositor da trilha do musical Amor, sublime amor (1961), além de três sinfonias. O diretor, que interpreta Bernstein, mostra o homem complicado por trás do gênio, e a mulher que o ajudou a chegar lá: a atriz Felicia Montealegre (Carey Mulligan), mãe de seus três filhos. Antes de sua exibição em competição no Festival de Veneza, o filme causou certo alvoroço por causa do nariz de Cooper feito com maquiagem protética. Mas ele não chega a incomodar. Estreia em 7 de dezembro nos cinemas, e em 20 de dezembro na Netflix.
La chimera, de Alice Rohrwacher
No filme da diretora italiana (Lázaro feliz, de 2018), que participou da competição no último Festival de Cannes, em maio, Josh O’Connor (The crown) é Arthur, um arqueólogo que entra no mercado ilegal de artefatos históricos. Ele mergulha no trabalho para compensar a perda de sua amada, Beniamina (Yile Yara Vianello). É uma dor que ele compartilha com a mãe dela, a aristocrata decadente Flora (Isabella Rossellini). Na mansão de Flora, Arthur conhece Italia (a brasileira Carol Duarte, de A vida invisível, de 2019), que vive ali de graça em troca de aulas de canto.
Pedágio, de Carolina Markowicz
Maeve Jinkings e a diretora fazem seu segundo filme juntas, depois de Carvão (2022). Desta vez, a atriz interpreta Suellen, cobradora de pedágio que entra em desespero ao perceber que o filho, Tiquinho (Kauan Alvarenga), é gay. Ela vai contra seus princípios para arrumar dinheiro para mandar o rapaz para uma chamada terapia de cura oferecida por um pastor. O filme levou os prêmios de melhor atriz (para Maeve Jinkings, empatada com Grace Passô, por O dia que te conheci), melhor ator (Kauan Alvarenga), melhor atriz coadjuvante (Aline Marta Maia) e melhor direção de arte (Vicente Saldanha) no Festival do Rio. Em setembro, Carolina Markowicz ganhou o Tribute Awards na categoria talento emergente no Festival de Toronto. Pedágio tem estreia prevista para 30 de novembro no Brasil.
Foto: João Pedro
Adriana Varejão – Entre carnes e mares, de Pedro Buarque e Andrucha Waddington
Este documentário dedicado a uma das maiores artistas brasileiras foi filmado ao longo de vários anos, com cenas em Inhotim – onde ela tem uma galeria permanente –, Ouro Preto, Salvador, Recôncavo Baiano, Hong Kong, Estados Unidos e Portugal. O filme é dirigido por Andrucha Waddington (Eu, tu, eles, de 2000) e pelo marido da artista, Pedro Buarque de Hollanda (produtor de Dois filhos de Francisco, de 2005, entre outros), que estreia na direção de longas.
47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo: de 19.10 até 1º de novembro. Confira dias e horários de exibição dos filmes aqui.
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