Esta é uma edição de ganhadoras. De mulheres. Da nossa capa, Mayara Collins, que graças ao breaking não teve mais que acordar às 4 da manhã para vender café nas ruas de Belém do Pará e por pouco não chegou às Olimpíadas de Paris. De Tifanny Abreu, que nunca desistiu e segue sendo a única mulher trans no esporte de elite brasileiro. Esta é uma edição de Olimpíada. De quem encontrou no esporte espaço para sobreviver. “As pessoas falam que o esporte transforma vidas. Eu falo que aqui, no Capão Redondo, o esporte salva vidas”, diz Neide Santos, em “O bom jogo“, matéria de Douglas Vieira, que mostra a importância de projetos esportivos nas periferias. De quem encontrou no esporte resistência, mas foi lá e fez – alô, Leila Pereira e, antes dela, tantas, tantas futebolistas brasileiras.
Tifanny Abreu Foto: Divulgação
Sim, de olho nos jogos, que começam em 26 de julho, com direito a pedacinho da Torre Eiffel nas medalhas, nosso time saiu a campo e amarrou sinapses para criar uma série de reportagens, colunas e pensatas sobre esporte. E também sobre o que nós, enquanto mulheres, ainda enfrentamos nas quadras e fora delas. Numa participação especial para a ELLE View, a jornalista e escritora Milly Lacombe narra, por exemplo, a emoção de participar da primeira coletiva de imprensa só para mulheres, realizada no Palmeiras, e a disparidade de investimento da CBF em relação aos times masculinos e femininos. Dá ainda o bilhete:
“Agora, a seleção feminina está a caminho de Paris, onde disputará a Olimpíada. Onde estão os colegas do time masculino? Bem, não na França. A seleção dos homens não se classificou para os jogos. Quem quiser ver futebol brasileiro em Paris vai ter que ver as mulheres em campo”.
Ainda no país das chuteiras, Lelê Santhana, com razão, chama a atenção das marcas do mercado de luxo. Em “Os atletas são os novos favoritos da moda. Menos as jogadoras de futebol”, nossa repórter analisa como marcas têm se aproximado e lucrado com esportistas, mas desprezado solenemente as futebolistas, sempre envoltas a palavras como lésbica, descuidada, pouco feminina. Dá vergonha. Dá tempo de mudar. Na graminha às vezes nada verde da moda, Rafaela Fleur, nossa fiel colaboradora, também conta outra história de insucesso, desta vez, a dos uniformes femininos, um imbróglio que parece nunca ter fim. Vá em “Com quantos uniformes se faz uma opressão” e confira.
Jesse Owens Foto: Getty Images
Mostramos ainda que esporte e política, embora COI, COB e federações não curtam, se misturam. Não tem jeito. Ainda bem. De Jesse Owens, o atleta negro que triunfou na Alemanha nazista, a Vini Jr.,passando por Elnaz Rekabi, escaladora que resistiu à obrigatoriedade do hijab, relembramos nove ocasiões em que quadras, pistas e campos foram palco para manifestações de resistência. De quebra, criamos um “Pequeno almanaque do Olimpo” para relembrar de onde vem essa história de tocha acesa e tudo mais. E publicamos um material criado entre as 45 ELLEs do mundo para destacar, claro, as mulheres no esporte de diferentes países, porque, pra gente, “O pódio é delas”.
Esquentando a temperatura e amenizando os ares, indagamos: “O que acontece na Vila Olímpica fica na Vila Olímpica?” Fontes ouvidas pela nossa reportagem garantem que sim, e que tem muito sexo envolvido, com direito às já anunciadas 300 mil camisinhas distribuídas pela organização do evento.
E, na editoria de beleza, contamos que, depois das celebridades e influencers, os atletas são os novos donos de business – pense em marcas criadas por Maya Gabeira e Serena Williams. Para completar, vale a pena parar para pensar (e paramos!) por que a maquiagem virou o novo pré-treino e por que fofocar sobre o corpo alheio – tem ou não tem Ozempic? – ainda é um esporte campeão de bilheteria, mesmo depois de todo movimento Body Positive. Siga o fio com a repórter Bárbara Rossi.
Antes de ir, não deixe de conferir quem são os atletas paralímpicos que estão transformando o Brasil numa potência mundial e a onda por performance que tomou conta da vida da gente, sejamos atletas ou não. E divirta-se com a coluna da psicanalista Roberta D’Albuquerque: entre mágoa, mitomania ou paranoia, qual é mesmo a sua modalidade esportiva favorita?
Um beijo e bora armar as torcidas!
Renata Piza