A trajetória e nova marca de Marc Jacobs

Neste Pivô, contamos a história de Marc Jacobs, uma das grandes figuras pop da moda, conhecido pela criatividade, rebeldia e boa capacidade de captar o tempo.


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  • O olhar para uma juventude que atravessa os tempos, e que virou uma característica de suas produções, tem tudo a ver com a história do designer;
  • Luigi Torre, editor de moda da ELLE Brasil, comenta o decisivo desfile grunge de Marc Jacobs, para a Perry Ellys, em 1992;
  • Pedro Camargo, editor de beleza da ELLE Brasil, fala do legado deixado pelo estilista, quando ele foi diretor criativo da Louis Vuitton.

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Marc Jacobs acaba de anunciar uma nova marca, a Heaven, coleção categorizada pelo próprio estilista como “polissexual”, feita em parceria com a jovem designer Ava Nirui. Inspirada em “sonhos subversivos adolescentes, uma juventude queer, de ravers doces e clubbers ácidos, além de uma fantasia psicodélica”, a Heaven se explica como “uma linha de meninas que são meninos e meninos que são meninas, além daqueles que são nenhum, são o espaço negativo, a euforia suburbana de personagens multifacetados”. Talvez essa mistura toda não dê para entender, assim, logo de cara, mas a gente garante que não poderia ser nada mais Marc Jacobs. Nesse Pivô, aproveitamos a estreia dessa nova linha do estilista pra falar desta figura pop da moda, marcada pela criatividade, exuberância e rebeldia.

Marc Jacobs acaba de lançar uma nova marca, a Heaven, feita em parceria com Ava Nirui, a @avanope no Instagram. A artista, que é uma designer e curadora, ficou conhecida por brincar tanto com os logos de algumas marcas, que foi chamada pra fazer parcerias com elas. A Heaven, que nasce desse encontro, para além de toda aquela série de categorias que citamos no começo do episódio, pode ser resumida como uma linha que tem a juventude como preceito básico. E isso significa uma reunião de referências que batem — e muito — com esse período tão específico da vida, geralmente conturbado, mas repleto de descobertas. A marca presta homenagem, por exemplo, aos filmes de Gregg Araki, ao streetstyle de revistas como a FRUiTS, do fotógrafo Shoichi Aoki e às identidades mil de Cindy Sherman. Uma mochila na coleção é uma referência à Katie Grand, stylist, parceira e musa de Jacobs, que além de fundadora da publicação Love foi também editora sênior da Dazed and Confused, um dos grandes nomes da moda que valoriza a visão jovem do mundo. No site, você encontra de camisetas e suéter de margarida, assinatura de Jacobs, à produtos como um livro Lolita, de Vladimir Nabokov, um DVD de Virgens Suicidas, de Sofia Coppola. A marca parece conseguir conversar com o adolescente de hoje em dia, com aquele adolescente que Marc Jacobs influenciou no auge dos anos 2000, e até mesmo com o adolescente da época de quando o próprio Marc Jacobs foi um. E esse olhar para uma juventude que atravessa os tempos tem tudo a ver com uma característica do designer, que é a sua boa capacidade de captar a vibração do tempo.

Logo de início, não foi uma infância muito tranquila. E isso já prevê uma vida aí cheia de altos e baixos. Depois que o pai morreu, quando tinha 7 anos, Marc Jacobs viu a vida virar de cabeça para baixo. A relação com a mãe, que tinha transtorno bipolar, foi bastante conturbada. Ele seguiu assim, acumulando traumas que recupera em algumas entrevistas ainda hoje, até pelo menos a sua adolescência, quando perdeu a relação com os irmãos, que foram parar em um orfanato, e foi viver com a avó paterna. Com Hellen, a avó, diz ter recebido carinho e incentivo para seguir na moda.

Talvez toda a sua relação com a juventude tenha um pouco a ver com o fato de que ele tenha sido um adulto desde muito cedo. Aos 15 anos já badalava no Studio 54. Aos 18 era formado na High School of Art e Design e seguia direto para prestigiada Parsons. O projeto final do curso de moda foi com três suéteres oversized, assinados em conjunto com a avó. Com essas peças foi considerado o jovem talento do ano, além de ser reconhecido por premiações como a Chester Weinberg e o Perry Ellis Gold Thimble.

