Madonna no Brasil: o que esperar do show em Copacabana

O set list, os figurinos, os cenários e o que mais você precisa saber da turnê que comemora os 40 anos de carreira da cantora e terá sua última parada no Rio de Janeiro.


Madonna durante a Celebration Tour
Madonna durante apresentação da Celebration Tour, em Londres, em outubro do ano passado. Foto: Kevin Mazur/WireImage for Live Nation



É oficial: Madonna vem ao Brasil. Após semanas de especulação, vossa majestade do pop teve sua vinda confirmada. Na estrada desde outubro de 2023, a gigantesca Celebration Tour, que comemora os 40 anos de carreira da pop star, faz sua última parada com um show gratuito, em 4 de maio, no Rio de Janeiro – o único na América do Sul. A expectativa é a de que o espetáculo, que terá transmissão da Globo, Globoplay e Multishow, atraia mais de um milhão de pessoas à Praia de Copacabana e se torne o maior da carreira da artista

O grande evento está à altura do que o público brasileiro merece, afinal, Madonna não se apresenta aqui há 12 anos. A última vez em que ela fez shows no Brasil foi com a MDNA Tour. Antes, já havia passado por Rio e São Paulo com as turnês Sticky & Sweet (do disco Hard Candy), em 2008, e The Girlie Show (do álbum Erotica), em 1993.

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O que torna a Celebration Tour ainda mais especial é o fato de Madonna ter voltado a lotar estádios e arenas – sua última turnê, a Madame X, de 2019 e 2020, foi em teatros – e se recuperado de uma grave infecção bacteriana que, no ano passado, a levou à UTI.

A cantora de 65 anos é uma força da natureza e a agenda da Celebration Tour abrange Londres, Barcelona, Copenhague, Paris, Milão, Nova York, Lisboa, Toronto e Miami, entre dezenas de outras cidades, passando por América do Norte, Europa e México. Com a apresentação da turnê no Brasil, o total de shows será de 81.

Confira a seguir os pontos essenciais para entender a Celebration Tour – e ter uma boa prévia do que ela tem feito nos palcos:

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Madonna durante apresentação da Celebration Tour, em Londres, em outubro do ano passado Foto: Kevin Mazur/WireImage for Live Nation

Set list

Em aproximadamente duas horas, Madonna passa por até 40 de seus hits. Segundo o diretor musical, Stuart Price, que já havia trabalhado com a cantora em outras turnês e produzido o disco Confessions on a dance floor (2005), a ideia foi tocar algumas das músicas por inteiro, usar outras como pontes entre diferentes performances e inserir trechos de algumas canções em outras. “Um hit não precisa ser uma música”, disse à BBC. “Pode ser uma roupa, um vídeo ou um statement.”

Após uma introdução feita por Bob, the Drag, a MC do show, a abertura é com “Nothing really matters” e segue com um bloco anos 1980, que inclui  “Burning up” (em uma levada punk), além de “Holiday” e “Everybody” (com influência disco). A crise da aids daquela década, em que Madonna perdeu muitos amigos e a fez se tornar uma porta-voz do combate à homofobia, é explorada em “Live to tell, com homenagens a pessoas mortas em decorrência do vírus. O clássico “Like a prayer é encenado em uma liturgia católica, seguindo a inspiração original do clipe, e em que os dançarinos usam máscaras.

A cantora ainda passa por “Erotica” com a faixa-título desse disco e, com sua filha Mercy James ao piano, canta “Bad girl”, música do mesmo álbum que ainda não havia sido apresentada ao vivo em turnês. “Vogue” traz a encenação de um baile de voguing, que ela ajudou a popularizar nos anos 1990. A música traz trechos do remix de Break my soul”, de Beyoncé, que une ambas as músicas em uma irresistível nostalgia à house music. Para participar do baile como jurado ao lado de Madonna, a cantora tem convidado celebridades como Pamela Anderson, Donatella Versace, FKA Twigs, Charlie Hunnam, Stella McCartney, Cardi B, Diplo, Julia Fox e Jean Paul Gaultier. Anitta deve participar do show, mas será que em “Vogue”? Ou ambas cantarão juntas ao vivo pela primeira vez “Faz gostoso”, do álbum Madame X?

A mesma década é abordada com “Human nature”, “Bedtime story”, “Ray of light” e “Rain”. Ela revisita a estética cowgirl em “Don’t tell me”, canta ao violão o clássico “I will survive”, de Gloria Gaynor, para comemorar a cura da infecção bacteriana – em alguns shows, a faixa é substituída por “Express yourself”. Em “Die another day”, Madonna e seus bailarinos encenam um ritual místico. Em algumas apresentações, “Rain” é substituída com “Frozenou “Take a bow”.

