Os melhores discos de 2023
Nossa equipe conta o que ouviu no repeat neste ano, do rap à MPB.
2023 foi bem além de Taylor Swift. Equipe e colaboradores da ELLE indicam os melhores discos que ouviram no ano, do novo trabalho de Ana Frango Elétrico ao retorno do ex-Outkast André 3000. Siga a lista, aperte o play – e o repeat:
Sampha, Lahai
“Você já deve ter escutado o cantor inglês em uma das muitas participações que fez em faixas de Solange (“Don’t touch my hair”), Drake (“Too much”), Kendrick Lamar (“Father time”), SBTRKT (“Hold on”), entre outros. Em 2017, depois de dois EPs, Sampha lançou Process, um belo disco de baladas ao piano, vencedor do Mercury Prize. Seis anos depois, ele volta com Lahai, um álbum de R&B de melodias complexas e modernas, em que dá um passo adiante em relação ao seu trabalho anterior. Com o repertório do disco, o cantor também gravou uma das apresentações mais bonitas neste ano do Tiny Desk, o famoso programa da rádio estadunidense NPR.”
Bruna Bittencourt, editora de cultura da ELLE
André 3000, New blue sun
“O mesmo cara que fez ‘Hey ya!’, um dos hits mais fervidos de todos os tempos, agora solta um álbum de 87 minutos com flauta estilo new age. É o primeiro disco solo de André 3000 depois de formar o duo Outkast e em mais de 30 anos de carreira. É muito fora da caixa e eu amo isso nele. Em vez de sacudir como uma foto polaroid, como na letra de ‘Hey ya!’, agora a gente relaxa, fuma um cigarrinho de artista e entra na brisa sonora.”
Chantal Sordi, editora de consumo da ELLE
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Caroline Polachek, Desire, I want to turn into you
“Acho que eu (e uma boa parte do X, o antigo Twitter) ainda não superou o show de Polachek no Primavera Sound São Paulo em 2022. Por sorte, ela lançou um novo disco este ano, o segundo com seu próprio nome (a estadunidense já teve banda a Chairlift e um projeto sob o pseudônimo Ramona Lisa). Em Desire, I want to turn into you, ela fala sobre amor e desejo, misturando todo o tipo de som, de sino de igreja a assovio. Entre as 12 faixas, destaque para “I believe”, dedicada para a cantora e produtora escocesa Sophie, que faleceu em 2021, e “Fly to you”, colaboração com Grimes e Dido. Não é por acaso que o disco apareceu em muitas outras listas de melhores do ano.”
Gustavo Balducci, editor de arte online da ELLE
Troye Sivan, Something to give each other
“Troye me surpreendeu positivamente. O sul-africano começou em 2015, na esteira synth pop de artistas como Robyn, Grimes e Charli XCX, com um jeito bem atual de revisitar os anos 1990 e 2000. O álbum, seu terceiro, é um relato sincerão do artista, em que ele se permite entrar numa onda sexual sem medo de julgamentos. Na faixa ‘Rush’, ele faz alusão ao uso de poppers (a droga que intensifica o prazer) e em ‘One of your girls’ dá em cima do boy hétero da amiga.”
Gabriel Monteiro, editor de reportagem de moda da ELLE
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Kyan e mu540, Uma quebrada inteligente
“Esse é o primeiro EP oficial assinado por Kyan e mu540, amigos de longa data, que sempre fizeram som juntos. A mistura da música eletrônica com as rimas do rapper da Baixada Santista são sensacionais. Tem até uma track de house que é bem chic de dançar, ‘Fantástico mundo da Oakley’.”
Giuliana Mesquita, editora-assistente online da ELLE
Coruja, Versão brasileira Vol 1
“Em um momento em que tudo parece igual é bom quando surge um trabalho que impacta não só pelas batidas, pelo jogo de palavras, mas pela forma como São Paulo (que não é da avenida Paulista) é retratada.”
Ísis Vergilio, analista de marketing da ELLE
Filipe Catto, Belezas são coisas acesas por dentro
“A cantora fez um tributo sóbrio a Gal Costa, sem apelar para excessos de saudosismo e sentimentalismo. Apostou numa sonoridade moderna e vibrante, em vários momentos próxima do rock’n’roll, sem se apegar a dogmas da MPB e sem desrespeitar a memória de Gal. Momentos de grande brilho acontecem em ‘Tigresa’, ‘Vaca profana’ e especialmente ‘Negro amor’, a mais roqueira das releituras.”
Pedro Alexandre Sanches, jornalista, crítico musical, escritor e colaborador da ELLE
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Ana Frango Elétrico, Me chama de gato que eu sou sua
“‘Cada coisa ali foi muito pensada’, disse em entrevista Ana Frango Elétrico sobre seu terceiro álbum. Em questão de sonoridade, este é um álbum minucioso. Timbres de soul, boogie e MPB de outras eras, produção conduzida com esmero, detalhes instrumentais bem posicionados nos arranjos. É nesse cenário rico que se revelam as urgências e emoções de Ana, entre declarações de amor tesudo e buscas pela felicidade fora das gavetas normativas. ‘Tem milhares de maneiras da gente se divertir/Em cada esquina/No banheiro, na piscina’, canta em ‘Coisa Maluca’.”
Camilo Rocha, DJ, jornalista e colaborador da ELLE
“‘Seu cheiro me lembra meu lado feminino, mas hoje sou menino’, canta Ana Frango Elétrico em ‘Camelo azul’, faixa do seu terceiro disco. Ao longo das dez músicas, Ana se debruça em temas afetivos a partir de uma ótica não binária. O próprio nome do álbum antecipa essa fluidez. (A versão gringa saiu como Call me they that I’m yours). No seu caldeirão musical entra Marcos Valle, mas também há um quê de Mac DeMarco, porque como produtore musical, Ana tempera as músicas com timbres nostálgicos e referências contemporâneas. São essas sutilezas que destacam Me chame de gato como um dos discos imperdíveis do ano.”
Isabela Yu, jornalista e colaboradora da ELLE
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“O disco se destaca pela criatividade em vários sentidos, indo numa outra direção em relação ao que está em evidência no rap hoje. Ogi sempre teve uma característica de cronista, mas trouxe isso de um jeito diferente em Aleatoriamente, meio realismo fantástico, com a caneta afiadíssima e falando de um jeito nada óbvio do dia a dia de um país em que acontecem coisas tão bizarras que nem parecem verdade.”
Marina Santa Clara, jornalista e colaboradora da ELLE
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