Jacobs começou a produzir do seu jeito, nada cartesiano como avalia as pessoas mais próximas. O seu processo criativo, dizem, se assemelha muito com o de uma colagem viva, mas com tecidos, cores, formas. Ela vai simplesmente acontecendo. Mas desse jeito que ganhou notoriedade e também, logo cedo, um CFDA pra chamar de seu. Virou o mais jovem designer a receber o título até então. Na época, ali em 1984, se juntou com o empresário e grande amigo Robert Duffy (a cabeça organizada que o acompanhou até 2015). Nascia ali a Marc Jacobs, a sua marca homônima.

No final dos anos 80 o estilista foi chamado à Perry Ellis, para coordenar a seção de vestuário feminino da marca. Enquanto esteve na casa tradicional norte-americana, chegou a contratar um estilista assistente. Seu nome? Tom Ford. Jacobs comenta da curiosidade com bom humor, afirma que Ford não era nem um pouco o homem elegante que todos conhecem hoje e estava muito mais para um mauricinho sem bom gosto.

Em 1992, Marc Jacobs assinou uma de suas mais importantes coleções. Ou, pelo menos, uma de suas mais controversas. Trata-se da Grunge Collection, para a Perry Ellis, que parte da crítica adorou, mas a própria empresa odiou, pelo desastre comercial. E quem explica essa passagem da vida de Marc Jacobs é Luigi Torre, o nosso editor de moda.

“A coleção que o Marc jacobs apresentou para a Perry Ellis, em 1992, é importante por alguns motivos. O primeiro, e o mais óbvio, é o lado documental. Foi um dos primeiros registros na moda de como o grunge, a vertente musical que nasceu em Seattle, alterou toda a estética daquela época. Aquelas roupas sujas, rasgadas, com aparência velha, era o completo oposto do que se usava nos anos 1980. Mas não foi só a roupa que mudou, os corpos também mudaram. No lugar daquele ápice físico, dos corpos esculpidos em academia, super esportivos e atléticos, a gente passou a ter um corpo lânguido, frágil, e que não era aquele exagero plástico que a gente acompanhou nos anos 1980. Foi uma revolução estética surreal. O problema é que o grunge estava apenas começando quando o Marc Jacobs fez o desfile na Perry Ellis e ninguém estava preparado para aquela estética. Muita gente se chocou com a coleção. E as críticas foram pesadíssimas. Tanto, que custou o emprego deles. Meses depois ele foi demitido da marca. Mas há males que vêm para o bem. Com o passar do tempo, a coleção se provou bem visionária. Para o Marc foi ótimo, porque antes da coleção grunge ele não estava muito bem conseguindo firmar uma identidade, encontrar a sua própria voz no mercado. A história que fica é ‘confia no seu taco, querida’, segue os seus instintos e isso é algo que o Marc segue fazendo até hoje.”

Como o Luigi explicou, a coleção grunge não foi completamente entendida na época, mas Jacobs antecipava o fato de que a moda de luxo criaria uma obsessão não só com o grunge, mas com as roupas que viriam das ruas pelos próximos anos. O estilista foi demitido da marca, mas, no mesmo ano, em 1993, abocanhou mais um CFDA.

Daí em diante Marc Jacobs segue com tudo na etiqueta própria, com direito a Naomi Campbell e Linda Evangelista desfilando na parceria só pra celebrar o retorno do designer à produção autoral. A marca foi independente até 1997, quando os sócios decidiram vender a maioria das ações para o conglomerado francês LVMH. A intenção era expandir os negócios e conseguiram: chegaram a 280 lojas espalhadas por mais de 50 países pelo mundo.

Marc Jacobs virou um daqueles nomes que mesmo quem não conhece moda certamente já ouviu falar. Ele vestiu as meninas mais cool dos tapetes vermelho, como Winona Ryder e Sofia Coppola. Criou várias marcas registradas, como a bolsa Stam, o vestido de gola Peter Pan, entre outros hits fashionistas. Os seus desfiles, com atenção boa pro cenário e a presença de celebridades na fila A sempre foi o mais aguardado de Nova York, tradicionalmente fechando o calendário. E ele mesmo explica a emoção de suas apresentações. “Eu não posso costurar a alegria em um pano, mas acho que há algo dentro do processo em que a energia continua a crescer e de tal forma se amplifica e é transferida para esses minutos que compõem o desfile”.