“Like a virgin” é revisitada em um mashup com “Billie Jean”, de Michael Jackson, uma homenagem ao cantor, em que dançarinos usam suas sombras para interpretar os dois artistas atrás de uma tela branca. O show é encerrado com a autoexplicativa “Bitch, I’m Madonna”, “Celebration” e “Music”.

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Figurino criado por Yohannes e Rita Melssen com bota Miu Miu Foto: Kevin Mazur/WireImage for Live Nation


Figurino

O figurino da turnê é assinado pela dupla Yohannes e Rita Melssen, responsável por quase todas as peças vestidas por Madonna e pelos dançarinos. Além das roupas desenvolvidas pela dupla, a Celebration Tour lança mão de uma curadoria de peças assinadas por outros designers.

Na performance de “Vogue”, por exemplo, a cantora veste uma nova versão do emblemático corset cônico da turnê Blond Ambition, de 1990, criado por Jean Paul Gaultier – desta vez, a peça é um minivestido preto adornado com cristais da mesma cor. Já nas performances de “Bedtime story”, “Ray of light” e “Rain”, Madonna veste um macacão brilhante criado por Donatella Versace.

Em “Nothing really matters, ela veste um kimono preto de Eyob Yohannes e, na cabeça, usa uma auréola da joalheria House of Malakai. Já o início de carreira dela, na Nova York dos anos 1980, é revivido com um fraque preto de Dilara Findikoglu adornado com broches. A peça remete à usada pela cantora em uma performance no Japão naquela década. O fraque da Findikoglu é vestido também em “Burning up” e “Everybody”, dois singles da fase.

Seguindo esse revisionismo, um dos filhos de Madonna, David Banda, usa o casaco de pele branco, o chapéu de caubói e as joias da Versace que a cantora exibiu no videoclipe de Music, de 2000. No encerramento, todos os dançarinos vestem looks icônicos da cantora ao longo das décadas. Vetements e Miu Miu são outras grifes que ela usa no palco.

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Foto: Kevin Mazur/WireImage for Live Nation

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Cenários

Os diretores criativos da vez são Lewis James e Jamie King, um dos frequentes colaboradores da diva. Os cenários são elementos importantes para a Celebration Tour contar a história de Madonna.

O palco foi desenvolvido pelo designer Ric Lipson, do estúdio londrino de arquitetura Stufish – ele trabalhou na turnê Renaissance, de Beyoncé. O espaço é dividido em seções que equivalem às zonas de Nova York – Uptown, Downtown, Midtown, East e West.

 

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O enorme bolo de casamento da performance de Like a Virgin no MTV Video Music Awards de 1984 é referenciado em uma área do palco com uma grande estrutura circular com camadas. Passarelas permitem a cantora se aproximar de diferentes partes do público e plataformas no chão fazem com que ela desapareça e reapareça.

A Danceteria, boate de Manhattan que pop star frequentava e em que ela fez a primeira apresentação ao vivo de seu single inaugural, “Everybody(1982), é reproduzida no segmento disco. Em “Bedtime story”, a cantora se deita sobre um enorme cubo que se levanta do palco. Nas paredes que o formam é exibido um vídeo onírico feito pelo artista visual brasileiro Gabriel Massan.

 

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Autobiografia

Como se vê, Madonna está em uma fase revisionista. A produção do filme autobiográfico que ela própria vai dirigir, Little sparrow, está suspensa em função da turnê. Desde o lançamento da coletânea de remixes Finally enough love em 2022, ela já estava disponibilizando seus singles, repletos de remixes, nas plataformas digitais. No ano anterior, ela voltou à gravadora Warner, em um acordo que prevê o relançamento de todos os discos de estúdio da pop star, mas em novas versões e com materiais inéditos, em uma curadoria feita pela própria artista.

A Celebration Tour surge nesse contexto – e o enredo passa por diferentes fases da vida de Madonna, como mostra o set list. Do início da carreira em Nova York à crise da aids dos anos 1980, passando pela escandalosa turnê Blond Ambition – a cama da performance de Like a Virgin em que a cantora simulou masturbação aparece – e pela fase cheia de tesão e controvérsia de Erotica até a retaliação que a cantora sofreu pelo álbum.

Os filhos de Madonna também têm participado dos shows. Além de Mercy James e David Banda, Lourdes Leon e Rocco Ritchie estiveram no baile de Vogue, enquanto Estere sempre participa do mesmo segmento. Os pais da artista aparecem em fotografias em “Mother and father”, canção em que Madonna relata a dor de ter perdido a mãe tão cedo e as rusgas que ficaram entre a cantora e seu pai depois disso. A Celebration Tour promete ser inesquecível.

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