Casa de Criadores 54: Nalimo

Comandada pela estilista indígena Day Molina, a Nalimo homenageia a cultura de Pernambuco em uma de suas melhores coleções.


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Casa de Criadores 54, Nalimo. Marcelo Soubhia/ @agfotosite



Day Molina não gosta de superficialidade. Desde que fundou a Nalimo, em 2017, a designer e ativista sempre faz um mergulho criativo profundo em cada coleção. Nesta 54ª edição da Casa de Criadores, não é diferente. “Trouxe símbolos muito importantes da cultura popular brasileira e, sobretudo, de Pernambuco”, diz ela.

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Casa de Criadores 54, Nalimo. Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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A escolha do tema parte da memória afetiva. “Esta é uma carta sobre a terra do Maracatu, é de lá que vem uma parte de mim e toda a minha família materna”, explica. “Revelo muitas das minhas emoções e dos meus processos artísticos.” Entre eles, destacam-se a riqueza de texturas, a alfaiataria tropical e o artesanato. “Resgatei muitas técnicas e conhecimentos tradicionais passados por minha avó, que produzia peças gigantes”, fala a estilista.

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Casa de Criadores 54, Nalimo. Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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Casa de Criadores 54, Nalimo. Marcelo Soubhia/ @agfotosite

O vestido preto sem mangas usado pela atriz Maria Casadevall é um exemplo. Produzido com 10 mil pedaços de retalho de malha, a peça é toda costurada a mão e lembra a textura de plumas. “O reaproveitamento é muito importante, sempre tenho cuidado com isso, para que a roupa repaginada fique chique.”

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Marcelo Soubhia/ @agfotosite

 

As matérias-primas naturais, como a palha, e artesanias, como crochê e bordado, também simbolizam a cultura do Nordeste. “Trouxe a renda do Cariri, a costura manual, os tramados. Tudo isso feito coletivamente, por mulheres”, diz. “Sou uma mulher feminista, de origem indígena, então trago no meu DNA toda essa relação de resistência e trabalho coletivo visando o empoderamento.”

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Marcelo Soubhia/ @agfotosite

 

A alfaiataria com bordados de caranguejo é um ponto alto da coleção e uma homenagem da Nalimo ao manguebeat – movimento de contracultura que surgiu em Pernambuco, no começo da década de 1990. “Gosto de fazer uma alfaiataria com história, mas que também entregue outras coisas, inclusive o artesanato, e o manguebeat é a minha magia.”

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Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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Marcelo Soubhia/ @agfotosite

Na passarela, um desses looks abriu o desfile, usado por Jorge Du Peixe, do Nação Zumbi, num aceno da Nalimo a Chico Science, outra grande inspiração para esta coleção primorosa, intitulada Capibaribe – da cidade ao sertão. “À Recife, eu entrego o meu amor e toda a poesia que a minha moda produz. Pernambuco tem meu coração inteiro, nosso maracatu pesa uma tonelada!”

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Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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