Não à toa, no final dos anos 90 o designer foi nomeado diretor artístico da Louis Vuitton. O acúmulo de funções, a fama e o excesso de responsabilidades virou problema. Na virada do milênio foi amplamente divulgada a sua reabilitação, e que inclusive não foi a única. Mas o casamento entre Jacobs e Vuitton ficou pra história como um caso de sucesso, principalmente pelas colaborações que o estilista fez com grandes artistas. Em 2001, com Stephen Sprouse. Em 2005, com Takashi Murakami. Em 2007, com Richard Prince. Em 2012, com Yayoi Kusama. E por aí vai. Para se ter uma ideia só a collab com Murakami rendeu sozinha pra grife mais de $300 milhões de dólares.

A saída da Louis Vuitton aconteceu em 2013, mas o estilista ficou marcado como um dos responsáveis por transformar a tradicional casa de luxo, famosa por malas e baús de viagem, em uma grife de moda contemporânea. E quem explica isso é Pedro Camargo, editor de beleza da ELLE Brasil e um dos maiores entendedores de Marc Jacobs aqui da redação. Fala Pedro!

“Eu gostaria de falar um pouco da primeira coleção que eu vi do Marc Jacobs na Louis Vuitton que foi uma das primeira que eu vi, bem na época em que eu comecei a me interessar por moda, que foi o inverno de 2009, uma temporada sexy, oitentista, meio boudoir, meio Christian Lacroix, e eu adoro essa moda supostamente parisiense que tem essa pegada mais sexy, que foi muito uma moda de formação. Uma coisa que me marcou muito, principalmente as orelhas que ele fez de tecido, que imitavam aquelas orelhinhas da Playboy. Menino, eu achei aquilo um bafo, tão chique e afrontoso na época, e tinha muita transparência, muito peito de fora, eu fiquei muito chocado, mas tudo muito lindo. Eu acho que não tem como não falar entre a conexão que ele fazia entre moda e arte. O Marc Jacobs na Louis Vuitton emplacou hits comerciais, chamando artistas para colaborar. Você tem um monte de colaborações com grandessíssimos artistas e que curiosamente tiveram sucesso comercial. Ele tinha uma inteligência de transformar esse trabalho plástico, supostamente conceitual, em coisas bastante pop. O fato dele conseguir criar imagens muito pop, foi o grande valor dele na época. Ao menos todo mundo chamava ele de rei do pop, na época da Louis Vuitton. Mas preciso ser sincero. Não acho ele genial. Eu acho ele brilhante. Existe uma diferença muito importante entre esses adjetivos. Porque o estilista genial ele tem uma profusão de ideias que parece que não acaba nunca. Ele tem muitas ideias e todas elas com muita qualidade. E eu não acho que seja o caso do Marc Jacobs. Nunca foi. Ele é atento, ele é inteligente, ele é espirituoso, ele é bem humorado, ele é sagaz, ele é brilhantes, mas ele não é genial.”

Ao longo da primeira década dos anos 2000, Marc Jacobs se desdobrou em mais uma linha, a Marc by Marc Jacobs, de peças mais acessíveis e que contava com souvenirs. Ela foi descontinuada em 2015, dois anos depois de todo um trabalho de renovação da etiqueta. O que é explicado, em geral por uma avaliação de 2018, da Exane BNP Paribas, que levantou que Marc Jacobs nessa última década não fez tanta grana quanto já conseguiu fazer. A receita foi estável, mas perdas anuais por volta dos 50 milhões de euros foram contabilizadas.

Mas hoje, apesar de a empresa manter apenas cinco lojas, três delas em Nova York, uma em Los Angeles e outra em Paris, há várias investidas para uma mudança bastante positiva nos negócios do estilista. Uma delas aconteceu em 2019, quando a coleção Redux Grunge Collection reeditou 26 peças do show para a Perry Ellis de 1993. E, agora, um novo fôlego parece vir com tudo por meio da Heaven.

E algo é certo. Marc Jacobs não perde o seu posto de influenciador. Ele acumula prêmios CFDA, entre eles um Lifetime Achievement. É um designer com direito à placa na calçada da fama da moda, no New York City Garment District, em Nova York, além de ter sido condecorado como Chevalier des Arts et des Lettres por sua contribuição à moda francesa.

Nas redes sociais, hoje em dia, usa o cabelo escovado para trás, arrumado com presilhas, de botas plataforma, com unhas cheias de pedrinhas brilhosas. Tá nem aí para o que a sociedade espera de um homem com 57 anos de idade. E diz que tem muita história pra contar. Repetiu a mesma frase em duas entrevistas recentes. Estamos atentos para o que ainda pode vir!

