MFW: Marni inverno 2024
Para celebrar os 30 anos da Marni, o diretor criativo Francesco Risso retorna à semana de moda de Milão com um desfile distópico numa caverna branca feita de papel machê.
Após uma mini turnê pelo mundo, a Marni retornou à semana de moda Milão para apresentar seu inverno 2024 – nas temporadas anteriores, a marca desfilou em Nova York, Tóquio e Paris. A volta para casa faz sentido, já que a casa italiana fundada por Consuelo Castiglioni completa 30 anos em 2024.
Marni, inverno 2024. Getty Images
Sob o comando de Francesco Risso há quase uma década, a Marni passou por algumas mudanças, especialmente após a pandemia de Covid-19. Foi naquele período que o estilista decidiu se aprofundar ainda mais em processos artesanais, passando a pintar, bordar e costurar boa parte das peças manualmente.
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Toda essa dedicação handmade permanece na coleção de inverno 2024 da Marni. Exemplos são os vestidos e casacos esculturais tingidos à mão. O que muda é a inspiração. Ou melhor, a ausência dela.
No comunicado oficial do desfile, Risso diz: “Quando criança, eu não tinha aspirações de me tornar um estilista”. Lá, ele também conta que costumava tratar o design de moda como uma espécie de “nervo em carne viva”, ou uma sensação inata.
Marni, inverno 2024. Getty Images
Por isso, nesta temporada, a Marni proibiu “quaisquer imagens ou referências de se infiltrarem no processo criativo”. Segundo Risso, o ateliê foi revestido com papel branco, sem moodboard ou qualquer influência do mundo exterior, para a equipe desenvolver a coleção totalmente do zero. “Queríamos cancelar a informação de fora”, disse o diretor.
Marni, inverno 2024. Getty Images
No desfile, a vedação contra o mundo exterior foi a mesma, com a cenografia remetendo a uma caverna de papel machê branco. Antes do show, a Marni deletou todas as fotos da sua conta no Instagram, deixando apenas um teaser do que estava por vir. Naquele único conteúdo, destacava-se a frase “se por acaso você entrar em uma caverna de papel, não traga roupas”, uma referência a Virginia Woolf.
Marni, inverno 2024. Getty Images
A ideia não era que os convidados, como Kanye West, fossem nus ao desfile, mas livres de influências externas para assistir ao desfile sem ser afetado por nada além das sensações do momento, ao som de um coro lírico, teclados e sintetizadores.
Os looks também refletem o clima distópico e fora do tempo da coleção, com muita alfaiataria estruturada oversized, a maioria em preto, cinza, bege e off-white.
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Na estamparia, destaque para as padronagens hipnóticas em prata e preto que arrematam maxijaquetas de ombros arredondados e lembram as imagens dos chiados e das estáticas de TVs antigas. Num momento menos austero, os looks texturizados em azul, vermelho e rosa dão um alívio colorido à coleção.
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Também há uma ideia de subversão de formatos, vista nas silhuetas recortadas, puxadas e alongadas em todas as direções, causando estranheza no corpo das modelos – os vestidos longos com decote V profundo e os casacões de alfaiataria são exemplos.
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Assim como diversas marcas das semanas de moda de Nova York e Londres, a Marni aposta em peles e franjas de pelos (tudo falso) para construir looks inteiros ou bolsas que pareciam fazer parte de um futuro pós-apocalíptico, onde teremos que usar nossos próprios cabelos para sobreviver durante o inverno.
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Num momento mais selvagem, as estampas de onça aparecem em casacos, vestidos, bolsas e botas da coleção, contribuindo com a visão animalesca de Risso nesta temporada. “No ato contínuo e animal de escavar em direção à essência mais profunda, apagamos mais daquilo que congestiona – toda a gula de estrutura e informação”, dispara ele.
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