Antes da gente seguir com as principais notícias da semana, vamos falar rapidinho de outro destaque de Nova York.

Quem está acompanhando o Pivô, sabe que nessas últimas semanas a gente falou um pouco sobre o CFDA, o Council of Fashion Designers of America. Nós explicamos como ele funciona, citamos as reclamações por falta de diversidade, mas reportamos quando Cassandra Diggs foi nomeada a presidente do conselho, ao lado de Tom Ford, tornando-se assim a primeira mulher negra a ocupar o cargo. E, hoje, a gente volta ao assunto só mais uma vez, porque enfim saiu a lista de melhores designers de 2020.

Gabriela Hearst levou o título de melhor designer de moda feminina. Kerby Jean-Raymond da Pyer Moss, ficou com o título de melhor designer de moda masculino. Telfar Clemens, dono da Telfar, ficou com o merecidíssimo prêmio de designer de acessório do ano. As suas bolsas, quem lembra, de tão cobiçadas, foram até alvo de golpe online com robô virtual. A gente falou um pouco no episódio #14 do Pivô. E Christopher John Rogers levou o prêmio de designer emergente. John Rogers tem se tornado cada vez mais o jovem estilista queridinho dos Estados Unidos. Muito provavelmente terá um episódio especial dele por aqui logo menos.

E a semana passada ficou marcada pelo retorno do britânico Gareth Pugh à semana de moda londrina. Após dois anos longe do calendário de moda, ele veio com tudo. A volta de Pugh aconteceu com um projeto de arte multidisciplinar, chamado de The Reconstruction.

Apresentado no último dia 16, trata-se de um projeto no formato de “álbum de conceito visual”, como ele chamou, e que conta com fotos, música, curta, documentário e até uma exposição física em Londres.

A exposição está rolando agora, durante a London Fashion Week, que começou na última sexta-feira e vai até amanhã, terça-feira, dia 22. Lá você pode conferir os 13 looks, cada um, inclusive pensado com tamanho cuidado que ganhou um nome próprio. Eles são em sua maioria bastante arquitetônicos e sombrios, seguindo o DNA que Pugh fez fama, e que o levou a ser chamado de o “novo McQueen”, só talvez um pouco mais gótico.

As 13 roupas contam com 13 músicas e 13 fotos, que foram produzidas em parceria com o fotógrafo Nick Knight. Entre as estrelas clicadas estão nomes como o da cantora Rina Sawayama, o do principal dançarino do The Royal Ballet, Matthew Ball, além da artista e ativista Sakeena Crook.

Foram produzidos também 13 curta-metragens, feitos com o artista digital Jon Emmony, além de um documentário, disponível online e bastante pessoal, onde o próprio designer cita referências que vão de Nina Simone à PJ Harvey. O longa foi escrito e dirigido por seu marido, o diretor criativo Carson McColl. No filme, toca a música You’re not alone, de Olive, hit dos anos noventa, que você acabou de ouvir.

Os looks não estarão a venda mas viraram estampas para camisetas feitas em parceria com a nova designer Melissa Mehrtens e que estarão disponíveis a preços acessíveis. Todo o dinheiro arrecadado, das camisetas à exposição, serão revertidos à uma instituição social, a Refuge, que luta contra os efeitos da violência doméstica. Ao explicar a sua volta pra semana de moda e ainda mais de um jeito tão multifacetado, o estilista declarou. “No momento, não existem regras. Não há limites. Temos a oportunidade de inventar o futuro”.

E a Amazon quer mesmo avançar pelo mercado de luxo. A gigante do comércio eletrônico acabou de lançar a plataforma Luxury Stores, pra se aproximar deste setor e trazer marcas de alto padrão para o seu leque de serviços. Até agora, Oscar de La Renta já entrou e é bastante esperado pela própria plataforma que outras grifes tomem a mesma decisão.

A experiência estará disponível no aplicativo da Amazon e funcionará apenas para membros Prime, que receberão convites da própria Amazon. Dentre as funções da plataforma estão a possibilidade de ver a peça em 360 graus, em diferentes tipos de corpos e em diferentes tipos de tons de pele.

De acordo com o site The Business of Fashion, a Amazon já ultrapassou a Walmart e se tornou a maior vendedora de roupas e de calçados, pelo menos nos Estados Unidos, sendo grande parte dessas vendas itens básicos, mais populares. Por isso, há insistência da empresa em alcançar também as marcas e os clientes de alto padrão.

Um dos grandes empecilhos, no entanto, é a fama da Amazon de não dar tanto controle sobre como os produtos são comercializados. Algo que as varejistas físicas conseguem proporcionar e as grifes preferem. Essa, no entanto, não é a primeira investida de um grande nome do comércio eletrônico popular no setor do luxo. Na China, a Tmall do Alibaba Group, já conta com Chanel, Bottega Veneta e Cartier em sua plataforma de alto padrão, a Luxury Pavilion.

E antes do episódio chegar ao fim, a gente não poderia deixar de comentar a edição de setembro da ELLE View, a revista digital da ELLE Brasil, que foi lançada na semana passada.

A dança foi a nossa grande inspiração da vez. E, com toda licença à rainha Rita Lee, emprestamos os seus versos pra dizer que é hora de “dançar para não dançar”. E, convenhamos: quem não arrastou os móveis, não arriscou um passinho, mexeu pra lá e pra cá, durante essa quarentena, pra deixar a cabeça no lugar, não é mesmo?

Aqui, o passinho foi parar também em nossas capas. Elas são interativas e é possível ter uma visão 360 do lugar de onde elas foram gravadas. Ficou curioso? Pois o conteúdo é tão interessante e surpreendente quanto.

A edição tem uma reportagem sobre a cultura ballroom, que ressignifica gênero, beleza, moda, lançando danças icônicas na história, como o voguing.

Temos também um editorial belíssimo, com as integrantes do coletivo Zona Agbara, que mudam completamente as ideias sobre os corpos que podem e devem dançar. Nessa matéria, inclusive, saiu uma frase muito bonita da entrevista com elas, feita pela jornalista Thaís Regina: “Tempos difíceis exigem danças furiosas”.

A ELLE View de setembro conta também por que o passinho, que nasceu na quebrada e ganhou o mundo, é um dos movimentos culturais brasileiros mais importantes dos últimos tempos. E relembra a herança de um dos grupos veteranos no Brasil, o Grupo Corpo, que completa 45 anos de idade. Claro que tem também a dança na moda, com uma retrospectiva de desfiles e coleções que se inspiraram na dança e criaram imagens inesquecíveis. A ideia é que só não ficar parado e não perder a oportunidade de conferir tudo! Corre logo depois deste episódio pro nosso site.

E a dica do episódio de hoje vem daqui da redação. Ela é do Luigi, que você ouviu na biografia do Marc Jacobs. O Luigi é nosso editor de moda e indica o filme nada fácil mas intenso, que entrou recentemente pro catálogo do Netflix. Diz aí Luigi.

“Eu acho que a dica dessa semana pode ser uma não dica pra muita gente. Trata-se do filme Estou Pensando em Acabar com Tudo, disponível no Netflix e baseado no livro de mesmo nome de Iain Reid. É o novo longa do roteirista e diretor, Charlie Kaufman, que fez Quero Ser John Malkovich, Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças e Synecdoche New York. Só que diferente desses títulos mais famosos, que ganharam roupagens mais pop, o Estou Pensando em Acabar com Tudo é um tanto mais pesado e reflexivo. Daí fica a ressalva pra assistir nesse momentinho maluco de pandemia. Mas ainda assim o filme traz boas reflexões, principalmente sobre o tempo. Tem também questão de relacionamento, de dupla identidade e a representação de um homem um pouco frustrado, solitário, sempre em busca da salvação através do seu relacionamento com outra mulheres. São temas comuns ao diretor, mas aqui eles são retratados de maneira mais profunda e complexa. Tem pouca ou quase nenhuma linearidade dos fatos. E isso acaba dando um nó na nossa cabeça. Isso porque boa parte do filme se passa dentro da cabeça do protagonista. E isso acontece também em outros filmes do diretor. O diretor disse que a ideia é que o seu filme ecoe de maneiras específicas para cada pessoa, cada vez que ela assistir. Eu mesmo já vi três vezes e tive três impressões diferentes. Como o próprio Kaufman disse é sobre como a gente vive com as nossas mentes, nossas memórias e fantasias. Vale assistir!”

E se você, assim como o Luigi, quiser sugerir, perguntar, conversar com a gente… Enfim, participar do nosso próximo episódio do Pivô, basta entrar em contato por uma das redes sociais da ELLE Brasil ou pelo nosso grupo do Facebook, o ELLE, O Grupo.

    Este episódio usou trechos das músicas You’re Not Alone, de Olive, Dançar para Não Dançar, de Rita Lee e Teenage Riot, do Sonic Youth.

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